terça-feira, 26 de abril de 2011

Vida, Morte e ressurgimento dos índios Puris





Introdução
Pouco se fala ou se estuda a respeito dos primórdios de Itaperuna, muito menos ainda se comenta, pesquisa ou se escreve sobre aqueles que foram os primeiros habitantes desta região: Os Puris.
Vítimas, desde o inícío da colonização, dos mais diversos aventureiros, tiveram os Puris nos poalheiros a sua mais forte degradação. Eles os exploravam o mais que podiam, pagando com aguardente, a extração de um vegetal chamado poaia, muito abundante em nossa região. Essa bebida exercia grande atração sobre os Puris e, muitas das vezes, em troca da bebida ofereciam aos poalheiros suas mulheres e filhas.


Origem
Descendente dos Goytacazes que, perseguidos, caçados e derrotados, subiram o Rio Muriaé, invadindo a densa floresta virgem e povoando-a até o início do Século XIX.

Índole
O temperamento dos índios Puris, segundo alguns historiadores, era calmo, apático e conformado com sua condição, porém quando enfurecidos, tornavam-se vingativos, não esquecendo uma ofensa.

Características Físicas
Possuíam estatura baixa, entre 1,35m e 1,65m, rosto largo, nariz curto, dentes magníficos, olhos oblíquos. Tinham braços musculosos, pelo de coloração acobreada, cabelos negros e grossos, compridos e abundantes. As mulheres da tribo mediam em torno de 1,40m.

Habitação
Eram construções rudimentares feitas de madeiras e fibras e cobertas de capim, palha ou casca de árvore, ou mesmo folhas de palmito ou brejaúba.
Construídas em terrenos planos e, principalmente sob o abrigo de grandes árvores, sua técnica de construção consistia em fincar duas forquilhas distantes uma da outra e sobre elas atravessar um pedaço de madeira que passava por cumeeira, colocando pedaços de madeira inclinados de um lado, presos a essa cumeeira por fortes embiras ou cipós apropriados para tal fim; esta armação de madeira recebia uma densa camada de capim ou folhas de palmito que ficavam inclinados para um só lado, a fim de permitir o escoamento da água.Tinham por leito a própria terra, cavavam o chão, fazendo nele uma depressão onde pudessem acomodar seu corpo, como se fosse uma cama

Religião
Acreditavam que um ser poderosíssimo e bom os acompanhava.
Tinham seus "pajés" e a eles ficava a incumbência de dirigir as atividades religiosas e rituais da aldeia, cuidar dos doentes e ministrar-lhes medicamentos, transmitir aos membros as poucas lendas e tradições de sua gente.
Acreditavam no feitiço e a eles era reputada, pelas tribos que viviam nas redondezas, a fama de grandes feiticeiros.

Alimentação
Plantavam, em pequena escala, "fava mangalês", batata-doce, banana e milho. Utilizavam também em sua alimentação, cará branco, mandioca e abóbora que comiam crus ou cozidos.Apreciavam o araçá, ananás, abacaxi, goiaba, mamão e coco de vários tipos, sendo a banana, considerada por eles, fruta nobre. Para eles, o mel representava saboroso alimento.Usavam uma cuia, feita de certos frutos silvestres secos, como a cuité, a cabaça e postados de cócoras, faziam suas refeições.

Caça e Pesca
Da caça e da pesca dependia quase que totalmente sua sobrevivência.
Como técnica de pescaria utilizavam o cipó chamado "Timbó" que,  eles embebedava o peixe.
Usavam um tipo de balaio com tampa e dispositivo para desarmar quando o peixe entrava em seu interior.
Possuíam um método incomum de pescar, que consistia em amarrar algumas minhocas na ponta de uma linha (trazidas pelos aventureiros) e joga-las dentro d'água. Ao sentirem que o peixe engoliu a isca, puxavam a linha de repente e, com ela, vinha o peixe.
A caça também era abundante, nessas paragens como: anta, capivara, paca e outros animais silvestres, sem contar com a grande variedade de aves; muitas vezes, nem as levava ao fogo, comendo-as cruas.
Era crença entre eles que o caçador que abatesse um animal por flechamento não deveria provar de sua carne "para não perder a pontaria".

Dança
A dança era um dos divertimentos favoritos dos Puris e a eles era reputada a fama de grandes dançarinos. Suas danças eram acompanhadas de cantigas que produziam um "alarido infernal", executadas por um grupo de cinco índios; o ritmo variava segundo a finalidade. As danças religiosas eram realizadas em louvor ao "Sol" e aos "Astros", de preferência as "Estrelas".

Puris Coroados
Casamento
Logo que apareciam nos jovens os primeiros indícios de puberdade, seus pais procuravam tomar as providências para o seu casamento, porém estes não eram arranjados por eles e sim, casavam-se por afeição, levando em conta a inclinação amorosa..

Nascimento
Não existiam parteiras nas aldeias, as mulheres grávidas ao pressentirem o nascimento próximo, dirigiam-se para o interior da floresta e lá, forrando o chão com folhas, davam à luz, inclusive seccionando o cordão umbilical e resolvendo por si todas as complicações que pudesse advir. Fatais eram os casos de bacias estreitas e hemorragias.

Armas
A flecha e o bodoque eram armas muito simples, porém usados com perícia tornavam-se perigosíssimas.

Artesanato
ARTESANATO DOS ÍNDIOS PURIS
Faziam os Puris vários objetos para seu uso, empregando a argila faziam suas panelas e enormes potes, denominados "igaçaba", onde depositavam seus mortos.Faziam também com barro cozido colheres, pratos, potes para água e outros utensílios dos mais diversos formatos, sendo que alguns deles venceram a barreira do tempo e chegaram até os nossos dias.
Utilizavam em seus trabalhos manuais fibras vegetais, madeira e taquara. Com as embiras de imbaúba branca, do tucum e do embiruçu, teciam cordas com as quais faziam suas redes de pescar; com o fruto do cuité, faziam cuias. De madeira faziam os cochos para fermentação de bebidas, assentos e até mesmo gamelas.
Usavam em suas peças pintura primitivista, segundo o seu grau de cultura e na flora e na fauna encontravam o tema para seus trabalhos que, por vezes, representavam grosseiramente desenhos de serpentes, de aves ou de alguma forma geométrica copiada da natureza.


Morte
Foto: Site UENF
A morte atingia estes índios muito cedo, eram raros os que viviam mais tempo. Tinham grande pavor da morte e procuravam evitar assistir a um falecimento dos seus. Por isso, abandonavam os velhos e enfermos no meio da selva, com o fogo aceso, alguns galhos secos de árvore, água e comida.Quando morria alguém na tribo, o sepultamento era feito imediatamente para que os maus espíritos não se apossassem do corpo. O morto, por sua vez, era amarrado e enrolado em cordas feitas de embira e logo, em seguida, era colocado em uma igaçaba que lhe serviria de túmulo, indo com ele sua flecha e seu bodoque, bem como outros objetos que possuíse.


 Os Puris da Serra dos Arrepiados, hoje Serra do Brigadeiro
Os índios Puris eram hábeis pescadores que viviam originalmente no Litoral do Espírito Santo e Rio de Janeiro. No entanto, tiveram que se adaptar às regiões serranas a partir de 1500 em conseqüência da chegada dos portugueses, e a conseqüente escravização, algo que os Puris não suportavam, comum em todas as tribos.
Foi então que se viram forçados a se acuar pelo interior do Brasil. Em uma dessas imersões chegaram à região da Serra do Brigadeiro, um dos seus últimos redutos, antes denominada Serra dos Arrepiados. Encurralados pelos europeus e por algumas tribos indígenas mais selvagens como os Boruns, mais conhecidos por Botocudos ou Aymorés, dominantes do Vale do Rio Doce. A única opção de sobrevivência foi mesmo se adaptar às matas fechadas e ao frio da Serra dos Arrepiados, nome esse dado em referência aos Puris. Em 1680 o Capitão Antônio Raposo de Barretos, em uma de suas “Bandeiras” na caça aos índios, escrevendo ao correspondente comercial no Rio de Janeiro, expressava receio de perder os 40 (quarenta) Puris que seu filho tinha trazido da Serra da Mantiqueira.

Em 1693, outro bandeirante chamado Antônio Rodrigues de Arzão, tendo em uma de suas expedições partindo de São Vicente e passando por Taubaté a procura do Pico do Itacolomi (referência para os bandeirantes em suas expedições pela região do interior de Minas) marchou para a Serra do Guarapiranga com o objetivo de prear índios. Avistou a Serra dos Arrepiados que lhes pareceram mais próximas do que realmente estavam, desceu em sua direção e alcançou o Rio Piranga, onde vagavam alguns índios da nação Puri, que lhes deram  notícias da existência de ouro na região do Casca e os guiaram até a Serra dos Arrepiados, alojando-os em uma choça de casca de madeira, denominada Casa da Casca, nome que posteriormente foi transferido ao Rio Casca, o qual conserva até hoje. Nesta ocasião foram recolhidas amostras de ouro e vários índios foram levados.
Com a descoberta do Ouro na região, outros bandeirantes investiram nesta região, porém só a partir de 1780, com a nomeação de D. Rodrigo José de Menezes a Governador da Capitania de Minas Gerais, que realmente começaram o extermínio aos Puris dos Arrepiados. Com a crise do ouro e preocupado em aumentar os campos das minerações, e sabendo da existência de ouro na região da Serra dos Arrepiados, de imediato organizou-se expedições para a região, sendo a primeira datada de Julho de 1780 com permanência de um ano, onde ocorreram várias mortes e escravização de índios Puris.
A segunda expedição, de Julho de 1781, foi mais desbravadora. Com a vinda do próprio governador e por mando seu, na ocasião fundou-se o Arraial dos Arrepiados (hoje Araponga). Por toda a região foram feitas abertura de caminhos, distribuição de terras e incentivo à mineração e à agricultura. Os conflitos entre índios e brancos se tornaram então cada vez mais freqüentes e contínuos, acarretando então na matança dos índios que não eram, à época, considerados, pelos “invasores”, ou melhor, pelos europeus, donos das terras nem seres dignos de respeito.
Com isto, viu-se a necessidade de intensificar o processo de “civilização”, criando aldeamentos sem nenhum critério, misturando-se tribos e etnias diferentes, introduzindo, sem nenhum respeito à sua cultura, os valores europeus. Os índios que se rebelavam ou aqueles que não se submetiam a tal, eram caçados e praticamente exterminados através de guerra bacteriológicas principalmente com o vírus da varíola introduzida aos índios através de presentes. Também eram comuns massacres promovidos por soldados do governo e até mesmo o estímulo de guerras entre tribos, além de matanças isoladas, promovidas por fazendeiros, que se viam no direito de eliminar “obstáculos”.
O índios Puris só conseguiram sobreviver por mais tempo devido à sua imersão em matas e serras de difícil acesso, como a Serra dos Arrepiados, que até ao final do século XIX, mantinham-se boa parte de sua cultura e costumes, alguns destes ainda preservados por famílias, que a priori, se dizem descendentes dos indígenas.
Até pouco tempo julgava-se extinta a cultura e o povo Puri, porém, mais recentemente, tem-se notícia da existência de inúmeros descendentes que guardam a língua, a história, os costumes e outros saberes, além de marcarem presença no folclore e no imaginário religioso.

Serra dos Índios Arrepiados
Dança dos Cablocos
A Zona da Mata foi, outrora, habitada pelos Puris e seu último reduto foi a Serra do Brigadeiro, antes denominada Serra dos Índios Arrepiados. Até pouco tempo julgava-se extinta a cultura e o povo Puri, porém, mais recentemente, tem-se notícia da existência de inúmeros descendentes, famílias completas, que guardam a língua, a história, os costumes e outros saberes, além de marcarem presença no folclore e no imaginário religioso. Dentro dessas evidências se destaca o Grupo de Dança de Caboclos “Folguedo dos Arrepiados”, uma das mais importantes marcas da cultura Puri no nosso cotidiano.
De acordo com pesquisas realizadas, esta dança era praticada pelos próprios índios Puris. Com o passar do tempo e devido a uma forte perseguição à cultura Puri, principalmente as de maior expressão, como as danças e outros rituais religiosos, foram sendo deixadas pelos seus últimos remanescentes, inibidos, e em alguns casos proibidos de cultuar e praticar seus costumes. Daí então, em memória aos Puris, descendentes e remanescentes, começaram a praticar a dança e cantos em forma de folclore, surgindo a popular Dança dos Caboclos que, mais do que uma simples dança folclórica, é um teatro, onde é encenada a história, os costumes e a preparação do jovem guerreiro. São apresentadas em três atos: Dança com Porrete (Lança), Dança com Arco e Flecha e Dança da Trança de Cordas.


Fontes de Pesquisa
ONG Puris de Ecologia, Arte e Cultura
 Iracambi 



segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Ganhadora da prenda das 500.000 Visitas"


A ganhadora e de Minas Gerais.
Carolina Soares
 Quero agradecer pela sua visita e pelo comentário

Blog do netuno

Conquista 500.000 visitas!

500.000 visitas! :))))))

Olá a todos! Aproxima-se uma grande etapa neste blog: as 500.000 visitas!

Para comemorar, vai haver prenda, Um lindo color indigena Para quem tiver a sorte de ser o primeiro a ver este belo número 500.000

Aqui vai o que têm de fazer: Print screen do número 500.000 e comentário neste post. Ganha quem vir primeiro o número certo e em caso de empate na hora, ganha quem comentar primeiro.

Por isso, façam primeiro print screen, deixem comentário aqui e só depois mandem o vosso mail com o print para blogdonetuno@gmail.com

Obrigada a todos pelas vossas visitas e comentários, que fizeram deste blog o que ele é hoje :))

Filme A Missão, Dublado em Portugues (Roland Joffé, 1986)

A Missão

• título original:The Mission
• gênero:Drama
• duração:02 hs 05 min
• ano de lançamento:1986
• site oficial:
• estúdio:Enigma Productions / Kingsmere Productions Ltd. / Goldcrest Films International
• distribuidora:Warner Bros.

• direção: Roland Joffé
• roteiro:Robert Bolt
• produção:Fernando Ghia e David Puttnam
• música:Ennio Morricone
• fotografia:Chris Menges
• direção de arte:John King e George Richardson
• figurino:Enrico Sabbatini
• edição:Jim Clark
elenco:
• Robert De Niro (Rodrigo Mendoza)
• Jeremy Irons (Padre Gabriel)
• Ray McAnally (Altamirano)
• Aidan Quinn (Felipe Mendoza)
• Cherie Lunghi (Carlotta)
• Ronald Pickup (Hontar)
• Chuck Low (Cabeza)
• Liam Neeson (Fielding)
• Daniel Berrigan (Sebastian)
• Monirak Sisowath (Ibaye)
Nota: 4,2 (categoria/parâmetro: épico)

Apesar de contar com atores consagrados como Robert de Niro e Jeremy Irons, e ter conquistado uma Palma de Ouro em Cannes, e apesar de ser muito eficiente no registro visual do cotidiana e da arquitetura das missões católicas do século XVIII, além de mostrar um pouco a cultura indígena sul-americana, A Missão não é um bom filme. É extremamente conivente com a europeização que os jesuítas impuseram aos índios nativos sul-americanos, considerando, de certo modo, que se a dominação física é um pecado e ilegítima, a dominação cultural não é apenas aceitável, mas extremamente benéfica e fruto de ações humanitárias que têm as melhores das intenções.

A Missão cai no erro crucial de muitos filmes históricos que é simplesmente ignorar a ambivalência e a complexidade do contexto histórico e do processo histórico como um todo e simplificar e reduzir a situação narrada a uma luta épica maniqueísta entre o bem e o mau. Salvo um curto momento de lucidez em que o personagem narrador afirma que é interesse da Igreja manter seu domínio sobre os nativos americanos, já que não é mais soberana politicamente nos países europeus – momento de lucidez esse que não contribui para o desenvolvimento da história narrada e para a caracterização dos personagens – a religiosidade católica não é minimamente questionada – o próprio filme está permeado de simbologias católicas, fato que o torna descaradamente doutrinador – e os missionários são retratados de forma ingênua e mesmo infantil. Por outro lado, os índios convertidos são reduzidos a meros instrumentos manipuláveis, que se desprendem facilmente de sua cultura tradicional e tão arraigada para absorver uma cultura alheia de forma pacífica e até entusiástica – eles aparecem a todo momento defendendo os missionários e o próprio Deus católico. Não que algo semelhante não tenha acontecido historicamente, considerando o enorme poder de persuasão dos jesuítas, mas o filme não dá a nada disso uma dimensão crítica ou sociológica; pode-se dizer até que os índios retratados não têm personalidade, ou melhor, não têm a própria personalidade: eles absorvem a personalidade alheia e tomam ela para si, sem que isso pareça pelo menos um pouco merecedor de uma certa atenção e uma análise mais aprofundada.
E se o bem não é aprofundado, tampouco o mau o é. Os próprios interesses dos portugueses e espanhóis são mostrados só superficialmente, dando a impressão que eles agem mais por pura maldade do que por qualquer outra coisa. Ou ainda: que os interesses são a própria maldade – o chamado “capitalismo comercial” aparece como o grande vilão – em contraste com a pureza de virtudes dos jesuítas: a própria bondade (eles não têm interesse, só querem o bem) – a religiosidade católica aparece como a grande heroína. Não é relevante como historicamente ambos andaram de mãos dadas. Não se menciona no filme, por exemplo, que as missões funcionavam como um instrumento de colonialismo, já que, em troca do apoio da Igreja, o Estado monárquico se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos.

Uma coisa é interessante. Muitos jesuítas, de fato, ingênuos, já submersos na moral religiosa que aprenderam desde criancinhas, acreditavam de fato que estavam fazendo o bem supremo aos índios, atuavam por pura “caridade” – outro dogma católico – e não por interesses. Portanto o erro do filme não é mostrar os jesuítas assim, mas compactuar com essa ingenuidade como se ela fosse legítima. Um filme muito melhor far-se-ia talvez demonstrando com um olhar questionador como um religioso absorve os valores da sua instituição até chegar ao ponto de entrar em paradoxo com a própria instituição que lhe ensinou a agir assim – não é isso que acontece quando, seguindo o Tratado de Madri de 1750, a própria Igreja que mandou os jesuítas construírem as missões lhes ordena que expulsem os índios delas?
É uma situação delicada, à qual não é dada importância. Ao invés disso, somos apresentados a um narrador que tenta transmitir carisma por meio de seu inabalável equilíbrio em cima do muro, mas que sinceramente não convence. Mais uma tentativa de bipolarização (jogar toda a maldade em cima de um único vilão, o Estado monárquico, o capitalismo comercial, e manter toda a bondade no herói, a Igreja, mesmo que, na sua eterna busca pela conciliação e pelos melhores caminhos, a pobre coitada tenha cometido alguns erros).

Para completar o quadro, o consagrado de Niro realiza uma atuação chocha, sem-graça, sem muita emoção, apresentando ao longo do filme feições muito parecidas. Seu personagem é um típico mercenário arrependido que se converte – após se infringir uma auto-penitência à lá Jesus Cristo (como se carregar um sacola de entulho montanha acima fosse lhe trazer de volta seu irmão e os índios traficados e etc, como se não fosse tudo um adulo de ilusão pra consciência, como se a moral católica tivesse algum sentido) – e passa a atuar nas missões sob as ordens de Gabriel, personagem de Jeremy Irons, que consegue uma atuação melhor, encarnando bem o jesuíta supercarregado de virtudes que só acredita no amor. A divergência luta armada x amor como modo de resistência é típica, e também pouco desenvolvida: ambos acabam virando personagens caricaturais, ou antes “tipos”.

- Por trás das câmeras
É válido nesse filme o esforço de produção, com o contrato de índios Waunana da Colômbia para interpretar os Guaranis, opção mais trabalhosa e também mais eficaz e verossímil do que o contrato de simples figurantes. Além disso, trata-se de uma tribo que, proporcionalmente ao histórico, vive situação de submissão cultural semelhante à dos Guaranis, dando ainda mais realismo às atuações e as emoções retratadas. Além disso, houve preocupação com a questão social do uso de nativos como atores para que desastres como os de Fitzcarraldo (projeto faraônico do diretor alemão Werner Herzog, que arrastou um navio de verdade morro acima na Amazônia) não se repetissem, embora, de fato, fosse impossível que não houvesse um certo trânsito cultural – unidirecional – durante esse processo, fato que é dissimulado nas entrevistas. Tudo isso é mostrado no extra no lado B do DVD, extra que, afirmo sem qualquer insegurança, é muito melhor do que o próprio filme, apresentando uma abordagem social e realista dos índios Waunana do século XX muito mais competente do que a simplificação romântica dos índios Guarani do século XVIII em A Missão.
A trilha sonora do filme conta com um dos grandes nomes do cinema nessa área, Ennio Morricone, apesar de não ser nada tão absolutamente imperdível.
A projeção nos banqueteia com imagens belíssimas, cenários de estupenda beleza que são capturados pelas lentes das câmeras de modo exemplar, o que rendeu à A Missão um Oscar de melhor fotografia, a única vitória entre as oito indicações que recebeu. Fato que nos remete a uma situação peculiar, nos alertando contra certas generalizações que muitas vezes tendemos a fazer: a Academia de Hollywood, tão comercial, pode, sim, se mostrar mais lúcida do que o consagradamente artístico Festival de Cannes.



prêmios:

OSCAR 1987
Ganhou
Melhor Fotografia

Indicações
Melhor Filme
Melhor Diretor
Melhor Figurino
Melhor Direção de Arte
Melhor Edição
Melhor Trilha Sonora

*BAFTA 1987
Ganhou
Melhor Ator Coadjuvante - Ray McAnally
Melhor Edição
Melhor Trilha Sonora

Indicações
Melhor Direção
Melhor Fotografia
Melhor Figurino
Melhor Filme
Melhor Produção
Melhor Roteiro
Melhor Som
Melhor Efeitos Visuais

David di Donatello Awards
Melhores produtores estrangeiros – Fernando Ghia, David Puttnam

Festival de Cannes
Palma de ouro – Roland Joffé
Grande prêmio técnico – Roland Joffé

Globo de Ouro
Melhor roteiro – Robert Bolt
Melhor trilha sonora original – Ennio Morricone

Assista o filme inteiro e dublado em Portugues.


domingo, 17 de abril de 2011

Mais um desatino que um senador diz sobre demarcação de terras indígenas


 O senador Jayme Campos (DEM) disse, na tribuna do Senado Federal esta semana, estar preocupado com o "aumento exacerbado" na ampliação e criação de novas reservas indígenas em Mato Grosso. “Documento da FUNAI já fala em ampliação de mais 35 reservas indígenas. Meu Deus, onde nós vamos parar? O Mato Grosso vai acabar.”, Afirmou o democrata.



 Ele protestou contra a deliberação de questões estratégicas – como na demarcação de terras indígenas.
 Segundo Jayme Campos, a sistemática atual não só desequilibra o ideal democrático de freios e contrapesos entre os poderes da República, como também desestabiliza e põe em xeque a garantia de princípios básicos, como a soberania nacional, o pacto federativo e o direito de propriedade.

 Mato Grosso vai acabar se deixar esses "Tucura" derrubando tudo. Terra desmatada para plantar e criar bois, já tem de sobra, o que esta acontecendo é o seguinte, preste atenção, O gafanhoto desmata, passa para o latifundiário, que coloca uns bezerros em área enorme, aí o tucura desmata, passa para outro fazendeiro, que coloca alguns bois, e assim vai, tomando conta de tudo, destruindo tudo, não produz nada, a terra só fica valorizando. VAMOS REGULARIZAR E MAPEAR ESSAS TERRAS VIA SATÉLITE, E COLOQUE BRINQUINHO NOS ANIMAIS, VAI SOBRAR TERRAS PARA PRODUZIR, DURANTE 20 ANOS, SEM PRECISAR DERRUBAR UMA SÓ ARVORE. ENTENDEU SENHORES? OU NÃO?
Será que Os povos brasileiros já se esquecerão que em 2009 o Senador Jayme foi condenado por desviar dinheiro da Educação, Pelo O juiz da 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública, José Luiz Leite Lindote, Por prática de improbidade administrativa, durante sua terceira gestão, entre 2000 a 2004. O democrata foi condenado a pagar multa civil de 70 vezes o valor do salário que recebia como perfeito, o que equivale, em média, ao total recebido em cinco anos e oito meses. O valor deve ultrapassará o montante de R$ 700 mil.
Era que um Homem como este tem o direito de questionar ou não sobre demarcação de terras para os verdadeiros donos desta que já foi um verdadeiro paraíso

Para Campos, o Congresso não pode fugir à responsabilidade de participar ativamente em decisões relevantes para a segurança e o desenvolvimento do país. Ele defendeu a revisão dos dispositivos constitucionais pertinentes e a adequação das normas infraconstitucionais para que as 19 condições estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para demarcação de terras indígenas, se transformem em Lei e garantam a participação dos estados no processo demarcatório, ficando o Congresso com a palavra final.

O senador anunciou que apresentará um substitutivo à proposta de emenda à Constituição (PEC) 38/99, do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), recentemente desarquivada. Ele também anunciou a apresentação de um projeto de lei "compatibilizando, consolidando e aperfeiçoando diversas proposições já arquivadas, com propósito similar".

O senador João Pedro (PT-AM) disse, em aparte, que segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil vai bater o recorde na produção de grãos, o Congresso debate o novo Código Florestal e não há como ignorar a presença indígena no país, especialmente na Amazônia e no Mato Grosso. Para ele, definir a terra indígena não é simples e cabe à Antropologia resolver "questões imemoriais".

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse que a pressão sobre os estados da Amazônia seria menor se outros estados como São Paulo tivessem demarcado mais reservas indígenas. Ele defendeu a ampliação das áreas, mas sem retirar colonos assentados há dezenas de anos, e sugeriu que se utilizem as áreas dos parques nacionais.


Fontes de informações: Olhar Direto, Midia News