sexta-feira, 30 de junho de 2006

O Povo Nambikuara do Cerrado vai representar os povos indígenas do Brasil

Povo Nambikuara na Noruega


O Povo Nambikuara do Cerrado vai representar os povos indígenas do Brasil em 2 importantes festivais de música tradicional na Noruega de 5 a 16 de julho próximo.
O Festival Forde de Música Folclórica acontece de 6 a 9 de julho na costa oeste da Noruega, próximo à cidade de Berger. O Festival Riddu Riddu de Música Tradicional acontece de 11 a 16 de Julho em Gaiuvotna/ Kafjord, no extremo norte, no território do Povo Sami, povo indígena original da Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia.
O IDETI – Instituto das Tradições Indígenas, por sua atuação na divulgação e valorização das culturas indígenas do Brasil já foi convidado para vários eventos internacionais levando a diversidade, beleza e força das tradições indígenas dos povos Tukano, Xavante e Karajá para Alemanha ( Munique, Dresden, Bochum e Berlin) , Bélgica (Antuérpia) , França (Gannat e Montliçon)  e Japão (Akan – Hokkaido).
Agora, o convite veio da Noruega para o povo indígena do Brasil se juntar a muitos outros povos tradicionais do mundo numa grande celebração. E o IDETI escolheu as flautas sagradas Waihu do povo Nambikuara  para soprar o som criador dos ancestrais e levar a mensagem de força e resistência dos povos que mantêm uma conexão com o Espírito Criador.
Os Nambikuara participaram do Projeto Rito de Passagem – canto e dança ritual indígena em 2005, no Museu da República, Rio de Janeiro. Muitos saíam pela primeira vez da aldeia para uma cidade grande e levaram sua curiosidade, gentileza e sensibilidade para compartilhar com os outros povos indígenas presentes ao evento: Pankararu, Guarani e Karajá. A apresentação de canto e dança foi acompanhada por um público de mais de 800 pessoas que se emocionaram com a força da apresentação.
A viagem para a Noruega é a primeira viagem internacional do grupo e os seis representantes estão ansiosos com tudo que vão viver nesses dias próximos ao Pólo Norte: o sol da meia noite, o frio em pleno verão, o acampamento tradicional do povo Sami, a convivência com outros povos tradicionais da Noruega, Rússia, África do Sul, Japão, Jacarta, Koreia, etc...
Serão dias intensos de muitas novidades e acontecimentos, de intercâmbio com povos indígenas de outros países que conquistaram direitos, acesso a tecnologias e novos conhecimentos mas não se afastaram de seu modo tradicional de vida.
O povo Nambikuara
Nambikuara, em tupi significa “gente de orelha furada” um apelido dado pelos Guarani aos povos que habitam a região noroeste do Mato Grosso, divisa com Rondônia, áreas de Cerrado e de Floresta no Vale do Guaporé. São cerca de 1500 pessoas no total, pertencentes a 18 sub grupos, que mantêm os mesmos fundamentos da tradição, mas com diferenças significativas na língua e costumes.
Os primeiros contatos aconteceram há cerca de 100 anos , com a Missão Rondon. Apesar desse tempo, e da proximidade com as fazendas e cidades que ocuparam a região, os Nambikuara lutam bravamente para manter sua cultura e recuperar conhecimentos e costumes que estão guardados na memória dos mais velhos.
A caça e a pesca, muito apreciadas, hoje não são abundantes. Adornos e utensílios são feitos por homens e mulheres com arte e técnicas milenares com a matéria prima do cerrado: o tucum, as fibras de buriti, madeiras e plumas.
O povo Sami
O povo Sami ocupa uma vasta extensão de terras no extremo norte do mundo, cruzando as fronteiras de 4 países: Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia, muito antes desses lugares existirem enquanto nações. São caçadores, pescadores, coletores e principalmente pastores de renas. A tradição, a arte, a vida cotidiana são marcadas pelo pastoreio das renas, pelos caminhos que elas percorrem.
Não se pode definir com precisão a população Sami. Estima-se que na Noruega sejam entre  60 000 e  100 000 habitantes, de  15 a 25 mil na Suécia, 6 000 na Finlândia e 2 000 na Rússia. O Sámediggi – o parlamento Sami promoveu o recenseamento de 11 mil  cidadãos acima de 18 anos que se registraram e tomaram parte nas eleições.
Na abertura oficial do Sámediggi (Parlamento Sami) em 1997, Sua Majestade o Rei Harald V fez um pronunciamento onde enfatizou que os Sami e os Noruegueses são uma parte integral da sociedade norueguesa, e pediu desculpa pela forma como os Sami tinham sido tratados no passado: «O Estado da Noruega foi fundado no território de dois povos – os Sami e os Noruegueses. A história Sami está estreitamente interligada com a história norueguesa. Atualmente, expressamos o nosso pesar em nome do Estado pelas injustiças cometidas contra o povo Sami através da sua dura política de norueguização».
Mais informações sobre os festivais:
www.riddu.com  e  www.fordefestival.no