quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Piada de assaltante…Isso foi um roubo???


Pra descontrair o dia tem uma piadinha legal. Pessoal, reparem só na piadinha sucinta dessa tirinha,…

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Imagens aprisionadas e resistência indígena: os Daguerreótipos de 1844


Imagens aprisionadas e resistência indígena: os daguerreótipos de 1844 (Marcos Morel)
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São umas das mais antigas e possivelmente as primeiras fotos de índios do Brasil ou mesmo do mundo, tiradas na França por E. Thiesson, que lhes gravou a data no canto de cada imagem: 1844, cinco anos após o anúncio oficial da invenção da fotografia. Estes índios nômades, caçadores e coletores, da família lingüística Macro-Jê, habitavam a região (então coberta pela Mata Atlântica ) dos rio Doce, Jequitinhonha e Mucuri, englobando Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais e envolviam-se em combates sangrentos com bandeirantes, fazendeiros e militares. Durante os séculos XVI e XVIII, quando eram chamados de Aimorés e Grens, praticamente não se conhecem ícones produzidos sobre eles, apesar de contato intenso com as frentes de expansão. No começo do século XIX, ao contrário, ocorreu uma avalanche iconográfica em torno desses grupos, aos quais viajantes, cientistas e artistas eram atraídos, paradoxalmente, pela fama de ferocidade atribuída a tais tribos. Através do desenho científico em suas diversas técnicas (água-forte, aquarela, litogravura, retratos a lápis, a óleo etc.) e estilos (romântico, neo-clássico, realista etc.), nomes como Debret, Rugendas, Maximiliano Wied-Neuwied, Spix e Martius, entre outros, registraram suas imagens. O aparecimento de tais imagens ocorre, sobretudo, após a guerra decretada por D. João VI contra esses "Botocudos" em 1808. E oito décadas mais tarde outros membros desse grupo etno-lingüístico seriam a principal atração da Exposição Antropológica Brasileira inaugurada por D. Pedro II no Rio de Janeiro. Seus descendentes vivem nas margens do rio Doce, são conhecidos por Krenak e mantêm no século XXI a memória e a língua dos antepassados, apesar das diversas transformações por que passaram.



A série de cinco daguerreótipos de dois Nacnenucks ("Botocudos") do acervo da Coleção Jacquart, guardada na Photothèque do Museu do Homem, em Paris, constitui não só raridade mas momento importante na história da fotografia e das formas de registro dos grupos então chamados "primitivos". São umas das mais antigas e possivelmente as primeiras fotos de índios do Brasil ou mesmo do mundo, tiradas na França por E. Thiesson, que lhes gravou a data no canto de cada imagem: 1844, cinco anos após o anúncio oficial da invenção da fotografia.

Estes índios nômades, caçadores e coletores, da família lingüística Macro-Jê, habitavam a região (então coberta pela Mata Atlântica ) dos rio Doce, Jequitinhonha e Mucuri, englobando Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais e envolviam-se em combates sangrentos com bandeirantes, fazendeiros e militares. Durante os séculos XVI e XVIII, quando eram chamados de Aimorés e Grens, praticamente não se conhecem ícones produzidos sobre eles, apesar de contato intenso com as frentes de expansão. No começo do século XIX, ao contrário, ocorreu uma avalanche iconográfica em torno desses grupos, aos quais viajantes, cientistas e artistas eram atraídos, paradoxalmente, pela fama de ferocidade atribuída a tais tribos. Através do desenho científico em suas diversas técnicas (água-forte, aquarela, litogravura, retratos a lápis, a óleo etc.) e estilos (romântico, neo-clássico, realista etc.), nomes como Debret, Rugendas, Maximiliano Wied-Neuwied, Spix e Martius, entre outros, registraram suas imagens. O aparecimento de tais imagens ocorre, sobretudo, após a guerra decretada por D. João VI contra esses "Botocudos" em 1808. E oito décadas mais tarde outros membros desse grupo etno-lingüístico seriam a principal atração da Exposição Antropológica Brasileira inaugurada por D. Pedro II no Rio de Janeiro. Seus descendentes vivem nas margens do rio Doce, são conhecidos por Krenak e mantêm no século XXI a memória e a língua dos antepassados, apesar das diversas transformações por que passaram.

O contato dos índios com os daguerreótipos

A fotografia recém-nascida tinha uma dimensão de lazer, consumismo, modismo tecnológico, empolgação pela novidade, mas sobretudo de possibilidade de "reprodução do real". E aí tinha usos mais "sérios". Ligou-se estreitamente à medicina e ao controle da criminalidade. Doentes mentais, prisioneiros, pessoas com deformidades físicas e povos considerados exóticos (ex-optico, fora da ótica) passaram a ser enquadrados pelas lentes implacáveis. A fotografia torna-se uma forma de conhecimento, fixação e controle dos corpos através da imagem.

Na região desses índios ocorriam, ainda nos anos 1840, confrontos e formas de incorporação violenta à sociedade nacional, inclusive através do trabalho servil, seja doméstico (nas fazendas e casas urbanas), como no trabalho das obras públicas e nos arsenais militares. Havia, portanto, um tráfico ilegal desses índios como escravos. Neste contexto é que a mulher e o rapaz a serem fotografados foram levados ao Velho Mundo por um francês chamado Marcus Porte. Depois de sair das selvas e atravessar o oceano, encontraram-se em Paris, cerne do pólo civilizatório e cultural do Ocidente. A presença desses "selvagens" causou ebulição no meio intelectual parisiense. Foram tema de relatórios e acalorados debates na sessão de verão da Academia de Paris em 1843. Depois da discussão acadêmica, a decodificação: apalpados, medidos e enquadrados nos cânones do discurso institucional da Antropologia Física, além de registrados pela Sociedade de Geografia. Sem esquecer o vocabulário, publicado em edições trilíngües: francês, português e "botocudo". Foram alvo de comparações com índios norte-americanos e, em seguida, apreendidos pela fixação de suas imagens.

As placas registrando os corpos dos dois índios causaram viva impressão, inclusive pela qualidade técnica. "Depuis cette époque, dix-huit ans se sont écoulés, on n'a rien fait de plus pur, de plus limpide, de plus franc", exclamava com certa volúpia visual um crítico da arte fotográfica da época[3]. Apesar de toda carga de objetividade típica do século XIX, a apreciação dessas imagens (do ponto de vista estético, técnico ou científico) não era em geral vinculada às condições de vida das pessoas fotografadas.

Nos anos 1850 começa a se organizar no Muséum d'Histoire Naturelle de Paris (do qual se desdobraria o Museu do Homem) uma Galeria especial, dedicada a colecionar reproduções de imagens "naturais" como: esqueletos, bustos moldados sobre corpos, reprodução em plástico de pés, mãos e órgãos, enfim, tudo que pudesse servir a um estudo comparativo entre as "raças" humanas. Era a chamada Antropologia Física incorporando as tecnologias mais atualizadas da época a fim de obter as reproduções as mais "realistas" possíveis. Dentro dessa Galeria havia também "desenhos naturais". As primeiras fotografias que se incorporaram ao acervo do Museu foram as dos Esquimós e essas dos "Botocudos". Os daguerreótipos provavelmente foram feitos em Paris. Não se sabe exatamente onde, nem em que condições, e as informações são desencontradas sobre a data exata de sua aquisição pelo Museu.

A subversão das imagens

Tais fotografias, interpretadas, trazem à tona aspectos interessantes - objetivos e subjetivos. Mesmo sem palavras, elas apresentam elementos para compor uma narrativa. Os sentimentos e dores que não cabiam nos parâmetros do discurso científico ressaltam destas imagens mudas, sem palavras escritas. As fotos indicam algumas pistas, digamos, materiais. O corte de cabelo, colar, botoque e furo no lábio apontam identidade étnica, e que eles nasceram nas selvas. Numa visão de conjunto impressiona o ar de melancolia e abatimento: o pano no colo camufla a nudez. O local equivalia a um estúdio, onde as pessoas fotografadas são enquadradas em determinada composição visual. E nada de cenários exóticos, palmeiras ou vegetação tropical - a intenção era o olhar científico, rigoroso, implacável.

A mulher fotografada encara o interlocutor (até hoje): olha sem rodeios para o aparelho (e para tudo que está por trás dele), mãos cruzadas placidamente no colo. Jovem, é uma "Gioconda" dos trópicos, a nos desafiar com expressão enigmática, contundente e até meiga. Diante do naufrágio de sua vida e de sua coletividade ela parece reunir sofrimento, solidão e colocá-los, oferenda, na expressão eternizada na imagem. O rapaz, ainda mais jovem, um adolescente, magro, ossos do tórax aparecendo, guarda certo vigor físico, de quem era musculoso mas emagreceu. Embora de frente, mantém pálpebras semi-cerradas no momento da foto, o que lhe dá aparência esquiva. Ainda preserva certa altivez, quase apagada num rosto endurecido pela raiva muda e impotente, talhado em pedra e desolação. As manchas na pele (face e braço direitos) indicam que estava doente. A imagem de perfil, pescoço virado bruscamente, dá a impressão de que oferece a cara à tapa, como para evidenciar a violência que sofria.

O clima de curiosidade em torno destes índios expressava significativa mistura de espetáculo atraente e seriedade científica: a tênue fronteira entre o exato e o exótico. De certa forma eram tratados como animais selvagens que precisavam ser melhor conhecidos. O primeiro gorila "descoberto" pelos europeus na África em 1840 causara sensação... E até princípio do século XX o Jardin d'Aclimatation, um dos parques zoológicos de Paris, ostentava entre suas atrações "aborígenes" africanos e australianos com trajes típicos em cercados que reproduziam seus modos de vida originais.

Mais do que registro neutro ou "real", estes daguerreótipos trazem uma carga civilizatória. Mesmo que a intenção dos detentores das imagens fosse fazer estudos "raciais", as expressões e condições de vida desses índios, registradas pelos fotografias, são também significativas. Abandonando a situação de cobaias, esses índios se expressaram. Como se os objetos fotografados se apropriassem da imagem e subvertessem seu significado, criando outros discursos não verbalizados que transcendiam o movimento de fixação, conhecimento e controle contido no ato de fotografar. À sua maneira, esses índios posaram, responderam com seu corpo tudo aquilo que não aparecia nas suas vozes: elaboraram seu discurso, contaram sua história, ainda que sem palavras.

A realização destes daguerreótipos significou uma evolução tecnológica da civilização ocidental. Guerra e imagem interligadas. Paralelas ao relâmpago dos fuzis e facões da Conquista, vinham as Luzes do progresso, seguidas dos flashes das primeiras câmeras. Os temíveis "Botocudos" finalmente fotografados. Esfinges captadas pela tecnologia e decifradas pela racionalidade científica, suas imagens guardam intactas a opressão a que foram submetidos. Tão diferentes da imagem mítica do "homem novo americano" perpassada pela Ilustração, tão distintos das alegorias românticas e patrióticas indianistas em voga no século XIX - estes índios retratados não apresentam tampouco a expressão feroz de canibais devoradores característica dos registros do período colonial. E menos ainda ostentam os coloridos tons de multimídia dos índios em exposição visual do século XXI. Este homem e esta mulher (classificados na Academia de Paris no campo da Zoologia) parecem nos dizer que seus "espíritos" e seus corpos estavam irremediavelmente aprisionados ali, no momento em que seus rostos fixaram-se nas placas dos daguerreótipos.

Texto extraído do endereço: http://www.studium.iar.unicamp.br/10/7.html

Kambô e biopirataria na Amazônia

Phyllomedusa bicolor, o sapo Kambô, em foto de Guido W. Stiehle

"Nosso pajé diz: 'Este remédio extraído do rã de nome Kambô é bom porque traz felicidade para quem o toma e também para se caçar. Quando toma o Kambô a caça se aproxima curiosa, pois quem o toma passa a emitir uma luz verde, e é esta luz que faz a caça e as coisas boas se aproximarem de nós. Serve para tirar a panema e também desentope as veias do coração, e faz circular o sangue e as emoções, harmonizando as funções do ser humano como um todo. O uso do Kambô é milenar em nossa tradição: vem da sabedoria dos nossos ancestrais". (Katukina)

Paulo Prada, em seu artigo "Tribo indígena espera lucrar com rã das árvores" (disponível também em inglês), assim relatou o assunto escrevendo da Reserva Indígena Katukina de Campinas - Acre:

"Fernando Katukina é chefe de uma tribo indígena que vive em grande parte sem água corrente, eletricidade ou elos com o mundo fora de seu canto remoto do oeste da Amazônia. Mas Katukina diz que possui um tesouro que pode estar na vanguarda da biotecnologia. Se o projeto iniciado pelo chefe tiver sucesso, as riquezas da tribo serão transformadas em algo que ele e o governo brasileiro acreditam deter grande promessa para a indústria farmacêutica global: a secreção de uma rã venenosa.

Os xamãs tribais usaram a mucosidade como remédio ancestral para tratar doenças, dores e até preguiça. Os ingredientes ativos têm propriedades anestésicas, tranqüilizantes e outras. Os pesquisadores dizem que a promessa está em isolar os peptídeos da secreção e depois reproduzi-los na produção de remédios contra hipertensão, ataque cardíaco e outras doenças.

Katukina já tem o apoio do governo do Brasil, que vê no projeto uma oportunidade para desenvolver sua própria pesquisa de farmacêuticos. Em particular, o desafio científico da rã, conhecida localmente como kambo, vai aprofundar o conhecimento do Brasil no ramo farmacogenético -o uso combinado de genética e farmacologia- e aproveitar o conhecimento tradicional dos povos indígenas.

"O conhecimento tradicional também pode ajudar a medicina moderna e gerar benefícios econômicos significativos", disse Bruno Filizola, coordenador técnico do projeto e biólogo do Ministério de Meio Ambiente em Brasília, capital.

A dimensão indígena também é crucial porque o Brasil, como outras nações em desenvolvimento, está tentando combater o que entende como biopirataria, o roubo de recursos biológicos de habitats naturais do país para uso comercial. Apesar de o projeto ainda estar nos primeiros estágios, cerca de 20 cientistas estão buscando um patrocínio inicial de perto de US$ 1 milhão (em torno de R$ 2,2 milhões) de mais de uma dúzia de universidades, governos estaduais e de agências federais.

Há muito mais que esperança ingênua em jogo. Os pesquisadores brasileiros já ensinaram aos agricultores do país, que hoje estão entre os maiores exportadores, a manipular os solos e alterar as lavouras que não eram adequadas ao clima do país. Agora, muitos cientistas acreditam que a ciência pode transformar as florestas brasileiras em laboratórios produtivos.

"O Brasil tem uma comunidade grande crescente de pesquisadores dispostos a desenvolver sua própria pesquisa e produtos", disse Joshua Rosenthal, vice-diretor de uma divisão de treinamento internacional e pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisa em Bethesda, Maryland.

Pesquisadores brasileiros não esquecem o caso da jararaca, a cobra da Amazônia. A gigante farmacêutica Squibb usou o veneno da cobra para desenvolver o captopril, um remédio para pressão sangüínea comercializado a partir de 1975. Apesar de estar disponível na forma genérica desde 1996, o remédio foi o produto de maior venda da empresa, hoje parte da Bristol-Myers Squibb, e arrecadou US$ 1,6 bilhão (em torno de R$ 3,5 bilhões) em 1991. "Por causa dos erros do passado", diz o documento do Ministério de Meio-Ambiente brasileiro, "o captopril não é brasileiro".

Apesar de abrigar a maior floresta atlântica do mundo e um dos mais diversos ecossistemas do planeta, o Brasil em geral tem demorado a desenvolver seu patrimônio genético -as plantas e animais dentro de seu território e o potencial de lucro que oferecem. O documento do ministério também lamenta o atraso histórico na pesquisa brasileira e a conseqüente perda de bilhões em receita de fármacos, produtos agrícolas e outros bens comerciais.

Um resumo do Projeto Kambo, escrito por uma equipe de pesquisadores do Ministério de Meio Ambiente, diz: "O patrimônio genético nacional pode ser chave para a transformação do Brasil no contexto político e socioeconômico global."

Os países em desenvolvimento promovem cada vez mais a idéia de desenvolver e comercializar seus remédios tradicionais e artes locais. Eles estão questionando os direitos dos estrangeiros de explorar produtos derivados de substâncias locais. Em uma reunião da ONU, na cidade de Curitiba no mês passado, delegados de nações em desenvolvimento pediram mudanças na lei internacional para permitir que os governos impeçam o patenteamento estrangeiro -ou ao menos compartilhem dos lucros- de recursos biológicos encontrados em seu território. Em dezembro, em uma reunião da Organização Mundial de Comércio em Hong Kong, o ministro de comércio da Índia disse aos delegados que o progresso nas negociações internacionais dependia de mudanças nessas linhas.

A indústria privada está temerosa. O caminho da pesquisa até o desenvolvimento de um produto é longo e caro. Raro é o composto que pode se tornar a próxima droga milagrosa ou outro sucesso comercial sem ser adulterado, argumentam. "As nações em desenvolvimento devem trabalhar para desenvolver seus próprios recursos -e não bloquear os esforços de outros para pesquisar e investir", disse Alan Oxley, ex-embaixador australiano de assuntos comerciais que hoje é consultor em Melbourne e dirige um instituto de pesquisa patrocinado em parte pela indústria farmacêutica americana.

O Brasil quer tomar a dianteira com o kambo. O projeto foi lançado no ano passado depois que Marina Silva, ministra de meio-ambiente do Brasil, recebeu uma carta de Katukina, chefe da tribo, denunciando o uso do veneno de Kambo por pessoas de fora. Seus benefícios observados nos últimos anos fomentaram o comércio pirata do veneno em cidades pelo Brasil. Se mal administrado, o veneno pode ser perigoso, advertiu Katukina. Além disso, se o ganho econômico gerado pelo remédio não reverter para a tribo, chamada Katukina, seu uso equivaleria à biopirataria, disse ele. Silva, nativa do Estado da tribo, o Acre, concordou. Ela autorizou a criação do projeto do ministério para estudar o kambo, estipulando que os lucros derivados da pesquisa fossem compartilhados com a tribo. "O conhecimento é da tribo", disse ela em recente entrevista telefônica. "Ela deve dividir as recompensas."

Leonide Principe, em seu portal, nos oferece mais detalhes sobre a "descoberta" do Kambô:

O Kambô é uma resina retirada de um pequeno sapo que vive na Amazônia, o Philomedusa bicolor. Esta resina contém peptídas analgésicas e de fortalecimento do sistema imunológico que provocam a destruição de microorganismos patogênicos. A aplicação é realizada sobre a pele e transportada rapidamente para todo o corpo pelos vasos linfáticos. Para se obter um ótimo resultado deve-se tomar o Kambô com uma pessoa que tenha experiência e um conhecimento profundo dos mistérios e da magia da natureza como ( plantas, pedras, animais, energias etc...) E seja iniciado nesta ciência indígena.

De acordo com declarações da Dra. Sônia Valença Menezes, Terapeuta Floral Acupunturísta e também faz parte da Associação Juarense de Extrativismo e Medicina Alternativa, situado em Cruzeiro do Sul – AC, o Kambô é indicado para qualquer distúrbio e desequilíbrio, ele purifica o sangue eliminando as impurezas, mas quem não tem nenhum sintoma usa o Kambô para a imunização. O Kambô atua nos corpos sutis, na percepção, sonhos, no inconsciente e nos bloqueios que impedem o fluxo de energia vital do ser humano. Durante a reação ocorre um processo de limpeza no campo energético, físico e emocional. Segundo pesquisas médicas há estimulação do sistema nervoso simpático e para-simpático, é como se o organismo fosse passado a limpo, é preciso estar de coração aberto para recebe-lo. Após o inicio do tratamento é indescritível o estado de conscientização e clareza de pensamentos, a sensação de harmonia e felicidade é visível, os sonhos a percepção e a intuição melhoram, a auto-estima rebrota principalmente para aqueles que tem coragem de buscar novas experiências na medicina alternativa.

A medicina Tradicional dos povos das florestas é baseada em conceitos filosóficos da milenar cultura das etnias indígenas pragmáticas em sua essência, estando estruturados na observação do homem e de seu organismo (microcosmo) em relação à natureza e seus fenômenos ( macrocosmo ).

Diz a lenda que os índios da aldeia estavam muito doentes e de tudo havia feito o Pajé para curá-los. Todas as ervas medicinais que conhecia foram usadas, mas nenhuma livrara seu povo da agonia. O Pajé então se embrenhou na floresta e, sobre os efeitos da Ayauaska, recebeu a visita do grande Deus. Este trazia nas mãos uma rã, da qual tirou uma secreção esbranquiçada, cuja aplicação nos enfermos ensinou como deveria ser feita. Voltando à tribo e seguindo as orientações que havia recebido, o Pajé pode curar seus irmãos índios. A história pode nos parecer exótica ou mesmo inverossímil, mas a rã existe. Ela recebeu dos índios Katukinas a denominação de Kambô, também podendo ser chamada de Kampun ou Kempô dependendo da tribo indígena.

Nos anos sessenta o seringueiro Francisco Gomes Muniz já com a visível vocação de curador conviveu durante 5 anos com índios Katukinas no rio Liberdade em Cruzeiro do Sul no Estado do Acre, onde aprendeu a utilizar grande número de espécies com propriedades medicinais e onde também foi iniciado nos Mistérios e na Magia do Kambô ou seja “A vacina do sapo” como é conhecida, que consiste na secreção retirada da rã Phillomedusa bicolor e que é utilizada por muitas tribos Amazônicas ( Katukinas, Kaxinawá, Kulinas, etc... ) com o objetivo de prevenir, curar ou afastar o “Panêma” conhecida entre os índios e caboclos como preguiça, baixo astral, má sorte ( na caça, na pesca, na colheita ou na conquista amorosa ) com o tempo seu Francisco passou a aplicar a vacina em sua própria família e em amigos, comprovando os efeitos benéficos de imunização as doenças, de vigor , disposição física e abertura dos caminhos para negócios, empregos e conquistas amorosas.

Em 1994, o Dr. Glacus de Souza Brito, chega a Cruzeiro do Sul para fazer um trabalho de saúde pública a pedido do então Governador do Estado do Acre Orleír Camellit, lá toma conhecimento que seu Francisco Muniz havia feito a inoculação do Kambô em um amigo seu o Murad e que o mesmo tinha se curado de uma sinozite antiga e tinha até arranjado uma namorada. Glacus recebe a vacina, tem uma sensação de bem estar muito grande e fica intrigado sem conseguir entender porquer, depois de trinta dias volta receber o Kambô desta vez 7 pontos e finalmente no outro mês 9 pontos. Dr. Glacus alem de médico clinico geral é também um investigador na área de doenças infecciosas. Como médico da família utiliza nos tratamentos a homeopatia, a oligoterapia francesa e a fitoterapia amazônica, nos anos seguintes começa a estudar o kambô testando em sí mesmo e em pesosoas de sua família, sua mulher por exemplo sofria de uma enxaqueca crônica e forte dores nas pernas também depois de tomar o kambô estes problemas desaparecem. Seu cunhado que estava incubando uma forte gripe, com muita dor de cabeça, também tomou o kambô teve uma reação muito forte ,vomitou muito fez uma espécie de limpeza; passada duas horas, os sintomas haviam sumido completamente e não houve evolução do estado gripal. Para Glacus o efeito da substancia no organismo em termos médicos é uma reação infra-médio simpática, com estimulação do sistema nervoso simpático e parasimpático como se o organismo fosse limpo em verso e reverso, num tempo de cinco minutos, algo incrivel. As substâncias presentes na vacina devem ter um processo bioquímico de interação orgânica de estimulação e inibição sequencial, onde apartir do momento que estimula certos receptores organicos, evolui para um processo de inibição de outros centros, por isso a mudança rápida do sistema de ação.

Conclusão pessoal do reporter: É só experimentando que podemos reconhecer o valor dessa medicina milenar. A nossa condição de seres aculturados e cientificamente condicionados, na maioria das vezes, fecha o caminho do coração, delegando tudo ao departamento limitado da mente. Os mistérios da natureza não cabem naquele espaço tremendamente definido. Há coisas que só pelo sentimento podem ser vivenciadas e assimiladas.

Em "A Ciência do Sapo Kambo" , José Augusto Bezerra conta que a Amazonlink, ong sediada na capital acreana, relacionou dez pedidos de registro de patentes com as palavras Phylomedusa bicolor, deltorfin ou dermofin no título ou na descrição à Ompi, revela o presidente da ONG, Michael Schmidlehner, referindo-se a duas substâncias até então desconhecidas - deltorfina e dermofina - isoladas da secreção cutânea do sapo. "As pesquisas comprovaram a eficácia terapêutica de ambas. A primeira é um analgésico potente. A segunda pode reduzir a possibilidade de ataques ao coração, derrames cerebrais e lesões no fígado, melhorando a função dos órgãos", afirma, baseando-se em estudos conduzidos pelo doutor Vittorio Erspammer, da Universidade de Roma e matéria publicada pela revista Science Magazine, dos Estados Unidos.

Eu pessoalmente tomei três aplicações de Kambô no começo de novembro do ano passado, na aldeia Nova Fronteira do povo hunikuin da Área Indígena Alto Purus. O pajé Geraldo Domingos, que aplicou o Kambô, explicou que a época boa de tomar o medicamento é em fevereiro, época das chuvas, quando os sapos estão cantando e a tribo tem muita caiçumada de milho verde para "forrar o estômago" para os vomitórios. Como as aplicações que eu recebi não tiveram o efeito total, foi explicado que o responsável pela extração da secreção do sapo não havia cumprido as exigências rituais: não comer alimentos com açúcar, não ter relações sexuais durante esse período, não mexer com fogo. Para mim isto esclareceu que a medicação é uma ciência da floresta assim como a ayahuasca, que envolve para sua preparação a obediência a preceitos rituais, dentro do contexto do "pensamento mágico". Como poderia então vir um dia a ser um produto industrializado? Impossível... O Kambô se inscreve, entretanto, como ícone do combate à biopirataria na Amazônia.

Minha amiga Nicole Algranti, produtora cultural, cineasta e fotógrafa, incentivou os Katukina a arrecadar recursos através da veiculação de sua cultura, como no caso do filme "Noke Haweti - Quem somos e o que fazemos", que assisti ano passado no seu lançamento no Museu da República, no Rio de Janeiro, e que mostra a aplicação do Kambô entre os moradores da aldeia. Visitando o site da Taboca Filmes o leitor poderá adquirir além desse DVD outros CDs com gravações de músicas da nação Katukina (saiba mais clicando também aqui). "Apresentamos as músicas do Uní (Ayahuasca), cantada por nossos pajés e rezadores, as músicas do Mariri (Txiriti) que representa a floresta,a alegria, a tristeza e as brincadeiras que a natureza ensinou para nossos povo, as músicas de cura (Shoiti), as músicas de brincadeiras das crianças (Yomevo Wesiti) e as músicas com a flauta (Vonko Rewe)... ... Pela primeira vez compartilhamos todos os nossos cantos na esperança de que também contribuam para a proteção e a felicidade daqueles que os ouvirem." (Benjamin André Sherê Katukina).

Leia também: Entrevista com Tashka Yawanawá sobre Kambô, na Revista Época; uma matéria sobre o Kambô publicada na Revista Globo Rural; e "O Pajé que virou sapo e depois promessa de remédio patenteado", por Bia Labate.

Aquarelas Indigenas







Aquarelas prestam homenagem a comunidades indígenas
Novamente dispensa palavras...













Elisabeth Laky Gatti e Marlene Cafrruny dedicam-se às artes plásticas desde a década de 1970, com ênfase na técnica de aquarela. Têm formação em cursos do Atelier Livre e do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, entre diversos outros, trabalham em ateliês próprios e realizaram dezenas de exposições individuais e coletivas.

fonte: http://www2.camarapoa.rs.gov.br/default.php?reg=8589&p_secao=56&di=2009-04-09

OS POVOS INDÍGENAS DO TOCANTINS




O Tocantins apresenta uma população aproximada de 6.000 índios, que continua a crescer. Vivem no estado os Xerente (povo Akwen), os Karajá, Javaé e Xambioá (povo Iny), os Apinajé (povo panhi) e os Krahô (povo Meri).
Esses povos têm uma cultura rica e uma história de luta pela sobrevivência e mantêm rituais e festas com uma forte ligação com o seu passado.
Uma contribuição fundamental para a percepção dos sentimentos antigos dos povos são os projetos de educação para formação de professores bilíngües. No Tocantins, o Governo do Estado está qualificando professores das escolas nas aldeias, visando ensinar crianças e jovens a escrever e ler na própria língua, possibilitando o resgate da historia oral dos povas indigenas e a valarização de sua cultura e tradição. Já são 61 escolas atendendo 2.269 alunas.
Os pavas indígenas da Tocantins têm uma organização social e politica propria que lhes sustenta, correspondendo a um processa de crescimento
demagrafico e a retomada de seus valores culturais que constituem não somente para a Estado, mas para a humanidade, um patrimônio de diversidade.
O povo Karajá, Javaé e Xambioá
Os Karajá, Javaé e Xambioá são o mesmo povo e se autodenominam Iny. Pertencem ao tronco linguístico Macro-Jê, família Karajá e língua Karajá. Os tres grupos falam a mesma língua e vieram migrando do Norte, baixo Araguaia antes de 1500. Mantiveram suas aldeias separadas em virtude da luta com o nao-índio. Os Karajá sao, sobretudo, pescadores e coletores, embora hoje també faςam roςas.
Segundo Darcy Ribeiro, es tes índios migraram sempre, até chegar a Ilha do Bananal. Lá vivem hoje 1.600 habitantes Karajá em oito aldeias, e 849 Javaé a margem do rio Javaé em nove aldeias. Os Xambioá conhecidos pelo seu povo como Hirarumarandu, ou "Karajáde baixo", vivem hoje em duas aldeias, com uma populaςao de 182 pessoas, próximos as cidades de Santa Fé e Xambioá.

A festa do Hetoroky, ou iniciaςão do menino para a fase adulta, reúne famílias Karajá de aldeias distantes e é comemorada com danςas, lutas e comida farta, mantendo uma forte ligaςao com suas origens.Os Karajá tem tradiςão na arte de fazer cerâmica. As mulheres oleiras fazem figuras de animais, figuras míticas, representaςoes do cotidiano e, principalmente, as bonecas ritxokô, vendidas como artesanato.

Aldeias Kara¡á: Santa Isabel do Morro, Fontoura, Tutemã;
Aldeias Javaé: Txuiri, Gantanã, Boto Velho, Wari Wari, São João, Cachoeirinha, Manalu
é , Barreira Branca, Imonti;
Aldeias Xambioá: Xambioá
e Kurerê.
O Povo Xerente
Os Xerente se autodenominam Akwen, que significa "indivíduo", "gente importante". Eles vieram, provavelmente, das terras secas do Nordeste até o Norte, onde encontraram abundancia de áqua. Os primeiros contatos com os bandeirantes datam de 1738.
Em 1840, os Xerente aceitaram o aldeamento de Teresa Cristina, atual Tocantíia, proposto pelo franciscano frei Antonio de Ganges. Hoje vivem na margem direita do rio Tocantins, numa área de 183.542 hectares (junto a área do Funil), próximos a cidade de Tocantínia. Sua população é de 1.800 pessoas, distribuías em trinta e uma aldeias. Sua sobrevivência sempre veio da terra e do rio, da pesca, da caça e, principalmente, da roça de subsistência, a chamada "Roça de Toco", onde plantam o milho, o arroz e a mandioca. Produzem artesanato com palhas de babaçu. São cestas, balaios, esteiras, cofos, redes e bolsas.
Pertencem ao grupo lingüístico Macro-Jê e estão em contato com os não índios há aproximadamente duzentos anos. Juntam tudo que aprenderam com as comunidades vizinhas e retomam suas vidas com consciência e respeito a sua história. Em quase todas as festas praticam a corrida de toras, onde homens e mulheres demonstram sua força e coragem.

Aldeias Xerente: Funil, Bela Vista, Cercadinha, Brejo Comprido, Serrinha I e II, Centro, Agua Fria, Rio do Sono, Mirasol, Recanta, Baixa Funda, Brejinha, Salto, Porteira, Aldeia Nava, Sangradouro, Lajeadinho, Cabeceira, Morrinho, Recanto da Agua Fria, Novo Horizonte, ZéBrito, Aldeinha, Rio Preto, Bom Jardim, Paraío, Baixão, Traíra, Ponte, Mirasol Nova.
O povo Krahô
Vive numa área demarcada de 302.533 hectares, próxima as cidades de Itacajáe Goiatins, em 15 aldeias e uma população de 1.500 pessoas. A reserva onde vivem hoje é considerada a maior área de cerrados inteiramente preservada do Brasil.
Pertencem ao tronco lingüístico Macro-Jê, da família Jê, descendentes dos Timbiras setentrionais. No final do século XVIII, habitavam a região do Rio Balsas no Maranhão. A aldeia de Pedro Afonso foi fundada em 1849 pelo missionário frei Rafael de Taggia. Os Krahô sempre enfrentaram a pressão colonizadora. Em 1940, sofreram un violento massacre desfechado por criadores de gado, fato que continua vivo na memória de seus habitantes mais velhos. Entreimportante para o dia-a-dia da aldeia. Possuem muitas crenças, acreditam que todos os seres sejam animais, vegetais ou minerais, e têm alma, que chamam de Karõ.
Os Krahô negociam com os brancos como meio de promover sua sobrevivência na relação interétnica. Assim ganham uma " os índios Krahô, as terras pertencem a todos da tribo. As aldeias sao politicamente independentes, construídas em forma circular, com um grande pátio no centro onde a tribo se reúne para decidir as divisões do trabalho e tudo que seja certa independencia" e podem manter sua identidade já que possuem terras.
A noite, os Krahô se reúnem para cantar, brincar e contar histórias. Apesar de enfrentarem inúmeras dificuldades em suas terras, eles conseguem manter suas tradições e cultura.

Aldeias Krahô: Rio Vermelho, Manoel Alves Pequeno, Cachoeira, Pedra Branca, Macaúba, Pedra Furada, Campos Lindos, Agua Branca, Riozinho, São Vidal, Morro do Boi, Serra Grande, Forno Velho, Santa Cruz e Lagoinha.

O povo Apinayé
Os Apinajé pertencem ao tronco Macro-Jê, famíia Jê descendentes do grupo Timbira e vivem numa área demarcada, a partir de 1985, de 141.904 hectares, próximos aos municípios de Tocantinópolis, Maurilândia e Lagoa de São Bento. Sua população atual é de 1.000 habitantes, distribuídos em, sete aldeias. Os primeiros registros datam de 1774. Eram conhecidos como grandes guerreiros, "os poderosos ídios da região Norte". O confronto com os exploradores de ouro provocou doenças e guerras, obrigando os apinayé a viverem em aldeias para a sobrevivência da comunidade.
Hoje, eles têm suas aldeias localizadas no campo e utilizam a mata para a caça e a agricultura. Fazem a coleta do babaçu, extraem o óleo das amendoas e aproveitam as folhas para fabricar utensílios domésticos e cobrir suas casas. Nas testas e rituais, mantêm o casamento e o batizado, realizados no verão, época da colheita. Quando vão preparar as roças, percorrem uma longa distância, a procura de mata e terras para a plantação de milho e suas variedades. Muitas vezes fazem acampamento por lá e ficam durante vários dias com toda a família. O trabalho é dividido. As mulheres trazern lenha, coletam frutos, cuidam das crianças e produzem artesanato; os homens caçam, pescam e trabalham na roça.
Aldeias Apinajé: São José, Mariazinha, Butica, Riachinho, Cocalinho e Bonito.

Textos extraídos de "Os Povos Indígenas do Tocantins", Professora Lídia Soraya Liberato Barroso.

Fonte: http://www.brasilbar.com/palmas/tocantinsindios.htm