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domingo, 11 de março de 2012

PREMIO "DESTAQUE MULHER" Á PRESIDENTE DAS MULHERES BRASILEIRAS INDÍGENAS WE'E'ENA MIGUEL

No dia 8 de março de 2011, A presidente das Mulheres Brasileiras Indígenas recebeu o premio Destaque Mulher Com a cobertura dos jornalistas da TV Record Celso Freitas e Ana Paula Padrão, Que ate então não tinha sido recebido por nenhuma Mulher  indígena.
Sendo uma honra para todas as mulheres indígenas do Brasil.
Ai temos a certeza que estamos no caminho certo para o reconhecimento que os povos originários deste Brasil imenso a que tanto amamos.
Sei que estamos apenas engatinhado rumo a conquista que só iremos conquistar com muito suor e lagrimas assim tem sido a vida dos povos Indígenas deste país.
Índia Tikuna We'e'ena Migue, tem se esforçado muito para que os direitos não só das mulheres indígenas mas por todos os índios sejam reconhecidos.
A batalha esta apenas começando muito em breve será feito o congresso nacional das Mulheres Brasileiras Indígenas que ainda não tem data prevista.

A Índia Tikuna do Amazonas – We’e’ena Miguel Artista plástica e cantora. “Um grande erro no Brasil é achar que índio de sucesso internacional, formado e morando em um castelo não é índio.” Nascida em 16 de agosto de 1988 na Aldeia Tikuna de Umariaçu, município de Tabatinga no estado do Amazonas, a Índia Tikuna We’e’ena – que quer dizer “onça nadando para o outro lado do rio” –, após cumprir 1.090 horas de estudo no IDC – Instituto Dílson Costa de Arte e Cultura do Amazonas, em de dezembro de 2004 formou-se em artes plásticas. Descobrindo então o seu dom, no mesmo instituto aprimorou-se em acrílico sobre tela, concluindo com 504 horas de estudo sua formatura em maio de 2005, recebendo vários prêmios de destaque profissional, destacando-se como a “melhor artista plástica indígena do Brasil”, na 1ª Coletiva de Artistas Indígenas do Amazonas, em 2005.
Aprimorando seus conhecimentos em direito dos povos indígenas, estudou e concluiu três cursos de Liderança Indígena, sendo um de Gestão de Projetos e Liderança Indígena, promovido pela SBEP – Sociedade Brasileira de Educadores do Amazonas, outro pela Internacional Youth Foundation, um pela Nokia e um certificado pela fundação ABRING, na qual prestou três anos de trabalho no projeto Criança Esperança.

Casando-se com o Cacique Cafuzo Tukumbó Dyeguaká – o Violonista Maestro Robson Miguel.
 We’e’e'na foi capa da Revista Empresarial Merc News, foi duas vezes destaque da Revista Caras (na edição 735, de 07 de dezembro de 2007, e na edição 753, de 11 de abril de 2008), participou do lançamento da Soberana Ordem de Mérito Cívico Indígena do Brasil, promovido pelo CICESP no mesmo ano em que também recebeu o “Prêmio Artistas do Fogo”, promovido pela GM – General Motors do Brasil.
We’e’e'na recebeu a medalha e certificado de reconhecimento nacional, sendo no mesmo ano homenageada como melhor artista plástica indígena pela Sociedade Brasileira de Educação e Integração e pelo Prêmio Quality Internacional do Mercosul.
No dia 28 de agosto de 2010 Sendo eleita a ocupar o cargo de Presidente Nacional Indígena da LIBRA-Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Ganhadora da prenda das 500.000 Visitas"


A ganhadora e de Minas Gerais.
Carolina Soares
 Quero agradecer pela sua visita e pelo comentário

Blog do netuno

domingo, 27 de março de 2011

"Fotos da visita ao pátio do Colégio, História de nosso país, Padre José de Anchieta"

Hoje vou mostrar algumas fotos da visita ao pátio do colégio, Que fizeram alguns dos alunos da USP, Do curso de Tupi Juntamente com o Prof. Eduardo de Almeida Navarro, da FFHC/USP para conhecer um pouco da história de um ícone da Gramática Tupi, Que era falado por Índios, Portugueses, Escravos e outros mais, Em quase toda costa do Brasil.
Vamos entrar um pouco nesta viagem da história de nosso país!






Click na imagem para ver as fotos

sábado, 26 de março de 2011

CURSO DE CONVERSAÇÃO GUARANI, DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Curso de Conversação Guarani, da Universidade de São Paulo - USP

PROF. MÁRIO FILHO VILLALVA

Temos o prazer de falar do curso de Conversação em guarani, que e ministrado pelo PROF. MÁRIO FILHO VILLALVA,  Contado com o apoio da Prof. assistida e jornalista Carolina Ramirez (Ambos são Membros do Centro de Cultura Guarani: Teeter, Paraguai e GUARANI Ateneo língua e cultura)
Promovido pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da FFLCH/USP, Sob a Coordenação do Prof. Dr. Eduardo de Almeida Navarro, da FFLCH/USP.
 Teve inicio no dia 11 de março de 2011 e será concluído no dia 10 de junho de 2011, O horário das aulas e das 17:00 até as 19:00 todas as Sextas no prédio da Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Sociais e História (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), Que situa-se na Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 - sala 200.

O curso foi aprovado pelo Conselho de Cultura e Extensão Universitária da instituição. Cabe ressaltar e reconhecer o gesto sublime do professor Eduardo de Almeida Navarro, que intermediou e positivamente determinado a abrir o curso.

O objetivo do curço é Desenvolver competências comunicativas na língua guarani falada no Paraguai e em outras regiões do Mercosul, tais como o norte da Argentina, o oeste do Brasil e o sul da Bolívia.
professor Eduardo de Almeida Navarro
Neste primeiro experimento contamos com presenças das seguintes pessoas: Adam Felipe Cunha, Adriano Do Carmo Faria, Almir da Silveira, Bruno Schultz, Cintia dos Santos Pereira da Silva, Conceição Aparecida Camargo, Deborah Stucchi, Beck Donizete Ferreira, Eli dos Santos Costa, Edson Martins Collares, Eliana de Jesus Bueno, Eni Mariana de Souza, Eric Vasquez Santana, Fabio Kiyoshi Sakata, Germano Blanco Camargo, Helen Keiko Yamada, José Carlos de Souza Brandão, Luiz José Ferreira, Leonardo Gonçalves, Luma Prado Ribeiro, Marco Antonio Santos Cruz Maria Margarida Cintra Nepomuceno, Mirian Nobile Diniz, Oscar Curros Moure, Rodolfo José Barbosa de Souza, Maria das Graças Rosa Correa de Oliveira, Talita Miranda, Carolina Tawany Alves de Carvalho, Thiago Alexandre Fortes Chávez, Vera Lucia Levy Takita e Laura. Para estes devem ser acrescentados 12 pessoas que participam como ouvintes, e também devem ser certificados quando o curso terminar.

O curso será executado no seguinte programa:
1. Vocabulário de saudações e identificação.

2. Conversação sobre o cotidiano na sala de aula.

3. Linguagem formal e informal no cumprimento.

4. Vocabulário próprio de acordo com o gênero.

5. Localização de lugares e pessoas nas perguntas.

6. Ações cotidianas no turismo.

7. Solicitação de ações e gentilezas.

8. Utilização de partículas imperativas.

9. Vocabulário do corpo humano.

10. Grupos lexicais: fauna e flora.

11. Expressões relacionadas à família e à culinária.

12. Seminário sobre o uso cotidiano da língua.

13. Prova Oral.


Será usada as seguintes BIBLIOGRAFIAS
ASSIS, Cecy Fernandes de. Ñe’ẽryru: Avañe’ẽ - Portugue / Portugue – Avañe’ẽ / Dicionário Guarani-português / Português-Guarani. São Paulo: Edição Própria, 2008.(cecyfernandes@yahoo.com)
GALEANO OLIVERA, David A. Diferencias Gramaticales entre el Guarani y el Castellano: estudio contrastivo, y su incidencia en la educación. Asunción: Ateneo de la Lengua y Cultura Guarani, 1999.
GUASCH, S. J.; ORTIZ, Diego. Diccionario Castellano-Guarani / Guarani-Castellano. Asunción: CEPAG, 1986.(  Contato)
MELIÀ, Bartomeu. El Guarani Conquistado y Reducido. Asunción: CEPAG, 1997.
MOLINIERS, Pedro. Guarani Peteîha. Lecciones de Guarani 1. Editora Shica, 1981.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo: A língua do Brasil dos primeiros séculos. Petrópolis: Editora Vozes, 1998.
VERÓN, Miguel Angel. Ñañe’ẽmi Guarani. Asunción: Ediciones Zada. 2009.
ZARRATEA, Tadeo. Gramática Elemental de la Lengua Guarani. Asunción: Marben, 2002.


Histórico dos Profs. do curso de conversação em Guarani:
PROF. MARIO FILHO Villalva (mariocomunica@yahoo.com.br)Mestre em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo. Linha de pesquisa: Comunicação e Cultura (1998). Especialista em Educomunicação pela ECA/USP (1992), com enfoque em comunicação comunitária e cultura guarani. Graduação em Radialismo (1987).

Professor de Rádio e Televisão em cursos de Comunicação Social. Experiência em formatação, reconhecimento e coordenação de cursos na área audiovisual. Professor de Pós-Graduação nos cursos de Educação e Jornalismo (Educomunicação, Comunicação Empresarial e Reportagem Audiovisual). Repórter freelance associado à ACE (Associação dos Correspondentes Estrangeiros).

Prof. Carolina Ramirez (carolina.ramirez@hotmail.com)é um jornalista, tradutor e intérprete. Ele já trabalhou com comunicação empresarial e assessoria de imprensa. Hoje, ela ensina as escolas de língua espanhola eA executivos de multinacionais. Guarani também ensina pessoas interessadas em aprender a nossa língua nativa e tudo relacionado à cultura do Paraguai. Core faz parte do Paraguai Guarani Teet Cultural São Paulo, o editor principal do grupo até dezembro de 2010.


Apoio: REPÚBLICA DO PARAGUAI Ateneo Guarani e CULTURA GUARANI, o MERCOSUL ñe'é Teet


Esperamos que este seja o começo da retomada das línguas brasílicas no Brasil que a muito tende a desaparecer se não forem tomadas atitudes que venham a resgatar a verdadeira língua, alma e o espírito brasileiro.

Que nossos Governantes tomem como exemplo esta atitude memorável da Faculdade de São Paulo/ USP.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O Tempo Passa e História Fica, Escrtito pelos indíos Xacriabás



Durante dois anos, os professores Xacriabá em formação, no Programa de Implantação das Escolas Indígenas de Minas Gerais, realizaram uma pesquisa, nas suas aldeias, sobre as tradições de seu povo. Esse trabalho resultou na escrita de três tipos de texto: 

Narrativas, em verso, de acontecimentos e fatos importantes na vida da comunidade Xacriabá: a luta pela posse da terra, a morte do líder Rosalino, a formação dos professores.

Narrativas, em prosa, do massacre ocorrido em 1987, na aldeia Sapé, no município de São João das Missões, quando Rosalino Gomes de Oliveira, pai do professor José Nunes de Oliveira, foi assassinado. 

Coletâneas de contos tradicionais, que pertencem ao extenso universo ficcional do sertão mineiro, transmitidos, oralmente, de geração a geração.
  
Os textos foram escritos num esforço conjunto dos professores, que ouviram, gravaram e traduziram, na forma escrita, histórias e casos dos seus pais, avós, tios, enfim, daqueles que detêm os saberes tradicionais na aldeia. 

Pela escrita, eles pretendem constituir, esteticamente, novas imagens de sua comunidade. Escrever, para eles, é antes o ato político de dar um sentido para sua existência, junto à sociedade brasileira.

 Se os Xacriabá perderam, à força, sua língua, agora eles se ' apoderam da língua portuguesa, dando-lhe uma entonação cabocla.  

Como pesquisadores e professores das escolas Xacriabá, estes novos autores apontam para uma outra cena literária: a produção comunitária do livro, livre do princí pio da autoria, enraizada na oralidade. 

A grafia como um gesto de reafirmação da força política de quem, na conquista do próprio território, transforma as penas em poesia

Durante dois anos, os professores Xacriabá em formação, no Programa de Implantação das Escolas Indígenas deMinas Gerais, realizaram uma pesquisa, nas suas aldeias,sobre as tradições de seu povo. Esse trabalho resultou na escrita de três tipos de texto:



  
 Narrativas, em verso, de acontecimentos e fatos importantes na vida da comunidade Xacriabá: a luta pela posse da terra, a morte do líder Rosalino, a formação dos professores.

 Narrativas, em prosa, do massacre ocorrido em 1987,na aldeia Sapé, no município de São João das Missões,quando Rosalino Goms de Oliveira, pai do professor JoséNunes de Oliveira, foi assassinado.

— Coletâneas de contos tradicionais, que pertencem ao extenso universo ficcional do sertão mineiro, transmitidos,oralmente, de geração a geração.

  Os textos foram escritos num esforço conjunto dos professores, que ouviram, gravaram e traduziram, na formaescrita, histórias e casos dos seus pais, avós, tios, enfim,daqueles que detêm os saberes tradicionais na aldeia.
  Pela escrita, eles pretendem constituir, esteticamente,novas imagens de sua comunidade.
 
 Escrever, para eles, é antes o ato político de dar um sentido para sua existência,junto à sociedade brasileira.

 Se os Xacriabá perderam, à força, sua língua, agora eles se' apoderam da língua portuguesa, dando-lhe uma entonação cabocla.
 
 Como pesquisadores e professores das escolas Xacriabá,estes novos autores apontam para uma outra cena literária: a produção comunitária do livro, livre doprincípio da autoria, enraizada na oralidade.
 
 A grafia como um gesto de reafirmação da força política de quem, na conquista do próprio território, transforma as penas em poesia

      Para isso eu dou terras,
      p'ros índios morar
      Daqui para Missões cabeceira de Alagoinhas
      Beira do Peruaçu até as Montanhas
      p'ra índio não abusar de fazendeiro nenhum
      eu dou terra com fartura p'ro índio morar.
      A missão para a morada
      0 brejo para o trabalho
      Os campos gerais para as meladas e caçadas
      B as margens dos rios para as pescadas.
      Dei, registrei, selei
      Pago os impostos
      Por cento e sessenta réis

  Assim é que traduziram, em versos, um documento. Um dia,no Curso de Formação, no Parque Rio Doce, estávamos lendo
  O que é literatura, de Marisa Lajolo (Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense). 
  
 Creuza Nunes Lopes, professora Xacriabá, foi encarregada de transmitir oralmente aos colegas os resultados da sua leitura, suas reflexões sobre o tema tratado no livro. 
  O que ela fez?
  
 Foi lá na frente da turma e declamou versos que eram, literalmente, o texto ensaístico de Marisa Lajolo. 
  A turma aplaudiu. 
  
 Nós, professoras da UFMG, entendemos finalmente que a leitura é também a tradução do texto em uma cadência, um ritmo que não é outro senão o da tradição poética à qual pertencemos. 
  
 Assim, a História, a Geografia, a Literatura, a Filosofia, as Ciências Naturais, a Matemática, vão entrando pelos ouvidos e saindo em ritmo Xacriabá, em forma de livros para serem lidos em voz alta, decorados, recontados, em volta de uma fogueira, nas noites bonitas do cerrado, ou, quem sabe, numa boa sala de aula.


Maria Inês de Almeida 
Profa, de Literatura Brasileira UFMG
1- MARIZ, Alceu Cotia (et alli). 1982. Relatório de viagem à área Indígena xacriabá FUNAI. P.16

Vocabulário Xacriabá
Aiató dadamá                             olho
Amiotsché                                   banana
Angrata                                       avó eavô
Bacotong/ B i c o n g                    fi l h a
Balozinha                                     menina/mulher
D'agrí                                           mulher
Estragó                                        sol
D'ateà                                          perna
D'atohá                                        boca
cornek a n é                                 a r c o
Cudaió            criou                     tamanduá bandeira
Cudaió                                         porco do mato
Ukú                                             onça
Inscgiutú                                       tio
Lavazar/manãmam                        fumo
Nhionosso                                    cacau
Ingrá                                             filho
Etiké                                             flecha
D'agrang                                       cabeça
D'ahaschi                                      cabelo
Goabsang                                     cão
Grí                                               casa
Oaitomorim                                  estrela
Oá                                               lua
Oté                                              árvore
Kupaschú                                     farinha
Kuú                                             água
Kutsché                                       fogo
Nchatari                                       mãe
Notsché                                        milho.
Mamang                                       pai
Churer                                          anta


Leia o Texto completo no scribd

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Orlando Villas Bôas: o encantador de gente

Ele suportou doenças como malária, picadas de insetos e as intempéries do tempo chuva e calor e a falta das comodidades mínimas urbanas para defender os direitos dos índios. "A cultura índigena representa um valor humano essêncial que, também deveria ser protegida".

Conquistar os direitos dos povos em um país cuja meta é o desenvolviemnto econômico, onde existem quadros de desigualdades sociais, talvez não haja no mundo algo muito semelhante aos fatos deste sertanista bem-sucedido no terreno financeiro e profissional. Sua autobiografia, Editora FTD, nos dá sensação de contemplar um monumento à humanidade. Os irmãos Villas Bôas começaram sua trajetória no sertão no período da ditadura Vargas, 1943. Porém, foi três anos antes da ditadura militar que aconteceu o seu maior feito, O Parque Indígena do Xingu, em 1961 criado no governo de pouco mais de seis meses de Jânio Quadros. Juntamente com seus irmãos Leonardo e Cláudio, orlando empenhou-se sem descanço durante seis décadas para mostrar a necessidade de política pública e o inestimável valor dos índios. Foi um trabalho continuado o realizado por ele, como também foram multíplas as qualidades e tarefas. Ele tinha habilidade no tato político, pois sabia que não seria o bastante ter idéias pouco compreendidas. por exemplo, para manter o parque seria preciso preservar fronteiras e vidas, vigiá-las. Era um confronto de interesses graúdos aos índios. Porém, sua firmeza e paciência para contornar situações incômodas, atravessando períodos autoritários e vários partidos políticos não devem ser substimadas. Um outro fato da vida de Orlando, foi o deslumbramento com os povos indígenas; um tipo de vida diferente da nossa, um povo solidário, comunitário, lúdico e artísticos. Tudo isso inserido à natureza e ao que é belo, como ele mesmo disse. Enquanto muitos rejeitaram e condenaram fingiam investigar e mergulhar nos costumes, orlando Villas Bôas, viu alí surgir pouco à pouco de dentro do verde inúmeros povos camuflados, em algumas ocasiões ameaçadores, mas logo mostravam sua grandeza e hospitalidade. Foi onde apaixonou-se por eles, e sua defesa em prol foi visceral, como da própria vida. Ele não se limitou apenas em buscar algo que livros já descreviam; soube lidar com os anseios e reivindicações dos nativos. Etnias fadadas ao desaparecimento no Alto Xingu como Matipu, Nahukwá, Trumai e Tixikão, e no Médio Xingu os Suyá, Juruna e Kayabi todos passaram por processo semelhantes, a proteção de Orlando.

Todos os índios do Xingu são conscientes da importância do trabalho realizado pelo sertanista. Os três irmãos: Orlando, Cláudio e Leonardo mantinham contato com o melhor da antropologia dos meados do século XX, pertenciam a um grupo intelectual raro, e ainda convidavam a participar de suas tarefas colegas como Darcy Ribeiro, e o médico Noel Nutels, este grupo foi responsável pela idéia de que a terra deveria ser preservada, como condição para garantia da vida dos índios. Coube aos Villas Boas, participar da elaboração deste princípio, e defender um mundo de povos desconhecidos. Dos três irmãos Orlando era quem mais circulava pelos meios civilizados, sensibilizando a todos que podia para defender os territórios indígenas. Enquanto isso os outros dois e sua esposa Marina, ficavam a postos para qualquer emergência.

Villas Bôas analfabetos

Ao se alistarem como trabalhador braçal na Fundação Brasil Central, os irmãos eram movidos inicialmente pelo espírito de aventura. Tornaram-se integrantes da Expedição Roncador - Xingu criada em 1943 com doações do governo paulista. Eles fingiram serem analfabetos e como tal foram admitidos. Em seis anos assumiram a chefia e, entregaram à Força Aérea Brasileira a rota que tornou possível ligação direta entre o Rio de Janeiro - Manaus. Tornam-se amigos de Gama Malcher [Serviço de Proteção aos índios] de Darcy Ribeiro, e Noel Nutels, fundador da rede de proteção sanitária da frente indígena, tendo no cume da pirâmide, a figura extraordinária de Cândido Mariano Rondon - o Marechal Rondon. Na cidade de Botucatu [bons ares em tupy] eles eram como qualquer outra criança que brinca, salta o quintal do vizinho para pegar frutas. A rua General Jardim foi sua última morada, mas é o largo em frente ao hospital que Misericórdia Botucatuense deixaram mais saudades. Porem, Orlando nasceu em Santa Cruz do rio Pardo, aos 12 de janeiro de 1914, o filho mais velho de Agnello e Arlinda. Quando tinha seis anos sua família muda-se para São Paulo / capital, acompanhando seu pai que, mesmo não sendo formado em direito, prestara um concurso e passou para o cargo de advogado provisionado, e poderia atuar no juízo da comarca. Orlandou estudou no Colégio Paulista, do afamado professor Rocha Campos, localizado na rua Brigadeiro Luís Antônio, próximo sua casa, na rua Genebra. Durante os meses de junho e julho, ele exercia uma função nada gloriosa, era capitão da "quadrilha" grupos rivais que brigavam, principalmente por causa dos balões. Guardou lembranças também da revolução de 1924, quando estudava no Externato Mattoso, no Largo do Arouche, onde ao passar viu a fachada da escola ser crivada por tiros.

Viagem através do mapa

Porem, com a morte de seu pai em 1940, mantenedor de seu pró-labore, Orlando mudara-se com os irmãos para a rua Teodoro Sampaio, região oeste paulistana, e foi trabalhar na Standard Oil do Brasil. Não deu para se manter por lá, mudara-se novamente, desta vez para uma pensão na rua Bento Freitas - esquina com a Marquês de Itu, região central. Neste período seu irmão Cláudio comprou um mapa do Brasil onde eles costumavam "viajar" todas às noites. A morte de seus pais foi um convite para aquele mundo distante, a Amazônia. Resolveu deixar de maneira brusca seu trabalho; não se despediu de ninguém. Pegou suas malas e rumou para estação, antes passou pelo Hotel Esplanada para falar ao ministro João Alberto, sobre possibilidades de ser incluído entre os contratados da expedição. O ministro disse sim. Pegou o trêm rumo a Uberlândia/MG, e de lá foi para Goiânia. Em uma jardineira seguiu até Goiás Velho, onde estudavam saída para o Araguáia. Os três irmãos remaram 23 dias subindo o rio. Após quase seis meses de caminhada por campos, matas e charcos eles chegaram ao fim da primeira etapa, 1945, chegaram na serra do Roncador. O primeiro contato foi com os índios Kalapalo e em seguída com os Kuikuro, Aweti entre outros. A partir daí toda comunidade indígena sabe da história humanitária de Orlando e seus irmãos. Em 2003, como sempre fazia, convidou os amigos para o Kuarup do Orlando, era a última homenagem dos índios do Parque, pois viria a falecer no dia 12 de dezembro.

Aqui fica minha homenagem a um grande Ser humano: Orlando Villas Bôas.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Homenagem ao Grande guerreiro Xavante-Mário Dzururá, ou Mário Juruna

JURUNA



Você já ouviu falar no Juruna? Lembra-se desse nome?

Mário Dzururá, ou Mário Juruna, foi o primeiro e único índio a exercer o mandato de deputado federal no Brasil. Parece brincadeira, mas um país do tamanho do nosso, com tantos índios e descendentes, teve um único representante indígena no legislativo federal em toda a sua longa história.

Pelo fato de ser o único índio a ocupar o cargo de deputado federal brasileiro, Juruna era constantemente ironizado pela mídia. A circunstância de carregar constantemente um gravador servia de pretexto para os conservadores considerarem-no antiquado e ridículo. Na verdade, Juruna era um herói que levou muitas conquistas a esses nossos irmãos brasileiros esquecidos em grande parte do nosso país, que o digam os grandes centros urbanos. Leia abaixo um texto publicado no jornal da USP.
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JORNAL DA USP

29 de julho a 04 de agosto de 2002 - o XV nº 606



por MARIA EUGÊNIA DE MENEZES


Eleito pelo PDT do Rio de Janeiro em 1982, cria política de Leonel Brizola e do antropólogo Darcy Ribeiro, que na época militava nas fileiras do partido, Juruna foi o maior representante indígena nas esferas do poder federal. Vítima de diabete crônica, o ex-cacique xavante morreu depois de passar 15 dias internado no hospital Santa Lúcia em Brasília (em 2002).


A doença já o debilitava há muito. Preso a uma cadeira de rodas, Juruna andava esquecido pelos políticos e pelos índios, mas sua atuação foi um marco histórico.

“A presença de um índio no Congresso foi importante para defender os interesses indígenas e para barrar projetos que os prejudicassem”, explica a antropóloga Fany Ricardo, coordenadora do ISA (Instituto Socioambiental). Como deputado federal, Juruna foi uma espécie de embaixador das nações indígenas e sua atuação no Congresso serviu para sensibilizar setores sociais para os problemas que os indígenas enfrentavam.

O cacique xavante chegou a Brasília no final dos anos 70 e logo ganhou notoriedade por andar, para baixo e para cima, com um gravador debaixo do braço registrando as promessas dos políticos. Mesmo depois de eleito deputado, Juruna continuou sendo considerado por muitos apenas como uma figura folclórica, com hábitos e idéias extravagantes. Contudo, aos poucos, foi se impondo como analista da situação indígena no Brasil e como ator político. Logo no seu primeiro ano de mandato, conseguiu criar a Comissão do Índio, da qual foi o primeiro presidente. Com a função de assegurar os direitos indígenas, a comissão passou a funcionar como um órgão permanente da Câmara dos Deputados. O segundo grande passo do ex-cacique foi a aprovação do projeto que alterava a composição da diretoria da Funai. Ele queria que a Funai fosse administrada por pessoas apontadas pelas comunidades indígenas — índios ou indigenistas reconhecidos. Os burocratas cederiam espaço para os verdadeiros conhecedores da situação do índio no Brasil. Reconhecido por sua atuação, ele nunca deixou de ser polêmico. Recusou-se a usar terno e gravata, como exige o protocolo da Câmara, quase perdeu o mandato por dizer que “todo ministro é ladrão” e teve sua imagem bastante desgastada quando confessou ter recebido dinheiro do empresário Calim Eid, para votar em Paulo Maluf no colégio eleitoral. Pressionado por seus colegas de partido, ele acabou denunciando o suborno, devolvendo o dinheiro e votando em Tancredo Neves.




O gravador é arco e flecha


Líder dos xavantes, Juruna saiu da sua tribo, na reserva de São Marcos no Mato Grosso, e foi para Brasília tentar ser ouvido pelo presidente. Depois de enganado muitas vezes, Juruna decidiu usar o gravador que tinha comprado em Cuiabá para registrar as “mentiras” que lhe diziam e as promessas falsas que lhe eram feitas.
A demarcação das terras indígenas sempre esteve no centro de suas preocupações, talvez pela própria história que viveu com sua tribo. Os xavantes viviam na cabeceira do rio Xingu e depois de uma série de conflitos com posseiros foram empurrados para o rio Araguaia até chegarem ao Mato Grosso, onde ocuparam as margens do rio da Morte.
Juruna ainda era um menino pequeno mas se lembrava das mortes e das doenças. “Sempre fugindo. Abandonamos roça, nossa maloca, nosso rio, tudo que xavante tinha.” Irritado com a omissão da Funai e o alheamento das autoridades públicas em relação ao problema da terra indígena, ele peregrinou durante dias pelos corredores do Ministério do Interior tentando falar com o então presidente Ernesto Geisel. Vítima da burocracia, resolveu se vingar. Sua arma no mundo dos brancos foi o gravador. Ele começou a cobrar coerência entre as promessas e as ações das autoridades brasileiras e se tornaria famoso por isso. “Eu comprei gravador porque branco faz muita promessa. Depois esquece tudo”, disse em entrevista ao Pasquim.
Em 1980, enfrentou a proibição do governo, que o impedia, pelo fato de ser índio, de viajar ao exterior. Junto com Darcy Ribeiro, Juruna foi convidado pelo Tribunal Bertrand Russel para ir a Holanda servir de jurado no julgamento dos crimes contra as raças indígenas do mundo inteiro. A Funai quis impedir sua ida, a disputa foi parar na justiça e a luta de Juruna para ir até a Holanda ganhou as páginas dos jornais do País. Começava-se a questionar a tutela da Funai sobre os índios. Hoje, um projeto de lei que põe fim à tutela está em tramitação no Congresso. De acordo com Fany, “o projeto traria ganhos para os indígenas, mas ainda deve demorar para ser aprovado porque enfrenta resistência de vários setores, principalmente da própria Funai”.


Política indígena
Primeiro índio a filiar-se a um partido político, e o único a chegar ao Congresso, Juruna foi o precursor do ingresso dos índios na política institucional. Nas eleições municipais de 2000, mais de 350 índios pleitearam vagas — 13 deles para prefeito, e 80 conseguiram se eleger vereadores. As associações e organizações indígenas que começaram a surgir na década de 1980 também se multiplicaram, especialmente depois da Constituição de 1988. “Houve um grande avanço no reconhecimento dos direitos dos indígenas com a Constituição de 1988.
As reservas de terras passaram a ter que ser suficientes para que eles se reproduzissem física e culturalmente e foi reconhecido o direito de se organizarem como sociedade civil”, explica Fany. Os povos indígenas passaram gradativamente a se apropriar de mecanismos de representação típicos da sociedade dos brancos e, apesar de terem dificuldades para constituir organizações estáveis, hoje elas já chegam a 400. A maioria costuma ser vinculada a uma só aldeia, mas há também aquelas que atuam em âmbito maior, ao longo de um rio ou ainda as de caráter regional como a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).