sábado, 14 de novembro de 2009

Índios usam tecnologia para manter contato com aldeias distantes

Arco e flecha não são mais os únicos instrumentos presentes nas aldeias indígenas; as tribos agora têm computador, telefone celular e acesso à internet

Valdete Calheiros
DivulgaçãoDivulgação
Exposição Índios na Era Digital está aberta ao público até o final do mês, no Memorial à República
A tecnologia já chegou às aldeias indígenas brasileiras e, em especial, de Alagoas. Quem quiser conferir como o telefone celular, o computador, o acesso à internet e as novas mídias estão inseridas no cotidiano da comunidade indígena pode conferir a exposição Índios na Era Digital, que está aberta ao público até o final do mês, no Memorial à República, na Avenida da Paz. Os horários de visita são de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, e aos sábados, domingos e feriados, das 14 às 18 horas. A entrada é gratuita. A mostra Índios na Era Digital é fruto da vivência do artista multimídia Sandro Egues, que passou três meses nas aldeias Kariri-Xocó, em Porto Real do Colégio, em Alagoas; Pankararu, em Tacaratu, Pernambuco, e Potiguara, em Baia da Traição, na Paraíba. O trabalho rendeu a Sandro Egues, o prêmio da Funarte na categoria Interações Estéticas Residenciais Artísticas em Pontos de Cultura.
A exposição Índios na Era Digital foi viabilizada pela rede Índios-On-Line, com o apoio da Fundação Nacional de Artes (Funarte), vinculada ao Ministério da Cultura, e da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
A expressão e a realidade dos povos indígenas foram captadas pelas câmeras dos aparelhos celulares. Conforme Sandro Egues, graças à tecnologia, os índios estão aprendendo novas ferramentas para difundir e preservar sua cultura, além de aprender novos métodos para interagir com o meio. “Interagir é viver compartilhando o espírito de paz e amor com a natureza”.
Para o contador de história da Tribo Kariri-Xocó, Nhenety, a maior tribo alagoana, segundo ele com 2.500 índios, a aldeia vive dias de mais tecnologia desde que foi instalado o Ponto de Cultura na comunidade.
No local foram instalados quatro computadores para acesso à internet e pesquisas. Dezoito jovens trabalham no Ponto de Cultura e funcionam como agentes multiplicadores. O telefone celular está cada vez mais presente na comunidade indígena. Dos 2.500 índios, aproximadamente, 600 têm telefone celular.
Segundo Nhenety, os índios se conectam à internet em suas próprias aldeias, realizando uma aliança de estudo e trabalho em beneficio de suas comunidades e o do mundo.
O Índios On Line é um portal de diálogo intercultural, que valoriza a diversidade, facilitando a informação e a comunicação para sete nações indígenas: Kiriri, Tupinambá, Pataxó-Hãhãhãe, Tumbalalá, na Bahia; Xucuru-Kariri, Kariri-Xocó, em Alagoas; os Pankararu, em Pernambuco, e para a sociedade em forma geral.
Trata-se de uma rede composta por índios voluntários que buscam os desenvolvimentos humano, cultural, social e econômico das nações indígenas. O objetivo da rede é facilitar o acesso à informação e comunicação para diferentes nações indígenas; estimular o dialogo intercultural; promover aos próprios índios a oportunidade de pesquisarem e estudarem sobre as culturas indígenas; resgatar, preservar, atualizar, valorizar e projetar as culturas indígenas; promover o respeito pelas diferenças; conhecer e refletir sobre o índio de hoje e disponibilizar na internet arquivos de textos, fotos, e vídeos sobre os índios nordestinos para Brasil e para o mundo. O Índios On Line pode ser acessado pelo endereço eletrônico: www.indiosonline.org.br.

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