sábado, 26 de setembro de 2009

Eternizando Momentosta

Casamos novos. Ela com 19 e eu com 20 anos de idade.

Lua-de-mel, viagens, mobílias na casa alugada, prestações da casa própria e o primeiro bebê.

Anos oitenta e a moda era ter uma filmadora do Paraguai. Sempre tinha um vizinho ou amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambazinha por um preço módico.

Ela tinha vergonha, mas eu desejava eternizar aquele momento.

Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho. Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme.

Perdi a conta das cópias que fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos. Meu filho e minha esposa eram os meus orgulhos.

Três anos depois, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro.

Como ela categoricamente disse que não queria que eu filmasse, invadi a sala de parto mais uma vez com a câmera ao ombro.

As pessoas que me conhecem sabem que havia apenas amor de pai e marido naquele ato.

O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho.

Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana, invadir a sala do meu urologista, câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata.

Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e minha mulher gritando:

- Ah! Doutoor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!

Meus olhos saindo da órbita a fuzilaram, mas a dor era tanta que não conseguia falar. O miserável do médico girou o dedo e eu vi o teto a dois centímetros do meu nariz. A mulher continuou a gritar, como um diretor de cinema:

- Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar. Vou dar um close agora…

Alcancei um sapato no chão e joguei na f.d.p.!

Agora, estou escrevendo este e-mail, pedindo aos amigos que receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim sem assisti-lo. Eu pago o reembolso. E depois, a cerveja.

Luiz Fernando Veríssimo

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DESEJOS




Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mal humor
Sábado com amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom
Com letra de Chico
Frango caipira em
Pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa
Agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir
A palavra não
Nem nunca.
Nem jamais e adeus
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever
Um poema de Amor
Que nunca sera rasgado
Formar par ideal
Tomar banho
De cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.
(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PRECE INDÍGENA

PRECE INDÍGENA


(Prece Indígena - Tradução e adaptação do Livro By San Etioy)

Um homem sussurou: Deus fale comigo.
E um rouxinol começou a cantar
Mas o homem não ouviu.

Então o homem repetiu:
Deus fale comigo!
E um trovão ecoou nos céus
Mas o homem foi incapaz de ouvir.

O Homem olhou em volta e disse:
Deus deixe-me vê-lo
E uma estrela brilhou no céu
Mas o homem não a notou.

O homem começou a gritar:
Deus mostre-me um milagre
E uma criança nasceu
Mas o homem não sentiu o pulsar da vida.

Então o homem começou a chorar e a se desesperar:
Deus toque-me e deixe-me sentir que você está aqui comigo…
E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro
O homem espantou a borboleta com a mão e desiludido
Continuou o seu caminho triste, sozinho e com medo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Hino Nacional Brasileiro no Idioma Tupi

Índio Tupi Guarani


Nheengarissáua Retamauára

Embeyba Ypiranga sui, pitúua,
Ocendu kirimbáua sacemossú
Cuaracy picirungára, cendyua,
Retama yuakaupé, berabussú.

Cepy quá iauessáua sui ramé,
Itayiuá irumo, iraporepy,
Mumutara sáua, ne pyá upé,
I manossáua oiko iané cepy.

Iassalssú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !

Brasil ker pi upé, cuaracyáua,
Caissú í saarússáua sui ouié,
Marecê, ne yuakaupé, poranga.
Ocenipuca Curussa iepé !

Turussú reikô, ara rupí, teen,
Ndê poranga, i santáua, ticikyié
Ndê cury quá mbaé-ussú omeen.

Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reikô Brasil,
Ndê, iyaissú !

Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú, Brasil!

Ienotyua catú pupé reicô,
Memê, paráteapú, quá ara upé,
Ndê recendy, potyr America sui.
I Cuaracy omucendy iané !

Inti orecó purangáua pyré
Ndê nhu soryssára omeen potyra pyré,
ìCicué pyré orecó iané caaussúî.
Iané cicué, ìndê pyá upé, saissú pyréî.

Iassalsú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !

Brasil, ndê pana iacy-tatá-uára
Toicô rangáua quá caissú retê,
I quá-pana iakyra-tauá tonhee
Cuire catuana, ieorobiára kuecê.

Supí tacape repuama remé
Ne mira apgáua omaramunhã,
Iamoetê ndê, inti iacekyé.

Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reicô Brasil,
Ndê, iyaissú !

Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú,
Brasil!

blog do netuno

domingo, 20 de setembro de 2009

Índios isolados no Acre correm risco de desaparecer, alerta indigenista

Devastação no Peru empurra tribos para o Brasil, diz José Carlos Meirelles.
Invasão de território pode causar confronto entre comunidades.


Iberê ThenórioDo Globo Amazônia, em São Paulo


As últimas comunidades indígenas brasileiras que nunca tiveram
contato com o homem branco correm risco de desaparecer. Elas
vivem no Acre, na divisa com o Peru, e suas terras estão sendo
invadidas por tribos peruanas também isoladas, que fogem da ação
de madeireiros em seu país.
Segundo o sertanista José Carlos Meirelles, que há
20 anos monitora as três tribos brasileiras que vivem sem
contato, a invasão dos territórios pode causar conflitos entre
os povos. “O pau pode estar comendo dentro do mato e a gente não
vai nem ficar sabendo”, afirma.

Foto: Gleylson Miranda/Funai

 

Tribo isolada que foge para o Brasil tem cerca de
80 pessoas. (Foto: Gleylson Miranda/Funai)

Meirelles, que vive na região e sobrevoa essas tribos pelo menos
uma vez por ano, conta que os índios peruanos começaram a
aparecer no território brasileiro há cerca de dois anos. Ele diz
que é muito difícil de ver as pessoas durante os vôos, mas pelo
número de malocas avistadas calcula que a tribo estrangeira
tenha cerca de 80 indivíduos. “Quando o avião chega perto deles,
eles desaparecem. Alguém de avião já deve ter dado tiro, soltado
bomba”, avalia.

Foto: Gleylson Miranda/Funai

Como nunca tiveram contato com brancos ou mesmo índios de outras
etnias, os povos isolados do Peru encaram todos que encontram
como inimigos. “Eles chegam aqui, vêem os brancos e pensam que
são os madeireiros, iguais aos de lá. Aí eles atacam a gente,
com toda razão”, relata o sertanista, que já foi alvo de flechas
dos indígenas.
Além dos índios brasileiros isolados, outras
tribos que vivem na região também correm perigo. Em entrevista
ao Globo Amazônia, os líderes indígenas Moisés
e Bekni Ashaninka, que também moram no Acre, relataram que temem
conflitos com os isolados, já que eles os confundem com índios
da mesma etnia que trabalham no desmatamento no Peru.
Segundo Meirelles, que trabalha para a Fundação
Nacional do Índio (Funai), o governo brasileiro pouco pode fazer
além de pressionar o Peru para fiscalizar a retirada ilegal de
madeira em seu território. Ele diz que o lado brasileiro já está
todo demarcado com terras indígenas, e não há ameaças deste
lado. “Os índios estão vindo de lá para cá porque aqui está
tranqüilo”, afirma.Para o sertanista, a melhor forma de os
brasileiros ajudarem a evitar o conflito entre as tribos é
pararem de comprar mogno, desestimulando a atividade madeireira
na região. Essa madeira é o principal produto retirado das
florestas peruanas. No Brasil, o corte da espécie já é proibido.


fonte:globo.com

 


Leia mais notícias de Amazônia.