quarta-feira, 10 de junho de 2009

POSSEIDON - (NETUNO)






Na mitologia grega, Posseidon (ilustração), um dos principais deuses do Olimpo, era o senhor do mar, dos rios e das fontes. Filho de Cronos (Saturno) e Cibele (Rea), em seu nascimento a mãe o escondeu na Arcádia, e fez o pai acreditar que teria dado a luz a um potro, que foi prontamente devorado por ele. Como comandava o movimento das águas salgadas e doces, os terremotos e as tempestades, ele promovia a segurança dos marinheiros, ou a destruição dos navios que os transportavam, de acordo com a sua vontade. Irmão de Hera (Juno), Hades (Plutão), Zeus (ou Júpiter, para os romanos), deus supremo dos helenos, Posseidon morava em um palácio de ouro construído no fundo do mar, costumando percorrer os seus domínios em uma carruagem também de ouro, atrelada a cavalos que corriam velozmente pela superfície dos mares e oceanos, levando consigo o tridente - uma lança terminada em três pontas -, com a qual podia provocar terremotos na terra.

Violento e irascível, ele vivia em constante discussão com os demais deuses, e às vezes, ao irritar-se além do que lhe era normal, sacudia o mundo de forma tão violenta que Plutão, governador de Hades, o domínio da morte, chegava a abandonar seu trono receoso de que tudo caísse sobre ele. Segundo a tradição, Posseidon pretendia para si a cidade de Atenas, mas esse também era o desejo da deusa Atena (Minerva). Diante do impasse, os deuses decidiram que o lugar pertenceria a quem oferecesse aos mortais o presente de maior utilidade: Posseidon criou o cavalo, Atena, a oliveira, e com isso ela ganhou a posse da famosa cidade. Outras disputas suas foi com o Sol, por Corinto, com Juno, por Micenas, mas também perdendo as duas acabou sendo patrono de Tróia, cujos muros teria levantado.

Entre as suas aventuras amorosas incluem-se o relacionamento com Medusa, então uma bela donzela, mas que por causa desse romance fugaz foi transformada na horrível criatura morta por Perseu, e de cujo sangue surgiu Pégaso, o cavalo alado; e também a conquista da divindade Deméter (Ceres), que para escapar do conquistador transformou-se em égua. Mas este a descobriu, disfarçou-se em garanhão e fez com que a deusa gerasse Arion, o maravilhoso cavalo falante. Além dessas aventuras amorosas, nas quais geralmente se metamorfoseava em algo para alcançar seus objetivos, ele se transformou em rio, o Enipeu, para conquistar Ifiomédia, de quem teve Ifiaktes e Oto; em carneiro, para amar Bisaltis. Outros descendentes de Posseidon foram Tritão, o gigante Orion, Polifemo e Ciclope.

Sua esposa era a deusa do mar Anfitrite, filha de Nereu e de Doris, que tendo se recusado a desposá-lo foi convencida por um golfinho a concordar com o casamento. Ela não sofria passivamente com as infidelidades de seu marido, causando muitos dissabores às amantes que ele arranjava. Um exemplo foi Cila, filha de Fórcis, que pela simples adição de ervas em um banho foi por ela transformada num monstro horrível, com seis cabeças e doze patas. Mãe de Tritão e de inúmeras ninfas, ela normalmente é representada num carro em forma de concha, sobre as ondas, puxado por golfinhos, ou cavalos-marinhos.

Os romanos o identificavam como Netuno, e as Netunálias, festas celebradas em sua honra, estão registradas nos calendários mais antigos. A data escolhida para essas comemorações era o dia 23 de julho, no templo existente no Circo Flaminio, em Roma, onde o deus era representado como um velho forte e barbado, com o tridente na mão, e acompanhado também por golfinhos ou cavalos-marinhos.

Ele é representando geralmente nu, com uma longa barba e um tridente na mão, ora sentado, ora em pé sobre as ondas, muitas vezes em uma biga puxada por cavalos-marinhos, cuja parte inferior do corpo termina numa cauda de peixe.


FERNANDO KITZINGER DANNEMANN


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Netuno

A cor azul de Netuno é o resultado da absorção de luz vermelha pelo metano na atmosfera.

Como um típico planeta gasoso, Netuno tem ventos rápidos, confinados às faixas de latitude, e grandes tempestades ou vórtices. Os ventos de Netuno são os mais rápidos do sistema solar, atingindo 2000 km/h.

Como Júpiter e Saturno, Netuno tem uma fonte de calor interna - irradiando quase duas vezes a quantidade de calor que recebe do Sol.

Na época do encontro com a Voyager, a formação mais proeminente era a Grande Mancha Escura (foto 18). Tinha cerca da metade do tamanho da Grande Mancha Vermelha de Júpiter (aproximadamente o mesmo diâmetro da Terra). Os ventos de Netuno empurram a Grande Mancha Escura em direção oeste, a 300 metros por segundo (700 mph). A Voyager 2 também viu uma pequena nuvem branca irregular - hoje chamada de "Vespa", que faz um giro veloz ao redor Netuno a cada 16 horas, aproximadamente. Provavelmente, é uma pluma que se eleva de uma camada inferior da atmosfera, mas sua verdadeira natureza permanece ignorada.

Contudo, as observações de Netuno pelo Hubble Science Telescope, em 1994, mostram que a Grande Mancha Escura desapareceu! Ou simplesmente dissipou-se ou está atualmente mascarada por outros aspectos da atmosfera. Alguns meses mais tarde, o HST descobriu uma nova mancha escura no hemisfério norte de Netuno. Isso indica que a atmosfera de Netuno muda rapidamente, talvez devido a pequenas mudanças nas diferenças de temperatura entre as cristas e as bases das nuvens.

Netuno também tem anéis. Observações feitas em terra mostraram apenas arcos tênues, e não anéis completos. Mas as imagens da Voyager 2 mostraram que esses arcos são anéis completos com grumos brilhantes.

Como Urano e Júpiter, os anéis de Netuno são muito escuros, mas sua composição é desconhecida.

O campo magnético de Netuno, como o de Urano, é estranhamente orientado e, provavelmente, gerado por movimentos mais perto da superfície do que do centro do planeta.

Netuno pode ser visto com binóculos (se você sabe exatamente para onde olhar), mas um grande telescópio é necessário para se ver mais que um pequeno disco. Os mapas localizadores de planetas de Mike Harvey mostram a atual posição de Netuno (e dos outros planetas) no céu, mas mapas muito mais detalhados são necessários para efetivamente encontrá-lo.

Fonte: www.if.ufrj.br

Netuno

Netuno
Netuno

Netuno é o outro gigante azul, rodeado por anéis. Nele se destaca a inconfundível Grande Mancha Escura, uma perturbação atmosférica que se assemelha à tormenta da grande tempestade de furacões de Júpiter, a Grande Mancha Vermelha. O dia nos gigantes azuis equivale aproximadamente a dois terços do terrestre. Isto indica que são muito rápidos mas não tanto quanto os maiores, Júpiter e Saturno. Netuno tem 8 luas, vários anéis e campo gravitacional.

DADOS TÉCNICOS

DIÂMETRO EQUATORIAL: 49.528 km
DISTÂNCIA MÉDIA DO SOL: 4.497.000.000 km
PERÍODO DE TRANSLAÇÃO (ANO): 165 anos terrestres
PERÍODO DE ROTAÇÃO (DIA): 16 horas 7 minutos
PRINCIPAIS COMPONENTES ATMOSFÉRICOS: hidrogênio, hélio e metano.
TEMPERATURA SUPERFICIAL: -218° C
GRAVIDADE: 1,23 g (1 g = 9,8 m/s2)

Fonte: educar.sc.usp.br

Netuno

Histórico

Sua participação na história da astronomia é mais recente ainda que a de Urano. Sua descoberta representa um triunfo para a astronomia matemática.

Alexis Bouvard (1767 - 1843) notou várias perturbações na órbita de Urano, pois este nunca estava onde os astronomos previam. Bouvard fez novos cálculos para sua órbita levando em conta as perturbações de Saturno e Júpiter, mas mesmo assim as posições previstas não coincidiam com as reais. Então Le Verrier (1811 - 1877), astronomo francês propos-se ao estudo do problema e concluiu que estas perturbações eram devido a existência de outro corpo numa órbita mais afastada que Urano.

Ele também pode deduzir sua órbita através das perturbações que causava em Urano. Assim Le Verrier pediu ao astronomo alemão Johan Gottfried Galle (1812 - 1910) que explorasse determinada região do céu. Galle verificou que havia um corpo a menos de um grau da posição prevista por Le Verrier que não constava em nenhuma carta celeste e no dia seguinte esse corpo já havia se deslocado em relação ãs outras estrelas. Era Neturno.

Os Campos Magnéticos

Quando a Voyager passou por Netuno em agosto de 1989 e detectou um campo magnético muito parecido com o de Urano, ou seja, inclinado de 50 graus com o eixo de rotação do planeta e deslocado do centro da metade do raio. Portanto, não se tratava de uma coincidência, mas sim de uma particularidade desses planetas tão parecidos em termos de seus campos magnéticos.

Uma teoria para explicar tais campos é a localização de correntes elétricas no interior do planeta. No caso da Terra os movimentos do fluido de níquel e ferro derretidos, do núcleo geram as correntes e consequentemente o campo magnético. Em Júpiter e Saturno, o hidrogênio metálico é que conduz a corrente elétrica e gera o campo. Porém, em Urano e Netuno há uma quantidade maior de gelo e menos hidrogênio do que em Júpiter, por isso é possível que os núcleos desses dois planetas sejam relativamente isolantes. Mas um dínamo elétrico ainda opera no interior desses planetas, só que ao redor do núcleo e não no interior. Isso pode explicar o fato de o campo não passar pelo centro do planeta. Porém a explicação de como isso ocorre é provavelmente uma interação muito complexa entre os fluidos do interior dos dois planetas e suas rotações. Os modelos sobre a estrutura interna desse planetas são bem confiáveis. Ambos possuem núcleos constituidos de silício, ferro e outros elementos pesados em menor quantidade, que formam uma substância rochosa com propriedades físicas diferentes das conhecidas em rochas comuns.

Atmosfera Superior

A atmosfera pouco densa é formada de hidrogênio, hélio e metano, todos em estado gasoso. Apesar de estar numa das regiões mais frias do sistema solar, os fenômenos atmosféricos em Netuno são consideravelmente ativos. Este planeta possui ventos de no mínimo 1170 Km/h que sopram para oeste em volta do planeta, apesar de receber 1/20 da energia solar que Júpiter recebe. Isso ocorre provavelmente pela falta de atrito da atmosfera com a superfície do planeta, como é o caso da Terra que possui montanhas e outras irregularidades da superfície que tendem a parar os ventos. Em Netuno os ventos fluem livremente com um minimo de atrito. Por isso a pouca energia solar é suficiente para gerar tais ventos. Esses ventos provocam grandes furacões, semelhantes aos de Júpiter, entre os quais destaca-se a Grande Mancha Negra, ou GMN, um furacão do tamaho da Terra. A GMN' é um enorme buraco na atmosfera do planeta através do qual pode-se olhar mais profundamente na sua atmosfera. Cerca de 50 Km acima da Grande Mancha pode-se observar nuvens semelhantes as terrestres.

Assim como Júpiter e Saturno, Urano e Netuno também emitem mais energia do que recebem do Sol. Porém não há razão para acreditar que um deles tenha reservas térmicas bem maiores do que o outro. Netuno emite bem mais energia do que recebe e, apesar de mais distante do Sol, sua temperatura é equivalente a de Urano, cerca de -116 C. Esse fato ainda não foi explicado.

Em Netuno pode-se observar as diversas cores e tonalidades nas faixas paralelas como em Júpiter e em Saturno.

Anéis

Acreditava-se na existência dos anéis desde que se detectou os anéis de Urano pela primeira vez, pois se existia anéis em Urano não havia razão para não existirem em Netuno. Com a visita da Voyager II é que se pode observa-los. Num primeiro instante em que se detectou os anéis, pensou-se não serem anéis e sim arcos de anéis, que não completavam toda a volta do planeta, mas com a aproximação da sonda viu-se que eram anéis completos. Porém, em alguns pontos a densidade de matéria era maior que em outras. Por isso, quando estava a distância a sonda só pode observar alguns setores circulares dos anéis. Esse aglomerado de matéria em determinadas regiões dos anéis pode ser devido a presença de pequenos satélites.

A detecção por observações da Terra não foi possível porque os dois principais anéis são muito tenues, possuem apenas algumas dezenas de quilômetros de largura e são bem separados. Os demais anéis são bem mais tenues do que estes e os instrumentos terrestres são muito pobres para que fosse possível sua detecção. Além dos anéis existe um disco de poeira que, da mesma maneira que os aneis, esta na faixa equatorial.

Satélites

O número total de satélites passou para oito e Nereida que era o segundo em tamanho passou para terceiro, pois o 1989 N1, que por orbitar muito próximo de Netuno, não podia ser observado da Terra. Além disso o 1989 N1 e o 1989 N2 refletem apenas 6% da luz incidente o que os torna praticamente escuros.

Os demais satélites não apresentam novidades, exceto Tritão, o maior satélite de Netuno, que é pouco menor que a Lua e deveria ser tão inativo quanto a Lua, porém não foi o que se observou. Tritão se mostrou estranho desde o primeiro momento. A começar por sua órbita que está no sentido contrário a dos demais satélites e também é inclinada em relação ao equador.

Um outro fator estranho é que Tritão apresenta uma intensa atividade vulcânica, só que o fluido expelido é nitrogênio líquido. O satélite apresenta calotas polares recobertas de nitrogênio congelado que atingem até 3/4 da distância que vai do polo ao equador quase perfeitamente brancas, refletindo quase toda luz solar. Portanto, isso permite que Tritão seja provavelmente mais frio que Plutão. Em alguns pontos da calota existem regiões mais escuras que absorvem mais luz e se aquecem e, dese modo, aquecendo também as regiões vizinhas. Isso permite que o nitrogênio derreta e forme verdadeiros rios de nitrogênio líquido. Outro fato observado em Tritão é que as calotas apresentam muitas linhas que tendem para nordeste, que provavelmente é resultado de erupções de nitrogênio liquido que forma o lençol existente abaixo da superfície. E nessas erupções são lançados cristais de metano escurecido por toda superfície, pois são carregados pelo vento.Todos esses fatos revelam que Tritão está em constante mutação.

Fonte: www.cdcc.usp.br

Netuno

O oitavo planeta a contar do Sol. É um planeta gigante gasoso formado por hidrogénio, hélio, metano O seu período de rotação é de 16 horas e 7 minutos, e tem os ventos mais ciclónicos do Sistema Solar. O metano da sua atmosfera absorve luz vermelha e é responsável pela coloração azul do planeta. Pensa-se que Neptuno terá um núcleo central rochoso coberto por uma camada de gelo. Neptuno tem três anéis pouco brilhantes e das suas oito luas, duas ( Tritão e Nereida ) são visíveis da Terra. Seis foram descobertas pela sonda Voyager 2 em 1989.

Netuno foi localizado em 1846 pelos astrónomos alemães J. G. Galle e Heinrich d'Arrest, com base nos cálculos efectuados pelo astrónomo inglês John Couch Adams e nas previsões da sua existência pelo matemático francês Urbain Leverrier, a partir de distúrbios no movimento de Úrano.

As temperaturas de Netuno ficam em volta dos 214 ºC negativos. rcebe o nome do deus grego do mar devido a sua aparente cor azul.

Caracteristicas Gerais

Diametro ( Km ) 49.528
Massa ( relativa a massa terrestre ) 17,14
Tempo de Rotação ( horas ) 16:07
Tempo de Translação (anos ) 164,79
Distância média da Terra ( Km ) 4.308.000.000
Distância média do Sol ( Km ) 4.497.070.000
Número de Satélites 8
Velocidade Orbital ( Km/s ) 5,4
Gravidade ( em relação a Terra ) 1,18

Fonte: br.geocities.com


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quinta-feira, 21 de maio de 2009

história da Antropofagia


Antropofagia no Brasil em 1557, segundo a descrição de Hans Staden.
Antropofagia é o ato de consumir uma parte, várias partes ou a totalidade de um ser humano. O sentido etimológico original da palavra "antropófago" (do grego anthropos, "homem" e phagein, "comer") foi sendo substituído pelo uso comum, que designa o caso particular de canibalismo na espécie humana.
A prática, conforme afirmam antropólogos e arqueólogos, era encontrada em algumas comunidades ao redor do mundo. Foram encontradas evidências na África, América do Sul, América do Norte, ilhas do Pacífico Sul e nas Caraíbas (ou Antilhas). Na maioria dos casos, consiste num tipo de ritual religioso / mágico como uma forma de prestar seu respeito e desejo de adquirir as suas caraterísticas.
Um dos grupos canibais mais famosos são os astecas, que sacrificavam seus prisioneiros de guerra e comiam alguns deles. Eles comiam os prisioneiros de guerra e outras vítimas, numa prática conhecida como exocanibalismo ou exofagia, ou seja, canibalismo praticado em indivíduos de tribos diferentes. O canibalismo que consiste no acto de consumir parte dos corpos de seus parentes e amigos mortos, é chamado de endocanibalismo.
Os poucos casos de canibalismo de humanos registrados na história da sociedade ocidental moderna estão ligados a situações limites, satisfação do instinto de sobrevivência do indivíduo perante uma opção de vida ou morte.
Em 1846, um grupo de 90 pessoas liderado por George Donner ficou preso em uma nevasca no alto de Serra Nevada, na Califórnia. Os sobreviventes tiveram que comer a carne de seus companheiros mortos para permanecerem vivos. Uma história semelhante ocorreu em 1972. Um avião da Força Aérea do Uruguai, que transportava a Selecção de Rúgbi, despenhou na Cordilheira dos Andes. Apenas 16 pessoas se salvaram. O estoque de alimentos a bordo acabou rapidamente e o único meio encontrado pelo grupo para sobreviver foi recorrer aos corpos dos colegas mortos.


Ponto de vista legal e social

Do modo de vista legal, o canibalismo de humanos, quando não se trata de uma situação limite, enquadra-se como crime de mutilação e profanação de cadáver e um grave desrespeito pela dignidade da pessoa humana. Segundo os valores da sociedade ocidental, é um ato repugnante e imoral.

 Canibalismo humano como ritual

Os líderes tribais das ilhas Fiji comiam a carne de pessoas consideradas especiais em sua comunidade. Para isso, utilizavam talheres próprios, que não podiam ser usados para consumir qualquer outro tipo de "alimento". Os habitantes da Ilha de Páscoa gostavam bastante de carne humana. Os banquetes eram promovidos em lugares isolados e apenas os homens podiam participar. Em 1912, no Haiti (Caraíbas), um grupo de haitianos matou e comeu uma garota de 12 anos em uma cerimônia Voodoo.
No meio do caminho entre o ritual e a sobrevivência está o caso da tribo Fore, da Papua-Nova Guiné. Para compensar as carências de proteínas, passaram a realizar um ritual onde os homens ficavam com os músculos, enquanto as mulheres e crianças, com o cérebro de outros membros da tribo que tinha falecido. O canibalismo foi praticado desde finais do século XIX e durou até a chegada dos colonizadores europeus na década de 1950, mas ainda no final do século XX foi descrito pelo velejador Helio Setti Jr. um caso de uma doença provocada por esta prática, que provocou a disseminação de uma doença localmente denominada kuru, a doença de Creutzfeldt-Jakob clássica.

 Brasil antropofágico

A antropofagia praticada pelos grupos tribais do Brasil, revertia-se de caráter exclusivamente ritual.
As noticias fornecidas pelos cronistas do século XVI dão conta de sua importância na organização social indígena, como fator indispensável aos ritos de nominação e iniciação. Estas sociedades eram estruturadas em função da guerra, essas tribos desenvolveram uma escala de estratificação social em que a aquisição de status baseava-se fundamentalmente na capacidade de perseguir e matar o maior número possível de inimigos.
O adversário capturado vivo era conduzido à aldeia dos vencedores e ali conservado prisioneiro durante um período no qual todas as honras e privilégios lhe eram concedidos: era designado uma mulher para lhe fazer companhia e os melhores alimentos eram colocados a sua disposição.
Durante vários dias preparavam-se a festa em que o prisioneiro seria executado segundo cerimônia solene. A execução, com violento golpe de borduna, cabia a quem o houvesse capturado, podendo ser por este transferido a alguém merecedor de tal obséquio, em sinal de agradecimento ou homenagem.
Ao prisioneiro competia manter-se altivo e valente, retrucando as provocações e insultos numa demonstração de total indiferença ante o fim próximo. Ao executor, ganhava então direito ao uso de mais um nome, e seu corpo era incisado de modo indelével, para que se perpetuassem a sua coragem e o seu valor. Dessa forma acreditavam que ao comer a carne de um inimigo guerreiro, iriam assim adquir o seu poder e os conhecimentos e as suas qualidades.
Com a vinda dos missionários jesuítas, esses costumes foi fortemente combatido, por serem incompatíveis com os valores e padrões da sociedade europeia. O costume de comer carne humana foi proscrito e reprimido pela força, com grave dano para um tipo de organização social em que a antropofagia desempenhava relevante função como processo de aquisição de prestígio e ascensão social.
Hoje em dia, a tribo dos Ianomâmis ainda conserva o hábito de comer as cinzas de um amigo morto em sinal de respeito e afecto.

 Casos patológicos extremos

O alemão Fritz Harmann, conhecido como o vampiro de Hannover, foi condenado em 1924 pelo assassinato de 30 garotos. Ele fazia salsicha da carne dos meninos, não somente para consumo próprio, como também para venda.
No passado, alguns casos famosos de canibalismo foram também associados a um contexto sexual. Por exemplo, nos EUA, durante a década de 1920, Albert Fish estuprou, matou e devorou várias crianças, alegando ter tido um grande prazer sexual resultante de seus actos. O russo Andrei Chikatilo, que matou pelo menos 53 pessoas entre 1978 e 1990, também era praticante do canibalismo com conotações sexuais.
Em 2002, a polícia alemã encontrou na casa de Armin Meiwes, técnico de informática residente em Rotenburgo, em Hessen, pedaços de um corpo humano no frigorífico. Tratava-se de Bernd-Jürgen Brandes, de 43 anos, que o procurara em resposta a um anúncio colocado por Meiwes na internet procurando por "jovens corpulentos entre 18 e 30 anos para abate". Além de matá-lo, Meiwes cortou seu pênis e comeu-o flambado. Meiwes contou à polícia que Brandes concordou que partes de seu corpo fossem cortadas e cozidas. Depois de terem comido juntos, Brandes teria concordado em ser morto.

 Cultura popular

Talvez o ícone contemporâneo mais forte acerca do canibalismo seja o personagem principal dos filmes Hannibal, Dragão Vermelho e O Silêncio dos Inocentes. Este personagem se chama Hannibal Lecter, interpretado por Anthony Hopkins (seu maior fetiche com carne humana era fígado com favas e vinho chianti).

 Bibliografia

  • Staden, Hans. Zwei reisen nach brasilien: abenteuerliche erlebnisse unter den menschenfressern. São Paulo: Hans Staden-Gesellschaft, 1941
  • Staden, Hans. Viagem ao Brasil. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1988.
HOUAISS, Antonio (apres.) Grande Enciclopédia Delta-Larousse.
 Rio de Janeiro: Delta, 1979. 15 v., 30 cm.

sexta-feira, 30 de junho de 2006

O Povo Nambikuara do Cerrado vai representar os povos indígenas do Brasil

Povo Nambikuara na Noruega


O Povo Nambikuara do Cerrado vai representar os povos indígenas do Brasil em 2 importantes festivais de música tradicional na Noruega de 5 a 16 de julho próximo.
O Festival Forde de Música Folclórica acontece de 6 a 9 de julho na costa oeste da Noruega, próximo à cidade de Berger. O Festival Riddu Riddu de Música Tradicional acontece de 11 a 16 de Julho em Gaiuvotna/ Kafjord, no extremo norte, no território do Povo Sami, povo indígena original da Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia.
O IDETI – Instituto das Tradições Indígenas, por sua atuação na divulgação e valorização das culturas indígenas do Brasil já foi convidado para vários eventos internacionais levando a diversidade, beleza e força das tradições indígenas dos povos Tukano, Xavante e Karajá para Alemanha ( Munique, Dresden, Bochum e Berlin) , Bélgica (Antuérpia) , França (Gannat e Montliçon)  e Japão (Akan – Hokkaido).
Agora, o convite veio da Noruega para o povo indígena do Brasil se juntar a muitos outros povos tradicionais do mundo numa grande celebração. E o IDETI escolheu as flautas sagradas Waihu do povo Nambikuara  para soprar o som criador dos ancestrais e levar a mensagem de força e resistência dos povos que mantêm uma conexão com o Espírito Criador.
Os Nambikuara participaram do Projeto Rito de Passagem – canto e dança ritual indígena em 2005, no Museu da República, Rio de Janeiro. Muitos saíam pela primeira vez da aldeia para uma cidade grande e levaram sua curiosidade, gentileza e sensibilidade para compartilhar com os outros povos indígenas presentes ao evento: Pankararu, Guarani e Karajá. A apresentação de canto e dança foi acompanhada por um público de mais de 800 pessoas que se emocionaram com a força da apresentação.
A viagem para a Noruega é a primeira viagem internacional do grupo e os seis representantes estão ansiosos com tudo que vão viver nesses dias próximos ao Pólo Norte: o sol da meia noite, o frio em pleno verão, o acampamento tradicional do povo Sami, a convivência com outros povos tradicionais da Noruega, Rússia, África do Sul, Japão, Jacarta, Koreia, etc...
Serão dias intensos de muitas novidades e acontecimentos, de intercâmbio com povos indígenas de outros países que conquistaram direitos, acesso a tecnologias e novos conhecimentos mas não se afastaram de seu modo tradicional de vida.
O povo Nambikuara
Nambikuara, em tupi significa “gente de orelha furada” um apelido dado pelos Guarani aos povos que habitam a região noroeste do Mato Grosso, divisa com Rondônia, áreas de Cerrado e de Floresta no Vale do Guaporé. São cerca de 1500 pessoas no total, pertencentes a 18 sub grupos, que mantêm os mesmos fundamentos da tradição, mas com diferenças significativas na língua e costumes.
Os primeiros contatos aconteceram há cerca de 100 anos , com a Missão Rondon. Apesar desse tempo, e da proximidade com as fazendas e cidades que ocuparam a região, os Nambikuara lutam bravamente para manter sua cultura e recuperar conhecimentos e costumes que estão guardados na memória dos mais velhos.
A caça e a pesca, muito apreciadas, hoje não são abundantes. Adornos e utensílios são feitos por homens e mulheres com arte e técnicas milenares com a matéria prima do cerrado: o tucum, as fibras de buriti, madeiras e plumas.
O povo Sami
O povo Sami ocupa uma vasta extensão de terras no extremo norte do mundo, cruzando as fronteiras de 4 países: Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia, muito antes desses lugares existirem enquanto nações. São caçadores, pescadores, coletores e principalmente pastores de renas. A tradição, a arte, a vida cotidiana são marcadas pelo pastoreio das renas, pelos caminhos que elas percorrem.
Não se pode definir com precisão a população Sami. Estima-se que na Noruega sejam entre  60 000 e  100 000 habitantes, de  15 a 25 mil na Suécia, 6 000 na Finlândia e 2 000 na Rússia. O Sámediggi – o parlamento Sami promoveu o recenseamento de 11 mil  cidadãos acima de 18 anos que se registraram e tomaram parte nas eleições.
Na abertura oficial do Sámediggi (Parlamento Sami) em 1997, Sua Majestade o Rei Harald V fez um pronunciamento onde enfatizou que os Sami e os Noruegueses são uma parte integral da sociedade norueguesa, e pediu desculpa pela forma como os Sami tinham sido tratados no passado: «O Estado da Noruega foi fundado no território de dois povos – os Sami e os Noruegueses. A história Sami está estreitamente interligada com a história norueguesa. Atualmente, expressamos o nosso pesar em nome do Estado pelas injustiças cometidas contra o povo Sami através da sua dura política de norueguização».
Mais informações sobre os festivais:
www.riddu.com  e  www.fordefestival.no

sexta-feira, 4 de abril de 2003

Grupos e critérios de adesão dos Nambikwara, Por Lévi-Strauss

Introdução
Linguagem
Os dados populacionais
História do contato
Grupos e critérios de adesão
Ritual da puberdade feminina
aspectos Contemporânea (Mamaindê)
Fontes de informação
Segundo Lévi-Strauss (1948), os critérios que definem uma pessoa como membro de um grupo particular, são maleáveis e, às vezes, correspondem a interesses políticos, tornando-se impossível definir o grupo a que pertença uma pessoa com alguma precisão.

Escrever sobre este tema, Price (1972) afirmou que lugar na maioria dos casos de nascimento é usado para definir grupo de pertença, enquanto patrilinearidade também pode ser chamado, apesar de uma ampla margem de manobra individual existe sempre. Preço sugere que, embora os grupos Nambikwara não se reconhecem como unidades políticas, o grupo de pertença pode ser definido pelo uso do termo anusu ('povo', na língua nambiquara do sul).



Comparando os dados de preço e Fiorini (1997) sobre os grupos do Sul Nambikwara com meus próprios dados sobre a Mamaindê (Nambikwara do Norte), notei uma variação no uso deste termo. Os grupos do sul do vale do Guaporé, estudados por Fiorini, classificar apenas os membros do mesmo grupo local como anusu. Os grupos de cerrado estudados por Price, por outro lado, também considerados membros de grupos relacionados como anusu (ou seja, todos aqueles ligados por alianças de casamento).

O Mamaindê usar o nagayandu prazo ("povo") para classificar todos os membros do grupo local, mas quando usado em oposição a "brancos" (kayaugidu), o termo pode também incluir todos os grupos Nambikwara e, em certos contextos, outros indígenas grupos que vivem na região, como os Pareci e os Cinta-Larga. Além disso, alguns animais pode ser chamado de "povo" (nagayandu). Geralmente estes tipos de reivindicações se referem ao passado mítico, quando os animais foram de pessoas, ou ao fato de que os espíritos dos mortos transformados em animais.



A extensão do uso dos termos traduzidos como "povo", portanto, indica que os limites da humanidade dependem mais do contexto do que um significado prévio ou intrínseco ao termo. O mesmo pode ser dito da ethnonyms atribuído aos grupos Nambikwara, longe de indicar uma identidade de grupo definidos anteriormente, estes termos indicam a impossibilidade de definir o próprio grupo, sem recorrer a um ponto de vista dos outros. Portanto, poderíamos dizer que, neste contexto etnográfico, os limites da humanidade e os grupos sociais dependem fundamentalmente de um relacionamento.


"Instituto Socioambiental" (ISA)