Terminou Dia (02/03) a missão internacional que percorreu quatro cidades europeias (Oslo, Genebra, Paris e Londres) com o objetivo de denunciar impactos econômicos, sociais e ambientais, bem como irregularidades que envolvem a construção de grandes barragens na Amazônia. A viagem, idealizada pelas organizações International Rivers, Amazon Watch, Rainforest Foundation e Survival International, deu voz às lideranças indígenas Sheyla Juruna, de Altamira (PA), Almir Suruí, de Rondônia, e Ruth Mestoquiari, da etnia Ashaninka, do Peru – país onde, devido a interesses do governo brasileiro, pretende-se construir um complexo de hidrelétricas com financiamentos do BNDES.
Os indígenas, representando as comunidades ameaçadas pelos projetos hidrelétricos de Belo Monte, no Xingu; Complexo Madeira, em Rondônia e Pakitzapango, no rio Ene, no Peru, estiveram com membros de governos, empresas, ONGs e imprensa para denunciar os impactos dos projetos e buscar apoio contra a violação de direitos humanos das populações ameaçadas.
“As barragens trarão danos sociais, culturais e ambientais irreversíveis. Ao investir em hidrelétricas, o BNDES está investindo na destruição da Amazônia. Todos os nossos direitos estão sendo violados”, afirmou Sheyla, durante o protesto hoje em frente ao escritório do BNDES em Londres, que marcou o encerramento da missão . “Estes projetos obrigarão meu povo a sair de nossa terra e acabará com o nosso modo de vida”, disse Ruth. Almir Suruí concorda e complementa: “estamos aqui para chamar a atenção para sérios problemas. Grandes barragens, como as que estão sendo construídas no Rio Madeira, afetam tribos isoladas. O governo se diz preocupado com o meio ambiente, com desenvolvimento sustentável e com direitos humanos, mas na prática isso é bem diferente”.
Metas alcançadas
Durante a viagem, foi feito um apelo a governos, empresas e instituições financeiras, incluindo o BNDES, para que passem a adotar medidas que garantam o respeito aos direitos humanos e a promoção de projetos sustentáveis, no que concerne à geração de energia. Ainda em Londres, membros da Casa dos Lordes, como Peter Brook e Richard Harris, afirmaram que enviarão cartas aos presidentes do Brasil e do Peru.
Em Oslo, primeira parada da viagem, a delegação se encontrou com ministros do comércio exterior, além de membros da embaixada brasileira, da empresa SN Power e Norfund. Com a Agência Ambiental Norueguesa, o debate girou em torno da incoerência da administração do Fundo Amazônia pelo BNDES, sendo que o banco investe em projetos destrutivos e altamente impactantes do ponto de vista socioambiental na bacia Amazônica. O governo norueguês é um dos maiores investidores do Fundo Amazônia.
Em Geneba, a pauta principal ficou por conta de direitos humanos. O encontro se deu com membros do Comitê de Eliminação da Discriminação Racial e com pessoas do High Commissioner for Human Rights (OHCHR), com o objetivo de discutir mecanismos que possam impedir a construção de grandes barragens na Amazônia.
Em Paris, o encontro com a empresa GDF Suez resultou no silêncio da companhia, que se negou a responder questionamentos feitos em relação a investimentos em grandes barragens na região. A delegação brasileira também esteve com a senadora Marie-Christine Blandin, do Partido Verde local.
“A ida destas lideranças indígenas à Europa foi vital para derrubar a falácia de que hidrelétricas na Amazônia são fontes limpas de energia, dadas as violações aos seus direitos e aos inúmeros impactos sociais e ambientais”, afirma Christian Poirier, da Amazon Watch. “O BNDES não pode mais operar sem ser observado pela sociedade brasileira e internacional” complementa Brent Millikan, do International Rivers.
Fonte: Xingu Vivo
Nenhum comentário:
Postar um comentário