quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Presidente Lula se encontra com índios Guarani a portas fechadas



Em seu périplo presidencial-eleitoral, o presidente Lula esteve hoje à tarde em Dourados, Mato Grosso do Sul, cidade onde se encontra a mais calamitosa situação indígena do Brasil. Lá vivem cerca de 12.000 índios Guarani numa terra indígena com 3.470 hectares que é praticamente um bairro da cidade. Em todo o sul daquele estado vivem quase 40.000 índios Guarani e mais uns 3.000 índios Terena.
As terras guarani são pequenas. São atualmente 23 ou 24 e somam cerca de 60.000 hectares.
A maior delas não alcança 12.000 hectares, Ñanderu Marangatu, no município de Antonio João.
Essa terra foi demarcada e homologada quando eu era presidente da Funai, porém um fazendeiro entrou com um recurso no STF e o então presidente do órgão, Nelson Jobim, concedeu-lhe liminar e passou o caso adiante. Está nas mãos do ministro Cezar Peluso desde agosto de 2005, e até agora ele não decidiu se foi legítimo ou não a homologação desta terra. Por isso causou surpresa ele ter cassado a decisão do Tribunal Federal de Justiça de São Paulo/ Mato Grosso do Sul no sentido de que, para pesquisar em terras de fazendeiro, a Funai teria que dar um prazo de notificação. Será que ele não se lembra que está em suas mãos a decisão sobre Ñanderu Marangatu e que os índios de lá literalmente estão a comer o pão que o diabo amassa?
Há uns seis meses o presidente Lula homologou a Terra Indígena Arroyo Korá, cujos estudos de delimitação foram feitos na minha administração, e imediatamente o STJ paralisou os efeitos dessa homologação.
Vai para o STF de novo. É uma barafunda o que passa na Justiça brasileira e não menos no STF. Alguém tem que explicar melhor o que significa historicamente terra indígena aos excelentíssimos ministros e o quanto está nas mãos deles a destino de milhares de famílias indígenas Brasil a fora.
Bem, o presidente Lula se trancou com os líderes guarani e conversou por alguns minutos. Só eles souberam o que se falou. Os índios até agora não deram notícia sobre o que Lula lhes prometeu. Mas Lula já saiu dizendo que os estudos vão continuar, pegando carona na decisão de Peluso, mas que não prometeu nada aos índios.

Mato Grosso do Sul

Lula e índios discutem demarcações a portas fechadas

Cerca de 20 índios da etnia Guarani se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sede da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

A reunião acontece a portas fechas e só fotógrafos puderam entrar rapidamente para fazer imagens.

Lula foi recepcionado hoje, em Dourados, por estudantes com cartazes cobrando providências a respeito do assassinato de dois professores indígenas em Paranhos – Rolindo e Genivaldo Vera.

A região Sul do Estado, principalmente a Grande Dourados, enfrenta guerra judicial por conta das demarcações de terras. A Funai (Fundação Nacional do Índio) precisava realizar estudos antropológicos em 26 municípios, mas uma série de decisões da Justiça barraram o processo.

Entretanto, recentemente, o STF decidiu que os estudos vão continuar e que não é mais preciso avisar os proprietários com antecedência.

Ao deixar a reunião, Lula disse apenas que não prometeu nada aos índios e que os estudos antropológicos continuam.

Depois de conversar com os índios, Lula deve embarcar para Campo Grande, onde inaugura obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e participa de comício organizado pelo PT. (Informações Campo Grande news e blog do Mercio)




domingo, 22 de agosto de 2010

"Pense bem antes de votar isto pode acontecer com você"


Um deputado está andando tranqüilamente quando é atropelado e morre.




A alma dele chega ao Paraíso e dá de cara com São Pedro na entrada.



-'Bem-vindo ao Paraíso!'; diz São Pedro



-'Antes que você entre, há um probleminha.



Raramente vemos parlamentares por aqui, sabe, então não sabemos bem o que fazer com você.



-'Não vejo problema, é só me deixar entrar', diz o antigo deputado.



-'Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte:



Você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.



-'Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso diz o deputado.



-'Desculpe, mas temos as nossas regras. '



Assim, São Pedro o acompanha até o elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.



A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe.



Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado.



Todos muito felizes em traje social.



Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo.



Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar.



Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas.



Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora.



Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.



Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por ele.



Agora é a vez de visitar o Paraíso.



Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando.



Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna.



-' E aí ? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso.



Agora escolha a sua casa eterna.' Ele pensa um minuto e responde:



-'Olha, eu nunca pensei .. O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno.'



Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.



A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo.



Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos.



O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do deputado.



-' Não estou entendendo', - gagueja o deputado - 'Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!!'



O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:



-'Ontem estávamos em campanha.

Agora, já conseguimos o seu voto...'



Essa tem que ser repassada



VAMOS FAZER ESSA MENSAGEM CHEGAR AO CONGRESSO NACIONAL.....

REPASSE PARA TODOS SEUS AMIGOS!





Fonte:Etnioka

sábado, 14 de agosto de 2010

Ministério Público Federal leva Funai a assinar novo TAC

Em reunião tensa, com gritaria de parte a parte, com ameças de retirada do recinto, realizada na cidade de Ponta Grossa, PR, presentes Aloisio Guapindaia, como presidente-substituto da Funai, e Maria Auxiliadora Leão, como diretora de assuntos fundiários, quatro procuradores federais lotados em municípios onde existem terras indígenas, e mais 60 lideranças indígenas Kaingang e Guarani, foi assinado um Termo de Ajusta de Conduta pelo qual a Funai se compromete a criar uma Coordenação Regional em alguma cidade do Paraná para atender aos índios daquele estado dentro de 90 dias. Isto é até o dia 6 de novembro deste ano.

O que tem de errado com isso? Ora, há dois meses o próprio ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, acertou com lideranças indígenas Guajajara que compunham parte do Acampamento Indígena Revolucionário que iria recriar uma Coordenação Regional da Funai em São Luís, no Maranhão. No dia seguinte o ministro enviou uma ordem ao presidente da Funai para que encaminhasse os estudos para esse fim, o que significaria levar ao presidente Lula a revisão do malfadado decreto de reestruturação da Funai.

O que aconteceu? Nada! Até agora nenhuma proposta surgiu da Funai e a ordem do ministro passou batida. Ninguém sabe quem tem poder de mando no Ministério da Justiça e se a atual direção da Funai está acima da supervisão ministerial, ligada talvez diretamente com a Casa Civil.

O que acontecerá com esse novo acordo, um TAC, feito com fios do bigode não do ministro da Justiça, mas de quatro procuradores federais cheios de certezas e poder? Provavelmente nada também!

Tal como no TAC que o atual presidente da Funai assinou com procuradores da região de Dourados, MS, em novembro de 2007, para estudar terras indígenas e propor novas demarcações até junho de 2009, nada aconteceu! Os estudos não foram concluídos, mal foram iniciados e já foram barrados pelos fazendeiros e por acordo com o MJ e a Casa Civil. Em retaliação, o Ministério Público de Dourados agora passou uma pesada multa contra a Funai em R$ 5.000,00 por dia, e já com um acúmulo devido de uns R$ 350.000,00.

E daí? Que acontecerá com a Funai? Vai pagar as multas? Alguém vai ser responsabilizado? A 6ª Câmara Revisora do MPF, em Brasília, vai fazer algo? E sobre esse novo TAC, alguém acha que vai ser cumprido?

Veja abaixo os termos do novo TAC da Funai com o MPF




Termo de ajustamento de conduta - Funai

                                   Ministério Público Federal
                                 Procuradoria da República no Estado Do Paraná


                           Termo de ajustamento de conduta

Pelo presente Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) que celebram entre si, o Ministério Público Federal-MPF, por intermédio dos Procuradores da República, Dr. João Akira Omoto, Dr. Osvaldo Sowek Júnior, Dr. Robson Martins e Dr. Rui Mauricio Ribas Rucinski, que oficiam nas Procuradorias da República nos Municípios de Londrina, Ponta Grossa, Umuarama e Pato Branco, respectivamente – todos no Estado do Paraná, e a Fundação Nacional do Índio – FUNAI,  por seu Presidente Substituto e Diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Sr. Aloysio Antonio Castelo Guapindaia, e por sua Diretora de Proteção Territorial, Sra. Maria Auxiliadora Cruz de Sá Leão, nos termos dos artigos 129, inciso III e V, e 231, da Constituição Federal; artigos 5º, inciso III, alínea ´´e`` e 6º, inciso VII, alínea `c´ da Lei Complementar n.° 75/93; artigos 5°, 6° da Lei n.° 7.347/85.

Considerando que o Decreto 7.056/2009 aprovou novo Estatuto e Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, reestruturando as unidades da FUNAI em todo o país;


                                    Ministério Público Federal
                                 Procuradoria da República no Estado Do Paraná

Considerando que o referido Decreto extinguia as Administrações Executivas Regionais e Postos Indígenas (art.5º), criando novas unidades denominadas Coordenações Regionais e Coordenações Técnicas Descentralizadas (art. 22 – Anexo I), distribuídas no território nacional na forma estabelecida no Anexo II do referido Decreto;

Considerando que o Estado do Paraná possuía 03 (três) Administrações Executivas Regionais, localizadas nos municípios de Curitiba, Guarapuava e Londrina, que foram extintas pelo Decreto 7.056/2009, sem que tenha sido criada uma única Coordenação Regional do Estado.

Considerando a importância que tais coordenações assumem na nova estrutura e implantação, conforme suas competências estabelecidas no artigo 22, do anexo I, do Decreto;

Considerando  que a edição do Decreto gerou oposição dos grupos indígenas paranaenses, que promoveram várias manifestações em todo o estado e na capital federal, levando a uma paralisação parcial das atividades da FUNAI no Estado;

Considerando que tal situação tem impedido a adoção das medidas necessárias para o normal funcionamento e adequado aparelhamento das Coordenações Técnicas Descentralizadas, criadas em substituição aos antigos Postos Indígenas, com prejuízo para o atendimento ás populações indígena paranaenses;


                                                 Ministério Público Federal
                                 Procuradoria da República no Estado Do Paraná


                                      Da criação da Coordenação Regional

Clausula 1º - A Fundação Nacional do Índio – FUNAI compromete- se a adotar todas as medias necessárias – legais,  normativas, administrativas e orçamentárias- para crias uma Coordenação Regional no Estado do Paraná, em local a ser definido pela sua Presidência, no prazo máximo de 90 (noventa) dias;

Único – A definição da localização da Coordenação Regional deverá levar em consideração as consultas previamente formuladas aos grupos indígenas interessados e, se for o caso, poderá ser procedida nova consulta, sem caráter vinculativo da FUNAI, mediante decisão motivada;


                      Da instalação da Coordenação Regional

Cláusula 2º - A FUNAI deverá iniciar a instalação dessa nova Coordenação Regional no prazo máximo de 90 (noventa) dias, devendo para isso adotar todas as medidas legais, normativas, administrativas e orçamentárias com vistas a dotá-la de condições de efetivo funcionamento;

Cláusula 3°- No prazo de 120 (cento e vinte) dias a Coordenação Regional do Paraná deverá contar com quadro de pessoal de no mínimo 7 (sete) servidores, tratando – se de nova unidade, ou quadro completo, no caso de conversão de alguma unidade extinta pela nova estrutura;

Cláusula 4º - A FUNAI deverá encaminhar 02 relatórios, até o dia 15 dos meses de novembro e dezembro, relatando de forma sintética as ações desenvolvidas com o objetivo de fiel cumprir as obrigações assumidas no presente Termo de Compromisso, acompanhados da documentação comprobatória, quando for o caso.

                           
                                          Ministério Público Federal
                                 Procuradoria da República no Estado Do Paraná

Cláusula 5º - O descumprimento de quaisquer das obrigações previstas no presente Termo de Ajustamento de Conduta sujeitará a parte infratora do pagamento de multa diária no valor de R$ 5.000.00 (cinco mil reais), a ser revertida em favor das comunidades indígenas afetadas, na forma de cestas básicas.

Único – Pelo descumprimento do presente Termo de Ajustamento de Conduta o MINISTERIO PUBLICO FEDERAL fica autorizado a promover a sua execução, nos termos do art. 5º, 6° da Lei 7.347/85.

Cláusula 6º - O presente Termo de Ajustamento de Conduta é irretratável e irrevogável, e obriga as partes a seus sucessores.

Cláusula 7º - Quaisquer litígios ou controvérsias surgidas em decorrência do que está pactuado no presente Termo do Ajustamento de Conduta deverá ser dirimido pelo Juízo Federal da Circunscrição Judiciária de Londrina.

                                                                                  Ponta Grossa, 06 de agosto de 2010

Assinam
Aloysio Antonio Castelo Guapindaia  - Presidente substituto da Funai
Maria Auxiliadora Cruz de Sá Leão - Diretora de Proteção Territorial
João Akira Omoto - Procurador da República
Robson Martins - Procurador da República
Osvaldo S. Junior - Procurador da República
Rui Mauricio Ribas Rucinski - Procurador da República

Fonte: Blog do Mércio

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Onde e Como Cultivar Orquídeas

(Preliminar)
"A Orquídea não é uma parasita". Este é o primeiro ensinamento dos orquidófilos.
Na verdade a orquídea é capaz de produzir o alimento que necessita. Atravez da fotossintese transforma em carboidratos e oxigênio, com a intervenção do calor, da luz, e da clorofila. Ainda se alimenta pela raizes absorvendo agua e sais minerais.
É impossível estabelecer uma regra única para o cultivo de todas as orquídeas. Ela nasce em qualquer canto e lugar, mas se adpta melhor em temperaturas amenas (+15 a 25ºC)


Habitat e cultivoEm funçao das grandes variações climáticas no Brasil, o cultivo das orquídeas
em ripados se torna mais adquadro, mas nem sempre o mais fácil e barato.Tambem podemos usar para fechamento e cobertura, tela de plástico "Sombrite" 50x50 onde a passagem da luz fica reduzida a metade, em regiões muito ensolarada devemos usar tela com menos passagem de luz solar.

Ripado
A altura média deve ser de 2.40m e o comprimento e largura fica de acordo a quantidade de plantas. Ao colocar as ripas ou outro material como bambu etc. elas devem ficar na posição norte-sul, isto para que quando o sol caminha na direção leste-oeste, ele vai gradativamente passando sobre as plantas.
As ripas normalmente de 5 cm de largura, devem ficar entre si
um espaçamento de 2,5 a 3 cm.
Lembre-se sempre, a orquídea necessita de luz solar, mas nunca diretamente sobre a planta por longo periodo.

(Veja na animação abaixo, a luz solar passando sobre a planta.)
Ripado
Ripado
Ripado
Sombrite

Cultivo em Apartamento
Para cultivar orquídea em apartamento, escolha uma ou mais janelas que receba bastante sol durante o dia, e proteje-a com sombrite (Uma pequena tela escura, com malhas 50x50), para que a luz solar passe pulverizada.
Quanto a rega e adubação,o mesmo princípio para todas.




Rega
Para termos uma idéia do período entre uma rega e outra, vamos fazer de conta que a planta (Orquídea) está em seu habit natural grudada com suas raizes em cascas de árvores. Assim, após uma chuva torrencial os ventos sopram e as raizes secam. Usando estes princípios, a planta no vaso não pode ficar com as raizes encharcadas, pois apodreceriam, dai um espaço seco entre uma rega e outra.
Em regra gerais, a rega deve ser feita pela manhã.


Adubação
Os três principais minerais para o crescimento das plantas são: Nitrogênio (N)responsável pelo crescimento, Fósforo (P) para um bom enraizamento, e Potássio (K) fortalece a planta contra pragas e auxilia na produção de flores. No mercado exitem vários produtos, use a seguinte fórmula: 30-10-10 ou seja 30% de Nitrogênio, 10% de Fósfoto, e 10% de Potássio, use uma colher de cha para 1 litro de agua, e pulverize as palntas a cada 15 dias. Devemos lembrar que o período ideal para adubação e de agosto a abril,pois, a partir de maio com a chegado do frio as plantas entram em repouso vegetativo, e a adubação não se faz necessário.


 Fonte de Informação: franciscomoro

terça-feira, 10 de agosto de 2010

ENTRE A LENDA E A REALIDADE DOS POVOS INDIGENAS DA AMAZÔNIA

Pobres bilionários de terras- Donos de 13% do Brasil, índios mal têm o que comer.



indios da amazônia









 

ALTO RIO NEGRO (AM) - A arqueologia provou que há mais de 500 anos a agricultura dos índios amazônicos ocupava largas áreas. Hoje, eles mal têm uma rocinha de mandioca, a base da sua alimentação.

Para comer, dependem de cestas básicas e da merenda escolar. Na aldeia São Jorge, dos tucanos, o segundo “capitão” (cacique) Joselino Tukano sonha domar as terras ácidas e arenosas do noroeste amazônico e ampliar a lavoura de maniva, num platô acima do Rio Curicuriari. Não tem sido fácil.


Os índios têm muito espaço – as terras indígenas (TIs) da Amazônia superam as áreas de França e Espanha juntas –, mas desconhecem técnicas e insumos.
Os índios da Amazônia se tornaram os maiores proprietários de terra do Brasil depois que a Constituição de 1988 definiu que eles tinham direitos sobre as terras que tradicionalmente ocuparam. Eles são 0,2% da população, mas as TIs ocupam 13% da superfície brasileira; 98,6% delas estão na Amazônia, onde 60% dos índios (240 mil) vivem em 414 áreas que
somam 1,08 milhão de quilômetros quadrados – quase um sétimo da área total do País ou 20,7% da Amazônia Legal.
Ali, cada índio tem para si 7 km² (a taxa demográfica de São Paulo é de 163 pessoas por km²).
Líderes indígenas garantem que a única forma de salvar a Amazônia é manter o modelo e o tamanho das TIs. “Nós somos especialistas em usar sem destruir.
Fazemos isso há milênios”, disse um deles, Bonifácio Baniwa, presidente da Fundação Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas, vinculada ao

[ritual de iniciação da Tucandeira[7].jpg]governo estadual.
“As TIs demarcadas estão segurando a destruição da floresta”, diz Jecinaldo Sateré, líder da
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Uma olhada no mapa atual de desmatamento da Amazônia mostra que eles têm razão. As manchas vermelhas que acusam o desmatamento contornam e abraçam as terras indígenas – mas não penetram nelas.
As TIs estão mesmo contendo a devastação.
Isso aumenta o alerta dos líderes indígenas; eles sabem que a pressão só aumentará sobre as terras virgens que pertencem aos índios.
Sabem, também, que duas cobiças vão pairar sempre como ameaça sobre o modelo de TIs conquistado na Constituição – uma delas mira o uso do solo e a outra, mais delicada, foca as riquezas do subsolo.
A mesma Constituição que lhes garantiu as TIs lhes suprimiu devaneios sobre a exploração mineral do subsolo por eles mesmos – todas as riquezas do subsolo pertencem à União. E define que, em caso de “relevante interesse público da União”, os recursos minerais das TIs podem ser explorados, ouvido o Congresso Nacional, pelo governo, e não por eles.
 
Os índios se dividem sobre a exploração mineral em suas terras.
Os tucanos e os baniuas são a favor, desde que eles próprios administrem a exploração; outros, como os ianomâmis e os uaimiri-atroaris, têm boas razões para serem contra. Os ianomâmis recorreram à história imemorial relatada por antepassados e fizeram um mapa geológico simples de suas terras.
Não há cópia.
O original foi mostrado a apenas três brancos de sua confiança.
Um desses brancos contou ao Estado que o mapa registra locais precisos para ocorrências como “ouro” ou “nióbio”.

Evidências dessas concentrações são notórias: as cartas do Ministério da Aeronáutica advertem que a região tem anomalias magnéticas que provocam alterações nos controles analógicos de aeronaves.
A cultura dos ianomâmis fundamenta a posição rigorosa contra a mineração.
Conta a lenda deles que os minerais existentes no subsolo foram
http://estaticos03.cache.el-mundo.net/elmundo/imagenes/2009/11/04/1257358580_0.jpg
guardados lá por Omamë, o fundador da nação ianomâmi. Enquanto esses minerais ficarem no fundo da terra, nada acontecerá de ruim; mas quando forem retirados e http://assets.survivalinternational.org/static/lib/img/gallery/User_Galleries/news/800x600/yanomami_gold_mining.jpgprocessados, a fumaça produzida no processo de fusão é uma maldição – a xawara – que se alastra pela floresta, dizimando o povo.
A xawara já aconteceu, para provar a lenda: entre 1987 e 1990, 15% da população ianomâmi morreu, quando um garimpo semiprofissionalizado invadiu suas terras.
Não há, agora, nenhum genocídio à vista, mas os índios não têm qualidade de vida, mesmo para os seus modestos padrões.
“Eles são bilionários em quantidade de terras, mas vivem uma vida de miseráveis”, constata Virgílio Viana, secretário de Meio Ambiente do Amazonas. As TIs imensas pagam a recompensa histórica devida aos índios, mas não têm sido suficientes para lhes garantir uma vida com qualidade. Eles são incapazes de prover sua alimentação, garantir sua saúde e sua educação; as medicinas dos pajés curam as doenças naturais, mas são cada vez mais impotentes para debelar os males importados.
“A Constituição de 1988 mudou o lugar dos indígenas, ao garantir o direito de ser diferente”, afirma o historiador John Manuel Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
De fato, mas, para eles, viver na floresta só continua sendo possível com uma voadeira equipada na beira do rio, substituindo a dolente piroga a remos: sua velocidade salva vidas e transporta bens essenciais, mas um motor custa R$ 8 mil e óleo diesel está caro – e as aldeias não têm dinheiro. Jovens índios que foram estudar nos grandes centros voltam entusiasmados com a fartura e a excelência da vida urbana, relatando maravilhas tecnológicas que melhorariam a vida nas aldeias (o freezer, por exemplo, ganha longe do moquém).
As imensidões das TIs são essenciais para garantir a perambulação, traço peculiar da organização social indígena, ensina a geógrafa Ivani Ferreira de Faria, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que trabalha com etnias de todo o Estado. Mas os índios perambulam cada vez menos, atesta a socióloga Marilene Corrêa, reitora da Universidade Estadual do Amazonas (UEA). Hoje, eles vivem entre a aldeia e a cidade mais próxima, com um pé na tradição e outro nas benesses da moder-nidade – mas sem dinheiro para comprá-las.


Boa parte dos índios depende, cada vez mais, de cestas básicas doadas pelo governo, ONGs ou universidades, usam a merenda escolar para alimentar adultos e sonham com o dia em que serão, afinal, acolhidos como felizes beneficiários do Bolsa-Família – muitos já são e causam inveja.
“Estamos num mundo de mudanças inevitáveis”, admite Jorge Terena, que estudou nos Estados Unidos e hoje assessora a ONG The Nature Conservancy.
O sinal vermelho acende nos momentos em que, à falta de vacinas, doenças incontroláveis ceifam vidas – na medicina do pajé, pneumonia e hepatite não têm remédio.
Mas nem por isso a situação é trágica: a população indígena da Amazônia, que Darcy Ribeiro equivocadamente previa próxima da extinção nos anos 50, na verdade está crescendo.
Estima-se que haja 500 mil indígenas na Amazônia; desses, 240 mil, segundo a Funai, vivem nas TIs.
Quer dizer, 52% dos índios, na melhor das hipóteses, vivem fora das reservas.
O temor das lideranças é que o êxodo das TIs seja o ponto de partida para desqualificar a necessidade de tanta terra.
As populações indígenas crescem a taxas exponenciais, algo como 3,5% ao ano, revela a demógrafa Marta Azevedo, professora da Unicamp e consultora do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), enquanto a população brasileira, entre 1991 e 2004, cresceu a uma média anual de 1,8%.
Eles exibem uma taxa de fecundidade espantosa: enquanto a brasileira, em 2005, estava em 2,2 filhos por mulher, entre os índios o número foi de 6
http://www.opperaa.com/userfiles/image/artes_visuais/2010/03/Pio_Uptabi.jpg(os xavantes chegam a registrar 9 filhos por mulher).
Na década de 80, estimou-se que o Brasil tinha 300 mil índios, mas 700 mil pessoas se declararam indígenas no Censo de 2000, no auge das comemorações pelos 500 anos do descobrimento.Mas um índice puxa para baixo.
Os povos indígenas ainda apresentam taxas africanas de mortalidade infantil.
Enquanto em 2005 a taxa brasileira foi de 25,7 mortes de crianças até 5 anos por mil nascidos vivos e a do Amazonas foi de 17,9, a dos índios tem sido, regularmente, de mais de 80, garante Marta.
Para muitos povos da floresta, não há crescimento populacional que os salve.
Com menos de 200 indivíduos
– população mínima para procriar sem haver contaminação pelas relações de parentesco –, 61 povos, segundo o ISA, estão condenados à opção de fundir-se com outras etnias ou simplesmente desaparecer – 12 etnias têm só entre 2 e 38 indivíduos.
“Quando morrem dez brancos, perdem-se vidas;
quando morrem dez indígenas, perde-se uma civilização”, resume o antropólogo Beto Ricardo, do ISA.