sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Seca na Amazônia vista de um satélite

Apesar das fotos da seca na Amazônia serem muito impactantes, às vezes é dificil conseguir visualizar o quanto o nível dos rios baixou. Mas ao olhar as imagens de satélite isso fica muito evidente.


Seca Manaus - Imagens de satélite
As imagens acima, disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, são do satélite Landsat e mostram como os rios Negro e Solimões estão bem mais secos. A imagem de cima é do dia 10 de setembro deste ano, quando o nível do rio Negro estava em 25,64 m; a outra é do último domingo, com o nível do rio quase 10 metros mais baixo. As áreas em verde representam cobertura vegetal, já o que fica em rosa são as áreas sem vegetação que podem ser: cidades, a grande região rosa no canto superior direito no mapa é Manaus; áreas desmatadas ou areia, como por exemplo, aquelas partes que aparecem nas áreas secas dos rios.
Os rios Negro e Solimões, assim como toda a bacia amazõnica, possuem períodos de cheia e estiagem. Esses eventos fazem parte do ciclo da região, mas este ano tivemos uma cheia recorde e a seca já atingiu nívies críticos. Especialistas afirmam que esses eventos estão ficando cada vez mais frequentes e mais intensos. Leia mais sobre a seca que atinge a Amazônia
Ao contrário do que mostram as imagens de satélite,que estão perfeitas pela falta de nuvens, hoje o céu de manaus estava cinza. O dia foi nublado, o que aumenta as chances de chuvas. Os ventos alísios que empurram as nuvens que se formam sobre a floresta para o oceano devem ter dado uma trégua. Tomara.
Fonte: Globo Amazônia | Greenpeace.

ATLAS de Pressões e Ameaças às Terras Indígenas na Amazônia Brasileira

ISA publica íntegra de Atlas

O lançamento do Atlas de Pressões e Ameaças às Terras Indígenas na Amazônia Brasileira, dia (9) para a imprensa e 0ntem (10) para o público em Brasília, gerou inúmeros pedidos pela publicação completa. Dessa forma, o ISA decidiu colocar à disposição dos interessados, a partir de hoje, o PDF do Atlas na íntegra.
A publicação organizada pelo Instituto Socioambiental (ISA) traz 25 mapas, além de textos de contextualização e casos emblemáticos, tabelas, gráficos e fotos sobre temas como: estradas, hidrelétricas, desmatamento, agropecuária, queimadas, mineração, exploração madeireira, garimpo, petróleo e gás, população, saneamento básico, urbanização e projetos do PAC. A quase totalidade dos dados foi colhida em instituições que subsidiam pesquisas, políticas e indicadores oficiais, como o IBGE, o Inpe e a Aneel.
ATLAS de Pressões e Ameaças às Terras Indígenas na Amazônia Brasileira – versão completa

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Três poemas para Sepé Tiaraju


Imagem: Brunortiz


Poema I
O GUARANI

Sepé Tiaraju foi um guerreiro
defendeu com a vida o rincão
da caça, da pesca e do plantio
do guarani contra a invasão

Da real história poucos sabem
o que se deu no século dezoito.
Sepé Tiaraju morto em combate
em nome da cultura do seu povo.

Junto a mil e quinhentos guaranis
afirmando que “esta terra já tem dono”.
na luta contra o mal ele morreu

Mas contam lá em São Miguel
quando a noite parece mais pituma
o guerreiro Sepé vira uma estrela


Poema II
ALMAS PEREGRINAS


Entre as histórias mais belas
do Rio Grande do Sul
é impossível esquecer
a canção de amor e morte
de Pulquéria e Tiaraju.

Na antiga São Miguel
com a lua por testemunha
em meio a flores silvestres
onde pousam tantos pássaros
se encontram os amantes.

É um amor tão bonito
que Ñanderu nos faz ver
o que há de mais sagrado
na história de Pulquéria
e o seu amor por Sepé.

Foi na Guerra das Missões
que o amado parente
enfrentou as duras penas
e as lágrimas de Pulquéria
deram luz a uma nascente

Diz a lenda que Pulquéria
no rio ainda se banha
enquanto o guerreiro amado
segue o Cruzeiro do Sul
quando a noite é mais pituma.


Poema III
MULTIPLICANDO A SEMENTE

Foi Sepé Tiaraju
que pela vida ensinou
multiplicou a semente

da resistência indígena
afirmando sem receios
que “Essa terra tem dono”

pois desde que o vento é vento
desde que o céu é céu
desde que o mar é mar

Canto Guarani






Para quem é de fora, talvez tudo pareça igual, uma repetição das mesmas palavras e frases sem fim. Como agüentam? Será que entram numa forma de êxtase? No Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, os Guarani cantam e dançam por horas e até por dias seguidos.
Cantar na própria língua dá aos Guarani força espiritual e corporal que ajuda na manutenção da comunicação com as divindades. Sem dançar e cantar, a vida do Guarani neste mundo estaria em risco. Como os deuses tocam seus instrumentos para fazer existir a Terra, os seres humanos também devem acompanhar. Todos fazem parte da mesma orquestra.
O primeiro canto sagrado foi entoado pela deusa dos Guarani Ñande Jarí (nossa avó). Com isso ela salvou a terra de perdição, porque Ñande Ramõi Jusu Papa (Nosso Grande Avô Eterno) que criou a Terra, quase chegou a destruir sua própria criação por um desentendimento com a mulher. Ele estava com profunda raiva, por ciúmes dos homens ocupando a terra. Mas ele foi sendo impedido por Ñande Jari com a entoação do primeiro canto sagrado realizadosobre a Terra, tomando como acompanhamento o takuapu: instrumento feminino, feito de taquara, com aproximadamente 1,10m, que é golpeado no solo produzindo um som surdo que acompanha o mbaraka masculino, espécie de chocalho de cabaça e sementes específicas.
O povo Guarani é muito religioso e conhece muitas atividades religiosas. Dependendo da situação e das circunstâncias (falta ou excesso de chuva, durante a coleta etc), os rituais são realizados cotidianamente, na maioria das vezes ao início da noite. Os ñanderu, lideranças religiosas, conduzem esses rituais. O ñanderu começa cantar o ´canto grande´, um texto que ninguém pode interromper. A comunidade repete cada frase, acompanhada pelo takuapu e mbaraka.
As letras e, principalmente, os instrumentos têm o papel de chamar os deuses. Os deuses respondem com o envio de seus mensageiros (tembiguáis kuéra), que vêm assistir aos cantos e às danças e retornam para informar que os habitantes da Terra estão alegres. Quando tem relâmpago e trovão durante os rituais, é um sinal que os mensageiros estão presentes.
A maneira como os Guarani cantam também tem significado especial. Os sons graves são próximos à terra, os sons de agudos estariam longe dela. As meninas têm que cantar forte e agudo, todas juntas, em coro, afinadas. Isso faz o coração contente.
Existe um mito Guarani no qual a diferença entre índios e não-indios é explicada. O herói criador deu para os índios o mbaraka e para os não-índios ele escolheu o kuatia jehairä (papel para escrever). Com estas escolhas o criador já explicou a diferença: o mundo sonoro e musical e o mundo da palavra escrita.

A Terra sem males, essa é a terra boa, Essa é a terra áurea e perfeita. Chegamos lá mediante ao vôo Ali também se dança

Chico xavier