Para conservar práticas espirituais, aldeia no AM ganha escola de xamanismo
Saber tradicional inclui cura de doenças desconhecidas pela ciência.Antropólogo conseguiu apoio nos EUA para construção de maloca.
A influência de culturas externas ameaça a tradição do xamanismo entre os índios. Para tentar salvar os conhecimentos tradicionais dos baniwas, foi criada na aldeia Uapuí, na Terra Indígena Alto Rio Negro, no noroeste do Amazonas, uma escola para que novas gerações aprendam as técnicas de cura espiritual criadas ao longo de séculos por esse povo da floresta. A inauguração aconteceu no final do ano passado.
(Foto: Michel C. Wright/Divulgação)
Mulheres baniwas receberam visitantes com dança para a inauguração da escola de xamanismo na aldeia Uapuí.
Manuel da Silva, o Mandu, xamã da mais alta graduação entre os índios da região, que dirige a escola junto com seu irmão Mário. (Foto: Michel C. Wright/Divulgação)
Foto: Michel C. Wright/Divulgação
Os pajés, a quem os índios atribuem o poder da cura por meio do mundo espiritual, foram perseguidos e acusados de práticas satânicas. Isso fez com que eles permanecessem somente em aldeias mais isoladas.
Os xamãs passam anos estudando para conseguir entrar em transe e, segundo acreditam os índios, buscar no mundo dos espíritos a receita de cura de cada doença, que então se dá com ingredientes naturais. “É um sistema de crença que nós não temos”, comenta Wright.
Segundo o pesquisador, a formação de novos pajés é importante porque eles conhecem a cura para doenças específicas da área do noroeste da Amazônia, causadas por fungos, plantas ou animais, entre outros, que não foram estudados pela ciência.
Na maloca construída com apoio americano na aldeia Uapuí, um grupo inicial de 12 alunos de diferentes aldeias baniwas vai estudar por pelo menos dois anos para se iniciar na pajelança, embora a aquisição dos conhecimentos tradicionais seja algo que leva a vida toda entre os xamãs.
Autor:Dennis Barbosa Do Globo Amazônia, em São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário