Reunião entre indígenas e uma comissão acontece neste momento em Aripuanã
Os cerca de 250 índios que mantinham reféns funcionários do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Dardanelos, em Aripuanã, no noroeste mato-grossense, a 1.050 km de Cuiabá, estão reunidos com membros da Fundação Nacional do Índio (Funai) e agentes da Polícia Federal para dicidir sobre a desocupação da usina.Nesta domingo, os índios aceitaram trocar os cerca de 280 funcionários que eram feitos reféns por seis engenheiros e gerentes de setor, que se ofereceram para ficar no lugar dos trabalhadores braçais.
"O clima está tranquilo. Os reféns estão no pátio, onde ficam o alojamento, o refeitório, a farmácia", afirmou o capital Sebastião Taques do Espírito Santo, comandante da Companhia Independente da Polícia Militar de Aripuanã, que está no local realizando as negociações.
Foto: iG
Região de Aripuanã, onde os índios fazem reféns na usina Dardanelos
Ocupação
Um grupo de cerca de 250 índios de 11 etnias diferentes ocuparam no domingo a usina hidrelétrica e impediram a saída de 100 operários. Equipados com facas e arcos, os indígenas retiveram os funcionário que trabalham na construção da usina e os prenderam em um alojamento. "Os índios em nenhum momento ameaçaram suas vidas. Pediram tranquilamente que fossem para seus alojamentos", disse Antonio Carlos Ferreira de Aquino, o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Eles querem receber uma compensação financeira de R$ 10 milhões pela inundação de áreas indígenas e a interrupção dos projetos de expansão da produção energética por meio de pequenas centrais (PCHs) previstas ao longo do rio Juruena, que corta as reservas. Os índios reivindicam as compensações por parte das autoridades pelo impacto social, cultural e ambiental da obra, localizada a 30 quilômetros de sua reserva.
Aquino explicou que a empresa construtora "dinamitou" parte de um sítio arqueológico considerado sagrado pelos povos da região. "Ao longo do tempo, os índios reivindicaram uma compensação, como prevê a lei de desmobilizações (de obras públicas). Como a hidroelétrica vai começar a operar no final deste ano, perderam a paciência", disse o representante da Funai.
O gerente de Meio Ambiente da Companhia Águas da Pedra, responsável pela usina, Paulo Rogério Novaes, diz que os índios reivindicam condições sociais melhores, como acesso à educação e à saúde, melhoria das estradas de acesso às aldeias e inclusão no programa Luz para Todos. “São problemas que o Estado tem de resolver, mas eles acham que são responsabilidades da usina”, afirma o gerente da Águas da Pedra.
Segundo o gerente da usina, a hidrelétrica não funcionará com represas e seu impacto ambiental é baixo. Com isso, os índios não seriam atingidos diretamente pela obra, uma vez que a aldeia mais próxima fica a 42 quilômetros de distância. “Mas nós temos um programa de ações mitigadoras que trata de medidas de apoio social. Só que esse programa foi entregue à Funai em 2005 e até hoje não obtivemos resposta. Queremos fazer alguma coisa, mas estamos esperando para saber o que e como”, alega Novaes.
Reintegração de posse
Os controladores do empreendimento entraram com pedido de reintegração de posse para solucionar o problema. A tomada da hidrelétrica foi feita por índios liderados por caciques das etnias Arara e Cinta Larga, conhecidas pela valentia. Os cintas largas procedem da mesma região de Rondônia, a Reserva Roosevelt onde, em 2004, foram massacrados 29 garimpeiros num garimpo de diamantes. Os primeiros relatos da invasão são imprecisos, mas não há registro de mortos ou de confronto entre índios e operários, que receberam os invasores sem resistência. Eles foram levados para um barracão na construção.
Maior hidrelétrica de Mato Grosso, Dardanelos vai integrar ao Sistema Nacional de 36 cidades atendidas por termelétricas na região. A usina é uma das duas que tiveram construção autorizadas último no leilão de energia nova promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A conclusão das obras da Usina de Dardanelos está prevista para até o fim deste ano.
Fonte: Agência Brasil e Agência Estado
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