sábado, 3 de outubro de 2009

A DOR GUARANI KAIOWÁ

De acordo com o site ECOAGENCIA, dos 60 (sessenta) indígenas assassinados no BRASIL no ano passado, 42 (quarenta e dois) eram da etnia GUARANI KAIOWÁ, de MATO GROSSO DO SUL - MS. Os outros assassinatos ocorreram no MARANHÃO (3), MINAS GERAIS (4), AlLAGOAS (2), PERNAMBUCO (2) e TOCANTINS (2). Os dados são do Relatório de Violências Contra Povos Indígenas 2008, divulgado pelo CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO - CIMI.

ANASTÁCIO PERALTA, liderança do povo GUARANI KAIOWÁ na região desabafa: "Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos". O relatório do CIMI chega a destacar o caso de um jovem GUARANI, morto por um agente policial. A polícia alega resistência da vítima, que teria resultado num confronto."Nós estamos amontoados em pequenos acampamentos. A falta de espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que querem nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação", lamenta ANASTÁCIO PERALTA.

Há suspeitas de que muitos dos assassinatos possam ter sido praticados pelos próprios indígenas. Em 12 casos, os principais suspeitos são familiares da vítima. Vingança foi o motivo alegado em pelo menos oito casos. O relatório destaca que "a violência entre os próprios índios é o indicativo mais importante para avaliar o grau de tensão e profundo mal estar dentro das aldeias indígenas, sendo, inclusive, uma das causas para os deslocamentos de muitas famílias para a beira de estradas ou centros urbanos". A violência denominada "interna" é considerada mais complexa pelo CIMI. "Os povos indígenas aprenderam durante a longa luta pela recuperação e posse de suas terras a elaborar inúmeras estratégias de enfrentamento", aponta o relatório.

MATO GROSSO DO SUL - MS também é o único estado onde houve suicídios: 34 (trinta e quatro) no total, todos índios da etnia GUARANI KAIOWÁ.

ANASTÁCIO diz que os assassinatos e suicídios entre indígenas acabam gerando maior preconceito contra as comunidades. "Com isso, os meios de comunicação divulgam só as brigas e mortes, mas não analisam como estamos vivendo. A polícia vem rapidamente prender um índio que fizer algo errado. Mas se algo for feito contra ele, não são tomadas providências".

O ano de 2008 também registrou inúmeros casos de violência contra os profissionais da FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAI. "Os antropologos são impedidos de entrar e realizar os estudos para a demarcação das nossas terras. Eles são ameaçados por capangas dos fazendeiros", conta ANASTÁCIO PERALTA.

O estudo encomendado pelo CIMI ainda destaca ainda que a FUNAI "não teve condições políticas para desenvolver as suas atividades, uma vez que o próprio presidente da fundação estabeleceu acordos com fazendeiros e autoridades estaduais para restringir os trabalhos deste Grupo Técnico (responsável pela realização dos estudos antropológicos), submetendo-os à ingerência daqueles que declaradamente se opõem a demarcação das terras".

A população GUARANI KAIOWÁ tem quase 45.000 (quarenta e cinco mil) indivíduos, de acordo com dados recentes da FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA. Desse total, mais de 23.300 (vinte e três mil e trezentos) índios estão concentrados em três terras indígenas (DOURADOS, AMAMBAÍ E CAARAPÓ), demarcadas pelo SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO (criado em 1910 e extinto em 1967), que juntas atingem 9.498 hectares de terra.

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