
Esse resgate tímido surgiu há pouco mais de uma década em Campo Grande, com apresentação de um grupo de jovens dançarinos terena, que repercutiu no meio cultural e nas comunidades indígenas, criando um sentimento de valorização. Os rituais, de origem remota, já são praticados novamente na maioria das aldeias terena de Mato Grosso do Sul com maior intensidade que nas décadas de 70 e 80.
A dança apresentada pelo Grupo Tê representa dois agrupamentos guerreiros que, chefiados pelos respectivos caciques, dançam em filas paralelas e depois se separam. Em seguida, repetem os mesmos passos dançados anteriormente, mas cada lado procura executar melhor os diferentes movimentos durante o maior tempo, pondo a prova sua resistência.
O Grupo que resistir por mais tempo é o vencedor, e seu cacique é carregado em triunfo ao redor da aldeia por todos que tomaram parte na dança. Sempre participam guerreiros em número par vestidos com diademas e saiotes de penas de emas. Eles pintam o corpo de branco e preto, e tambores e flautas garantem a música e o ritmo necessários.
Aos homens cabiam, além da lavoura, a cestaria, a caça e a pesca. As mulheres eram responsáveis pelos trabalhos domésticos e, além deles, por dois tesouros que ainda permanecem em várias comunidades: a confecção de peças de cerâmica e a fiação do algodão para confeccionar faixas e peças de roupas.
Fugindo dos Kadiwéo, os terena foram adentrando ao território brasileiro. A fuga pretendia preservar, principalmente, as mulheres, cuja beleza ainda hoje pode ser vista em diversas comunidades, e atraia os perseguidores inimigos.
Para piorar a situação, o governo brasileiro, alegando motivos estratégicos, construiu a estrada de ferro interligando a bacia do rio Paraguai com o Atlântico. Isto literalmente dissecou o território terena concluindo assim o processo de desintegração tribal.
Mas foi no final do século XIX que o povo terena passou a intensificar as relações de troca com a sociedade branca envolvente. Chegaram inclusive a serem os responsáveis pelo abastecimento de gêneros alimentícios para toda a região dos municípios de Miranda e Aquidauana. Até hoje têm grande importância na de produtos horti-frutíferos nessas cidade onde a atividade econômica predominante é a pecuária.
Geraldo Ferreira | Popular.inf.br
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