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sábado, 26 de março de 2011

CURSO DE CONVERSAÇÃO GUARANI, DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Curso de Conversação Guarani, da Universidade de São Paulo - USP

PROF. MÁRIO FILHO VILLALVA

Temos o prazer de falar do curso de Conversação em guarani, que e ministrado pelo PROF. MÁRIO FILHO VILLALVA,  Contado com o apoio da Prof. assistida e jornalista Carolina Ramirez (Ambos são Membros do Centro de Cultura Guarani: Teeter, Paraguai e GUARANI Ateneo língua e cultura)
Promovido pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da FFLCH/USP, Sob a Coordenação do Prof. Dr. Eduardo de Almeida Navarro, da FFLCH/USP.
 Teve inicio no dia 11 de março de 2011 e será concluído no dia 10 de junho de 2011, O horário das aulas e das 17:00 até as 19:00 todas as Sextas no prédio da Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Sociais e História (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), Que situa-se na Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 - sala 200.

O curso foi aprovado pelo Conselho de Cultura e Extensão Universitária da instituição. Cabe ressaltar e reconhecer o gesto sublime do professor Eduardo de Almeida Navarro, que intermediou e positivamente determinado a abrir o curso.

O objetivo do curço é Desenvolver competências comunicativas na língua guarani falada no Paraguai e em outras regiões do Mercosul, tais como o norte da Argentina, o oeste do Brasil e o sul da Bolívia.
professor Eduardo de Almeida Navarro
Neste primeiro experimento contamos com presenças das seguintes pessoas: Adam Felipe Cunha, Adriano Do Carmo Faria, Almir da Silveira, Bruno Schultz, Cintia dos Santos Pereira da Silva, Conceição Aparecida Camargo, Deborah Stucchi, Beck Donizete Ferreira, Eli dos Santos Costa, Edson Martins Collares, Eliana de Jesus Bueno, Eni Mariana de Souza, Eric Vasquez Santana, Fabio Kiyoshi Sakata, Germano Blanco Camargo, Helen Keiko Yamada, José Carlos de Souza Brandão, Luiz José Ferreira, Leonardo Gonçalves, Luma Prado Ribeiro, Marco Antonio Santos Cruz Maria Margarida Cintra Nepomuceno, Mirian Nobile Diniz, Oscar Curros Moure, Rodolfo José Barbosa de Souza, Maria das Graças Rosa Correa de Oliveira, Talita Miranda, Carolina Tawany Alves de Carvalho, Thiago Alexandre Fortes Chávez, Vera Lucia Levy Takita e Laura. Para estes devem ser acrescentados 12 pessoas que participam como ouvintes, e também devem ser certificados quando o curso terminar.

O curso será executado no seguinte programa:
1. Vocabulário de saudações e identificação.

2. Conversação sobre o cotidiano na sala de aula.

3. Linguagem formal e informal no cumprimento.

4. Vocabulário próprio de acordo com o gênero.

5. Localização de lugares e pessoas nas perguntas.

6. Ações cotidianas no turismo.

7. Solicitação de ações e gentilezas.

8. Utilização de partículas imperativas.

9. Vocabulário do corpo humano.

10. Grupos lexicais: fauna e flora.

11. Expressões relacionadas à família e à culinária.

12. Seminário sobre o uso cotidiano da língua.

13. Prova Oral.


Será usada as seguintes BIBLIOGRAFIAS
ASSIS, Cecy Fernandes de. Ñe’ẽryru: Avañe’ẽ - Portugue / Portugue – Avañe’ẽ / Dicionário Guarani-português / Português-Guarani. São Paulo: Edição Própria, 2008.(cecyfernandes@yahoo.com)
GALEANO OLIVERA, David A. Diferencias Gramaticales entre el Guarani y el Castellano: estudio contrastivo, y su incidencia en la educación. Asunción: Ateneo de la Lengua y Cultura Guarani, 1999.
GUASCH, S. J.; ORTIZ, Diego. Diccionario Castellano-Guarani / Guarani-Castellano. Asunción: CEPAG, 1986.(  Contato)
MELIÀ, Bartomeu. El Guarani Conquistado y Reducido. Asunción: CEPAG, 1997.
MOLINIERS, Pedro. Guarani Peteîha. Lecciones de Guarani 1. Editora Shica, 1981.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo: A língua do Brasil dos primeiros séculos. Petrópolis: Editora Vozes, 1998.
VERÓN, Miguel Angel. Ñañe’ẽmi Guarani. Asunción: Ediciones Zada. 2009.
ZARRATEA, Tadeo. Gramática Elemental de la Lengua Guarani. Asunción: Marben, 2002.


Histórico dos Profs. do curso de conversação em Guarani:
PROF. MARIO FILHO Villalva (mariocomunica@yahoo.com.br)Mestre em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo. Linha de pesquisa: Comunicação e Cultura (1998). Especialista em Educomunicação pela ECA/USP (1992), com enfoque em comunicação comunitária e cultura guarani. Graduação em Radialismo (1987).

Professor de Rádio e Televisão em cursos de Comunicação Social. Experiência em formatação, reconhecimento e coordenação de cursos na área audiovisual. Professor de Pós-Graduação nos cursos de Educação e Jornalismo (Educomunicação, Comunicação Empresarial e Reportagem Audiovisual). Repórter freelance associado à ACE (Associação dos Correspondentes Estrangeiros).

Prof. Carolina Ramirez (carolina.ramirez@hotmail.com)é um jornalista, tradutor e intérprete. Ele já trabalhou com comunicação empresarial e assessoria de imprensa. Hoje, ela ensina as escolas de língua espanhola eA executivos de multinacionais. Guarani também ensina pessoas interessadas em aprender a nossa língua nativa e tudo relacionado à cultura do Paraguai. Core faz parte do Paraguai Guarani Teet Cultural São Paulo, o editor principal do grupo até dezembro de 2010.


Apoio: REPÚBLICA DO PARAGUAI Ateneo Guarani e CULTURA GUARANI, o MERCOSUL ñe'é Teet


Esperamos que este seja o começo da retomada das línguas brasílicas no Brasil que a muito tende a desaparecer se não forem tomadas atitudes que venham a resgatar a verdadeira língua, alma e o espírito brasileiro.

Que nossos Governantes tomem como exemplo esta atitude memorável da Faculdade de São Paulo/ USP.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O Tempo Passa e História Fica, Escrtito pelos indíos Xacriabás



Durante dois anos, os professores Xacriabá em formação, no Programa de Implantação das Escolas Indígenas de Minas Gerais, realizaram uma pesquisa, nas suas aldeias, sobre as tradições de seu povo. Esse trabalho resultou na escrita de três tipos de texto: 

Narrativas, em verso, de acontecimentos e fatos importantes na vida da comunidade Xacriabá: a luta pela posse da terra, a morte do líder Rosalino, a formação dos professores.

Narrativas, em prosa, do massacre ocorrido em 1987, na aldeia Sapé, no município de São João das Missões, quando Rosalino Gomes de Oliveira, pai do professor José Nunes de Oliveira, foi assassinado. 

Coletâneas de contos tradicionais, que pertencem ao extenso universo ficcional do sertão mineiro, transmitidos, oralmente, de geração a geração.
  
Os textos foram escritos num esforço conjunto dos professores, que ouviram, gravaram e traduziram, na forma escrita, histórias e casos dos seus pais, avós, tios, enfim, daqueles que detêm os saberes tradicionais na aldeia. 

Pela escrita, eles pretendem constituir, esteticamente, novas imagens de sua comunidade. Escrever, para eles, é antes o ato político de dar um sentido para sua existência, junto à sociedade brasileira.

 Se os Xacriabá perderam, à força, sua língua, agora eles se ' apoderam da língua portuguesa, dando-lhe uma entonação cabocla.  

Como pesquisadores e professores das escolas Xacriabá, estes novos autores apontam para uma outra cena literária: a produção comunitária do livro, livre do princí pio da autoria, enraizada na oralidade. 

A grafia como um gesto de reafirmação da força política de quem, na conquista do próprio território, transforma as penas em poesia

Durante dois anos, os professores Xacriabá em formação, no Programa de Implantação das Escolas Indígenas deMinas Gerais, realizaram uma pesquisa, nas suas aldeias,sobre as tradições de seu povo. Esse trabalho resultou na escrita de três tipos de texto:



  
 Narrativas, em verso, de acontecimentos e fatos importantes na vida da comunidade Xacriabá: a luta pela posse da terra, a morte do líder Rosalino, a formação dos professores.

 Narrativas, em prosa, do massacre ocorrido em 1987,na aldeia Sapé, no município de São João das Missões,quando Rosalino Goms de Oliveira, pai do professor JoséNunes de Oliveira, foi assassinado.

— Coletâneas de contos tradicionais, que pertencem ao extenso universo ficcional do sertão mineiro, transmitidos,oralmente, de geração a geração.

  Os textos foram escritos num esforço conjunto dos professores, que ouviram, gravaram e traduziram, na formaescrita, histórias e casos dos seus pais, avós, tios, enfim,daqueles que detêm os saberes tradicionais na aldeia.
  Pela escrita, eles pretendem constituir, esteticamente,novas imagens de sua comunidade.
 
 Escrever, para eles, é antes o ato político de dar um sentido para sua existência,junto à sociedade brasileira.

 Se os Xacriabá perderam, à força, sua língua, agora eles se' apoderam da língua portuguesa, dando-lhe uma entonação cabocla.
 
 Como pesquisadores e professores das escolas Xacriabá,estes novos autores apontam para uma outra cena literária: a produção comunitária do livro, livre doprincípio da autoria, enraizada na oralidade.
 
 A grafia como um gesto de reafirmação da força política de quem, na conquista do próprio território, transforma as penas em poesia

      Para isso eu dou terras,
      p'ros índios morar
      Daqui para Missões cabeceira de Alagoinhas
      Beira do Peruaçu até as Montanhas
      p'ra índio não abusar de fazendeiro nenhum
      eu dou terra com fartura p'ro índio morar.
      A missão para a morada
      0 brejo para o trabalho
      Os campos gerais para as meladas e caçadas
      B as margens dos rios para as pescadas.
      Dei, registrei, selei
      Pago os impostos
      Por cento e sessenta réis

  Assim é que traduziram, em versos, um documento. Um dia,no Curso de Formação, no Parque Rio Doce, estávamos lendo
  O que é literatura, de Marisa Lajolo (Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense). 
  
 Creuza Nunes Lopes, professora Xacriabá, foi encarregada de transmitir oralmente aos colegas os resultados da sua leitura, suas reflexões sobre o tema tratado no livro. 
  O que ela fez?
  
 Foi lá na frente da turma e declamou versos que eram, literalmente, o texto ensaístico de Marisa Lajolo. 
  A turma aplaudiu. 
  
 Nós, professoras da UFMG, entendemos finalmente que a leitura é também a tradução do texto em uma cadência, um ritmo que não é outro senão o da tradição poética à qual pertencemos. 
  
 Assim, a História, a Geografia, a Literatura, a Filosofia, as Ciências Naturais, a Matemática, vão entrando pelos ouvidos e saindo em ritmo Xacriabá, em forma de livros para serem lidos em voz alta, decorados, recontados, em volta de uma fogueira, nas noites bonitas do cerrado, ou, quem sabe, numa boa sala de aula.


Maria Inês de Almeida 
Profa, de Literatura Brasileira UFMG
1- MARIZ, Alceu Cotia (et alli). 1982. Relatório de viagem à área Indígena xacriabá FUNAI. P.16

Vocabulário Xacriabá
Aiató dadamá                             olho
Amiotsché                                   banana
Angrata                                       avó eavô
Bacotong/ B i c o n g                    fi l h a
Balozinha                                     menina/mulher
D'agrí                                           mulher
Estragó                                        sol
D'ateà                                          perna
D'atohá                                        boca
cornek a n é                                 a r c o
Cudaió            criou                     tamanduá bandeira
Cudaió                                         porco do mato
Ukú                                             onça
Inscgiutú                                       tio
Lavazar/manãmam                        fumo
Nhionosso                                    cacau
Ingrá                                             filho
Etiké                                             flecha
D'agrang                                       cabeça
D'ahaschi                                      cabelo
Goabsang                                     cão
Grí                                               casa
Oaitomorim                                  estrela
Oá                                               lua
Oté                                              árvore
Kupaschú                                     farinha
Kuú                                             água
Kutsché                                       fogo
Nchatari                                       mãe
Notsché                                        milho.
Mamang                                       pai
Churer                                          anta


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