domingo, 9 de maio de 2010

Índios Brasileiros e as mudanças que sofreu durante a colonizão


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Povos Indígenas
http://rogeriojordao.files.wordpress.com/2009/04/1230846377.jpg?w=500&h=333O índio que sempre esteve em harmonia com o meio ambiente sofreu muito com a chegada do homem branco. Ele saiu do isolamento em que vivia , esse convívio trouxe novos costumes o que descaracterizou e muito a sua cultura, O contingente populacional indígena era em torno de 2 a 5 milhões na época do descobrimento do Brasil. Atualmente de acordo com dado fornecidos pela FUNAI ( Fundação Nacional do Índio ), essa população está reduzida a 220 mil habitantes concentrados principalmente nas regiões centro-oeste e norte do país.
A colonização brasileira no início se concentrou no litoral tendo como primeiro contato os índios tupi, esses índios ensinaram aos portugueses o cultivo da mandioca e a utilização de vários utensílios. O contato com o homem branco introduziu na cultura indígena o uso da arma de fogo, criação de galinhas, bois e porcos.
[isolados_11.jpg]Os índios brasileiros vivem em aldeias independentes Cada aldeia tem seu chefe que conduz as migrações , determina as atividades diárias, lidera os índios em caso de guerra, procura manter as tradições e é também responsável pelo contato com outras aldeias e com o homem branco.
Índios Brasileiros
Normalmente os índios brasileiros não acreditam na existência de um Deus supremo e sim numa série de figuras mitológicas que teriam criado os animais, as plantas e os costumes. Para os índios a arte não está separada da vida cotidiana e nem é uma atividade individual. A pintura corporal pode ser um enfeite, pode distinguir os grupos da sociedade ou indicar o estado de guerra na aldeia. A cor vermelha é extraída do urucum, o azul do jenipapo e o branco do calcário. Além dos desenhos no corpo, a pintura é usada nos trabalhos de cestaria e cerâmica. A arte plumária em geral é destinada a enfeites utilizados durante a realização de ritos e como ardonos na vida diária.
As técnicas da fabricação da cerâmica foram desenvolvidas pelas sociedades indígenas de acordo com o nível de sua cultura e de suas necessidades básicas. A cerâmica não segue um padrão rígido, as peças podem adquirir diversas formas (circulares, quadradas, retangulares, irregulares,etc..), isso depende da


Os principais povos indígenas que habitam ou habitaram o Pantanal são:
Índio Paiaguá.O Paiaguás, hoje extinto, vivia no Pantanal quando os portugueses chegaram na região. Junto com o Guaikuru travaram batalhas, matando muitos portugueses. Foram perseguidos e aos poucos exterminados, não existindo atualmente nenhum registro de descendentes.
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O Guaikuru eram aliados aos Paiaguás contra os portugueses, eles ofereceram grande resistência à povoação do Pantanal mato-grossense. Um tratado de paz em 1791 os declara súditos da coroa portuguesa. A partir do século XVIII, chamou-se guaikuru todos os indígenas do Chaco que compartilhavam sua língua.
http://pib.socioambiental.org/images/povos/19404391304933dcb394a3a.jpgOs Guatós foram considerados extintos até que em 1977 foi reconhecido um grupo na ilha Bela Vista do Norte. Eles vivem no pantanal dispersos ao longo dos rios Paraguai, São Lourenço e Capivara no município de Corumbá. Segundo a FUNAI em 1989 eram 382 índios.
Na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai está localizada a reserva de Amambaí, a segunda mais populosa do estado com 2.429 hectares e 4.544 índios, divididos em Guaranis Kaiowá e Guaranis Ñandeva. O sul do estado sofreu modificações em sua estrutura econômica, o aumento da produção de grãos como soja, arroz e trigo, e a modernização da pecuária fez subir o valor das terras, estimulando sua ocupação por fazendeiros. Os conflitos culturais prejudicam os índios, a parte mais fraca, e uma de suas conseqüências é a alta taxa de alcoolismo e suicídios registradas nas reservas da região. Essa área está demarcada e homologada desde 1991.
http://www.sigev.com.br/hot_sites/asami2008/imagens/indio.jpgOs Bororo atuais são os Bororo Orientais, também chamados Coroados ou Porrudos e autodenominados Boe. Os Bororo Ocidentais, que foram extintos no final do século XIX, viviam na margem leste do rio Paraguai, onde no início do século XVII os jesuítas espanhóis fundaram várias aldeias de missões. Amigáveis serviam de guias aos brancos, trabalhavam na fazendas e eram aliados dos bandeirantes. Desapareceram pôr causa das doença e dos casamento mestiços. Os Bororo Orientais habitavam um território que ia da Bolívia a oeste, ao rio Araguaia a leste, do rio das Mortes ao norte ao rio Taquari ao sul. Eram nômades e indomáveis, o que dificultava a colonização. Várias expedições para exterminá-los foram organizadas. Estimado na época em 10000 índios os Bororo sofreram guerras e epidemias até sua pacificação no fim do século XIX, quando contavam com 5000 índios. Nas colônias em contato com os soldados, a promiscuidade, o consumo de álcool e as doenças sua população foi ainda mais reduzida. Entregues aos salesianos para serem catequizados em 1910, os Bororo somavam 2000 índios. Em 1990 com uma população de aproximadamente 930 pessoas viviam em pequenas áreas indígenas nos municípios de Barra do Garça, Barão de Melgaço, General Carneiro, Poxoréu e Rondonópolis no Estado de Mato Grosso. Este povo que caçava e colhia hoje vive da agricultura e da venda de artesanato.
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Os Umotinas, um subgrupo Bororo, eram conhecidos como "barbados" pois usavam barbas, às vezes postiças feita de pêlos de macaco ou de cabelos de mulheres da tribo. Vivem na Área Indígena Umutina no município de Barra dos Bugres no Mato Grosso junto com os Paresi, Kayabi e Nambikwára.
Os Paresi viviam no planalto de Mato Grosso e por serem dóceis e pacíficos serviram de escravos aos bandeirantes. Trabalhavam na agricultura e fiavam algodão para a confecção de redes e tecidos. No início do século XX foram encontrados, ainda traumatizados pela violência de contatos anteriores, pelo Marechal Rondon que os levou para terras protegidas pôr suas tropas. Se tornando seus principais guias na região. Em 1990 segundo a FUNAI eram 900 índios.
Na maior reserva de Mato Grosso do Sul, ocupando uma área de 538.536 hectares no município de Porto Murtinho (fronteira com Paraguai), habitam três povos indígenas: os Kadiweu, os Terena e os Chamacoco, totalizando 1.265 pessoas. A reserva está localizada em termos ambientais, no ecossistema do Pantanal Mato-grossense e do chaco paraguaio. http://www.portalbonito.com.br/images/kadiweu.gifOs Kadiweu são descendentes dos guaikurus, índios cavaleiros que tiveram participação importante ao lado dos brasileiros na Guerra do Paraguai. Por serem agressivos dominaram outros povos do Chaco e do Pantanal, principalmente os terena que se dedicam à agricultura e os Chamacoco que vivem da caça e da pesca. Suas terras são reconhecidas pelo governo desde 1903. O principal conflito dessa comunidade indígena é a mesma de outras reservas, o interesse que o homem branco tem por suas terras para transformá-las em pasto de gado. O arrendamento das terras para os fazendeiros através da FUNAI, se tornou ao principal fonte de renda desse grupo indígena. Atualmente os maiores conflitos estão acontecendo entre os Kadiweu e os madeireiros clandestinos, que estão desmatando as áreas da reserva florestal.

domingo, 2 de maio de 2010

Terena e Guaikuru na Guerra do Paraguai



De acordo com os registros sobre a Guerra do Paraguai, a participação de índios no conflito é quase que ignorada pelos historiadores. No entanto, os índios Terena e os kadiwéu – representantes do grupo guaikuru da região do Chaco – preservam uma série de narrativas e manifestações culturais que os remetem ao seu envolvimento nesse conflito. Entre outras manifestações, estão a dança do bate pau do Terena e a cavaloada Kadiwéu ritualística que relembra os combates na guerra.
Espalhados ao longo das margens do rio Paraguai, os Terena e Kadiwéu eram conhecidos e temidos por colonizadores espanhóis e portugueses. Formando um amplo rebanho de cavalos domesticados, os kadiwéu utilizavam do animal, como exímios cavaleiros para empreender suas guerras, já os Terena sábios estrategistas no planejamento e exploração dos territórios. Ao longo do processo de colonização da região sul, diversos relatos contavam a forte resistência empreendida por essa união dos índios Terena com o Kadiwéu/Guaikuru. Ao longo do período colonial, a definição das fronteiras sofreu grade influência do papel militar desse povo.
Para o Povo Terena e kadiwéu, a questão militar integra a concepção de mundo desses povos. Além de definir a própria identidade desses povos, a guerra era foi um instrumento de incremento populacional mediante a baixa densidade demográfica dos mesmos. O evento da Guerra do Paraguai, além de reforçar o caráter guerreiro dos kadiwéu aliado a astúcias dos Terena, também demonstrou a relação conflituosa estabelecida com os paraguaios ao longo de sua trajetória.
Essa relação de oposição, aos "brancos" teriam uma grande relação com a cobiça nas terras dos Terena na região de Miranda e Aquidauana e do kadiwéu, na região Porto Murtinho e Bonito. Por isso, essa população indígena se via sistematicamente impelida a afrontar os paraguaios em conflitos, sendo a Guerra do Paraguai mais um dos episódios dessa história. A lógica de uso da terra pretendida pelos "brancos" era vista como uma ameaça à importância dada entre os Terena e os kadiwéu à continuidade de seus povos.
Em 1870, existiam duas realidades indígenas distintas em relação a Guerra do Paraguai, o indígena combatente aliciado pelo estado, como os povos Terena, Kadiwéu e Guarani, e o indígena alcançado pela guerra del 70, como no caso de diversos grupos indígenas localizadas no interior do Paraguai. Todos atingidos e transformados por esta mesma guerra, mas de maneiras absolutamente distintas.
Porém, apesar da violência e a importância deste acontecimento para a historiografia latino-americana, pouco se sabe do impacto desta guerra junto as populações indígenas envolvidas no conflito, como os Terena e os Kadiwéu do Mato Grosso do Sul e parte dos chamados Guarani "paraguaios", que se viram forçados a lutarem por seus respectivos governos nacionais. Assim como em relação as diversas comunidades indígenas Guarani
Como sabido, é a própria história que nos ensina que há "mortos que nunca morrem", pois os nossos valentes guerreiros estarão sempre vivos enquanto nós os índios se lembrarmos deles, mas, na verdade nós somos os "vivos" sobrevivendo quase mortos, pois hoje, se nos nutrem de uma história marginalizada, violentada e silenciada. Se os nossos povos já foram os verdadeiros "DONOS DESSA TERRA", vivemos agora em situação de mendicância. Mendigamos não o pão de cada dia, mas, a necessidade do resgate de nossa identidade, de nossa cultura e de nossa DIGNIDADE enquanto seres Humanos.
Para o "civilizado", "homem branco" é fácil dizer que a história sangrenta desse país já passou, já que eles continuam dominando e atraindo cada vez mais indígenas para as cidades com falsas necessidades e ilusões consumistas. A própria cultura, não se preocupou com a valorização do próprio índio, mas sim cristianizar, civilizar e branquear o indígena. Nossas crenças, juntamente com o conjunto de tão belos mitos e lendas, têm sido ridicularizadas e desvalorizadas pelos ditos civilizados.
O que nós os índios queremos? Justiça e não piedade! Liberdade e não submissão tutelar! Resgate cultural e não à civilização! Sobrevivência e não à exclusão! Somente quando a sociedade brasileira tiver consciência de quem foi os nossos Povos, e de quem o índio é hoje, se dará conta do quanto já nos foi tirado e do quanto ainda podemos perder, se não houver mudanças no modo de agir e pensar da sociedade em relação à nós indios. Não se pode olvidar, pleitear ignorância para eximir o dolo não os isentará da culpa!

*É índio residente na Aldeia Jaguapirú, Advogado, pós-graduado em Direito Constitucional, Coordenador Regional do ODIN/MS (Observatório Nacional de Direitos Indígenas no MS
 

Altor: *Wilson Matos da Silva*

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Polícia Civil prende índios acusados de vender droga em aldeia


Com apoio das lideranças da aldeia, a Polícia Civil prendeu, na noite dessa quarta-feira (28), dois indígenas, acusados de vender drogas na Aldeia Amambai, em Amambai.


De acordo com o delegado que comandou as investigações do caso, Dr. Marcus Geraldo Cordeiro, Gilmar Gauto Rossate, de 18 anos e Floriano Franco, o “Gagá”, de 27, ambos moradores na Aldeia Amambai, foram flagrados quando preparavam a droga para ser vendida aos usuários.


Com a dupla a polícia apreendeu 1 quilo e 200 gramas de maconha, parte prensada e parte solta.


Segundo o delegado a equipe de investigadores chegou até os acusados graças ao apoio e a parceria com as lideranças da comunidade indígena, que vem atuando com força no combate a entrada de drogas na reserva indígena, que é a maior da região, com uma população estimada em 7 mil índios da etnia guarani-kaiowá.


De acordo com o delegado, a dupla foi autuada em flagrante pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Os dois indígenas permanecem presos à disposição da Justiça.
Vilson Nascimento  
 Fonte: A Gazeta News




domingo, 25 de abril de 2010

Tragédia ou fator cultural: o infanticídio nas aldeias indígenas

Crianças indesejadas são condenadas à morte por nascerem com deficiência física ou mental, por serem gêmeas, filhas de mãe solteira ou ainda por serem vistas como portadoras de azar para a comunidade. A tradição manda que as crianças sejam enterradas vivas, sufocadas com folhas, envenenadas ou abandonadas para morrer na floresta. A prática de infanticídio não é coisa do passado. Pelo contrário, é uma ação ainda muito comum em tribos indígenas brasileiras. É o que revela o documentário Quebrando o silêncio, lançado no último dia 31, em Brasília.
Dirigido pela jornalista e documentarista Sandra Terena, o filme, finalizado em 2009, traz histórias de sobreviventes do infanticídio indígena e de famílias que saíram das aldeias para salvar a vida de seus filhos. “Foram três anos de pesquisa, com cerca de dez a doze povos indígenas do Alto Xingu e do Amazonas”, conta Sandra.
Segundo a documentarista, o objetivo do filme é promover o debate sobre o tema entre os indígenas, e não influenciar sua cultura. “Percebemos claramente que muitos são contra. Quando fui ao Xingu, no Mato Grosso, os índios da tribo local falaram que o infanticídio diminuiu e que consideram a prática bastante negativa para a própria cultura indígena. ‘A gente não é bicho’, diziam”, conta a jornalista.
De acordo com instituições ligadas à causa indígena, muitas das mortes por infanticídio vêm mascaradas nos dados oficiais como morte por desnutrição ou por outras causas misteriosas. Pesquisa realizada por Rachel Alcântara, da Universidade de Brasília, mostra que só no Parque Xingu são assassinadas cerca de 30 crianças todos os anos.
O filme Quebrando o silêncio rendeu à documentarista Sandra Terena – que também é de origem indígena e é presidente da ONG Aldeia Brasil – dois prêmios: o “Voluntariado Transformador” (na categoria “Reduzir a mortalidade infantil”), promovido pelo Centro de Ação Voluntária de Curitiba; e o “Prêmio Internacional Jovem da Paz” (na categoria “Comunicação”), realizado por diversas instituições, entre elas a Aliança Empreendedora e o Projeto Não-Violência.
Neste ano, a Atini – Voz pela Vida, instituição parceira do documentário e que desde 2006 trabalha na defesa dos direitos das crianças indígenas, pretende exibir o documentário em mais de 200 aldeias do Brasil, com o intuito de fomentar a discussão dos indígenas sobre os Direitos Humanos.
Saiba mais

Web Brasil Indígena

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ministro da Justiça Autoriza Força Nacional a Atirar Contra Indígena com “Armas Letais”

Ministro da Justiça Autoriza Força Nacional a Atirar Contra Indígena com “Armas Letais”

É muito azar pra nós indios

Por : Murilo Marques Filho
A pedido do presidente da Funai, Márcio Meira, o novo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, publicou, no dia 8 de abril, um decreto (anexo) que formaliza a presença da Força Nacional na portaria da Funai, inclusive com permissão de “uso de armas letais”.
Depois do decreto 7.056, publicado em 28 de dezembro, isentando a Fundação Nacional do Índio do dever de proteger o patrimônio nativo e de zelar pelos direitos e proteção dos primeiros povos do Brasil, o Governo Federal, cassou o direito à voz e à cidadania dos povos originários brasileiros ao colocar a Força Nacional impedindo a entrada de indígenas na sede da Funai.
Depois, em março 2010, o Presidente Lula loteou os 400 milhões anuais destinados à Saúde Indígena entre Ongs petistas, agraciadas com a criação da Secretaria de Saúde Indígena, cujos cargos foram destinados a quadros do PT. Ao assinar a fundação da secretaria, o Presidente ironizou: “Eu ia assinar a medida no próximo dia 19, Dia do Índio, mas percebi que aqui ia haver muito índio e um deles poderia estar armado e então decidi assinar logo”.
Agora o Ministro da Justiça está autorizando a Guarda Nacional a atirar contra indígenas “em legítima defesa de policiais e terceiros”. Como perguntou, com propriedade, o ex-presidente da Funai Mércio Gomes: “Que terceiros são esses, cara-pálida?”

Poucos dias antes, após entrevistar Márcio Meira, o Diário do Pará publicou que “a condução da política indigenista brasileira se assemelha a um barril de pólvora”. Meira, desde 28 de dezembro de 2009, data da publicação do decreto 7.056, está entrincheirado na sede da Funai, só saindo para aparições relâmpago em fóruns e eventos aos quais comparece sem divulgação prévia.
A política de extermínio do governo federal, agora agravada pela permissão para uso de armas letais contra manifestantes, é concomitante à pressão genocida para construção de Belo Monte, atropelando legislação brasileira e internacional, um atentado mortal contra um dos maiores santuários étnicos e ambientais do planeta – o Rio Xingu – e contra 30 etnias originárias, algumas com menos de 40 anos de contato. A hidrelétrica, terceira maior do mundo, além de ser uma insanidade do ponto de vista ambiental e humano, trazendo a morte para povos, fauna e flora ao longo do Xingu e afluentes, não atenderá às necessidades do povo brasileiro, somente às do setor do aço e alumínio, sendo ainda superestimada do ponto de vista energético, o que acarretará na construção de novas usinas. Isso sem mencionar a chegada de cerca de 100 mil pessoas na região, prevista pelo próprio governo no EIA-RIMA, o que representa uma catástrofe do ponto de vista étnico, ambiental e social.
Se a questão indígena hoje no Brasil é um barril de pólvora, Márcio Meira está sentado em cima dele. Não é à toa que, graças ao Ministério da Justiça, servidores públicos da Força Nacional foram convocados para servirem como seus jagunços pessoais.
Abaixo, a Portaria número 564, de 8 de abril de 2010, assinada pelo Ministro da Justiça.
PORTARIA No- 564, DE 8 DE ABRIL DE 2010
Dispõe sobre o emprego da FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA no Distrito Federal em apoio a FUNAI
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, e considerando o disposto na Lei nº 11.473/07 e a manifestação do Senhor Presidente da FUNAI,
solicitando apoio necessário da Força Nacional de Segurança Pública, a fim de garantir o pleno desenvolvimento dos trabalhos no âmbito da sede da Funai, em Brasília, bem como a incolumidade física das pessoas envolvidas na questão e do patrimônio, conforme solicitação contida no Ofício nº 0137/PRES-Funai, datado de 22 de março de 2010.
Autorizo o emprego da Força Nacional de Segurança Pública em caráter episódico e planejado em consonância com a Portaria nº 0394/2008, para atuação em apoio Funai , a fim de garantir o pleno desenvolvimento dos trabalhos no âmbito da sede da Fundação Nacional do Índio, em Brasília, bem como a incolumidade física das pessoas envolvidas na questão e do patrimônio, sob as seguintes orientações:
Art. 1º Os policiais da Força Nacional irão atuar, segundo solicitação, em apoio a Fundação Nacional do Índio – Funai, nas ações de preservação do patrimônio público e da incolumidade pessoas envolvidas na questão;
Art. 2º O número de policiais a ser disponibilizado pelo Ministério da Justiça obedecerá ao planejamento definido pelos entes envolvidos na operação;
Art. 3º O prazo, no qual serão realizadas as atividades da Força Nacional, será de 60 (sessenta) dias, prorrogáveis se necessário (art. 4º, parágrafo 3º, I, do Decreto 5.289/2004);
Art. 4º O uso de armas letais destina-se à legítima defesa dos policiais e de terceiros;
Art. 5º Nortearão as ações da Força Nacional os dispostos na lei 11.473, de 10 de maio de 2007, bem como o Decreto 5.289, de 29 de novembro de 2004;
Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
LUIZ PAULO BARRETO : Saiba mais sobre a FNSP no texto abaixo:
Força Nacional de Segurança Pública : Ilegal !
FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA:” ILEGAL”
Por: Pettersen Filho
Virou moda. Agora, qualquer arruaçazinha ou mero tumulto, em qualquer rincão distante deste país, ao invés de se prestigiar a polícia local, é pretexto para se invocar a Força Nacional de Segurança Pública. Mas, o que é, afinal, a Força Nacional de Segurança Pública e o que há de legal na Força Nacional de Segurança Pública?
Concebida pelo Governo Federal, às pressas, no final de 2004, para fazer frente à falência moral e material das diversas policias estaduais brasileiras, enquanto a questão de Segurança Pública deixa de ser um tema exclusivo de cada estado e assume dimensões de Segurança Nacional, portanto, Federal, digna mesmo de possuir um Ministério com status próprio e federalizado, teve, contudo, seu batismo de fogo no Estado do Espírito Santo, quando do incendiamento dos ônibus urbanos em Vitória, supostamente perpetrado pelo famoso tal crime organizado. Oportunidade, então, que se encaminhou a Força Nacional de Segurança Pública para arrefecer os ânimos locais.
Como é o costume pátrio, tradicional e corriqueiro, substituímos uma ilegalidade (a inautorizada intervenção de tropas do Exército Brasileiro no Estado, a revelia da Constituição brasileira, que somente admite a decretação do Estado de Defesa em condições excepcionais, por tempo limitado, se ouvido o Conselho de Segurança Nacional e o Congresso, o que não se vislumbrou) por outra. No caso a utilização das tropas da Força Nacional de Segurança Pública em substituição a das do Exército brasileiro.
Atualmente, a ultima noticia que se tem, encontra-se, a tal Força Nacional, em treinamento nos morros cariocas, preparando-se para o inevitável enfrentamento. Mas afinal, quem são estes homens, de que elementos a Força Nacional se compõe?
Fato é que, constituída por mero Decreto-Lei, editado as turras e de afogadilho, sem a elaboração de um antecedente eminucioso ante-projeto de lei, que fosse exposto e sabatinado pelo Congresso Nacional, portanto, sendo iniciativa isolada do Ministério da Justiça e da Presidência da República, tal Força, nomenclatura talvez tirada dos episódios intergalácticos da serié de George Lucas: “Guerra nas Estrelas”, inobserva a necessária previsibilidade legal, a do artigo 144 da Constituição Federal, que somente prevê a existência das policias civis, militares, federal e municipal, entre outras, cada uma com sua competência, mas, nunca a tal Força Nacional, concebida ao arrepio da lei, e, sob a ótica do ponto de vista constitucional, é ilegal.
Assim sendo, mesmo analisada sob o aspecto hermenêutico, a partir da hierarquia das leis, é, ainda assim, uma aberração casuística, posto que norma ordinária, decreto-lei, não se sobrepõe a cláusula petria, como é o caso da Constituição, só podendo ser alterada se concebida por maioria absoluta do Congresso Nacional, não ocorrida neste caso.
Desta forma, em sua orientação natimorta, a Força Nacional de Segurança Pública é composta por homens pinçados, escolhidos, dentre as diversas polícias militares brasileiras, que tem elementos subtraídos de realidades tão distantes quanto contraditórias, da selva amazônica até os pampas gaúchos, cada um em seu estado de origem submissos aos seus diversos regulamentos internos, dispostos a suas respectivas corregedorias e corporações, mas, no caso da Força Nacional de Segurança Pública, não sujeitos a qualquer circunscrição, posto que itinerantes.
Aparecem nas fotos, nas quais são exibidos pela propaganda oficial das campanhas publicitárias de segurança pública, promovidas pelo Governo Federal, como verdadeiros “rambos”, máquinas burras de guerra e policiamento ostensivo, militarizadas e insensíveis a realidade dissimulada contra as quais se defrontam, de um inimigo aparentemente invisível, entocado nas favelas, nos apartamentos de luxo ou no Congresso Nacional. O qual, não podem, resignados taticamente em seus pelotões uniformizados e fileiras burocráticas, localizar ou identificarem.
Homens sem localização, sem corregedoria e semquartel, lançados ao vento, até que caia em combate a primeira vitima inocente de bala perdida ou de abuso de autoridade policial.

Afinal, apenas mais uma anomalia brasileira.

Fonte:Web Brasil Indígena