Conheça a rodovia abandonada que corta o coração da Amazônia.
Para ajudar o leitor a viajar pela Amazônia, o hotsite conta com um mapa que mostra onde cada paisagem foi registrada. Dentro das imagens também é possível clicar em botões que passam para a próxima foto, em um "tour virtual".
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Nova ferramenta traz a Amazônia para dentro do computador. No mapa, o internauta pode clicar e navegar entre as imagens. Nos botões verdes, é possível virar para todos os lados, ver as fotos em tela cheia e dar zoom nas paisagens. (Foto: Globo Amazônia)
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Para as proximas semanas, outros passeios pela região estão programados. Você poderá conhecer por dentro o Teatro Amazonas, construído em 1896 em Manaus. Também poderá fazer um passeio pela ferrovia Madeira-Mamoré, conhecida como a "Ferrovia do Diabo" e palco da minissérie Mad Maria. Serão mostradas ainda duas grandes obras da Amazônia: a construção da grande usina de Santo Antônio, em Porto Velho, e a ponte de 3 km sobre o Rio Negro, que ligará Manaus a Iranduba.
‘Estrada da discórdia’
A estrada que você irá conhecer em 360 graus é alvo da maior polêmica da Amazônia. O governo quer reativar a rodovia, que é a única saída por terra que Manaus pode ter para o Centro-Sul do país. Em contrapartida, os ambientalistas e pesquisadores afirmam que a reforma da BR-319 pode abrir um flanco de desmatamento em uma região que guarda grandes porções de florestas intocadas (entre dentro da floresta).A BR-319 liga Porto Velho a Manaus, e é a única saída por terra da capital amazonense para o Centro-Sul do país. A rodovia tem 890 km, mas metade do trajeto está em péssimas condições de tráfego. Na maior parte da estrada, a mata dos arredores ainda está preservada. (Foto: Iberê Thenório/Globo Amazônia)
Sem condições de tráfego
Apesar de já ter sido asfaltada, hoje metade dos 890 km da BR-319 é intransitável para caminhões e alguns carros de passeio (veja a estrada abandonada). Na época das chuvas, pode ficar intransponível até mesmo para motos e caminhonetes. Mas não é só isso que torna a estrada perigosa. No meio da mata, há 574 km sem um único posto de gasolina, oficina mecânica ou borracharia. Dentro desse pedaço, um trecho de 330 km não tem nenhum comércio, nem mesmo para comprar uma garrafa d'água. E mais: dentro desse trecho, há 189 km sem absolutamente nenhum ser humano, nenhuma casa, nada.Apesar de todos esses desafios, ainda tem gente que se arrisca a enfrentar o caminho. Durante a viagem feita pela reportagem do Globo Amazônia, os moradores da região relataram que é comum o trânsito de caminhonetes durante a época da seca. Cruzamos com algumas delas, e até com uma Kombi, uma Brasília e um Fiat Uno, mas foi só. Pontes em péssimo estado de conservação, atoleiros e erosões profundas trazem muito perigo a quem se arrisca a percorrer o caminho (suba na ponte caída).
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Preservação
O abandono da estrada prejudicou as famílias que moravam na região, mas também conservou as matas. Desde Humaitá, no sul do Amazonas, até Careiro Castanho, perto de Manaus, existem mais de 500 quilômetros onde a mata alta, ainda preservada, é visível na borda de todo o caminho – paisagem diferente de praticamente todas as outras rodovias da Amazônia (conheça Careiro / vá até o porto de Humaitá).Ambientalistas temem que a reforma da rodovia – prevista no PAC – traga devastação à região, como aconteceu com a BR-163 e a Transamazônica. Para liberar as obras, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, exige a criação de reservas ao longo da estrada. (Foto: Iberê Thenório/Globo Amazônia)
Em vários locais, o Exército já começou a demarcar os parques e reservas criados para proteger os entornos da estrada. Segundo Carlos Minc, o licenciamento ambiental só será liberado quando essas unidades de conservação saírem do papel (entre nas obras do Exército na região).
Moradores querem a reforma
Entre os moradores da beira da estrada é unânime a vontade de reformar a rodovia. A maioria deles não tem carro, e às vezes têm que enfrentar dezenas ou centenas de quilômetros de bicicleta para fazer compras ou buscar ajuda médica (entre na casa de uma família da região).O pequeno vilarejo de Igapó Açu é um dos únicos em toda a estrada. Entre os moradores da região, a posição é unânime: todos querem a reativação da rodovia. (Foto: Iberê Thenório/Globo Amazônia)
A opinião é compartilhada por Marli Techner Schroder, que veio de Santa Catarina em 1991 e hoje é a última moradora da estrada, para quem vai do sul ao norte, antes do trecho totalmente abandonado. Segundo ela, a maior dificuldade de adaptação à Amazônia não foi o calor ou a distância dos parentes. "O maior problema é a época da chuva, quando a estrada fica crítica" (visite a fazenda dos Schroder).
Ferrovia, estrada ou hidrovia?
Como alternativa à reforma da estrada, pesquisadores têm indicado a construção de uma ferrovia de cerca de 400 quilômetros, cortando o trecho mais deserto. Outra opção seria melhorar o transporte hidroviário pelo Rio Madeira, que é paralelo à estrada. Hoje, a viagem entre Manaus e Porto Velho pode demorar até cinco dias, dependendo da cheia dos rios (conheça um mirante com vista para o Rio Madeira).Enquanto se discute a melhor alternativa, biólogos correm para pesquisar as matas da região enquanto elas ainda estão protegidas pelo isolamento. Uma nova espécie de gralha e um novo tipo de macaco já foram descobertos entre os rios Madeira e Purus, justamente onde o traçado da estrada abandonada risca a floresta.
Fonte: globo.com
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