A preservação do patrimônio cultural indígena pela valorização de música e dança tradicionais, através do projeto Memória Viva Guarani, já é uma realidade para o povo Guarani da Aldeia Sapukai, no Município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. O coral infantil Guarani gravou, em 2001, o CD “Ñande Reko Arandu” que reuniu grupos das aldeias do Rio de Janeiro e de São Paulo. O trabalho deu tão certo que eles, agora, estão produzindo um segundo CD – o “Ñande Arandu Pygua”-, além de formar um novo coral infantil.
A equipe do Museu ao Vivo visitou, em setembro de 2005, a aldeia, na Terra Indígena Guarani do Bracuí, e conversou com o Cacique João da Silva Verá Mirim, com o coordenador cultural do Coral Nhemoexakã, Lucas Benite Xun~u Mir~i, com o professor Guarani, Ernesto da Silva Kuaray, e com o chefe do Posto Indígena da Funai, Cristino Machado. Uma das maiores preocupações relatadas por todos é a manutenção da identidade cultural das crianças e dos jovens da aldeia. Eles afirmam que esse é o caminho que vai garantir o futuro do povo Guarani. Divulgar e preservar a cultura Guarani para as gerações futuras é o objetivo dos trabalhos desenvolvidos através das várias formas de expressão tradicionais como o coral, a escola bilíngüe e todas as atividades que permeiam o dia-a-dia na aldeia.
O novo CD
O lançamento do CD “Ñande Arandu Pygua-Memória Viva Guarani” está previsto para abril de 2006 e tem o apoio do Instituto Teko Arandu na elaboração de um projeto para captação de recursos e de novas parcerias, além das do SESC-SP e da Fundação Prefeito Faria Lima-CEPAM.
O CD conta com a participação de 220 crianças e jovens, integrantes de corais infanto-juvenis das 11 aldeias Guaranis localizadas nos estados do Rio e de São Paulo. Possui o formato de CD duplo e contém 49 faixas musicais.
Os Guarani sempre tiveram um cântico que, geralmente, fala da cultura, da religião, da travessia para a Terra Sem Males, dos animais e dos cultivos. Nesse segundo CD, as diferenças mais significativas são a participação de mais sete corais infantis e a inclusão de temas de flauta feminina e de acalanto.
Os corais
Os Guarani sabem da importância de promover a valorização de sua produção cultural. O projeto de torná-la acessível – ao conhecimento de sucessivas gerações – é fundamental para sua sobrevivência física e cultural. Segundo o professor indígena Ernesto da Silva Kuaray, esta é a mensagem que os líderes da aldeia Sapukai querem passar com as apresentações dos corais e a gravação de canções tradicionais em CDs.
Integrante do Instituto Memória Viva Guarani, projeto realizado em parceria com outras aldeias de São Paulo, o Coral Nhemoexakã, de Sapukai, cujos participantes vestem roupas de algodão, já completou sete anos. O grupo conta com 25 integrantes da comunidade que já realizaram apresentações em importantes espaços culturais no Rio e em várias cidades da região serrana fluminense. Além da finalidade cultural, as apresentações tornaram-se uma fonte de renda para a comunidade. Os cachês são revertidos em atividades de organização social.
O cacique João decidiu complementar o trabalho com a criação, este ano, de um novo coral, ainda sem nome, cujas crianças e jovens vestem roupas feitas de fibra. A intenção é mostrar a tradição - os Guarani não esqueceram a sua história, ao contrário, a cultura Guarani está bem viva e a sua essência continua forte. O coordenador do Coral Nhemoexakã, Lucas Xun~u Mir~i, disse que os líderes de Sapukai começaram a pensar na roupa tradicional como mais um instrumento para a preservação da memória Guarani. Eles acham que, em pouco tempo, o exemplo vai ser seguido por outras aldeias.
Além disso, os corais são importantes instrumentos de divulgação da cultura Guarani para os não-índios. Uma forma de aproximação intercultural, respeitando-se as diferenças entre essas sociedades. É uma maneira de compartilhar com a sociedade nacional a diversidade das culturas indígenas brasile
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