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domingo, 27 de junho de 2010
Assine a nova petição para proteger as florestas brasileiras.
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sábado, 19 de junho de 2010
Indios da etnia Nambikwara
Famosos na história da etnologia brasileira por ter sido contactado "oficialmente" pelo Marechal Rondon e estudados pelo renomado antropólogo Claude Lévi-Strauss, os Nambikwara hoje vivem em pequenas aldeias, nas cabeceiras do Juruena, Guaporé e (anteriormente rios) Madeira .
Eles habitam tanto o cerrado ea floresta amazônica, bem como as áreas de transição entre estes dois ecossistemas. Os Nambikwara ocuparam uma extensa região no passado e mostrou uma acentuada mobilidade espacial. Possuindo uma cultura material aparentemente simples e uma cosmologia universo extremamente complexo e cultural, os Nambikwara ter preservado sua identidade através de uma mistura de indiferença e de abertura para o mundo.
Tarefa difícil é a obtenção de vocabulários de uma tribo como a dos Nhambiquaras, que se tem conservado fora do contato dos civilizados. Não se pode contar, nem ao menos, com o concurso de intérpretes indígenas. E, assim, nunca se tem a certeza de que o índio tenha compreendido exatamente o que se lhe pergunta, nem de que a sua resposta seja a mais adequada. Também muito embaraçosa, porque toda pessoal, é a questão da grafia do que se tem por bem ouvido. Os seguintes vocábulos foram conseguidos dos índios do Juína: Português Nambiquara
Introdução |
Linguagem |
Os dados populacionais |
História do contato |
Grupos e critérios de adesão |
Ritual da puberdade feminina |
aspectos Contemporânea (Mamaindê) |
Fontes de informação |
Eles habitam tanto o cerrado ea floresta amazônica, bem como as áreas de transição entre estes dois ecossistemas. Os Nambikwara ocuparam uma extensa região no passado e mostrou uma acentuada mobilidade espacial. Possuindo uma cultura material aparentemente simples e uma cosmologia universo extremamente complexo e cultural, os Nambikwara ter preservado sua identidade através de uma mistura de indiferença e de abertura para o mundo.
- Outros Nome: Nambiquara
- Onde estão: Mato Grosso, Rondônia
- Quantos 1,682 (Renisi, 2008)
- Família Linguística: Nambikwara
"Eu olhei para uma sociedade reduzida à sua expressão mais simples. Nambikwara do que foi o ponto que eu encontrei apenas os homens. " Claude Lévi-Strauss, Tristes Trópicos. |
Vocabulário "Nhambiquara"
(grafia atualizada) (grafia do original)
mão - naïquecê
peito - nônocá
nariz - nouánênê
olho - nôssenê
orelha - urêia (1)
que é isto? - irunditiá
sol - iruquecê
Índios de Campos Novos:
cabelo - toaïniquecê
olho - toaïentsê
fronte - toaïanaquicê
nariz - toaïnequetancê
boca - toaïucê
barba - toaïtucê
dente - toaïecê
língua - toaï-hu-herê
orelha - toaïnanecê
pescoço - toaïerecê
peito - toaïnocacarê
saliência mamária - toaïnunquecê
costela - toaïnintecê
clavícula - toaïcracecê
ventre - toaïcatanicê
umbigo - toaïnentecê
pênis - toaïquicê
testículos - toaïquinancê
coxa - toaïniquicê
perna - toaïcucecê
pé - toaïnquicê
mão - toaïtolocê
polegar - toaïtacê
indicador - toaïquetecê
dedo médio - toaïquenôráneacê
anular - toaïquidutecê
dedo mínimo - toaïquecacê
unha - toaïcanaquecê
faca - iurê
rifle - uquecê
terçado - odiguenacacaicê
arco - duducacê
flecha - arainzê
colar - iêriquicê
contas do colar - caunriquecê
cordão - areinancê
roupa - uárinquárinzê
pano - cuinanzê
palha do teto - hêrênanzê
couro - unuterararê
pau - issucê
chifre - ununatacê
caneco - catecê
mesa - ericorocê
fogo - anicê
terra - inquinecê
sol - utianezê
algodão - cunhatecê
feijão - cadaquenacê
fumo - etecê
milho - queiáquicê
farinha - oriquenazê
açúcar - duiacê
água - hôreacê
homem - nhaurarocê
trabalhador da Comissão*- toánucê
mulher - êdarudacê
criança - oáidicê
cachorro - oáirurê
remédio - oraireacê
branco - êcênanzê
amarelo - uaicêdiceditenanzê
azul - uaiúreúquenazê
preto - uáririrê
vermelho - ôrêhedenazê
sim - eraintenezê
não - raintecê
"Instituto Socioambiental (ISA)(1) Bem se percebe, nesse vocábulo, alguma influência próxima ou remota dos civilizados. [*] Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas.
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quinta-feira, 17 de junho de 2010
Ministro da Justiça dá (mal) prosseguimento a acordo com AIR
O ministro da justiça, Luiz Paulo Barreto, deu cumprimento ao seu acordo com os índios do Acampamento Indígena Revolucionário ao enviar o Memorando 1375 à presidência da Funai ordenando que seja criada uma unidade gestora como Coordenação Regional na cidade de São Luís e que sejam movidas as coordenações regionais de Maceió para Garanhuns e de Chapecó para Curitiba.
A coisa complicou. Acho que o ministro fez isso em acordo tácito com as possibilidades da atual direção da Funai, que não quer mexer muitos pauzinhos para criar três novas coordenações regionais. Três novas coordenações regionais precisarão de 3 DAS3, 3 DAS2 e 9 DAS1. Compromentimentos políticos em Brasília dificultariam essas disponibilizações, daí porque a atual direção da Funai vem tentando convencer as lideranças indígenas a esperar a criação de novos DAS por medida provisória do presidente Lula. É claro que as lideranças indígenas não aceitam isso porque é, mais uma vez, enrolação.
Pior: problema ainda mais evidente é que nem os índios de Alagoas vão aceitar isso, nem tampouco os de Chapecó!
Que enrascada!
Aló, alô, Ministro Luiz Paulo, fala sério! O acordo foi outro e esse emenda é pior do que o soneto!
Fonte: Blog do Mércio
A coisa complicou. Acho que o ministro fez isso em acordo tácito com as possibilidades da atual direção da Funai, que não quer mexer muitos pauzinhos para criar três novas coordenações regionais. Três novas coordenações regionais precisarão de 3 DAS3, 3 DAS2 e 9 DAS1. Compromentimentos políticos em Brasília dificultariam essas disponibilizações, daí porque a atual direção da Funai vem tentando convencer as lideranças indígenas a esperar a criação de novos DAS por medida provisória do presidente Lula. É claro que as lideranças indígenas não aceitam isso porque é, mais uma vez, enrolação.
Pior: problema ainda mais evidente é que nem os índios de Alagoas vão aceitar isso, nem tampouco os de Chapecó!
Que enrascada!
Aló, alô, Ministro Luiz Paulo, fala sério! O acordo foi outro e esse emenda é pior do que o soneto!
Fonte: Blog do Mércio
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sexta-feira, 11 de junho de 2010
Indios da etnia Avá-Canoeiro
Eles eram milhares, hoje são pouco mais de 20
OS Avá-Canoeiros são um povo tupi que ocupava amplos domínios, ao longo do médio e baixo rios Tocantins e Maranhão, atualmente parte Estado de Goiás e parte Estado do Tocantins. Chegaram a somar 5 mil pessoas, porém, hoje somam apenas 22 indivíduos, distribuídos na reserva de Minaçu, em Goiás, e Ilha do Bananal, no Rio Araguaia, no Tocantins. São um povo em extinção e um retrato desses 500 anos de Brasil.FRENTES de contato da Fundação Nacional do Índio (Funai) tentam há 10 anos encontrar outros avás no nordeste goiano e sudoeste tocantinense, mas nenhum 'novo' índio foi localizado. Em outra frente, o Instituto de Pré-História e Antropologia da Universidade Católica de Goiás (UCG) e o chefe do posto da Funai de Minaçu, Valter Sanchez, vêm promovendo encontros entre os dois grupos, em uma tentativa de aproximá-los, estreitar as amizades e, quem sabe, poder ver, em alguns anos, casamentos entre os adolescentes, o que pode significar uma esperança de perpetuação desse povo.
OS DOIS grupos têm a mesma história triste e violenta. A situação atual é resultado de séculos de guerra dos canoeiros - nome dado graças à sua habilidade de usar canoas - contra as sucessivas levas de homens brancos que, munidos do diferencial de terem armas de fogo, invadiram suas terras para transformá-las em fazendas.
ESSA invasão começou a ganhar força no século 18 e gerou tantos confrontos e genocídios que, já em 1860, os avás estavam tão reduzidos que não podiam mais lutar contra os invasores. Mesmo assim, a coragem e a determinação canoeiras iriam atravessar o tempo. Cem anos depois - na década de 60 do nosso século - as lutas continuavam. Foi, então, em Campinaçu, norte de Goiás, que aconteceu o último e definitivo episódio contra a nação canoeira. Fazendeiros armados até os dentes fizeram uma emboscada contra a última aldeia avá que ainda existia e promoveram um genocídio. Eram centenas de índios, mas só sobreviveram os poucos que conseguiram fugir, entre eles alguns dos dois grupos de hhoje. Desde, então, tornaram-se o que Dulce chama de "povo invisível", pois passaram a não deixar pistas e nem a ser vistos.
O GRUPO DE MINAÇU é inteiramente avá e foi contatado em 1983, perto da aldeia atual. Vive na reserva de 38 mil hectares, junto ao Rio Tocantins, dos quais 3 mil foram ocupados pela usina hidrelétrica de Serra da Mesa, que lhes paga royalties. Têm casas de alvenaria, comida boa, assistência e os seus cachorros têm até carteira de vacinação. Com quatro adultos, um adolescente e uma criança, são, a começar dos nomes (Iawi, Tuia, Nakwatxa...), a memória viva do que sua nação foi um dia. São eles também os únicos que ainda falam um pouco da língua avá, mantêm alguns dos rituais e plantam e caçam. Contudo, as constantes fugas pelo mato e o fato de os bebês chorarem e denunciaram suas presenças fizeram com que o grupo passassem a evitar filhos. Depois do nascimento dos dois jovens (Trumak, 11 anos, e Putdjawa, 9), decidiram não ter mais filhos. E não falam mais sobre o assunto.
O GRUPO DA ILHA do Bananal, no Rio Araguaia, vive uma situação menos confortável e mais aculturada. Apareceram para a sociedade nacional em dois momentos. Em 1973, cinco deles foram contatados e, um ano depois, outros quatro apareceram. Eram seis adultos e três crianças. Após alguns meses, quatro dos adultos morreram de gripe. Os sobreviventes foram transferidos de lugar para lugar até serem colocados em definitivo na aldeia de Canoanã, no Bananal, onde vários povos indígenas convivem. Com o tempo, misturaram-se com alguns deles, particularmente os Javaés e os Tuyás, o que resultou em novos filhos - todos batizados com nomes de brancos, como Angélica, Cilene e Diego.
DE INÍCIO não foi fácil. Os Javaés não aceitavam os canoeiros, pois sempre foram inimigos históricos. Aos poucos, o quadro mudou. Os avá foram ocupando seus espaços, mas isso não impediu que, ainda hoje, sejam discriminados e tratados como subalternos e que vivam na miséria e no abandono. A sua dieta, por exemplo, entre ano sai ano, se resume ao máximo a arroz, farinha e peixe. Os mais antigos sonham em viver na Mata Azul, uma exuberante formação vegetal no sul do Estado do Tocantins, onde seus antepassados, que viveram dias de glória ali, estão sepultados. A área, contudo, já foi incorporada ao 'sistema produtivo nacional'.
NESSE contexto, parecem não haver motivos para que os avá do Bananal não queiram ir para a reserva em Minaçu, como propõe a UCG e o posto da Funai local, mas as coisas não são tão simples. Mesmo com origens comuns, os dois grupos tiveram destinos diferentes, o que resulta em nuances de valores, identidades e convivências. "É preciso promover encontros periódicos para que os vínculos sejam maiores", explica Dulce. Os resultados desses esforços só serão revelados pelo futuro. Os dois grupos podem tornar-se mais que amigos, porém nada garante que vão se unir e virar parentes. Em todo caso, se unirem, as chances de não se extinguirem como nação indígena continuarão pequenas; se não se unirem, a extinção torna-se uma questão de tempo. Pouco tempo.
O GRUPO DE MINAÇU é inteiramente avá e foi contatado em 1983, perto da aldeia atual. Vive na reserva de 38 mil hectares, junto ao Rio Tocantins, dos quais 3 mil foram ocupados pela usina hidrelétrica de Serra da Mesa, que lhes paga royalties. Têm casas de alvenaria, comida boa, assistência e os seus cachorros têm até carteira de vacinação. Com quatro adultos, um adolescente e uma criança, são, a começar dos nomes (Iawi, Tuia, Nakwatxa...), a memória viva do que sua nação foi um dia. São eles também os únicos que ainda falam um pouco da língua avá, mantêm alguns dos rituais e plantam e caçam. Contudo, as constantes fugas pelo mato e o fato de os bebês chorarem e denunciaram suas presenças fizeram com que o grupo passassem a evitar filhos. Depois do nascimento dos dois jovens (Trumak, 11 anos, e Putdjawa, 9), decidiram não ter mais filhos. E não falam mais sobre o assunto.
O GRUPO DA ILHA do Bananal, no Rio Araguaia, vive uma situação menos confortável e mais aculturada. Apareceram para a sociedade nacional em dois momentos. Em 1973, cinco deles foram contatados e, um ano depois, outros quatro apareceram. Eram seis adultos e três crianças. Após alguns meses, quatro dos adultos morreram de gripe. Os sobreviventes foram transferidos de lugar para lugar até serem colocados em definitivo na aldeia de Canoanã, no Bananal, onde vários povos indígenas convivem. Com o tempo, misturaram-se com alguns deles, particularmente os Javaés e os Tuyás, o que resultou em novos filhos - todos batizados com nomes de brancos, como Angélica, Cilene e Diego.
"Histórias de Avá, o povo invisível" (diretor Bernardo Palmeiro)
A história da tribo Avá-Canoeiro, ameaçada de extinção. O filme mostra a busca de outros quatro grupos que ainda vivem isolados na região, sem nenhum contato com o branco (a 500 quilômetros da capital). E o esforço na tentativa de preservar sua cultura.
Reprodução autorizada mediante citação da TV Câmara
sobre as palavras para obter a tradução
Algumas palavras do Vocábulo dos avá-canoeiros
Passe
sobre as palavras para obter a tradução
mãe - veado - porco - sol -papagaio - menino
casa - machado -mulher - homem - moça - menina
boi - água - córrego - pedra - palhada (roça velha
milho - homem de guerra - galinha - roupa - abóbora feijão - telha - macaco - arroz - farinha - canoeiro
- chorar - rir - madrugada - sol entrar - gente - flecha
faca - enxada - foice - machado - cabeça
pé - mão - tacho - estar pejada - Deus - cantaquara
banana - mamão - bonito - bom - ruim
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quinta-feira, 10 de junho de 2010
O Cauim na vida dos indigenas brasileiros
AS CAUINAGENS
Nos primeiros anos do século XVI, tribos indígenas do Novo Mundo, especialmente os Tupinambás, apreciavam o cauim, um tipo de bebida fermentada à base de mandioca, milho e frutas, elaborada pelos próprios nativos.
"Numa fogueira ao lado da maloca, um grupo de nativos, postados ao redor das chamas, estavam à espera das mulheres indígenas que traziam, em grande quantidade, a bebida branca e espumante, servindo assim, os guerreiros ávidos de comemoração." As cauinagens estavam presentes como um dos mais tradicionais festejos dos Tupinambás - era uma espécie de "combustível" para comemorações sobre vitórias frente ao "inimigo do outro lado da montanha". Estes inimigos, quando derrotados, eram capturados e tidos como principal ingrediente da antropofagia indígena.
Costumeiramente, o processo de colonização européia no Brasil apresentou confrontos culturais e lutas, por parte dos recém chegados, contra várias manifestações dos nativos. As cauinagens também faziam parte das "manias" que, segundo os colonizadores, precisava ser eliminada.
A forma com que os Tupinambás consumiam bebidas era muito diferente dos europeus, que encaravam as cauinagens como um processo de embriagues voluntário e, sobretudo, pecaminoso. Vendo os nativos cambaleando, alegres e proferindo discursos "iluminados" - os europeus não tiveram dúvidas em afirmar que os índios estavam possuídos por uma força demoníaca, que alias, provinha dos jarros que abrigavam a "maldita" bebida. Isto era um desafio inesperado para quem pretendia colonizar corpo e mente dos Tupinambás.
O fato é que os índios possuíam pleno entendimento com respeito ao que seria uma bebida de qualidade. Basta lembrarmos da oferta de vinho proferida pela esquadra de Pedro Álvares Cabral aos nativos que, sem pensar, recusaram de imediato, como relatou o escrivão Pero Vaz de Caminha, "trouxeram-lhes vinho numa taça, mal lhe puseram a boca, não gostaram nada, nem quiseram mais". Não é de se entranhar a determinação dos índios em recusar a bebida. Muito provavelmente, a qualidade e o sabor do vinho, a esta altura, já tenham sido sensivelmente alterados pela longa viagem dos portugueses.
O cauim era mais suave em comparação com as iguarias etílicas dos portugueses. Muitos viajantes estrangeiros aportados no Brasil, e também descendentes nascidos em terras tupiniquins, não enxergavam problemas com respeito ao sabor do cauim, muito pelo contrário, demonstravam satisfação ao experimentar a bebida. O padre francês Yves d´Evreux, estado no Maranhão entre 1613/1614 disse ser muito saborosa à cerveja nativa devido seu continuo calor, comparada ao vinho e aguardente.
Ainda sim, não podemos nos ater aos elogios mencionados. Os europeus ficaram estarrecidos ao conhecer o processo de elaboração do cauim - a massa, de milho ou mandioca - era mastigada pelas mulheres e depois, cuspida nos jarros para posterior fermentação. Um dos opositores das cauinagens, José de Anchieta, deixou claro sua aversão à iguaria nativa, descrevendo assim em 1584, sua fabricação, "este vinho fazem as mulheres, e depois de cozidos as raízes ou o milho, os mastigam porque com isso dizem que lhe dão mais gosto e o fazem ferver mais".
Mesmo diante deste cenário, há depoimentos favoráveis, e um tanto quanto irônicos comparando o processo de fabricação do cauim ao do vinho - visto que os vinhateiros se utilizavam dos pés, muitas vezes calcados de botas, para "esmagar" as uvas. Sabe-se lá o que se passou por estes pés durante o referido processo...
O impacto negativo causado pelo processo de elaboração do cauim foi pequeno em comparação às conseqüências de seu consumo por parte dos Tupinambás.
A embriagues resultante das cauinagens incomodava demais os colonizadores europeus, vindos, em sua maioria, do mundo católico. A falta de controle causada pela bebida aos nativos causava pânico. Segundo os europeus, este tipo de comportamento era um incentivo a pecados graves como a luxuria e a antropofagia.
Os colonizadores perceberam (há algum tempo) que os índios, quando bebiam não comiam e vice - versa, diferentemente do costume europeu que, sempre bebiam durante as refeições.
Perceberam também - o comportamento sexual presentes nestes festejos - visto que as mulheres participavam das cauinagens. Por outro lado, muitos missionários ficaram mais impressionados com a embriagues do que com a antropofagia ali praticada.
Era extremamente comemorada a morte do inimigo e, a degustação de seu corpo. Tudo bem regado a cauim. O jesuíta Fernão Cardim logo percebeu a associação contida entre as cauinagens e os rituais antropofágicos. Não demorou muito para os jesuítas entenderem esta expressão cultural dos nativos como algo que precisava ser combatido. Rituais como o casamento poligâmico, antropofagia e as cauinagens eram ameaças para os colonizadores. Os festejos regados a cauim eram tidos como uma excessiva expressão cultural dos nativos e, sobretudo, incontrolável.
Horrorizados com tal situação, os padres traçaram uma estratégia para extirpar o grave pecado da embriagues voluntária causada pelo cauim e, como conseqüência, os rituais de antropofagia.
Para se obter sucesso, os padres contavam com uma ajuda fundamental: as mulheres. Sim, pois eram as mulheres quem plantavam as raízes (milho ou mandioca), eram as mulheres que forneciam saliva para fermentar a massa, eram as mulheres que colhiam as frutas, eram as mulheres que fabricavam as cuias, jarros e talhas que abrigava a bebida. Eram elas também, que serviam os bebedores.
As nativas cristianizadas contribuíram eficazmente para o fim desta manifestação cultural dos Tupinambás. Elas destruíam as talhas e outras "ferramentas" utilizadas na elaboração da bebida. Algumas também proferiam discursos contra a bebedeira, etc.
Outra medida adotada foi a de estimular os meninos nativos, desde cedo, a não praticar as cauinagens. Mas como se tratava de um pecado difícil de vencer, nem sempre resultava em sucesso. Por fim, depois de muitos esforços, conseguiram eliminar as cauinagens dos Tupinambás.
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