segunda-feira, 12 de abril de 2010

SEMPRE É BOM RELER ..ESCUTAR, SENTIR POR ONDE PASSARAM NOSSOS ANCESTRAIS..SEMPRE É BOM!

Pensamento Indígena e Tradicional
    http://www.orquidariocuiaba.com.br/wp-content/uploads/2009/04/orquidario_cuiaba_xinguano-053.jpg
  • "Eu dou um recado para vocês brancos, para que não poluam os rios. Porquê isso vai afetar o futuro não só dos índios mas dos filhos de vocês também."
  • (Aritana Yawalapiti ; líder do povo Yawalapiti, do Mato Grosso)
  •  
    http://1.bp.blogspot.com/_Bpv60_9clxM/SlhqqvCghvI/AAAAAAAABac/4iuhocUgsCg/s400/foto+de+Marcos+Terena.jpg
  • "Nós índios, olhamos para esse mundo do homem branco e verificamos que essa civilização não deu certo."
(Marcos Terena ; do povo Terena, do Mato Grosso do Sul)

    • "Antes nós não sabíamos que tínhamos limites, só sabíamos que tudo era floresta... Agora demarcamos nossa área porquê é só o que sobra dos lugares antigos."
      (Kumai ; índio do povo Waiampi, do Amapá)
      [2529591726_84ab5540a4.jpg]
    • "Não digo: eu descobri essa terra porquê meus olhos caíram sobre ela, portanto a possuo. Ela existe desde sempre, antes de mim."  
    • (Davi Yanomami ; pajé e líder do povo Yanomami)
      http://www.brasiloeste.com.br/fotos_galerias/142.jpg
    • "Eu não fico deitado sem pensar."   
    • (Rupawê; velho sábio do povo Xavante, do Mato Grosso)
    •  
      http://teologikas.com/blog/wp-content/uploads/2009/10/krenak2.jpg
    • "No dia em que não houver lugar para o índio no mundo, não haverá lugar para ninguém."
       
    • (Aílton Krenak ; do povo Krenak, de Minas Gerais)
    • "Você vai me dizer: o índio tá falando mas é selvagem; selvagem é vocês, milhares de anos estudando e nunca aprenderam a ser civilização. Pra que você está estudando ? Pra destruir a Natureza e no fim destruir a própria vida ?"
      (José Luiz Xavante)
    • "Eu lutei, mas a guerra não é necessária, não resolve nada. Guerra é coisa de gente cabeça dura que, mesmo com estudo, não pensa. O que resolve é o amor."
      (Aurélio Jorge Terena; índio do povo Terena, que lutou pelo Exército Brasileiro na Itália, durante a II Guerra Mundial)
    • "Nós os índios, sempre cantamos e dançamos nas nossas cantorias, como forma de manter a unidade do nosso povo e a alegria da comunidade. Se a gente cantar e dançar, nós nunca vamos acabar."
      (Verônica Tembé; líder da aldeia Tekohaw, do povo Tembé)
    • "Para nós indígenas, a palavra é de grande valor. É através das histórias contadas pelos mais velhos que mantemos viva a nossa identidade e firme a memória da nossa história, o uso e o cuidado com a nossa terra sagrada. Mas, descobrimos nesses 500 anos de colonização que para os não-índios a palavra não vale nada."
      (
      Carta do Ororubá; IV Assembléia Geral do povo Xukuru do Ororubá)
    • "Queremos que a floresta permaneça silenciosa, que o céu continue claro, que a escuridão da noite caia realmente e que se possam ver as estrelas. As terras dos brancos estão contaminadas, estão cobertas de uma fumaça-epidemia xawara que se estendeu muito alto no peito do céu. Essa fumaça se dirige para nós, mas ainda não chega lá, pois o espírito celeste Hutukarari a repele ainda, sem descanso. Acima de nossa floresta o céu ainda é claro, pois não faz muito tempo que os brancos se aproximaram de nós. Mas bem mais tarde, quando eu estiver morto, talvez essa fumaça aumente a ponto de estender a escuridão sobre a terra e de apagar o sol. Os brancos nunca pensam nessas coisas que os xamãs conhecem, é por isso que eles não têm medo. Seu pensamento está cheio de esquecimento. Eles continuam a fixá-lo sem descanso em suas mercadorias, como se fossem suas namoradas."
      (Davi Yanomami ; pajé e líder do povo Yanomami)
    • sobre o homem branco: "O mundo deles é quadrado, eles moram em casas que parecem caixas, trabalham dentro de outras caixas, e para irem de uma caixa à outra, entram em caixas que andam. Eles vêem tudo separado, porque são o Povo das Caixas...."
      (f
      rase de um pajé do povo Kaingang, recolhida por Lúcia Fernanda Kaingang)
    • "Não compreendemos porque uma filha dos Kaingang precisa estudar leis escritas e aprender saberes que não são nossos. O que você precisa saber que nossos velhos não podem lhe ensinar ? O que se pode aprender de um Povo que não respeita seus anciãos e abandona suas crianças ? Para que irá um Kaingang estudar leis feitas por estranhos, leis que eles mesmos não cumprem ? Não! Nunca compreenderemos que a lei não seja conhecida por todos, porque nossas leis não são escritas, mas são cumpridas porque são sagradas."
      (frase de líderes do povo Kaingang registradas em 1995 por Lúcia Kaingang, advogada indígena, quando decidiu estudar Direito)
      http://spe.fotolog.com.br/photo/14/3/51/raoni1/1251331413972_f.jpg
    •  
    • "Eu acho que o branco vai resolver problema do branco. Quem vai resolver meu problema é eu."
      (
      Raoni ; líder do povo Caiapó)
    • "...Esta terra, aqui, era nossa. E agora eles comeram. Agora está tudo feio. Eu estou triste de ver o que foi feito aqui, o que a mão do branco fez. O lugar onde eu nasci. Destruíram tudo. Isso aqui era parte da nossa terra. Aqui, era uma terra boa. Eu não gosto do trabalho dos garimpeiros. Vocês mataram a floresta. O rio acabou. Acabaram os peixes. (...) Por quê o chefe de vocês mandou destruírem essa terra ? O chefe de vocês tem que entender que vocês não podem ir pra nossa terra. Eu não gosto de destruição. Eu não gosto disso aqui não. Eu nasci aqui. Eu caçava aqui. Pescava aqui. Aqui, era minha terra. Não é a terra de vocês. (...) Olha essa terra aqui. Eles comeram o lugar onde eu nasci. Tudo acabou. (...) Eu vou explicar pro chefe dos brancos que vocês acabaram com tudo, com a floresta e com a água."
      (
      Aké Panará ; líder do povo Panará. Em 1974 esses índios foram transferidos de sua terra original por causa da construção da rodovia Cuiabá-Santarém. Dezoito anos depois, Aké retornou à sua terra, uma floresta que se transformara num garimpo abandonado, e não conteve seu desabafo.)
      http://diariodonordeste.globo.com/imagem.asp?Imagem=137140
    • "... a preservação da cultura indígena, em vez de barrar o progresso, como dizem alguns caçadores de índio, estará salvando nosso país da destruição de muitos valores, provocada por essa selvagem civilização tecnocrata."
      (
      Margarida Tapeba ; professora indígena do povo Tapeba.)
    "A gente tinha uma insatisfação que não passava. Fomos conversando sobre a força dos nossos usos e costumes. Deu muita vontade de aprender mais, para poder também ensinar um dia. A vida tem que ter um sentido, uma sequência. (...) Hoje eum sei quem sou. Estou em paz. Minha língua, minha cultura, são muito ricas e bonitas. Elas são nossa identidade. Sei da beleza e da força da natureza. Sinto a força do pensamento. Quando ele é firme não existe nada impossível, nem nada superior ou inferior."
    (Raimunda Yawanawá ; a primeira mulher do povo Yawanawá a tornar-se pajé, falando sobre os motivos de sua escolha e seu pensamento hoje em dia)

    http://www.iande.art.br/textos/pensamentoindigena.htm



    "De todos os caminhos da vida há um que importa mais: é o caminho que nos
    leva ao verdadeiro ser humano."

    Indígenas Moicanos

    domingo, 11 de abril de 2010

    Índios guaranis vivem situação de extermínio silencioso


    As crianças não estudam e são as mais prejudicadas pela frágil alimentação
    http://diganaoaerotizacaoinfantil.files.wordpress.com/2007/09/ndio1.jpg?w=500Um recente
    relatório da organização indigenista Survivor International
    trouxe novamente à luz a deplorável situação humanitária vivida pelos
    índios Guarani Kaiowá no estado do Mato Grosso do Sul. Como se sabe, há
    milhares de indígenas vivendo em condições absolutamente degradantes
    enquanto esperam, à beira de estradas, pela demarcação de seus
    territórios, como ordena nossa Constituição.

    Com
    um vasto território, não é por falta de espaço que não se concedem as
    terras devidas à maior etnia indígena remanescente no país. Ninguém no
    governo federal ousa enfrentar os interesses do agronegócio no estado
    comandado pelo governador do PMDB André Puccinelli, enquanto que a mídia
    mostra mais uma vez sua total insensibilidade, obviamente calada pelos
    mesmos interesses supracitados.
    Qual a situação real dos
    índios Guarani Kaiowá em todo o estado do Mato Grosso do Sul? Em que
    condições psicológicas os indígenas se encontram, com suas alarmantes
    taxas de suicídio, que envolvem até crianças?
    Marta
    Azevedo
    : A situação dos guaranis no Mato Grosso do Sul é muito
    complicada, pois há muitos anos eles vêm lutando para demarcar novas
    áreas, conseguindo muito menos que o necessário para sua sobrevivência.
    O
    MS é um estado bastante agrário, com muitas fazendas, o agronegócio;
    portanto, são interesses muito fortes, os quais os índios e a FUNAI não
    têm enfrentado a contento para melhorar a qualidade de vida na região.
    há muitos anos tais estatísticas e é a fonte mais confiável.
    Eles,
    de fato, têm registrado altas taxas de suicídio, saída praticada por
    conta da falta de perspectiva de vida dos últimos 15, 20 anos. Ninguém
    sabe ao certo, de forma muito detalhada, como andam essas taxas de
    suicídio. A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) diz que elas estariam
    baixando, mas eu não teria essa certeza. Precisaríamos checar com os
    dados do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), que é quem acompanha

    cestas básicas da Funasa. E a taxa de mortalidade infantil também está
    Outra
    coisa que acontece ultimamente, e que nos alarma mais ainda, é uma
    [18-guarani-3.jpg]grave subnutrição entre as crianças, que têm extrema dependência de
    alta.
    Enfim, é toda uma situação realmente muito ruim,
    inclusive para o país. Mas o que nos assusta é a enorme violência que
    vem sendo praticada contra as comunidades que lutam pelas suas áreas
    tradicionais na forma de assassinatos e esquartejamentos. Após as
    http://3.bp.blogspot.com/_im6pz08sDhk/SuTPD5j1_WI/AAAAAAAAAGk/aDoDdRRU62k/s320/desnutrido.jpgmortes, os corpos são encontrados dentro de sacos de lixo, em geral em
    fundos de rio ou locais de difícil acesso – isso quando são encontrados.
    E
    foi um assassinato ocorrido dessa maneira na Argentina que mais me
    alarmou, na região de Misiones, fronteira com Paraguai e Brasil. Existe
    um grupo de guaranis na região que foram expulsos do Paraguai. Isso
    porque o agronegócio brasileiro chega ao Paraguai, onde já há muitos
    fazendeiros brasileiros em certas partes do país. Inclusive, há casos em
    que borrifaram veneno nos índios e nas aldeias, como ocorreu no segundo
    semestre do ano passado, deixando vários deles enfermos. Apesar de não
    sair na grande mídia daqui, foi bem falado por lá.

    Ou
    seja, o agronegócio chega ao Paraguai, expulsa os guaranis, que vão ao
    norte da Argentina. Dessa forma, na região de Misiones, há um boom de
    assentamentos deles, onde houve uma criança assassinada recentemente.
    CC:
    Qual é, mais exatamente, a rotina costumeira desses indígenas? Que
    [1indverg.jpg]tratamento eles recebem das autoridades, mídia e demais populações
    locais?
    MA: Existem três situações muito diferentes. Os Guaranis
    são o povo indígena mais populoso, em seus três diferentes grupos
    (Kaiowá, Nhandeva e Mbya), totalizando 50 mil pessoas.
    No
    MS, estão os nhandeva e os kaiowá. As situações são diferentes no
    seguinte sentido: aqueles que estão nas reservas mais antigas,
    demarcadas no começo do século 20, ainda no tempo do Marechal Rondon,
    vivem uma situação complicadíssima, pois as reservas estão absolutamente
    superlotadas. Há reservas de 2000 hectares com população de 5000
    pessoas, uma densidade demográfica de cidade grande praticamente. Assim,
    [1rodov.jpg]
    eles não têm lugar pra roça e precisam sair da reserva para trabalhar
    nas usinas próximas, onde conseguem emprego, para depois voltar às
    reservas, que acabam sendo reservas-dormitório. Isso ainda faz com que
    as mulheres fiquem sozinhas.
    Por outro lado, eles ao menos têm o
    atendimento da Funasa, na maior parte das vezes escola, enfim, uma
    atenção maior, embora a situação seja muito ruim em termos de acesso à
    terra.
    Há outra situação, que, a meu ver, é a melhor no estado:
    é a daqueles localizados em terras indígenas demarcadas na década de
    80, que são oito áreas ‘novas’, como chamamos. São 8 terras e possuem
    tamanho mais adequado à população tradicional desses locais. Eles têm
    atendimento da Funasa, da FUNAI e uma maior extensão de terra, onde
    ainda é possível fazer agricultura, um pouco de colheita e caça. É uma
    situação um pouco melhor.
    Mas a pior situação se refere a 22
    http://www.prms.mpf.gov.br/info/not/images/20090921-04.jpgassentamentos, em beira de estrada, exatamente como os do MST. Só que
    com o agravante do enorme preconceito existente no MS em relação aos
    guaranis, que são chamados de bugres. E desses 22 assentamentos, a maior
    parte está embaixo de lona preta; outros em reservas mais antigas, sem
    acesso à água, submetidos a toda a violência dos fazendeiros, que se

    sentem já invadidos de verem-nos às portas da propriedade. Os que ficam
    em tais condições não têm acesso à saúde, pois às vezes a Funasa não
    consegue atendê-los ou não pode. Tampouco têm acesso à escola. Dessa
    forma, as crianças vão às escolas das cidades mais próximas, onde sofrem
    um preconceito horroroso; não têm como lavar roupa, não têm comida…
    Esses são os que realmente sofrem a violência que mencionei. Estive lá
    em um acampamento deles e, logo depois que voltei, a liderança que
    conheci foi assassinada. E nada sai na mídia.
    Por parte do governo, a
    http://livianovo.blog.uol.com.br/images/chargeangeli291.gifFUNAI estruturou alguns grupos de trabalho (GT), a fim de propor novas
    áreas. Dessa forma, temos alguma esperança com esses novos GTs que foram
    para lá. No entanto, os GTs também sofrem muita violência, ameaças,
    perseguição a carro. Mas estão trabalhando.
    CC: O que se pode dizer
    do relatório da Survivor International recém-entregue à ONU, listando
    toda sorte de mazelas na vida dos guaranis? Como você acha que deveria
    ressoar em nossa sociedade?
    MA: Acho que quanto mais pudermos
    veicular a situação dos Guaranis no Brasil todo e internacionalmente,
    melhor. O que vejo hoje em dia, pelo menos em São Paulo, é algo que se
    aproxima mais do lado folclórico, chamam crianças indígenas para
    acampar… Que bom, pois há uma certa valorização da questão indígena por
    parte da opinião pública, mas com enorme desconhecimento da situação
    deles no MS.
    O Mato Grosso do Sul é o estado mais anti-indígena do
    Brasil. É completamente diferente do Mato Grosso, Amazonas, onde o
    preconceito diminuiu um pouco.
    Precisamos fazer uma campanha
    naquele estado. O problema é que ninguém tem coragem de descer lá, já
    que está nas mãos do PMDB, há a questão das alianças de governo… E
    ninguém faz nada.
    CC: Qual tem sido a atuação dos governos, nas
    três esferas, na resolução das demarcações de terra e demais direitos
    exigidos pelos indígenas?
    http://www.geomundo.com.br/images/images-mato-grosso-do-sul/indios015.jpgMA: No que diz respeito à política
    de educação, no Brasil, ela é implementada pelos estados ou municípios.
    Portanto, de maneira geral, precisa de mais apoio à educação dos índios,
    que não são abarcados por nenhum dos entes. Existem cursos de formação
    de professores Guarani Kaiowá, numa boa iniciativa apoiada pela
    Universidade de Dourados.
    Mas falta muita infra-estrutura nas
    escolas, tele-centros, enfim, investimentos e consciência do governo de
    que os
    povos indígenas em seus territórios são uma riqueza para o estado.
    É a
    mesma coisa de Roraima, quando diziam: ‘há um problema, que são os
    índios’. Não é problema. Temos que, cada vez mais, trazer à cidadania
    brasileira a idéia de que essa população tem muito a nos ensinar. Temos o
    privilégio de conviver com essa população, sua sabedoria e modos de
    vida, podendo aprender com eles. Nunca podemos encarar a questão como um
    problema ou uma barreira cultural, como ouço muitas vezes de alguns
    serviços de saúde. Não é uma barreira. Eles têm cultura, línguas
    diferentes, uma riqueza imensa.
    E nós temos de aprender essas
    línguas. Não há um não-indígena que fale guarani no Brasil. Isso é um
    absurdo. Temos 50 mil guaranis no Brasil e ninguém fala a língua deles,
    que são obrigados a falar português, a língua do dominador. Não ficamos
    bravos quando um americano vem aqui trabalhar e não sabe falar nossa
    língua? É a mesma coisa em relação aos indígenas. As pessoas que
    trabalham com saúde e educação indígena têm de aprender o mínimo das
    línguas e culturas indígenas, de modo que possam respeitá-las, pois
    aquilo que não conhecemos não respeitamos, mesmo sem querer.
    Portanto,
    acho que os serviços de educação e saúde aos Guaranis Kaiowá, embora
    estejam melhorando com algumas boas iniciativas, ainda deixam muito a
    desejar. Muito mesmo. Há muita coisa que poderia ser feita e, por falta
    de vontade política, não é.
    CC: Que interesses mais específicos
    impediriam a resolução mais rápida de tais impasses e também a inserção
    das comunidades indígenas no processo econômico regional, uma vez que a
    produção de suas terras também poderia se inserir na economia de
    mercado?
    http://1.bp.blogspot.com/_Bpv60_9clxM/STRpu5ZbqCI/AAAAAAAAArM/kYqVbuzFfno/s400/indios+catando+lixo.jpgMA: Na verdade, nas reservas antigas, quase não há
    espaços para produzir. Nas áreas de roça, como no Alto do Solimões, os
    grandes provedores de alimentação da cidade são os indígenas, que provêm
    os mercados regionais com toda a produção de roça.
    No
    MS, é muito urgente fazer, por parte do governo federal e estadual,
    mesas de concertação, discussão, de produção de consenso, que poderiam
    ser paritárias. Ninguém abre diálogo com os guaranis, que se reúnem
    apenas entre eles e vão entregar suas demandas ao governo. Depois, um ou
    outro funcionário vai conversar com eles. Mas não existe uma
    sistemática, como essas mesas, onde suas idéias possam ser expressadas
    em sua língua. É como se nós tivéssemos de expressar nossas demandas em
    francês.
    Já avançaríamos muito com uma medida dessas. Poderia ao
    menos reduzir um pouco essa violência tão grande que há por lá. É
    necessária alguma mediação de conflitos, talvez com especialistas
    contratados. Creio que esse seria o caminho para os guaranis entrarem no
    mercado regional.
    CC: Como tem sido a solidariedade a esse
    movimento? Além do engajamento dos guaranis da Bolívia, Paraguai e
    Argentina, há um movimento forte por parte de outros atores da sociedade
    civil, ou a luta dos índios é isolada?
    MA: Lá no MS, se você for a
    Campo Grande ou qualquer cidade por ali, verá que estão isolados, exceto
    por algumas iniciativas de universidades. Não existem grupos de apoio,
    nas escolas não há material para que as crianças compreendam quem são
    esses seus vizinhos guaranis…
    O que podemos fazer são matérias que
    saiam na mídia e expressem solidariedade, pois não há muitos caminhos.
    Os guaranis, por sua própria característica cultural, não possuem uma
    organização unificada, onde se possa falar com algum presidente. Não
    existe isso, justamente por serem guaranis. Se quisermos que eles formem
    alguma organização, estaremos desrespeitando a sua organização social e
    política.
    É muito difícil conseguir exercer solidariedade. Assim, o
    que podemos fazer é veicular cada vez mais material em português e
    tentar influenciar mais escolas do estado a estudar um pouco mais sobre
    eles, para que as crianças não sejam simplesmente ensinadas a chamá-los
    de bugres e reproduzir preconceitos.
    Temos de abrir cada vez mais o
    leque, aprender a língua, além de divulgar na internet e outras mídias,
    já que não há muitos tele-centros ou sites sobre o tema. No Amazonas,
    por exemplo, tem muito mais. É importante constituir alguma rede ao lado
    deles.
    CC: O processo eleitoral que teremos neste ano traz

    esperanças, angústias, que sentimentos aos povos da região? Há alguma
    perspectiva de melhora na luta desses povos ou os dias que lhes esperam
    se mostram sombrios?
    http://mob98.photobucket.com/albums/l270/peteconomiauff/petecofotopaginas/wordpress/agenciabrasil_guarani_kaiowa_200920.gif?t=1242793887MA: Conversando com algumas mulheres Kaiowá
    de uma comunidade, perguntei a elas o que mais querem, o que lhes traria

    mais esperança. Sabe o que responderam? “Dar documentos aos nossos
    filhos”. Eles não têm carteira de identidade, e fora da cidade não são
    aceitos em nada. A coisa lá é tão complicada que… não sei.
    Gostaria
    muito que os próximos governos federal e estadual mudassem essa
    situação. Mas gostaria muito mais que a questão indígena não fosse
    objeto de trabalho e reflexão por parte de um partido só, pois não se
    trata de uma questão partidária. Claro que os modelos e tratamentos da
    questão serão diferentes em cada partido. Quanto a isso, tudo bem.
    Nesse
    sentido, acho que a questão indígena está mais bem incorporada no
    projeto de governo da Marina Silva atualmente. Gosto muito do PT e do
    governo do Lula, e espero que a Dilma consiga articular tal questão um
    pouco melhor no Mato Grosso do Sul, mas depende muito de quem for o
    governador.
    Tenho muita esperança, mas o que gostaria de verdade é
    que esta não se tornasse uma questão partidária. E foi isso que
    aconteceu no Mato Grosso do Sul. Como lá o governo é do PMDB, o governo
    federal não se mete, não briga, porque não pode perder os aliados de lá.
    Isso é um absurdo! É uma população que sofre uma violência terrível em
    função de uma aliança partidária.
    A questão indígena é
    humanitária, deveríamos ter uma visão um pouco mais larga a respeito do
    assunto.
    http://img10.imageshack.us/img10/6078/laranjeiraanderuincndio.jpg

    Fonte:AJI - Ação dos Jovens Indígenas de Dourados

    quinta-feira, 8 de abril de 2010

    Evolução do desmatamento na Amazônia

    _________________________________________________________________________
    http://360graus.terra.com.br/ecologia/images/w_h/w_h_20060901001253.jpghttp://360graus.terra.com.br/ecologia/images/w_h/w_h_20060901000651.jpgA Amazônia registrou um desmatamento de 185 quilômetros quadrados em fevereiro, um índice 29% superior ao mesmo período de 2009. O Ministério do Meio Ambiente atribuiu o aumento às mudanças meteorológicas, com redução da área coberta de nuvens, o que permite captação melhor das imagens pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter). A expectativa é de que nos próximos meses esses índices possam apresentar ainda uma ligeira elevação. Tanto pela melhora das condições meteorológicas quanto pela chegada do período em que tradicionalmente há aumento da atividade de desmatamento.
    http://360graus.terra.com.br/ecologia/images/w_h/w_h_greenpeace02.1.jpgApesar do desempenho registrado em fevereiro, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse estar confiante sobre o ritmo de queda de desmatamento no País. Dados do Deter revelam que 1.352 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados entre agosto de 2009 e fevereiro de 2010. Um índice 51% menor do registrado no período entre agosto de 2008 e fevereiro de 2009: 2.781 quilômetros quadrados.
    Com novos índices agora coletados, a expectativa do Ministério é de que muito rapidamente o País consiga reduzir o desmatamento para a marca de 6,5 mil quilômetros quadrados anuais - algo que estava previsto para ser atingido apenas em 2015.
    Em fevereiro, a área de cobertura de nuvens na Amazônia foi de 57%. Nessa região encoberta, o sistema Deter não consegue verificar se houve desmatamento. Em fevereiro de 2009, a área de cobertura de nuvens foi maior, 80%. Dados divulgados hoje mostram ainda que o Deter detectou em janeiro 23 quilômetros de desmatamento. No mês, 69% da área analisada estava coberta por nuvens. Em dezembro, dados não foram divulgados justamente porque toda a área estava encoberta.
    LÍGIA FORMENTI - Agência Estado
    ____________________________________________________________________________
    Flagrante via satélite    

    Image meramente ilustrativa



           
      O desmatamento da Amazônia sempre foi uma vergonha nacional sem rosto. Há duas décadas, quando satélites começaram a cruzar o espaço acima das árvores e fotografar, a cada quinze dias, o panorama da floresta, se sabe que a Amazônia está sendo devorada em grandes nacos. O ritmo da destruição flagrada pelas fotos mostra que por ano, em média, desaparece a cobertura vegetal de uma área equivalente a metade do Estado de Alagoas. São medições muito precisas e inquestionáveis. O levantamento feito do espaço, porém nunca pôde responder à perguntar crucial: quem são os responsáveis pelos focos de destruição? Na semana passada, pela primeira vez desde que a devastação sistemática da província ecológica mais rica do planeta começou a tirar o sono do mundo, as autoridades brasileiras puderam localizar os culpados. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis já tem em mãos o nome dos dez maiores desmatadores do ano passado. "De agora em diante será possível identificar e responsabilizar individualmente os grande agressores da floresta", diz Rodolfo Lobo, chefe do Departamento Nacional de Fiscalização do Ibama. Para fazer esse cadastro dos destruidores da mata, o Ibama teve de cruzar dados de diversas fontes. Foi uma operação em três fases. Na primeira, o Centro de Sensoriamento do órgão analisou as fotos do satélite Landsat e identificou nelas as áreas desmatadas com mais de 1 000 hectares, equivalentes a 1 200 campos de futebol. Como não tiveram acesso integral aos levantamentos mais antigos, os técnicos se fixaram sobre as glebas desmatadas mais recentemente, entre 1997 e 1998. O tamanho de 1 000 hectares foi escolhido porque todo desmatamento dessa dimensão ou maior só pode ser feito com um relatório de impacto no meio ambiente, Rima. A segunda etapa foi sobrepor as fotos do satélite aos mapas locais das regiões onde foram encontradas as áreas desmatadas. Isso permitiu saber em que município estão localizadas as fazendas. A terceira e última foi a fase mais complexa. Com as imagens e mapas na mão os técnicos do Ibama foram a campo descobrir os fazendeiros responsáveis pelo corte ilegal de árvores. A partir dos dados de latitude e longitude das áreas desmatadas, fornecidos pelo cruzamento das fotos de satélite com os mapa locais, os fiscais foram para o corpo- a- corpo. Essa última etapa do levantamento foi acompanhada pelos repórteres de Veja. Equipados com GPS, instrumentos de navegação via satélite, os fiscais checaram cada um dos pontos indicados pelas coordenadas geográficas das fotos feitas do espaço. Só assim foi possível descobrir o nome das fazendas e de seus proprietários.

    Amazônia Legal - Institutos

    Cananga-do-Japão

    Cananga-do-Japão
    (Kaempferia rotunda)


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    Kaempferia rotunda

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    A Cananga-do-Japão (Kaempferia rotunda) também pode ser chamada de Flor-da-Terra, Flor-da-Ressurreição, Lírio-Misterioso, Cananga ou Ilang-ilang-da-Terra. Em espanhol é chamada de Ilang-ilang-de-la-tierra. Em inglês é chamada de Peacock-ginger, Flower-of-the-earth.
    É originária da Ásia (Japão), sendo parente do gengibre. É uma planta herbácea que pode chegar a 60 cm de altura. As folhas são matizadas em diferentes tonalidades de verde na parte superior, sendo avermelhadas na parte inferior, formando grupos de folhas unidas na base. A floração é na Primavera e ocorre antes do surgimento das folhas. As flores são levemente perfumadas e lembram orquídeas. A vida da flor é de cerca de um a três dias, mas abrem continuadamente fazendo com que a floração dure mais de um mês.
    Prefere ambientes quentes e úmidos e devem ser cultivadas sob sol pleno ou a meia sombra. O cuidado é que o ar que a circunda tenha sempre umidade, pondendo-se tê-la próximo a fontes de água. As regas devem ser moderadas, pois em excesso pode levar ao apodrecimento dos bulbos ou surgimento de fungos.
    Se plantadas em um vaso este deve ser baixo, pois quando as flores aparecerem terá uma boa estética. No plantio em vasos deve-se misturar uma parte de terra comum, dois de composto orgânico e uma de terra vegetal. Se plantadas em canteiros, enquanto estiverem com folhas formarão um volume verde quase totalmente vertical, mas deve-se levar em conta o que se plantará ao redor pois as flores ficam mesmo juntas ao solo. O solo deve ser rico em matéria orgânica para que a planta tenha um bom desenvolvimento. Quanto a propriedades medicinais das plantas, seus rizomas são utilizados para tratamentos de pele, triturados ou secos misturado a água formando uma pasta, além de serem acrescentadas outras ervas.
    No Inverno a planta entra em um período de dormência que dura até a Primavera seguinte. Neste período de dormência as regas devem ser diminuidas ao mínimo ou mesmo suspensas.
    A reprodução é feita pela divisão dos rizomas que devem ser plantados em uma mistura de terra como foi descrito acima.
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    http://www.clovegarden.com/ingred/img/gg_galless07e.jpgMembro da família das Zingiberáceas, a Kaempferia rotunda é uma das cerca de 50 espécies que compõem o gênero. Parente do gengibre, ela às vezes é chamada de "peacock ginger" (gengibre-pavão), em razão do colorido de suas folhas. As flores perfumadas lhe rendem outro nome interessante: ilangue-ilangue da terra (ilang-ilang de tierra ou flower of flowers of the earth) - em comparação ao perfume das flores da Cananga odorata (também conhecida como ylang-ylang)
    As folhas são graciosas e matizadas. Os pecíolos se juntam fortemente, cobrindo uns aos outros na base, dando a impressão de uma haste. As flores surgem na primavera, antes da brotação das folhas. Além de perfumadas, as flores são vistosas e lembram alguns tipos de orquídeas.
    As flores individualmente duram de um a três dias, mas a pouca duração é compensada, pois elas vão se abrindo sucessivamente pelo período de um mês ou mais.
    Durante o inverno, a planta entra em dormência. Os rizomas permanecem dormentes sob a terra durante todo este período, armazenando energia e se preparando para "explodir" numa nova brotação na primavera.
    Na medicina popular, os rizomas são usados em tratamento de pele. Eles são triturados - frescos ou secos - e misturados com água até formar uma pasta, que pode ser adicionada de outras ervas.
    http://imaginacaoativa.files.wordpress.com/2009/09/kaempferia_rotunda_leaves.jpg?w=317&h=423


    Folhagem da Kaempferia rotunda
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    Ficha da Planta
    Nomes populares: Cananga-do-Japão, flor-da-ressureição, lírio-misterioso, ilangue-ilangue da terra
    Nome científico: Kaempferia rotunda
    Família: Zingiberáceas
    Origem: Ásia e Japão
    Luminosidade: Luz solar plena e meia-sombra.
    Clima: O ideal é o quente e úmido.
    Solo: O solo ideal é o rico em matéria orgânica. Em vasos, usar uma mistura de 1 parte de terra comum, 2 partes de composto orgânico e 1 parte de terra vegetal.
    Regas: Deve-se regar moderadamente até que a planta entre em dormência. Depois disso, as regas devem ser diminuídas drasticamente.
    Floração: Na primavera.
    Propagação: Divisão de rizomas.
    Características: Planta herbácea, pode atingir cerca de 60 cm de altura. As flores são suavemente perfumadas.
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    Por: Rose Aielo Blanco*


    cananga02

    quarta-feira, 7 de abril de 2010

    Guajajaras pedem socorro


    Praticamente isolados do mundo. Esta é a melhor definição para a atual situação dos índios da etnia Guajajara, moradores da aldeia Maraçaranduba, situada no povoado Três Bocas, no município de Alto Alegre do Pindaré (340 quilômetros de São Luís). Ainda pintados (ritual cultural que identifica quando a tribo vai para uma guerra) com as marcas da “batalha” de segunda-feira (22), quando interditaram, por cerca de nove horas, um trecho da Estrada de Ferro Carajás, os indígenas estão indignados com a falta de compromisso dos órgãos responsáveis por prestar assistência ao povo.

    Atualmente, eles se queixam que estão sem atendimento médico, com educação precária e sem acesso aos povoados mais próximos da tribo. Ontem, uma índia com suspeita de malária há mais de um mês teve que ser transportada de canoa - já que a única estrada que dá acesso à tribo não tem condições de tráfego de veículos - até a cidade mais próxima para conseguir atendimento médico. Os índios afirmam que, caso a situação não mude, vão interditar nos próximos dias a ferrovia da Vale. O bloqueio da estrada prejudica o transporte de matéria-prima e de passageiros nos trens da empresa.

    A principal indignação dos guajajaras da aldeia Maraçaranduba é a falta de assistência médica. A enfermaria que foi construída no local pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) está há mais de dois anos sem funcionar. O local onde os índios recebiam o atendimento encontra-se praticamente em ruínas. “Quando alguém adoece aqui tem que contar com a ajuda da natureza para sobreviver. Nós não recebemos uma visita médica há mais de um ano e meio. Índios estão morrendo e ninguém faz nada. A interdição da ferrovia é um grito de socorro. Alguém precisa olhar para esta situação. Temos vários problemas, mas esse é o maior. Estamos cansados de promessas. A Funasa simplesmente nunca mais apareceu aqui”, declarou a cacique, chefe da tribo Marcilene Guajajaras.

    Com suspeita de malária, a índia Audilene Guajajaras passou um mês sem atendimento médico. Ontem, ela teve de ser transportada de canoa até o povoado Três Bocas para seguir até a cidade de Alto Alegre do Pindaré, onde tem o posto de saúde mais próximo, com cerca de 15 quilômetros de distância da aldeia. “Vocês estão vendo como nós estamos vivendo. Se não levarmos ela hoje (ontem) para um posto médico, essa índia vai morrer. Os médicos nunca mais passaram por aqui. Temos apenas uma índia que é enfermeira, mas ela não tem nenhum tipo de material para trabalhar”, declarou o terceiro cacique da tribo Antônio Filho, irmão da índia doente.

    Convênio – O que contribuiu ainda mais para a interdição da Estrada de Ferro Carajás, segundo o povo indígena, é a falta de repasse da verba de um convênio firmado entre a Vale, a Prefeitura de Alto Alegre do Pindaré e a Fundação Nacional do Índio (Funai), que traria vários benefícios à aldeia, entre eles uma estrada de acesso e a verba para a manutenção das atividades agrícolas, que eles garantem que não chega desde 2008.

    “No primeiro mês de 2008, saiu a última parcela desse convênio. De lá para cá, nunca mais recebemos nada. Chega uma hora que não dá mais para agüentar. Tudo complicou. Recebemos a garantia da Vale de que iríamos dialogar com a Funai e a Funasa. Precisamos da estrada que nos foi prometida, mas também precisamos trabalhar para sobreviver. Temos que acertar todos esses pontos. A Vale nos garantiu que a verba foi repassada tanto para a Funai quanto para a Funasa. Então, queremos saber o motivo da verba não chegar aqui. Alguém está nos enganando. Precisamos dialogar”, denunciou a segunda cacique Rosilene.

    Os índios explicaram que o convênio entre a Funai e Vale disponibilizava à aldeia cerca de R$ 150 mil por ano, divididos em parcelas bimestrais. A cacique Marcilene Guajajaras explicou que o dinheiro é disponibilizado pelo convênio e os índios escolhem, depois de um consenso geral, em que vão investir a verba.

    “Quando nós recebíamos a verba sempre comprávamos coisas que eram para o bem de toda a tribo, mas tudo acabou. A única coisa que nós temos hoje é um pequeno trator, cuja travessia pela estrada é feita por ele, já que quando chove chega a encobrir uma pessoa de tanta lama. Precisamos de motor para as canoas, pois vivemos também da pesca. Caso as autoridades não nos ouçam, nós vamos chamar os índios da etnia Guajá, que também estão sofrendo bastante, e vamos fazer uma manifestação ainda maior, pois assim seremos ouvidos. Já telefonamos, conversamos, mas ninguém leva a sério. Infelizmente, tem que ser assim. Eles não respeitam o povo indígena”, ameaçou.

    Escola precária - A escola que fica dentro da tribo Maraçaranduba, que atende apenas crianças do jardim até a quarta série do ensino fundamental, encontra-se em um estado deplorável. As salas de aula não têm condições alguma de higiene. O teto está todo furado, as paredes completamente úmidas, cheias de infiltramento, e a iluminação não existe, pois toda a fiação elétrica do prédio foi deteriorada com o tempo. “Como é que as nossas crianças vão ter algum tipo de educação? Chegou a hora de nós falarmos”, protestou o índio Paulo Guajajara.

    Por conta da falta de energia no prédio onde funciona a escola da aldeia, toda a merenda que chega ao local estraga. Os índios possuem um freezer e uma geladeira que estão desligados por falta de energia elétrica. “Nós até recebemos a merenda escolar, mas não tem onde conservar. Tudo estraga. Até temos onde guardar, mas sem energia é difícil. A nossa aldeia precisa de mais assistência”, disse Paulo Guajajara.


    Fonte: O Estado e Nativa FM