
Estava na parada de ônibus. Duas meninas se aproximaram, falando alto. De cara, pensei “ih, isso aí vai render! Já vou até tirar meu bloco e minha caneta da bolsa, que vai render um texto”. Dito e feito.
Lá pelas tantas, as duas começaram a falar de livros, especialmente do escritor Paulo Coelho. Uma declaração, em especial, me chamou a atenção: “Eu nunca li nenhum livro dele, mas eu o odeio. Ele pode até escrever algo decente, algum dia, mas meu ódio por ele vai ser imortal”.
Em primeiro lugar, a menina não tinha lido uma palavra sequer escrita pelo Paulo Coelho e se sentia no direito de odiar ele, assim, sem motivo. E, pior ainda, não lhe dava créditos. Quer dizer que se estivesse escrito o nome Paulo Coelho no melhor livro que ela já leu, nem teria lido, é isso? Não tem explicação.
Não estou defendendo o escritor, por favor, não me entendam mal. O que destaco é apenas um pequeno fato, isolado, mas que representa algo muito comum no nosso dia-a-dia: o rótulo, o pré-conceito.
Desde crianças exercitamos nosso ímpeto julgador. Olhávamos para a comida e dizíamos que não gostávamos dela, sem nunca ter provado. Na verdade, o que não nos agradava era a “cara” da refeição, não é mesmo? E, desde então, não mudamos nossas atitudes. Falamos mal sem ter visto, lido, experimentado, feito. É um discurso vazio, sem qualidade nem validade alguma, pois não apresenta argumentos, além de injusto.
Colocamos logo um rótulo em inúmeras coisas; separamos aquilo que não conhecemos daquilo que não conhecemos e (dizemos que) não gostamos. Mas há alguma diferença?
Nosso pré-conceito pode afetar nosso relacionamento em sociedade, nos privar de ótimas experiências, maravilhosas companhias, inesquecíveis viagens, bons shows, novas amizades, enfim, uma série de coisas que a vida nos oferece. Vamos fazer uma forcinha e nos reeducarmos.
Vale a reflexão.
Histórias Mirabolantes
Nenhum comentário:
Postar um comentário