Taxa entre crianças na zona rural é mais alto que de locais na África e Ásia.
Levantamento foi feito analisando altura, peso e estatura de 478 crianças.Para avaliar população em áreas rurais, pesquisadores tiveram de empurrar barcos por conta da dificuldade de acesso a alguns locais. (Foto: Thiago Santos de Araújo/ Arquivo Pessoal)
O levantamento foi feito analisando altura, peso e estatura de 478 crianças no município de Jordão, das quais 193 eram indígenas, a maior parte da etnia kaxinawá. Todos os avaliados tinham até 5 anos de idade, diz Araújo, também professor na Universidade Federal do Acre (UFAC). "É o período mais crítico para o crescimento e a nutrição tem influência marcante no restante da vida".
A dificuldade de acesso a serviços de saúde ajuda a explicar os índices, segundo o pesquisador. "Na zona urbana, a maior parte da população tem água encanada. Mas na zona rural, toma-se água direto do rio". A ausência de saneamento básico em áreas rurais também intensifica os casos de desnutrição, lembra Araújo. "Isso facilita a propagação de doenças".
"Também não podemos descartar hipóteses de diferença genética de crescimento entre os indígenas", diz Araújo, segundo quem o hábito cultural do aleitamento materno também pode influenciar as taxas de desnutrição. "A média de aleitamento exclusivo é muito baixa na zona rural, são menos de 15 dias".
Para fazer a pesquisa, Araújo começou a colher dados em 2005, em um projeto que desenvolvia com o professor Pascoal Torres Muniz, da UFAC. Sua tese de mestrado buscou referências reais para provar a estimativa defendida pela pesquisadora Mariana Helena de Aquino Benício de que Jordão teria os mais altos índices de desnutrição do país.
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