quarta-feira, 17 de março de 2010

"A fauna Brasileira em processo de extinção"


A fauna Brasileira não conta com espécies de grande porte, semelhante ás que vivem em savana ou selvas da África. na selva Amazônica existe uma abundante fauna de peixes e mamíferos aquáticos que abitam os rios,lagos e matas. Muitos deles em processo de extinção.
A fauna Brasileira é extremamente rica e variada, Pois nosso país possui uma enorme variedade de ecossistemas

Espécies em extinção

O que é a extinção?

Extinção pode ser definida como o evento pelo qual o último representante de uma espécie deixa de existir ou ainda, de mais abrangente, como o momento a partir do qual os indivíduos remanescentes de uma espécie mostram-se incapazes de produzir descendentes visíveis ou férteis.

Os extintos, os ameaçados e os que retornam

No Brasil, a extinção de espécies está muito ligada à pesca e à caça. A falta de educação ambiental também cobra seu preço, assim como a poluição de rios e as queimadas e desmatamentos. Para agravar a situação, a pobreza faz com que, muitas vezes, o único recurso para alimentação da população sejam os animais capturados na natureza.

O estado que tem o maior número de extinção é São Paulo com 124 espécies de animais em extinção, e o estado que tem menor número de animais em extinção é o Acre com 7 espécies. 
O Brasil ocupa a 4ª posição no ranking dos países com maior número de animais ameaçados de extinção, com 282 espécies em risco. Só perde para o EUA com 859, Austrália com 527 e Indonésia com 411.

A venda ilegal de animais silvestres no Brasil movimenta R$ 2 bilhões por ano. Esse tipo de tráfico só perde para o de armas e de drogas. Alguns desses animais estão em risco de extinção. E o comércio interno é o maior responsavel.
Logo abaixo temos alguns animais em extinção:

Águia-Americana; Maracajá; Águia Dourada; Mico Leão; Mico Leão Dourado; Mico Leão da Cara Preta; Mico Leão da Cara Dourada; Mico Leão Preto; Muriqui; Mutum Pinima; Onça-Pintada; Bugio; Bugio Preto; Ararajuba; Arara Azul; Ararinha Azul; Águia-Pesqueira; Águia-Filipina; Cervo-do-Pantanal; Cisne-de-Pescoço-Preto; Cobra Papa-Pinto; Ema; Gato-do-Mato; Gato Mourisco; Gorila; Harpia; Jaburu; Jacutinga; Onça Preta; Panda-Gigante; Papagaio do Peito Roxo; Peixe-Boi; Sagui Cabeça de Algodão; Sagui Bigodeiro; Sagui Branco; Sagui Leãozinho; suçuarana; Surucucu; Jacaré-Açu; Jacaré do Papo Amarelo; Jaguatirica; Lobo Guará; Macaco Aranha; Macaco Barrigudo; Tamanduá; Tangará; Tartaruga da Amazônia; Tartaruga de Couro; Veado Mateiro; Veado Catingueiro e entre muitos outros.

No Brasil tem 16 mil espécies ameaçadas de extinção.

38 milhões de animais são tirados de seu meio ambiente todos os anos.
Animais de criação em extinção 


Não só os animais selvagens sofrem com a extinção. Segundo um relatório da FAO, organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), uma raça de animal de criação desaparece por mês no mundo. Os países em desenvolvimento são o principal palco desse problema.
Pequenos produtores agrícolas abandonaram a criação de animais tradicionais em favor de raças de rendimento mais elevado importadas dos Estados Unidos e da Europa. O que pode ser um grande erro.


ONGs

Os conservacionistas estão longe de conseguir ajudar todas as espécies ameaçadas. Isto coloca a questão de se elegerem prioridades como fundamentais para a estratégia de recuperação de espécies ameaçadas. Como podemos dar apoio ao maior número de espécies e ser, ao mesmo tempo, eficientes nos gastos? Pesquisas apontam que eleger regiões prioritárias e espécies que estejam no topo da lista é uma escolha que tem dado bons resultados.

Existem várias organizações não governa-mentais (ONGs) que defendem os Hotspots do planeta e que aceitam trabalho voluntário. Colaborar com elas é uma forma de fazer algo para combater a extinção em massa de espécies.

Várias instituições científicas e ONGs têm trabalhado para reproduzir em cativeiro espécies ameaçadas.

Outra técnica usada para evitar a extinção é a captura de filhotes de espécies ameaçadas em clara situação de perigo.

Outra saída é a utilização de bancos genéticos, modelo muito usado para a preservação de vegetais, para a conservação de espécies ameaçadas.Há também trabalhos que cuidam de evitar a matança de espécies assim que nascem como é o caso do Projeto Tamar, que ajuda a salvar as tartarugas marinhas.


Contrabando de animais
"Enquanto estivermos matando e torturando animais, vamos continuar a torturar e a matar seres humanos - vamos ter guerra. Matar precisa ser ensaiado e aprendido em pequena escala; enquanto prendermos animais em gaiolas, teremos prisões, porque prender precisa ser aprendido em pequena escala; enquanto escravizarmos os animais, teremos escravos humanos, porque escravizar precisa ser aprendido em pequena escala."

Biopirataria
A biopirataria é a exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que contrariam as normas da Convenção sobre Diversidade Biológica, de 1992.


É uma forma de pirataria moderna.
Essa biopirataria prejudica a Amazônia porque ela faz diminuir o número de espécies da fauna e da flora.


Algumas espécies de animais mais contrabandeadas

Mico-estrela (Callithrix jacchus)
Macaco-prego (Cebus apella)
Preguiça-de-três-dedos (Bradypus tridactylus)
Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)
Cascavel (Crotalus durissus)
Jacaré (Caiman latirostris)
Iguana (Iguana iguana)
Pássaro-preto (Gnorimopsar chopi)
Curió (Oryzoborus angolensis)
Papagaio verdadeiro (Amazona aestiva)
Cardeal (Paroaria dominicana)

Curiosidades

Só 10% dos 38 milhões de animais capturados ilegalmente por ano no Brasil, chegam a ser comercializados, os 90% restantes morrem por más condições de transporte;
Uma arara-azul pode chegar a valer US$ 60 mil no mercado internacional;
A internet é um dos meios mais utilizados para a venda ilegal de animais silvestres;

A pena para os traficantes é de seis meses a um ano de prisão, além de multas de até R$ 5.500 por exemplar apreendido;
No mercado mundial de medicamentos 30% dos remédios são de origem vegetal e 10% de origem animal;
A falta de fiscalização e controle das espécies nativas abre as portas para a biopirataria e dá ao Brasil um prejuízo diário de US$ 16 milhões.
A seguir vamos ver como é a fauna brasileira em um vídeo que mostra diversas espécies de animais que estão presentes em nossa natureza, algumas em extinção devido à falta e consciência do homem. As pessoas tem que aprender a preservar mais a natureza e os seres que nela vivem. Confira a sequência de imagens logo abaixo:



Conheça as espécies da fauna silvestre que o IBAMA libera para ser criadas e comercializadas com a finalidade de animal de estimação:
1. Classe Aves
Nome cientifico                         Nome comum
Cyanocompsa brissonii              Azulão verdadeiro
Cyanocompsa cyanoides            Azulão da Amazônia
Saltator maximus                     Tempera-viola
Saltator similis                         Trinca-ferro verdadeiro
Carduelis magellanica               Pintassilgo
Gnorimopsar chopi                    Graúna
Amazona aestiva                      Papagaio verdadeiro
Amazona amazônica                 Papagaio do mangue
Ara ararauna                            Arara canindé
Ara macao                               Arara canga
Ara chloropera                          Arara vermelha grande
Ara severa                               Maracanã-guaçu
Aratinga aurea                         Jandaia-estrela                
Aratinga auricapilla                   Jandaia
Aratinga cactorum                    Periquito da caatinga
Aratinga jandaya                      Jandaia verdadeira
Aratinga leucophthalma            Periquitão-maracanã
Aratinga solstitialis                   Jandaia
Aratinga weddellii                     Jandaia de cabeça azulada
Brotogeris versicolurus              Periquito de asas amarelas
Brotogeris chiriri                       Periquito de encontro amarelo
Brotogeris cyanoptera               Periquito-de-asa-azul
Brotogeris chrysopterus             Periquito de asas douradas
Brotogeris sanctihomae             Periquito estrela
Deroptyus accipitrinus               Anacã
Diopsittaca nobilis                    Maracanã-pequena
Forpus passerinus                   Tuim-santo
Guarouba guarouba                 Ararajuba
Graydidascalus brachyurus        Curica-verde
Myiopsitta monachus                Caturrita
Nandayus nenday                    Jandaia de cabeça negra
Orthopsittaca manilata             Ararinha do buriti
Pionites leucogaster                Marianinha-de-cabeça-amarela
Pionites melanocephala           Periquito de cabeça preta
Pionus menstruus                   Maitaca
Pionus maximiliani                  Maitaca-verde
Pionus fuscus                         Maitaca-roxa
Propyrrhura auricollis               Maracanã-de-colar
Propyrrhura maracana             Maracanã
Propyrrhura couloni                 Maracanã-de-cabeça-azul
Triclaria malachitacea              Araçuaiava
Ramphastos toco                    Tucano
Turdus rufiventris                    Sabiá-laranjeira
Paroaria coronata                   Cardeal
Sicalis flaveola                       Canário-da-terra
Sporophila angolensis             Curió
Sporophila caerulescens           Papa-capim
Sporophila lineola                    Bigodinho
Sporophila maximiliani            Bicudo
Sporophila nigricollis                Coleiro-baiano
Zonotrichia capensis               Tico-tico
2 – Classe Répteis
Iguana iguana                        Iguana
Polychrus acutirostris                Lagarto-preguiça
Polychrus marmoratus              Papa-vento

Sinto em dizer mais isto e uma vergonha para nós brasileiros e um incentivo para os traficantes de animais continuarem a degradação de nossa fauna.
Isto também vale para outros países de nosso planeta que estão destruindo seus ecossistemas ou que já os destruirão.
Sabemos o que fazer e porque não fasemos?
Apenas conscientizemo-nos, que seremos influenciadores da sociedade.
Pequenos atos mudam o mundo, não espere apenas dos governantes, aja e não seja mais um a destruir!
como você quer deixar o mundo para seus descendentes ?

domingo, 14 de março de 2010

Mudanças Climáticas, Florestas Tropicais e Povos Indígenas

OS KAXINAWÁ DE FELIZARDO


A tese de doutorado "Os "Kaxinawá de Felizardo": "correrias", trabalho e "civilização" no Alto Juruá", do antropólogo Marcelo Manuel Piedrafita Iglesias, é o documento mais instigante que li nos últimos anos sobre o Acre. Foi apresentada em fevereiro ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Destacado colaborador deste blog, Marcelo Piedrafita teve seu trabalho aprovado com louvor ao obter o título de doutor em antropologia social.
Trata-se de uma alentada pesquisa, que se torna imprescindível para quem queira conhecer a verdadeira história do Acre. O texto da tese, com 481 páginas, é ilustrado por mapas e fotos inéditas.

A foto acima, por exemplo, é de Felizardo Avelino de Cerqueira, aos 40 anos de idade. Foi obtida pelo antropólogo do álbum da familia Cerqueira. No verso da foto, lê-se: "Offereço à Irmã e Amiga Gersina. Cruzeiro do Sul, 30-10-1926. Felizardo Cerqueira".

Ele nasceu em Vila Pedra Branca, no Ceará, a 29 de outubro de 1886. Com pouco mais de 17 anos, em março de 1904, acompanhado de uma turma de conterrâneos, deixou a cidade natal com destino ao Amazonas, passou por Belém e Manaus e desembarcou na confluência dos rios Envira e Juruá.

Naquele ano, trabalhou como seringueiro no rio Acuraua e na safra seguinte, de 1905, já como freguês de Ângelo Ferreira da Silva, começou a cortar seringa numa colocação de margem próximo ao sítio Lupuna, dividindo sua barraca com o seringueiro Francisco Gomes.

Em agosto de 1905, o ataque de cinco índios à sua colocação - seu companheiro em fuga foi alvejado por uma flecha, seus pertences foram roubados e sua casa incendiada - desencadearia uma seqüência de eventos que daria início, segundo Felizardo, à sua carreira como "catequista de índios".

No barracão, para onde Francisco foi trazido e salvo pelo tratamento prestado por Ângelo Ferreira, a imediata reação dos demais fregueses foi planejar uma "correria" - matança organizada de índios. Após refletir, dado o "risco de ser responsabilizado pela defesa que constitui dos índios", Felizardo proporia experimentar se era capaz de "entrar em contato" com os "selvagens". Sua reação, culminando com a ousada proposta, é assim justificada num relatório inédito que deixou sobre os anos vividos no Acre.

- Eu, que por diversas vezes, vi chegarem grupos de peruanos e brasileiros, trazendo consigo índias e meninos e contarem que lá ficaram inúmeros índios mortos, não me sentia bem com tremenda cena desumana. Sentia dentro de mim, não sei o que, uma compaixão pelos pobres dos prisioneiros das selvas que foram criados com tanta liberdade e em dado momento fugir de súbito da sua felicidade que outrora gozavam, para se ver prisioneiros e cativos de seus algozes, que sem compaixão jogavam-lhes nos mais brutais trabalhos.

Felizardo tinha por hábito marcar suas iniciais (FC) no braço de homens, mulheres e crianças por ele "amansados". Assim aconteceu com parte dos Kaxinawá e com outros índios que, enquanto Felizardo esteve em Revisão, ali chegaram, "pegos" em rondas da "polícia de fronteira" ou por circunstâncias de suas trajetórias pessoais.


Nesta foto, captada pelo antropólogo Terri Vale de Aquino na Terra Indígena Kaxinawá, aparece o braço do velho Regino Pereira, com a marca FC, de Felizardo Cerqueira. Uma única menção a essa prática é feita por Felizardo em seu relatório:

- Eu tinha o hábito de marcar todos os índios com as letras FC e o número de ordem que fosse amansando.

Marcelo Piedrafita revela que Felizardo dá indicações em seu relatório de que os Kaxinawá foram o grupo junto ao qual suas ações de "catequese" obtiveram resultados mais consolidados - apesar de reconhecer que "em caso algum me foi tão difícil a catequese quanto esta tribu". Ao contabilizar os resultados de seu trabalho como "catequista de índios", Felizardo diria:

- Todos os índios que foram mansos por mim, que são superior a três mil, deixei-os na mais perfeita "Liberdade". Não há prova concludente que desminta esta verdade".

Mas o antropólogo Marcelo Piedrafita observa:

- Na carta enviada ao deputado federal José Guiomard Santos em 1955, em que solicitava seu apoio junto ao governo federal para a obtenção de uma pensão, Felizardo, diferentemente, especifica ter "catequizado" "para mais de trezentos índios". Este número, cabe ressaltar, coincide com o total aproximado dos Kaxinawá que com ele permanecera após a diáspora no rio Envira, o acompanhara na mudança ao alto rio Tarauacá e com ele se estabeleceu e trabalhou no seringal Revisão.

Leia um trecho da tese de Marcelo Piedrafita. Os Kaxinawá acreditavam que Felizardo era possuidor de "poderes mágicos", que permitiam-lhe esconder-se sem deixar rastro, passar sem ser notado e não ser alvejado por armas de fogo, atributos que davam confiança aos Kaxinawá ao se engajarem com ele nas atividades da "polícia de fronteira". Clique em Um homem de "oração forte".

CLIQUE NAS FOTOS ABAIXO

Alto Rio Juruá - índios da tribo Poyanáwas, localizados na Vila Rondon, no rio Môa, em 1913


Alto Rio Juruá - índios da tribo Poyanáwa, localizados na Vila Rondon, no rio Môa, depois receber roupas, chapéus e brindes - 1913

Alto Rio Juruá - índios das tribos arara e poianáwa, reunidos em Cruzeiro do Sul - 1913. À direita, vêem-se, os coronéis Manoel Absolon Moreira e Mâncio Agostinho Rodrigues de Lima, respectivamente, "delegados de índios" dos rios Amoacas e Moa.

Alto Rio Juruá - índios da tribo arara reunidos em Cruzeiro do Sul - 1913

Alto Rio Juruá - índios das tribos jamináwa e amuáca, no rio Amoáca - 1913

Felizardo vivia com os índios kaxinawá em Revisão, no alto rio Jordão

O capitão-tenente Sadock e índios kaxinawá

Índios kaxinawá em Transwaal, no rio Jordão, afluente do rio Tarauacá, 1924

Índias no seringal Revisão

terça-feira, 9 de março de 2010

Histórias da grande nação Guarani

OS GUARANI
det105.jpg (10876 bytes)A grande nação Guarani, que à época da conquista conglomerava diversos povos, teve seu projeto histórico interrompido e subordinado à conquista espanhola. Em 1537 (data da chegada dos conquistadores espanhóis a Assunción), parte desses povos Guarani viram-se frente a frente com os juruá e, consequentemente, com todo o projeto colonial da coroa espanhola, com missionários sedentos de almas e soldados venturosos em busca de glória e riqueza.
Parte destes índios foi incorporada pelas engrenagens da imensa e complexa máquina colonial nas inúmeras encomiendas(1) espanholas, sofrendo um terrível e imediato ocaso demográfico. Segundo alguns estudos, desses grupos ecomiendados não sobrou mais do que 10% da população original, dizimada tanto pela intensidade do trabalho forçado, quanto pelas inúmeras doenças trazidas pelos conquistadores. Posteriormente, estes índios, descaracterizados, diluíram-se junto as populações invasoras européias. O antropólogo Darcy Ribeiro aponta o mesmo processo na conquista da América Portuguesa:

"Milhares de índios foram incorporados por essa via à sociedade colonial. Incorporados não para se integraram nela na qualidade de membros, mas para serem desgastados até a morte, servindo como bestas de carga a quem deles se apropriava. Assim foi ao longo dos séculos, uma vez que cada frente de expansão que se abria sobre uma área nova, deparando lá com tribos arredias, fazia delas imediatamente um manancial de trabalhadores cativos e de mulheres capturadas para o trabalho agrícola, para a gestação de crianças e para o cativeiro doméstico".(2)
Um segundo grupo, que podemos chamar de índios missioneros, encontrou refúgio da sanha colonialista nas reduções dos missionários jesuítas espanhóis e portugueses - "el hecho es que ha difundido el buen olro de los nuestros entre los habitantes de Guarambaré, y esto mismo saca a los indios de sus esconderijos, adonde se habían refugiado por miedo de los españoles, animándoles a ponerse a salvo bajo nuestro amparo"(3)- e, durante um certo tempo, apesar dos enormes esforços de catequização por parte dos religiosos, conseguiu, ainda que de forma camuflada, reproduzir-se culturalmente.
det106.jpg (12233 bytes)Com o fim das reduções e a conseqüente expulsão dos jesuítas das colônias ibéricas, esses Guarani das Missões foram vitimados por freqüentes e violentas expedições de apresamento por parte dos bandeirantes paulistas e pela cobiça dos encomenderos espanhóis. Os que, posteriormente, sobreviveram a este genocídio não retornaram às matas; ao contrário, como muitos deles haviam aprendido ofícios diversos e haviam tornado-se artesãos, marceneiros, carpinteiros e músicos, dirigiram-se aos grandes centros urbanos da época, estabelecendo-se nas cercanias de Montevidéu, Buenos Aires e Santa Fé.
Um terceiro grupo Guarani permaneceu fora do alcance das garras coloniais, escondendo-se nas densas florestas paraguaias.
    "Durante la época colonial, a lo largo del siglo XIX y hasta la actualidade, hubo grupos guaraní que conseguieron sobrevivir libres del sistema colonial. Selvas relativamente alejadas de los centros de población colonial, poco o nada transitadas por los "civilizados", los mantuvieron lo suficientemente aislados para que pudieron perpetuar su ‘modo de ser’ tradicional. Considerados apenas como sobreviventes de un mundo ya superado, fueron denominados genéricamente ‘Kaygua’ y ‘montaraces’. Apenas conocidos, sólo fueron raramente visitados por algún que otro viajante en el siglo XIX y pudieron pasar tranquilamente hasta el siglo XX sin especiales interferencias exteriores".(4)
Ainda segundo Bartomeu Meliá, os atuais Guarani Mbya, Ñandeva e Kaiowá descendem deste terceiro grupo.
Certamente, estas divisões não são mecânicas e, ao que tudo indica, mesmo esses mais grupos arredios mantinham um certo contato entre si, como afirmam os escritos do capitão-de-fragata D. Juan Francisco de Aguirre, que em 1777 travou contato com diversos grupos destes índios "...salem por parcialidades a tratar y aún asalariarse con los españoles de los benefícios de la hierba, particularmente por hachas, machetes, cuchillos. Venden frutos de chacareo como batatas, mandioca y maíz y trabajan en la faena de barcos, o ranchos".(5)
As primeiras levas Guarani que chegaram a São Paulo remontam a meados do século XIX. Em 1835, temos as primeiras notícias de grupos de Guarani-Ñandeva que aportaram na região de Iguape, onde entraram em confronto com a comunidade não-índia local. Segundo relatos de Nimuendaju, esse grupo oriundo do Paraguai vinha em peregrinação messiânica rumo à "terra-sem-males", paraíso mítico Guarani localizado ao leste, ao sol nascente.
"Os primeiros que abandonaram a sua pátria, migrando para o leste foram os vizinhos meridionais dos Apapocúva: a horda dos Tañyguá, sob a liderança do pajé chefe Ñanderyquyní, que era temido feiticeiro. Subiram lentamente pela margem direita do Paraná, atravessando a região dos Apapocúva, até chegar à dos Oguauíva, onde seu guia morreu. Seu sucessor, Ñanderuí, atravessou com a horda do Paraná - sem canoas, como conta a lenda - , pouco abaixo da foz do Ivahy, subindo então pela margem esquerda deste rio até a região de Villa Rica, onde cruzando o Ivahy, passou-se para o Tibagy, que atravessou na região de Morro Agudos. Rumando sempre em direção ao leste, atravessou com seu grupo o rio das Cinzas e o Itararé até se deparar, finalmente com os povoados de Paranapitinga e Pescaria na cidade de Itapetinga, cujos primeiros colonos nada melhor souberam fazer que arrastar os recém-chegados a escravidão. Eles porém, conseguiram fugir, perseverando tenazmente em seu projeto original, não de volta para o oeste, mas para o sul, em direção ao mar. Escondidos nos ermos das montanhas da Serra dos Itatins fixaram-se então, a fim de se prepararem para a viagem milagrosa através do mar à terra onde não mais se morre.
Os antigos habitantes do litoral, os Karijó, já então estavam há muito extintos; quando se espalhou pelas colônias da região da Ribeira a notícia da chegada de novos índios, empreendeu-se imediatamente uma expedição contra estes. Os Tañyguá, no entanto, estavam de sobreaviso. Sob o comando de Avuçu, seu melhor guerreiro, fizeram muito habilmente uma emboscada a seus perseguidores, perto da desembocadura do rio do Peixe no Itariry, infligindo-lhes perdas que os rechaçaram. Afinal, conseguiu-se de forma amigável o que com força não se alcançara: por intermédio de um índio conhecido como Capitão Guaçu, os brasileiros estabeleceram relações amistosas com os Tañyguá, e estes receberam em 1837, do Governo, uma légua quadrada [légua em quadra ?] de terra do rio do Peixe e no rio Itariry".(6)
Os Guarani Mbya começaram a chegar, ao que se sabe, a partir do início do século XX. Em 1921, Nimuendaju, na época funcionário da antigo SPI, teve a ventura de acompanhar de perto a migração de um pequeno grupo Mbya rumo ao mar. Esta fantástica experiência não modificou apenas o modo desse antropólogo alemão encarar a sociedade Guarani, como a partir de então, iria influenciar de maneira decisiva, o modo como a maioria dos antropólogos passaria a ver os Guarani.
Ao inteirar-se de que meia dúzia de índios guarani encontrava-se acampada a 13 km a oeste de São Paulo, às margens do rio Tietê, Nimuendaju, temeu que a imprensa fizesse um escarcéu sobre o assunto e dirigiu-se imediatamente ao pequeno acampamento:

"(...) em hipótese nenhuma poder-se-ia deixá-los entregues à sua sorte. Não só porque esta teria sido bastante triste, com também porque a imprensa se apropriaria do caso, exagerando-o e o utilizando para todos os fins propagandísticos possíveis".(7)
Nimuendaju encontrou-os extenuados, em terrível estado de miséria. Naquela mesma noite uma criança morreu, aumentando ainda mais seus temores em relação à imprensa - "eles queriam atravessar o mar em direção ao leste; tamanha era sua confiança no sucesso deste plano que quase levou-me ao desespero."
Após tentar, reiteradas vezes fazê-los mudar de idéia, Nimuendaju rendeu-se à persistência daqueles índios e resolveu acompanhá-los até o fim daquela jornada.
Efetivamente, após três dias de caminhada, eles chegaram à Praia Grande, litoral sul de São Paulo. Era noite, estava chovendo e, naturalmente, os índios não enxergaram o mar. Após essa noite chuvosa, o dia seguinte raiou límpido. E o mar pôde mostrar-se em todo seu esplendor para aquele pequeno grupo. Um espetáculo que aqueles guarani nunca haviam visto, que frustrou de modo brutal todas as suas expectativas de alcançarem a "terra-sem-males" através do mar. Segundo Nimuendaju:

det109.jpg (8930 bytes)
"Visivelmente, toda a situação lhes parecia extremamente lúgubre. Eles haviam aparentemente, imaginado o mar de forma totalmente diversa e, sobretudo, não tão terrivelmente grande. Sua confiança havia sofrido um golpe violento".(8)
Nesse momento de seu livro, Nimeundaju elabora a pergunta que modificaria toda a literatura produzida a partir de então sobre os Guarani: não será a causa das migrações dos grupos tupi-guarani e, conseqüentemente, dos Guarani, orientada por um viés religioso e não por seu caráter guerreiro?

"(...) poderá a marcante expansão daquelas hordas ao longo do mar, observada no início do século XVI, ser atribuída a causas bélicas, como se costuma supor, ou a motivos religiosos?"(9)
Não seria a busca da "terra-sem-mal" o grande impulsionador das caminhadas Tupi?
Segundo Bartomeu Meliá, com esta questão Nimuendaju lança a pedra fundamental que iria alicerçar todos os estudos acerca dos Guarani: a busca da "terra-sem-males" como fator essencial para se entender o Guarani e sua visão mundo. Entretanto, nesse momento, também ocorre uma "Mbyalização" do Guarani. Segundo Meliá, Nimuendaju possivelmente não sabia que se tratava de um grupo de Guarani Mbya. E esta experiência de meia dúzia de índios Mbya, foi ampliada conceitualmente para todos os outros subgrupos Guarani, influenciando todas as outras interpretações, estudos e discussões acerca da expansão Guarani, seja ele Mbya, Kaiowá ou Ñandeva.

"Mas por que estariam migrando? Na interpretação de Susnik, seria porque seu habitat original ‘no representaba ventajas potenciales para el cultivo por rozado, de donde las primeiras tendências del ogwata expansivo hacia el sureste rumbo a los rios Amaby e Yguatemi’. Para Nimuendaju, estariam em busca da Terra sem Mal, idéia também apoiada por Meliá, por considerar que o Chaco, a ser atravessado pelos Itatim, não apresentava características próprias das terras buscadas pelos Guarani, na sua expansão pelas bacias do Paraguai, Paraná e Uruguai. Segundo pesquisas mais recentes, a expansão guarani em direção a estas bacias estava ligada ao aumento demográfico e consequente necessidade de novos espaços ao manejo agro-florestal que adquiriam e que permitia dominar e incorporar novas áreas".(10)
Dentre os três subgrupos Guarani já citados, o Mbya é o que vem tendo maiores reservas com relação à educação formal, principalmente devido à sua profunda religiosidade e apego à tradição. Este subgrupofig5a.jpg (21037 bytes) herdou todo o misticismo Guarani em suas rezas e seu modo de encarar o mundo não-índio, utilizando esta característica cultural como forma e estratégia de resistência a um mundo que considera ñeychyrõgui arauka i anguãema ("terrível e imperfeito").
O rezador guarani, Ñanderu’i, nos traz a imagem criada por Bosch em uma de suas pinturas mais significativas, As Tentações de Santo Antão, na qual o homem santo encontra-se refugiado em seu oratório cercado por um mundo pecaminoso e imperfeito. Assim como o Santo Antão de Bosch, o rezador Mbya refugia-se em seu tekohá em busca de expiação, isolando-se de todo o contato com o mundo exterior, isto é, exterior à tradição Guarani, ao ñande reko. Somente através da rememoração (no sentido mítico de retornar a pureza original, ab origine) obtida pela reza, é que o Mbya talvez acumule forças suficientes para empreender a grande viagem a Yvy Maraney: a terra sem mal, e fugir deste mundo decadente que já aponta sinais que anunciam a "exaustão da terra": o fim apocalíptico.
"Quando os pajés, em seus sonhos, vão ter com Ñanderuvuçu, ouvem muitas vezes como a terra lhe implora: ‘devorei cadáveres demais, estou farta e cansada, ponha um fim a isto, meu pai’. E assim também clama a água ao criador, para que a deixe descansar; e assim também as árvores, que fornecem a lenha e o material de construção; e assim todo o resto da natureza. Diariamente se espera que Ñanderuvuçu atenda as súplicas da sua criação."(11)
A busca da yvy marane’y é uma experiência religiosa cotidiana e presente em todos os subgrupos Guarani, diferindo-se na expectativa e na forma em que se dá esta procura. Porém, se a cautela aconselha a não relacionarmos indistintamente a migração Guarani com religiosidade Guarani; em relação ao Mbya pode-se afirmar o contrário, que migrações e deslocamentos geográficos encontram-se profundamente marcados por seu caráter mítico, como na recente ocupação da Ilha do Cardoso, litoral sul de São Paulo, quando, em meados de 1994, cerca de 40 guarani oriundos do Rio Grande do Sul chegaram à ilha orientados por líderes espirituais em peregrinação messiânica.
(Texto extraído da dissertação "Ymã, ano mil e quinhentos: escolarização e historicidade Guarani na Aldeia de Sapukaí" - Faculdade de Educação - Unicamp)

(1) "Índio encomendado era o índio entregue ao espanhol para fins de conversão e catequese. Originada na Espanha medieval e no repartimento das populações mouras entre os conquistadores espanhóis, na colonização americana a encomienda se desenvolveu como uma relação de proteção e de dependência entre grupos de índios e um patrono, ou colonizador, que tinha a obrigação de doutriná-lo, em troca da utilização de seu trabalho.  Na realidade a 'encomienda' constitui uma instituição capital no desenvolvimento da colonização de mão-de-obra indígena em proveito do europeu e acobertando a escravidão indígena, pois deixava a salvo a liberdade jurídica do índio, resguardando a suprema soberania da Coroa espanhola sobre novos súditos". DE ALMEIDA, Rubem Ferreira Thomaz. Relatório sobre a situação dos Guarani-Mbya do Rio Grande do Sul: a questão de terras.  Rio de Janeiro: Fundação Nacional do Índio, datilografado. 1985, p. 27.
(2) RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 99
(3) CI - CARTAS DE ÍNDIAS.  Carta de Índias.   Ed. facs. 3t, Madrid. 1974 in MELIÁ, Bartolomeu. El guaraní conquistado y reducido. 3 ed. Asunción: Centro de Estudios Antropolológicos, 1993, p. 180.
(4) MELIA,   Bartolomeu. El guarani: experiência religiosa. Asunción: CEADUC-CEPAG, 1991, p. 18
(5) MELIA, Bartolomeu. GRUNBERG, George. GRUNBERG, Friedl. Los Pai-Tavyterã - etnografia guarani del Paraguay contemporáneo. Asunción: Centro de Estudos Antropológicos, 1976, p. 175.
(6) NIMUENDAJU, Curt. As lendas da criação e destruição do mundo. São Paulo: HUCITEC - EDUSP, 1987, P. 10.
(7) Idem,  p. 105.
(8) Idem,  p. 106.
(9) Idem,  p. 107.
(10) BRAND, Antonio. Op.cit., p. 17
(11) NIMUENDAJU, Curt. Op. cit., p. 71

segunda-feira, 8 de março de 2010

"08 de março, Dia Internacional da Mulher aos Olhos das Mulhers Indígenas"

Mulheres Indígenas

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 PARABENS PELO SEU DIA DE ONTEM HOJE E POR AMANHA 

Índias! Nossas vidas, nosso caminho

Depoimentos de algumas mulheres indígenas sobre o dia internacional da mulher!

Para nós mulheres indígenas os desafios surgem muito cedo, pois com o casamento a comunidade espera que nós sejamos boas esposas, cuidando da casa e dos filhos. Porem, se uma mulher quer seguir um rumo diferente na sua vida, tem que enfrentar alguns preconceitos, pois a comunidade questiona porque uma mulher casada procura um modo diferente pra sua vida. Atualmente essa perspectiva vem mudando, mas a comunidade ainda tem aquele pensamento de que os homens devem sustentar a família.
Assim o papel da mulher fica basicamente voltado para a família, dando apoio emocional, afetivo e moral. Porém, a cada dia que passa, nós mulheres estamos conquistando nosso espaço dentro da aldeia e devido a nossas novas posições precisamos ter formação acadêmica, melhorando cada vez mais nossas capacidades.
 Hoje na minha aldeia o numero de mulheres que estão buscando uma educação escolar melhor é maior que o dos homens,
A mulher tem e sempre teve uma influencia muito grande nas decisões internas nas aldeias, só que isso não transparece muito para toda a comunidade. Como acontece, parece que só os homens são importantes nas decisões e ações que são fundamentais para a comunidade, mas a mulher com certeza sempre influencia ou toma a decisão diretamente. Hoje nesse nosso dia eu quero dar parabéns a todas nós mulheres principalmente nós mulheres indígenas, pois estamos buscando o que queremos para melhorar nossas vidas. Sei como é difícil para nós seguirmos caminhos que muitas vezes nos afastam um pouco dos nossos filhos, de nossa família, mas isso faz parte de assumir mais responsabilidades, e lembremos que quando conquistamos mais espaço passamos a ser mais vitoriosas por conseguirmos conquistas que melhoram a vida de nossa família e de toda a nossa comunidade. 
 Olinda Muniz (Clairê Pataxó Hã-hã-hãe)






Maria Muniz

TUXÁ – HERÓINAS

Pensei que fosse fácil ter algo a dizer sobre nós: Mulheres Indígenas !Mas, percebo que é um denso e complexo tema, uma vez que, falar sobre Mulher de um modo geral, é estar se voltando a essência da vida, olhando a progenitora da criação.
Contudo, somente há pouco tempo conseguimos sair deste lugar, de apenas, “mulher da criação” e sermos vistas pelo nosso potencial, pela nossa garra, altivez, sensatez…
Afinal, de manhã quando abrimos os nossos olhos, já estamos prontas para mais um dia de labuta, de alegrias, conflitos e descobertas…
Nosso sorriso esta disposto a ser ofertado à tudo aquilo que é belo e criado por Tupã; as nossas mãos estão ágeis a produção: do artesanato, do cozido, da limpeza, de um carinho, de um balanço no maracá e para ninar a nossa “cria”;
Nosso corpo em si, encontra-se apto, em movimentos: indo, vindo, fazendo, somando, dançando, vibrando e Sendo.
E enquanto aos nossos olhos?
Hum…estes nossos olhos puxados e vividos muitas vezes choram, e como choram por ver tanto descaso, preconceito, desfeitas, intrigas, falsas promessas…
Mas aí, uma voz sábia fala aos nossos ouvidos:
- Você tem identidade, tem cultura, tem força…Lute!
E de repente, essa voz faz com que o nosso choro se converta em uma expressão facial de quem se prepara para guerrear . Nos tornamos assim, Grandes Mulheres Indígenas -Guerreiras!
(Aproveito para fazer uso da analogia do parente Anápuaká – Pataxó hã-hã-hãe, a respeito da “água da fonte”).
Pois é parente, nós mulheres indígenas ao despertar dessa “voz”, lá estamos: lindas e fortes bebendo a água da fonte das nossas raízes culturais. Tentando matar a nossa sede e a sede dos ‘Nossos” por: justiça, respeito, solidariedade, igualdade , amparo;
E principalmente lá estamos, porque bebemos da água da criação, pois é, volto ao inicio do texto, porque somos e temos a honra de ter força suficiente para “parir”, ou seja, perpetuamos a nossa raça, damos luz/ vida a novos olhares, novos sorrisos, damos vida a novos guerreiros e guerreiras.
Enfim, como Mulher Tuxá que sou, digo que nós, não somos apenas Mulheres Indígenas, mais sim: HERÓINAS!
Nita Tuxá
 
 

india Noemia Tuxá

 
Pataxó Hã-hã-hãe – Mulheres Indígenas, força de nossas aldeias
Com o passar do tempo a vida de nós mulheres indígenas vem mudando muito, pois antigamente nós tínhamos nossos afazeres limitados a cuidar dos filhos e da manutenção das roças e das casas. Atualmente nós mulheres entramos na política e temos voz ativa nas decisões da aldeia. Voz que antes era restrita aos homens. Hoje temos mulheres ocupando cargo de cacique que antes era cargo limitado aos homens, por terem que viajar muito e tomar decisões mais serias para a vida do nosso povo. Na minha aldeia Pataxó Hã Hã Hãe, nós mulheres temos um espaço muito grande na política indígena, já tivemos mulher candidata a vereadora e temos mulheres ocupando cargo de lideres até de cacica. Vemos isso como um grande avanço para nossa sociedade. Isso também é prova que os homens indígenas não são tão machistas quanto se pensa, pois para nós mulheres conseguirmos esse tipo de cargo precisamos do apoio dos homens também e eles reconhecem que temos capacidade de assumir os cargos que conquistamos.
Queremos continuar crescendo nosso espaço político na aldeia e fora dela, pois somos capazes e isso é importante para acabar com o preconceito de que mulher indígena só serve pra cuidar dos filhos e da casa. Todo dia é dia da mulher indígena, pois trabalhamos muito duro pelo nosso povo, porém é importante termos uma data para comemorar nosso dia e é por isso que temos o dia 30 de outubro como o nosso dia.
Olinda Muniz Pataxó Hã-hã-hãe

KARIRI XOCÓ – A LUTA DAS MULHERES INDÍGENAS
A índia e a inclusão nos movimentos sociais organizados nessa era revolucionaria a mulher indigena vem aos poucos se incluindo em movimentos sociais devido as grandes necessidades sofridas pelo povo gerada até por decisão de lideres que por muitas vezes prejudica a comunidade; também ela vem se incluindo na busca ao direito sobre educação, saúde e trabalho. E dentro de sua disponibilidade e habilidade nós trabalhamos realizadas como artesanatos, músicas, danças e cura. cada vez mais está aparecendo hoje a mulher índia que luta para ser qualificar é sustentar a sua familia.
Ydayany Kariri-Xocó


Kariri-Xocó
Silvia Nobre Wajãpi
Quero parabenizar minhas parentes, minhas irmãs, meus irmãos… o meu Povo! Por resistirmos e continuarmos em nossa luta.
Hoje quase que totalmente fortalecida, coloco à disposição de todos os meus parentes do Brasil(Povo Indigena), a minha FORÇA, a minha CORAGEM a minha LUTA.
Ja aprendi quase tudo que tinha que aprender, e nesses anos de estudos longe dos meus, aprendi que “podemos ser tudo aquilo que eles são, e eles nunca serão aquilo que somos”… quero ensinar agora aquilo que aprendi.
Me formei em Artes, Fisioterapia, sou especialista em Anatomia e Biomecânica, Fisiologia do Exercicio, e agora após um Curso de Politica e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (RJ) me especializo em Relações Internacionais.
Onde meu povo precisar de mim, lá estarei… e é só chamar.
PARTE REMOVIDA
 Silvia Nobre Wajãpi