A exposição fotográfica Ava Marandu –
Os Guarani Convidam está aberta à visitação e permanecerá até o dia 14
de outubro/2011 no Centro Administrativo da Caixa Econômica Federal em
Campo Grande, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
A exposição é o resultado do
aprendizado de uma centena de indígenas nas oficinas de fotografia em
seis aldeias guarani de Mato Grosso do Sul durante a realização do
projeto Ava Marandu – Os Guarani Convidam: Cultura e Direitos Humanos
dos Povos Guarani, em 2010. Foram ministradas pelos fotógrafos Elis
Regina Nogueira, Vânia Jucá e Leonardo Prado nos meses de fevereiro a
abril nas aldeias Guyra Roka e Te’ýikue, em Caarapó; Jaguapirú e
Panambizinho, em Dourados; Amambai, em Amambai e Yvy Katu, em Japorã. Ao
final, foi selecionada uma fotografia de cada participante para a
exposição evidenciando um olhar poético sobre o ambiente natural e
social das aldeias. Divida em duas partes, a exposição também revela o
olhar dos ministrantes fotógrafos sobre as localidades. As imagens são
instrumentos de registro, documentação, expressão e difusão do universo
plural e humano da cultura indígena, lançando as sementes de um processo
estratégico de domínio de ferramentas e novas tecnologias a serviço do
fortalecimento da identidade e promoção da cosmologia Guarani.
“Penso na fotografia como algo que
possa contribuir com algumas mudanças muito importantes para o país.
Quero que as imagens que faço sirvam pra trazer reflexões sobre temas
importantes. Temos quinhentos anos de história de uma estrutura
fundiária excludente, de desrespeito à pluralidade étnica e cultural. O
país ignora a questão indígena e os problemas vindos da concentração
fundiária. As informações nos são negadas pelas “grandes” empresas de
comunicação e pelas escolas. Essa formação etnocêntrica que temos é
cruel porque gera uma ignorância sobre temas urgentes e acaba por
permitir massacres silenciosos. Acho que a fotografia me permite
trabalhar nesse sentido”, afirma o fotógrafo Leonardo Prado.
A exposição já esteve no Museu das
Culturas Dom Bosco, no Pontão de Cultura Guaicuru, na Escola Municipal
Agrícola Arnaldo Estevão de Figueiredo, em Campo Grande (MS); na
Universidade Federal da Grande Dourados, em Dourados (MS) e na Teia
Regional Centro-Oeste/ Palácio da Instrução, durante encontro dos pontos
de cultura da região, em Cuiabá (MT).
“A repercussão da exposição entre os
funcionários é excelente, com elogios quanto à importância e dimensão do
projeto “Ava Marandu”, inclusive por empregados de outros municípios
que participam de uma reunião estadual da Caixa em Campo Grande” diz
Carlos Alberto Patay, Consultor Regional da CEF em MS.
O projeto Ava Marandu – Os Guarani
Convidam: Cultura e Direitos Humanos dos Povos Guarani foi realizado
pelo Pontão de Cultura Guaicuru em consulta e cooperação com os Povos
Guarani de Mato Grosso do Sul, com a Organização das Nações Unidas,
Fundação Nacional do Índio, Ministério da Cultura, Mercosul Cultural,
Ministério do Meio Ambiente, Comitê Gestor de Ações Indigenistas
Integradas para a Região Cone Sul, Universidade Federal da Grande
Dourados e Federal de MS, Universidade Católica Dom Bosco, Prefeitura de
Campo Grande, entre outras entidades, e o patrocínio da Lei Federal de
Incentivo à Cultura, Petrobras, Eletrobras e Caixa Econômica Federal, em
prol dos direitos humanos e a sustentabilidade em bases culturalmente
diferenciadas dos povos indígenas. As ações buscaram sensibilizar a
população para as gravíssimas violações que afligem os guarani kaiowa e
os guarani ñandeva e contribuir para a redução de um abismo de
preconceitos existente com uma necessária troca de olhares entre índios e
a sociedade em geral, com a colaboração de artistas e outras pessoas
solidárias à causa, oferecendo condições para a ampliação do
conhecimento, compreensão e reconhecimento dos valores e da cultura dos
Guarani.
Mais informações sobre o projeto em www.pontaodeculturaguaicuru.org.br/avamarandu
Serviço
Exposição Fotográfica Ava Marandu – Os Guarani Convidam
Local: Centro Administrativo da Caixa Econômica Federal em Campo Grande
– Avenida Mato Grosso, 5500 – Jardim Copacabana.
Instituições interessadas em receber a exposição podem obter informações através do e-mail contato@pontaodeculturaguaicuru.org.br
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quinta-feira, 29 de setembro de 2011
domingo, 27 de março de 2011
"Fotos da visita ao pátio do Colégio, História de nosso país, Padre José de Anchieta"
Hoje vou mostrar algumas fotos da visita ao pátio do colégio, Que fizeram alguns dos alunos da USP, Do curso de Tupi Juntamente com o Prof. Eduardo de Almeida Navarro, da FFHC/USP para conhecer um pouco da história de um ícone da Gramática Tupi, Que era falado por Índios, Portugueses, Escravos e outros mais, Em quase toda costa do Brasil.
Vamos entrar um pouco nesta viagem da história de nosso país!
Click na imagem para ver as fotos
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Awa-guajá é um dos últimos povos nômades da América. Eles mantêm tradição de contato próximo com a natureza.
Em tribo no Maranhão, índias amamentam animais
Os awá-guajá são uma das últimas tribos nômades das Américas. Em sua reserva, no noroeste do Maranhão, eles mantêm a a tradição de contato próximo com os animais. O filhote de cutia é alimentado com o fruto do babaçu. E o de macaco é amamentado pelas índias.
"O awá-guajá é um povo muito único. E essa relação que eles têm com o bicho, ele passa a ser membro da família", conta Bruno Fragoso, coordenador de Índios Isolados da Funai. A índia Tapanií explica que quando o macaco órfão que ela adotou ficar maior e mais agressivo, ela o soltará na mata. É na floresta que a vida dos awá-guajá se renova e também corre risco no encontro com invasores.
"O maior medo que eles têm é a doença que às vezes contraem no contato com a gente. E o segundo medo é pensar que é inimigo, pistoleiro, esse povo que vem invadindo as terras.", explica Patreolino Garreto Viana, auxiliar de campo da Funai. Imoin tem o medo estampado no rosto e, no braço, uma marca de bala. O filho dela conta que a emboscada aconteceu quando ela fazia coleta na mata.
O perigo do encontro com invasores, caçadores e madeireiros é grande, mas o espírito nômade dos awá-guajá é muito forte e mesmo os que moram nas aldeias passam boa parte do tempo na mata.
Uma família que passou dias na floresta volta trazendo caça e vários litros de mel. Macaripitã conta que foi ela que enxergou a colméia. Aqui é assim, mulher boa para casar é aquela que sabe ver e ouvir a natureza. Ser prendada também conta, dizem os rapazes da aldeia.
"Aí a mulher sabe fazer a saia dele também, como ele usa, como ela usa, sabe cozinhar também, como a gente come”, descreve Manaxika, líder da aldeia. A sabedoria dessas mulheres é fruto da relação que elas têm com a natureza e com as tradições: o melhor jeito de subir na árvore, de limpar e preparar o peixe, de cortar o cabelo com lascas de taquara afiada. Os cestos, os enfeites, as redes e roupas da palha do tucum. Dar conforto e beleza para a tribo é função das mulheres awá-guajá.
As jovens se casam assim que menstruam. Novinhas já tem muitos filhos. Parapiñam tem quatro e mais um a caminho. O isolamento da aldeia awá só é vencido quando aparece alguém de carro. Foi a sorte de uma índia grávida com hemorragia, que Bruno Fragoso, o novo coordenador do grupo de índios isolados da funai a levou para a cidade de santa inês. No hospital precário nasceu mais um awá-guajá.
A ameaça é terrivelmente visível para os awás e para as outras etnias da região. Imagens de satélite mostram que os 820 mil hectares de terras indígenas demarcadas no Maranhão estão sendo devastadas sem dó.
“Os awá-guajá, no processo de aceleração de invasão em que se encontram, se não houver ação rápida e emergencial, o futuro desse povo é a extinção”, explica Bruno Fragoso, da Funai .
Clique aqui para Ver mais fotos dos "ÍNDIOS AWÁ GUAJÁ"
Fotos Tiradas pelo fotógrafo Hugo Macedo
Fonte: Globo Natureza, com informações do Fantástico
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Árvores Brasileiras em perigo de extinção
A partir de agora vou postar algumas fotos de árvores, com suas especificações pois estão matando nossas árvores, pena que estas pessoas não pensam no futuro de suas gerações, pois eles não terão ar puro e só vão conhecer nossas árvores pelas fotos, que vão achar na internet ou em algum albo de fotos guardadas em algum armário cheio de poeira e fuligem, da poluição que estará em todos os lugares.
Pois não teremos mais elas para filtrar os poluentes que estarão pelo ar, pena!
Bom aqui vai a primeira a majestosa rainha de todas as árvores Brasileiras:
Pau Brasil Caesalpinia echinata
Algumas fotos da Arvore Pau-brasil.
Lida nossa Natureza!Poucos brasileiros têm o privilégio de ver uma árvore de pau-brasil. Isso porque as regiões onde eram encontradas grandes quantidades desta espécie sofreram um violento processo de devastação, que praticamente fez com que o pau-brasil fosse incluído na lista das espécies ameaçadas de extinção.
Porém, graças a algumas iniciativas louváveis no campo da preservação do meio ambiente, nos últimos anos, nossa árvore aos poucos vai tentando recuperar seu status de cidadã brasileira.
Não devemo esquecer que o nome Brasil foi uma homenagem à essa árvore de madeira cor de brasa.
É a árvore que deu o nome ao nosso país. Utilizada para tingir tecidos através do cozimento de sua casca.
Não é uma árvore de grande porte, a não ser espécies em estado nativo e no meio da mata, o que é raro.
Atinge no máximo 12 metros de altura. Pode ser reconhecida por ser semelhante à Sibipiruna, muito comum nas ruas, porém o Pau Brasil apresenta espinhos.
Nome | Pau Brasil |
N. Científico | Caesalpinia echinata |
Família | Leguminosae - Caesalpinoideae |
Nomes populares | Ibirapitanga, Muirapitanga. |
Altura média | 8-12 metros |
Folhas | Compostas, paripinadas, 12 a 20 folíolos com 1-2 cm. |
Flores | Amarelas, pequenas. |
Fruto | Vagem com espinhos, 8 a 10 cm, verde, ficando marrom quando madura uma a duas sementes por vagem. |
Sementes | 1 a 1,5 cm, esverdeado a marrom. |
Outras características | Esta é a árvore da qual foi derivado o nome do país. Sua denominação vem do tronco vermelho, que era utilizado para tingir roupas. Durante muitos anos, na época da colonização, foi a principal fonte de riquezas e primeira atividade econômica significativa do país. Atualmente é muito difícil encontrá-lo em estado natural, a não ser em parques de preservação. Em compensação, está sendo muito utilizado em arborização urbana. Ver na ultima foto um grupo delas plantadas em parque. Tem o tronco, galhos e até o fruto com espinhos, e só produz flores e frutos quando plantada em grupos. Muitas vezes encontramos um e até três exemplares juntos que não frutificam. |
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terça-feira, 9 de novembro de 2010
"Foto do Bom velhinho"
Eu estava andando em um shopping center de São Paulo e encontrei esta figura.
Já que esta se aproximando o natal eu resolvi postar está foto para homenagear o Bom velhinho.
Espero que o natal de nosso povo brasileiro seja melhor que os outros que já passaram, que a felicidade entre em todos os lares com muito amor.
Sei que no mundo existe muita injustiça mas não custa sonhar com um mundo melhor, cheio de paz e felicidade.
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terça-feira, 3 de agosto de 2010
Urnas funerárias encontradas em Epitácio são de índios guaranis
Um grupo de arqueólogos encontrou em Presidente Epitácio objetos que confirmam que índios habitaram a nossa região entre quatrocentos e quinhentos anos atrás. É a segunda etapa de um projeto que começou em 1993.
Em uma área, manchas pretas evidenciam que são fundos de cabana, local onde os índios moravam. Ainda segundo a arqueóloga Rosângela Cortez Thomaz, até uma panela com restos de comida foi encontrada.
Próximo ao local onde os índios viviam foram encontrados também ossada humana e oito urnas, que eram utilizadas para enterrar os mortos em posição fetal. Algumas delas, decoradas. Vasilhames e utensílios pessoais, os pesquisadores acreditam que eram usados como oferendas aos mortos.
Os trabalhos que estão sendo realizados fazem parte de um projeto de salvamento arqueológico.
Esta e mais uma matéria que encontrei
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A MAIOR URNA FUNERÁRIA INDÍGENA GUARANI DO BRASIL Encontra-se em exposição no Museu de Arqueologia de Iepê, na região de Presidente Prudente a maior urna funerária indígena Guarani do Brasil. O acervo ali exposto é constituído por mais de 100 peças, entre as quais, vasilha esculpida em pedra, mão de pilão, lâminas de Machado, boleadeiras, virotes, peça polida em osso, tembetás e urnas funerárias diversas. A maior peça em exposição mede 1,16 cm.de diâmetro. Pessoalmente, nos interessamos em conhecer o Museu, onde fomos recepcionados pelo seu Administrador, Paulo Fernando. Depois de fornecer todo o material necessário à elaboração do texto, com fotos para ilustrar a matéria do Blog, ele nos explicou – com base em documentos oficiais - que a história dos índios de Iepê só começou a ser escrita em 1992. O proprietário rural, Roberto Ekman Simões doou três caixas contendo material cerâmico, proveniente de um local submerso nas águas do Reservatório da Usina Capivara. Ao mesmo tempo, ele informou à FCT/UNESP outros cinco sítios arqueológicos na área de sua fazenda. E além de acompanhar os trabalhos de pesquisas, forneceu infraestrutura e todo o apoio necessário à equipe de arqueologia. Outros fazendeiros do município também abriram suas porteiras para as equipes de pesquisas em dezesseis sítios arqueológicos da região, possibilitando assim o resgate de aproximadamente 30.000 objetos. A partir daí, surgiu a necessidade de criação de um espaço, para guardar, preservar e divulgar o acervo arqueológico indígena guarani, de Iepê. O Museu foi desativado em 2006 porque o prédio onde funcionava passou a apresentar problemas, que foram sanados posteriormente e reinaugurado há dois anos, à rua Minas Gerais, 458. Agora com a denominação de Museu de Arqueologia de Iepê (MAI), desenvolve suas atividades em parceria com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp – Campus de Presidente Prudente – e com a Universidade de São Paulo, representadas pela Dra. Neide Barros Barroca e Dr. José Luiz de Morais, Diretor do Museu de Arqueololgia e Etnologia da USP. O Museu de Arqueologia de Iepê, tem como principal atrativo para os pesquisadores e visitantes a maior urna funerária indígena do Brasil. A peça veio de um sitio arqueológico existente em local - hoje submerso – da Hidrelétrica de Capivara, no Vale do Paranapanema. Outras importantes e valiosas peças indígenas foram resgatadas e preservadas por iniciativa de alguns fazendeiros da região. A imagem dos índios guaranis está muito bem representada nesse portal de acesso ao Museu Arqueológico de Iepê – único na região. Aqui se conhece um pouco da história dos primeiros anos em que Iepê que já pertenceu aos municípios e comarcas de Conceição do Monte Alegre e Rancharia. |
2º MEMÓRIAS DE UM REPÓRTER (DO INTERIOR)
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domingo, 9 de maio de 2010
Índios Brasileiros e as mudanças que sofreu durante a colonizão
Povos Indígenas
A colonização brasileira no início se concentrou no litoral tendo como primeiro contato os índios tupi, esses índios ensinaram aos portugueses o cultivo da mandioca e a utilização de vários utensílios. O contato com o homem branco introduziu na cultura indígena o uso da arma de fogo, criação de galinhas, bois e porcos.
Normalmente os índios brasileiros não acreditam na existência de um Deus supremo e sim numa série de figuras mitológicas que teriam criado os animais, as plantas e os costumes. Para os índios a arte não está separada da vida cotidiana e nem é uma atividade individual. A pintura corporal pode ser um enfeite, pode distinguir os grupos da sociedade ou indicar o estado de guerra na aldeia. A cor vermelha é extraída do urucum, o azul do jenipapo e o branco do calcário. Além dos desenhos no corpo, a pintura é usada nos trabalhos de cestaria e cerâmica. A arte plumária em geral é destinada a enfeites utilizados durante a realização de ritos e como ardonos na vida diária.
As técnicas da fabricação da cerâmica foram desenvolvidas pelas sociedades indígenas de acordo com o nível de sua cultura e de suas necessidades básicas. A cerâmica não segue um padrão rígido, as peças podem adquirir diversas formas (circulares, quadradas, retangulares, irregulares,etc..), isso depende da
Os principais povos indígenas que habitam ou habitaram o Pantanal são:
O Guaikuru eram aliados aos Paiaguás contra os portugueses, eles ofereceram grande resistência à povoação do Pantanal mato-grossense. Um tratado de paz em 1791 os declara súditos da coroa portuguesa. A partir do século XVIII, chamou-se guaikuru todos os indígenas do Chaco que compartilhavam sua língua.
Os Guatós foram considerados extintos até que em 1977 foi reconhecido um grupo na ilha Bela Vista do Norte. Eles vivem no pantanal dispersos ao longo dos rios Paraguai, São Lourenço e Capivara no município de Corumbá. Segundo a FUNAI em 1989 eram 382 índios.
Na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai está localizada a reserva de Amambaí, a segunda mais populosa do estado com 2.429 hectares e 4.544 índios, divididos em Guaranis Kaiowá e Guaranis Ñandeva. O sul do estado sofreu modificações em sua estrutura econômica, o aumento da produção de grãos como soja, arroz e trigo, e a modernização da pecuária fez subir o valor das terras, estimulando sua ocupação por fazendeiros. Os conflitos culturais prejudicam os índios, a parte mais fraca, e uma de suas conseqüências é a alta taxa de alcoolismo e suicídios registradas nas reservas da região. Essa área está demarcada e homologada desde 1991.
Os Bororo atuais são os Bororo Orientais, também chamados Coroados ou Porrudos e autodenominados Boe. Os Bororo Ocidentais, que foram extintos no final do século XIX, viviam na margem leste do rio Paraguai, onde no início do século XVII os jesuítas espanhóis fundaram várias aldeias de missões. Amigáveis serviam de guias aos brancos, trabalhavam na fazendas e eram aliados dos bandeirantes. Desapareceram pôr causa das doença e dos casamento mestiços. Os Bororo Orientais habitavam um território que ia da Bolívia a oeste, ao rio Araguaia a leste, do rio das Mortes ao norte ao rio Taquari ao sul. Eram nômades e indomáveis, o que dificultava a colonização. Várias expedições para exterminá-los foram organizadas. Estimado na época em 10000 índios os Bororo sofreram guerras e epidemias até sua pacificação no fim do século XIX, quando contavam com 5000 índios. Nas colônias em contato com os soldados, a promiscuidade, o consumo de álcool e as doenças sua população foi ainda mais reduzida. Entregues aos salesianos para serem catequizados em 1910, os Bororo somavam 2000 índios. Em 1990 com uma população de aproximadamente 930 pessoas viviam em pequenas áreas indígenas nos municípios de Barra do Garça, Barão de Melgaço, General Carneiro, Poxoréu e Rondonópolis no Estado de Mato Grosso. Este povo que caçava e colhia hoje vive da agricultura e da venda de artesanato.
Os Umotinas, um subgrupo Bororo, eram conhecidos como "barbados" pois usavam barbas, às vezes postiças feita de pêlos de macaco ou de cabelos de mulheres da tribo. Vivem na Área Indígena Umutina no município de Barra dos Bugres no Mato Grosso junto com os Paresi, Kayabi e Nambikwára.
Os Paresi viviam no planalto de Mato Grosso e por serem dóceis e pacíficos serviram de escravos aos bandeirantes. Trabalhavam na agricultura e fiavam algodão para a confecção de redes e tecidos. No início do século XX foram encontrados, ainda traumatizados pela violência de contatos anteriores, pelo Marechal Rondon que os levou para terras protegidas pôr suas tropas. Se tornando seus principais guias na região. Em 1990 segundo a FUNAI eram 900 índios.
Na maior reserva de Mato Grosso do Sul, ocupando uma área de 538.536 hectares no município de Porto Murtinho (fronteira com Paraguai), habitam três povos indígenas: os Kadiweu, os Terena e os Chamacoco, totalizando 1.265 pessoas. A reserva está localizada em termos ambientais, no ecossistema do Pantanal Mato-grossense e do chaco paraguaio. Os Kadiweu são descendentes dos guaikurus, índios cavaleiros que tiveram participação importante ao lado dos brasileiros na Guerra do Paraguai. Por serem agressivos dominaram outros povos do Chaco e do Pantanal, principalmente os terena que se dedicam à agricultura e os Chamacoco que vivem da caça e da pesca. Suas terras são reconhecidas pelo governo desde 1903. O principal conflito dessa comunidade indígena é a mesma de outras reservas, o interesse que o homem branco tem por suas terras para transformá-las em pasto de gado. O arrendamento das terras para os fazendeiros através da FUNAI, se tornou ao principal fonte de renda desse grupo indígena. Atualmente os maiores conflitos estão acontecendo entre os Kadiweu e os madeireiros clandestinos, que estão desmatando as áreas da reserva florestal.
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segunda-feira, 29 de março de 2010
Idios do Acre da etnia ASHANINKA
ASHANINKA
Vida e Cultura Ashaninka do Alto Juruá na Amazônia
Os Ashaninka têm uma longa história de luta, repelindo os invasores desde a época do Império Incaico até a economia extrativista da borracha do século XIX e, particularmente entre os habitantes do lado brasileiro da fronteira, combatendo a exploração madeireira desde 1980 até hoje. Povo orgulhoso de sua cultura, movido por um sentimento agudo de liberdade, prontos a morrer para defender seu território, os Ashaninka não são simples objetos da história ocidental. É admirável sua capacidade de conciliar costumes e valores tradicionais com idéias e práticas do mundo dos brancos, tais como aquelas ligadas à sustentabilidade socioambiental. Localização e População
Habitação ashaninka no alto Juruá. Foto: Arno Vogel, 1978 | A área de ocupação dos Ashaninka estende-se por um vasto território, desde a região do Alto Juruá e da margem direita do rio Envira, em terras brasileiras, até as vertentes da cordilheira andina no Peru, ocupando parte das bacias dos rios Urubamba, Ene, Tambo, Alto Perene, Pachitea, Pichis, Alto Ucayali, e as regiões de Montaña e do Gran Pajonal. A grande maioria dos Ashaninka vive no Peru. Os grupos situados hoje em território brasileiro são também provenientes do Peru, tendo iniciado a maior parte de suas migrações para o Brasil pressionados pelos caucheiros peruanos no final do século XIX. Aqui os Ashaninka estão em cinco Terras Indígenas distintas e descontínuas, todas situadas na região do Alto Juruá. |
Nome e Língua
Os Ashaninka pertencem a família lingüística Aruak (ou Arawak). Eles são o principal componente do conjunto dos Aruak sub-andinos, também composto pelos Matsiguenga, Nomatsiguenga e Yanesha (ou Amuesha). Apesar de existirem diferenças dialectais, os Ashaninka apresentam uma grande homogeneidade cultural e lingüística. Ao longo da história, os Ashaninka foram identificados sob vários nomes: Ande, Anti, Chuncho, Pilcozone, Tamba, Campari... Todavia, eles são mais conhecidos pelo termo “Campa” ou “Kampa”. Esse nome foi freqüentemente utilizado por antropólogos e missionários para designar os Ashaninka de maneira exclusiva ou os Aruak sub-andinos de forma genérica, com exceção dos Piro e dos Amuesha.
Ashenĩka é a autodenominação do povo e pode ser traduzida como “meus parentes”, “minha gente”, “meu povo”. O termo também designa a categoria de espíritos bons que habitam “no alto” (henoki).
Cosmologia e Xamanismo
Entre os Ashaninka, encontramos as características que definem os sistemas cosmológicos xamânicos presentes nas terras baixas da Amazônia: universo dividido em vários níveis; a existência de um mundo invisível por trás do mundo visível, o papel do xamã como mediador entre esses mundos etc. Talvez a particularidade ashaninka resida na sua concepção extremamente dualista do universo, definindo claramente as fronteiras entre o Bem e o Mal.Segundo o antropólogo Gerald Weiss, o universo indígena, organizado verticalmente, compreende um número indeterminado de níveis superpostos. Assim, de baixo para cima, encontramos, sucessivamente: Šarinkavéni (o “Inferno”), Kivínti (o primeiro nível subterrâneo), Kamavéni (o mundo terrestre), Menkóri (o mundo das nuvens) e outras camadas que cobrem a terra e compõem o céu (1969: 81-90). O conjunto dos níveis celestes é denominado henóki, mas esse termo também é utilizado como sinônimo de céu, cuja denominação adequada é Inkite.
De acordo com Weiss, mesmo esses níveis sendo inter-relacionados, os moradores de cada um deles experimentam seu mundo de uma maneira sólida. Assim, por exemplo, se tomamos como referência a nossa Terra (Kamavéni), residência dos homens mortais, o céu visível a partir dela constitui apenas o chão do nível imediatamente superior (Menkóri) cuja maior parte permanece fora da nossa percepção visual. Embaixo de Kamavéni, existem dois níveis: Kivínki (-1), residência de “bons espíritos”, e Šarinkavéni (-2) que, segundo o autor, pode ser qualificado como o “Inferno dos Campa”. Weiss salienta, no entanto, que o nível -1 é mencionado por poucos Ashaninka, muitos considerando que, abaixo da terra, só existe Šarinkavéni: o mundo dos demônios.
A cosmologia Ashaninka complica-se quando Weiss identifica os habitantes das diferentes camadas do universo, procurando explicar o papel desempenhado por cada um deles, suas diversas manifestações e suas relações com os Ashaninka. No céu, ou mais especificamente, em cima (henóki), vivem os bons espíritos. Essa categoria é chamada de amacénka e também ašanínka, ou seja, é tomada como extensão da própria autodenominação do povo.
Esses espíritos são hierarquizados conforme o poder que lhes é atribuído e sua importância na cosmologia. Os mais poderosos são denominados Tasórenci e são considerados como verdadeiros deuses. Os Tasórenci têm o poder de transformar tudo através do sopro e formam o panteão ashaninka que criou e governa o universo. No topo dessa hierarquia está Pává (Pawa), o mais poderoso dos Tasórenci, pai de todas as criaturas do universo. Geralmente invisíveis aos olhos humanos, alguns Tasórenci podem, no entanto, aparecer na Terra revestindo-se de forma humana.
Os espíritos do Mal e os demônios, chamados genericamente Kamári, habitam o nível mais inferior, onde vivem sob a autoridade suprema de Koriošpíri. Mas esses espíritos maléficos não residem apenas em Šarinkavéni. Embora essa primeira camada da hierarquia apresente a maior concentração desses seres e abrigue os mais poderosos entre eles, os espíritos nefastos também se encontram, em vários lugares, no mundo habitado pelos homens. Na “nossa” Terra, o principal demônio é Mankóite, que tem sua moradia nas ribanceiras freqüentemente encontradas ao longo dos rios em território ashaninka. Ele se caracteriza por uma forma humana, mas geralmente permanece invisível. Um encontro com ele anuncia a morte. É interessante notar que, segundo Weiss, o Mankóite vive de maneira semelhante ao branco: suas casas têm os mesmos objetos, possuem mercadorias etc.
Assim, a espiritualidade ashaninka apresenta um caráter extremamente dualista. No Cosmos hierarquizado por Pává, os espíritos são, geralmente, bons (amacénka ou ašanínka) ou maus (kamári). Tanto uns como outros manifestam sua presença de diferentes maneiras na Terra habitada pelos humanos. O šeripiari (xamã) atua como mediador entre os homens e essas diferentes camadas do cosmos. Com o auxílio do tabaco, da coca e do kamárampi (ayahuasca), ele procura comunicar-se com os espíritos bons e combater as forças diabólicas, mas também pode dispor seu poder a serviço do Mal (feitiçaria). Dessa forma, o plano em que vivem os homens não é habitado exclusivamente por seres humanos, animais e plantas. Ele apresenta-se como um mundo em equilíbrio frágil, onde os homens vivem constantemente assediados pelo confronto entre o Bem e o Mal. No rio Amônia
Os Ashaninka do rio Amônia também relatam uma visão do mundo construída a partir de uma estrutura do universo verticalmente hierarquizada e composta de camadas superpostas. O nível subterrâneo é associado à morte e aos espíritos do mal: kamari. Os índios pouco falam sobre esse mundo onde moram pessoas estranhas, algumas com um modo de vida semelhante ao do branco (casas, carros...) e que conseguem respirar na água. Os Ashaninka afirmaram que nenhum deles vive lá e que não gostam de pensar nesse lugar perigoso porque poderiam acordar os espíritos maléficos e chamá-los para o nosso mundo. Todos eles afirmam, no entanto, que essa camada existe e situa-se “embaixo” (isawiki) da nossa Terra.
Embora esse mundo esteja associado à morte e tenha sido qualificado por alguns como o “Inferno”, ele não é sempre apresentado como tal. Segundo o relato de Shomõtse, atualmente o Ashaninka mais idoso da aldeia Apiwtxa, o “Inferno” não se situaria nesse nível subterrâneo, mas estaria localizado no céu ou, mais exatamente, “em cima” (henoki), e não “embaixo” (isawiki). Lá existe um “grande buraco com água fervendo numa grande panela”. O dono desse lugar é Totõtsi, cuja principal tarefa é cozinhar os Ashaninka pecadores. A presença do “Inferno” em cima também se encontra em outros relatos, enquanto alguns informantes acreditam que esse lugar esteja situado debaixo da Terra.
Como no caso exposto por Weiss, os Ashaninka do rio Amônia apresentam o céu como composto de várias camadas. No topo, em inkite, encontra-se Pawa, o Deus todo poderoso. Na camada imediatamente inferior, estão os Tasorentsi, que são vistos com características divinas: “eles são como um Deus, pegam qualquer coisa, sopram e transformam em outra coisa”. Num nível abaixo deles, sempre em henoki, encontram-se outros espíritos bons que, como os Tasorentsi, são os “verdadeiros filhos de Deus”. Segundo alguns informantes, essa camada do céu é chamada Pitsitsiroyki. É onde Pawa seleciona entre os Ashaninka aqueles que reconhece como filhos. Segundo os Ashaninka do rio Amônia, esses “espíritos bons” que vivem em henoki podem todos ser considerados como itome Pawa (filhos de Pawa) e são chamados amatxenka ou asheninka.
Para os Ashaninka do rio Amônia, Pawa é apresentado como o Deus criador de todo o universo. Às vezes, os Ashaninka se referem a ele como Paapa (pai). Direta ou indiretamente apoiado pelos seus filhos, ele criou a Terra, a floresta, os rios, os animais, os homens, o céu, as estrelas, o vento, a chuva... Na mitologia nativa, muitas dessas criações são, na realidade, transformações de pessoas ashaninka, filhos de Pawa, em outra coisa e foram realizadas através do sopro. Assim, nos tempos da criação do mundo, os animais, as plantas, os astros ou certos lugares ou fenômenos tinham uma aparência humana e eram, de uma maneira geral, filhos de Pawa. Em função do comportamento desses primeiros Ashaninka na Terra, o Deus e/ou os Tasorentsi transformaram-nos em outra coisa, ruim ou boa. Sol e Lua
Na mitologia ashaninka, o gênero de Sol e Lua são opostos ao português, sendo o primeiro feminino e o segundo masculino. Segundo Weiss, Pawa teria nascido de uma relação sexual de Lua com uma mulher ashaninka que morreu queimada ao dar à luz a Sol. Desse modo, Lua é considerado o pai de Pawa. Antes de subirem ao céu, durante muito tempo Sol e Lua viveram na terra.
Lua ofereceu a mandioca (kaniri) aos Ashaninka que, até aquele momento, só se alimentavam de térmitas. Todavia, apesar de ser o pai de Sol e também considerado como Deus, Lua ocupa um status inferior a Sol em razão de suas atividades que o afastam da vida e o aproximam da morte. Ser canibal, Lua alimenta-se dos mortos e o destino dos Ashaninka é serem devorados por ele.
Essa relação de filiação entre a Lua e o Sol parece um pouco problemática entre os Ashaninka do rio Amônia. Kashiri não é sempre reconhecido como pai de Pawa, na medida em que muitos informantes afirmam, categoricamente, que este sempre existiu e criou tudo, inclusive Lua. Este é visto como um ser ambíguo, ao mesmo tempo considerado como um Deus fornecedor da mandioca (kaniri), mas também associado a um ser canibal que briga periodicamente com Sol (eclipses) e é associado ao mundo dos mortos.
Segundo os Ashaninka do rio Amônia, após a vida na Terra, os mortos (kamikari) vão, num primeiro momento, para o mundo “embaixo” (isawiki), onde permanecem por um tempo. Nas fases de lua nova, Kashiri ingere-os e leva-os para Pitsitsiroyki, onde os entrega a uma estrela. Esta é encarregada de lavá-los, perfumá-los e guardá-los até a visita de Pawa que, periodicamente, vem escolher entre os mortos os Ashaninka que ele reconhece como filhos legítimos e deseja guardar perto de si. Os brancos
Essa hierarquização do Cosmos e a dicotomia entre o Bem e o Mal são fundamentais para entender o lugar atribuído pelos Ashaninka aos “outros” e, principalmente, aos brancos. Toda a organização do Cosmos nativo está baseada nesse princípio estrutural composto por dois elementos ao mesmo tempo opostos e complementares. Assim, enquanto os Ashaninka são idealmente associados ao Bem, o branco mantém laços estreitos com os espíritos maléficos e as forças do mal. A visão do branco (wirakotxa) aparece com destaque na mitologia nativa. O primeiro wirakotxa de que os Ashaninka do rio Amônia afirmam ter conhecimento é o espanhol que surge de um lago, em decorrência de um ato de desobediência do Inka ao seu pai Pawa, e vem perturbar a ordem do universo.
“Antigamente, o wirakotxa morava dentro de um lago. Aí, Inka foi pescar com outro Ashaninka. Era de madrugada. Aí, escutou galinha no fundo e disse: “Rapaz, vamos pegar isso”. “Não precisa não, fica assim mesmo, não vamos mexer não”. No outro dia, a mesma coisa. De novo, ouviu galinha, ouviu cachorro latir no fundo (...). Aí, Inka foi ver Pawa. “Não mexe não, meu filho”. Mas Inka não escutou e foi mariscar [pescar]. Escutava galinha assim bem pertinho, escutava cachorro. “Vou pegar galinha”. Aí, botou anzol com banana, pedaço assim (...) Aí, saiu galinha. Aí, botou de novo, saiu cachorro. Aí, escutou de novo barulho. Pegou banana e saiu Branco. Aí, wirakotxa subiu na Terra. Aí, Pawa ficou brabo e perguntou: “Por que tu foi buscar wirakotxa?”. “Papai, eu fui pegar galinha e wirakotxa saiu”. “Eu não quero esse branco pra cá junto com nós. Eu deixei ele pra lá mas tu gostou dele, agora pode ficar pra tu! Agora, eu vou embora e tu vai ficar com wirakotxa e trabalhar pra ele”. (Alípio, Ashaninka morador do rio Amônia)
O fato de Inka ter pescado a galinha e o cachorro antes do branco é considerado sinal de advertência de Pawa ao seu filho, para que ele interrompesse sua atividade infeliz. Esses animais, trazidos pelo branco, eram desconhecidos dos Ashaninka, que têm um acervo muito variado de mitos para explicar o surgimento da maioria dos animais. Estes eram, inicialmente, Ashaninka que perderam sua aparência humana e foram transformados em animais por Pawa ou pelos Tasorentsi. Todavia, a galinha (txaapa) e o cachorro (otsitsi) nunca foram Ashaninka. Eles surgiram do lago onde eram os fiéis companheiros do branco. Em alguns casos, a comparação com o cachorro foi usada por informantes para qualificar genericamente o branco e/ou seu comportamento: “feio como um cão”, “sovina como cachorro”, “fedorento como cachorro”...
O surgimento do wirakotxa na Terra é portanto o resultado da desobediência do Inka a Pawa, que havia inicialmente separado os Ashaninka dos brancos. Na mitologia indígena, a irresponsabilidade do Inka é mais um exemplo de uma longa lista de erros cometidos pelos filhos de Pawa nos tempos originais. O conjunto desses erros explica a situação atual dos Ashaninka e as imperfeições do seu mundo.
A importância desse evento é reforçada por muitos que consideram que foi em decorrência direta desse ato que o Deus Criador subiu ao céu. Cansado das sucessivas desobediências de seus filhos, Pawa teria decidido deixá-los sozinhos na Terra e morar no céu, onde permanece até hoje, usufruíndo de um mundo perfeito. Outros dizem que Pawa ainda ficou durante um tempo na terra, onde tentou construir um muro para separar os Ashaninka dos brancos.
De uma maneira geral, a visão que os Ashaninka do rio Amônia constroem do branco pode assemelhar-se à categoria genérica dos espíritos malévolos, kamari. Como eles, o branco é associado à morte e às doenças (matsiarentsi). Os índios acreditam que as doenças são o resultado desses seres nefastos ou da atividade de um xamã maldoso através da feitiçaria. Frente às perigosas e desconhecidas doenças dos brancos (mãtsiari wirakotxa), a sabedoria do sheripiari é ineficaz.
Cultura Material
Os Ashaninka contam que sempre tiveram canoas (pitotsi), casas (pãkotsi) e roçados (owãtsi) com várias qualidades de mandioca (kaniri). Antigamente, as casas eram diferentes, tinham paredes e ficavam diretamente assentadas no chão. Hoje, são construídas sobre pilotis. Embora os brancos regionais também morem em casas elevadas, as dos Ashaninka, geralmente, não têm paredes ou divisões e são cobertas com palha, enquanto os wirakotxa ribeirinhos usam alumínio.Diferentemente da maioria dos outros grupos indígenas das terras baixas sul-americanas, os Ashaninka sempre usaram roupas. Veste tradicional ashaninka, a kushma constitui um elemento importante na diferenciação étnica. Cabe notar que a palavra “kushma” é de origem quéchua e, embora ela seja também usada pelos índios, os Ashaninka têm o termo “kitharentsi”, que é utilizado para se referir tanto à vestimenta como ao tear e ao tecido.
Foram as filhas de Pawa que ensinaram as mulheres ashaninka a tecer e a fazer a vestimenta. Para os homens, o decote tem uma forma de “V”, enquanto o das mulheres é em “U”. A roupa masculina apresenta listas verticais coloridas, que são obtidas após o tingimento da linha de algodão. Na kushma feminina, as linhas são horizontais. Os motivos realizados a partir dos corantes vegetais também são diferentes. Na túnica dos homens, eles são tecidos e representam detalhes corporais de animais: cara de arara, rabo de bico-de-jaca, características de larvas, pássaros, peixes... Na kushma feminina, os desenhos são pintados e representam pássaros, larvas, peixes e, sobretudo, onças e cobras... Depois de um certo tempo de uso, ambas as vestimentas são tingidas com casca de mogno e lama, o que lhes dá uma cor marrom/preta. A diferença mais significativa entre as duas kushma é que a túnica do homem ainda é realizada tradicionalmente com o algodão (ãpe) tecido no tear, enquanto as mulheres usam tecido industrializado.
O chapéu (amatherentsi) é feito com uma palha de palmeira de cocão (kõtaki) e enfeitado com penas de arara. Se seu uso na Terra Indígena é restrito, mas ao prepararem sua bagagem para as viagens fora da aldeia, as lideranças, junto com a kushma, geralmente, não esquecem o chapéu.
O txoshiki é um tipo de colar confeccionado com várias espécies de sementes nativas. Usados a tiracolo em diagonal, com muitas voltas, eles são, geralmente, enfeitados com adornos (thatane) que caem nas costas. Esses adornos são feitos com sementes, cascas de castanhas ou penas (arara, papagaio, tucano, mutum...). Entre os vários modelos de colares, o kenpiro reproduz os desenhos e as cores da serpente e é considerado o txoshiki original e o mais tradicional pelos Ashaninka.
Entre os instrumentos musicais, os Ashaninka destacam os tambores (tãpo) e a flauta de tipo sõkari. O tambor, de tamanho variável, é feito de madeira de cedro. O tronco é escavado e recoberto dos dois lados com couro de porquinho, queixada ou de várias espécies de macaco (preto, prego, barrigudo...), mais raramente, de arraia. O couro é amarrado à madeira com uma corda de fibra natural (imbaúba). A batida é feita com baquetas confeccionadas em madeira ou com o osso de um macaco, geralmente o fêmur. O sõkari é uma flauta de pã composta por cinco canos de bambu, amarrados com uma corda feita a partir da linha de algodão. O bambu utilizado é de uma espécie que os índios chamam de “shawope” e que vão buscar no Alto Juruá peruano. O sõkari é geralmente tocado pelos homens mais velhos e tem uma simbólica importante. Os informantes contam que ele é usado para homenagear Pawa e se distingue das outras flautas, como o showiretsi ou totama que são tocadas no piyarentsi, simplesmente para dançar.
Rituais
Pintura facial em mulher ashaninka no rio Amônea. Foto: Mauro Almeida, 1983 | Entre os Ashaninka, tanto a bebida feita de ayuaska como o ritual são chamados kamarãpi (vômito, vomitar). A cerimônia é sempre realizada à noite e pode se prolongar até de madrugada. Um Ashaninka pode consumir o chá sozinho, em família ou convidar um grupo de amigos, mas, geralmente, as reuniões são constituídas de grupos pequenos (cinco ou seis pessoas). O kamarãpi se caracteriza pelo respeito e silêncio e contrasta fortemente com a animação festiva do ritual piyarentsi. A comunicação entre os participantes é mínima e apenas os cantos, inspirados pela bebida, vêm romper o silêncio da noite. Contrariamente ao piyarentsi, esses cantos sagrados do kamarãpi não são acompanhados por nenhum instrumento musical. |
O kamarãpi é um legado de Pawa, que deixou a bebida para que os Ashaninka adquirissem o conhecimento e aprendessem como se deve viver na Terra. As respostas a todas as perguntas dos homens estão acessíveis com o aprendizado xamânico, que é realizado através do consumo regular e repetitivo da bebida, durante anos. A formação do xamã (sheripiari), no entanto, nunca pode ser considerada como concluída. Se a experiência lhe confere respeito e credibilidade, ele está sempre aprendendo. É através do kamarãpi que o sheripiari realiza suas viagens nos outros mundos e adquire a sabedoria para curar os males e as doenças que afetam a comunidade.
A cura realizada através do kamarãpi é eficaz apenas para as doenças nativas causadas, geralmente, por meio da feitiçaria. Contra as “doenças de branco” os Ashaninka só podem lutar com o auxílio de remédios industrializados.
O piyarentsi, por sua vez, possui uma dimensão mais marcadamente festiva, mas também possui dimensões econômicas, políticas e religiosas. O ritual constitui o principal modo de sociabilidade e de interação social entre os grupos familiares. Nos piyarentsi discute-se de tudo: casamentos, brigas, caçadas, problemas com os brancos, projetos etc.
Em Apiwtxa, a organização de um ou vários piyarentsi ocorre com muita freqüência, geralmente todos os finais de semana. O convite para beber tem o caráter de uma obrigação social e rejeitá-lo é considerado uma ofensa. Após contar com a ajuda do homem para arrancar a mandioca, a mulher é a única responsável pela preparação da bebida.
Descascada, lavada e cozida, a mandioca (kaniri) é posta numa grande gamela (intxatonaki), onde é desmanchada com uma pá de madeira (intxapatari). Uma pequena porção é posta na boca e mastigada até adquirir consistência de pasta, momento em que é jogada na gamela. Este processo se repete com toda a mandioca. A gamela é então recoberta por folhas de bananeira e a massa deixada em fermentação de um a três dias. O convite é feito, geralmente, pelo marido, que passa de casa em casa avisando aos outros chefes de família que haverá piyarentsi.
Todos os Ashaninka da aldeia participam da festa, em que bebem grandes quantidades de piyarentsi. Embriagar-se nessa ocasião é sempre um objetivo e motivo de orgulho. Os homens demonstram sua resistência física, passando dias e noites bebendo, indo de casa em casa, sem dormir. No auge da embriaguez, os Ashaninka tocam suas músicas, dançam, riem. Afirmam que fazem piyarentsi para homenagear Pawa, que se alegra vendo os seus filhos felizes. Foi durante uma reunião de piyarentsi que Pawa reuniu seus filhos, embebedou-os e realizou as grandes transformações antes de deixar a Terra e subir ao céu.
Hoje, se as assembléias comunitárias aparecem como novos rituais gerados pela situação de contato, é ainda no piyarentsi que se fortalece tanto a política interna como externa. Além de conversarem sobre os assuntos do cotidiano da comunidade, no piyarentsi os Ashaninka discutem os projetos e é também aí que tentam conscientizar os parentes recém-chegados do Peru, explicando com orgulho a história da comunidade e sua organização.
- Nomes alternativos: Kampa
Classificação lingüística: Arawak
População: 869 (CPI/Acre - 2004)
Local: Acre (Breu, Amônia e Alto Envira)
Os Ashaninka têm uma longa história de luta, repelindo os invasores desde a época do Império Incaico até a economia extrativista da borracha do século XIX e, particularmente entre os habitantes do lado brasileiro da fronteira, combatendo a exploração madeireira desde 1980 até hoje. Povo orgulhoso de sua cultura, movido por um sentimento agudo de liberdade, prontos a morrer para defender seu território, os Ashaninka não são simples objetos da história ocidental. É admirável sua capacidade de conciliar costumes e valores tradicionais com idéias e práticas do mundo dos brancos, tais como aquelas ligadas à sustentabilidade socioambiental.
Os ashaninkas são hoje, no Acre, a única tribo que possui tecelagem própria. Eles produzem cerca de 150 tipos de peças, como roupas e bolsas artesanais.
Fonte : José Pimenta
Antropólogo, professor substituto do Depto. de Antropologia da UnB e pesquisador associado do IRD
www.socioambiental.org.br
Antropólogo, professor substituto do Depto. de Antropologia da UnB e pesquisador associado do IRD
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