quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"Índios da etnia Wanano (Kotiria)"



"Somos conhecideos entre as diversas
etinias da região como hábeis cantores e
dançarinos, e, por conta disso, possuimos
ativos mestres de cerimônia (bagaroa).
Além disso, somos especialistas na
fabricação de carajuru, pó corante feito
de folhas de cipó, utilizado na confecção
de artesanatos de rituais e para pintura
corporal nas cerimônias."
"Vivemos no Rio Uaupés, Maior afluente
do Rio Negro, e estamos distribuídos
por comunidades na Colômbia,
localizadas em um resguardo indígena,
e comunidades na terra indígena
Alto Rio Negro, no Brasil. Esta região
também é ocupada por outras etnias,
como os Tariano, Tukano, Desano e
Kubeo. As comunidades do médio e alto
Rio Waupés fazem parte do Distrito de
Lauarete, Município de Sã Gabriel da
Cachoeira, no estado do Amazonas. O rio
e a floresta são muito omportantes para
nossa sobrevivência e são preservados."
A língua  principal dos Wanano é Piratapuyo, da Família lingüístoca  Tucano Oriental, Que engloba pelo menos 17 línguas, dentre as quais o Tukano propriamente dito é a que possui maior número de falantes. Ela é usada não só pelos Tukano, mas também pelos outros grupos do Uaupés brasileiro e em seus afluentes Tiquié e Papuri. Desse modo, o Tukano passou a ser empregado como língua franca, permitindo a comunicação entre povos com línguas paternas bem diferenciadas e, em muitos casos, não compreensíveis entre si.
"O povo é conhecido Oficialmente como Wanano, que foi dado pelos .issionários. O nome qriginal é Kotiria, que quer dizer Povo da Água."
Na cultura,a música e a dança eram originalmente executadas na maloca, mas com influência dos missionários. as malocas foram destruidas e os povos da região passaram a viver em casas familiares.
A dança fora sa maloca, nas escolas ou centros comunitários, sofreu uma mudança de signiicado e de possobilidades de execução.
O espaço ritual representa o universo de origem dos povos do Rio Negro.
A maloca e cada umas das suas partes (esteios. postes, etc) são sagrdas na disposição original.
Representam aspectos da origem e vitalidade da sociedade, do ambiente e do mundo.
A terra é boa para plantação de mandioca, abacaxi, banana, cana, cará, batata, macaxeira, popunha, copuaçu, açai, ingá, umari, coco, biriba, laranja, jambo eburiti.
A alimentação inclui produtos da mata como bacaba, patava, açai da mata, ocuqui, ocuquirana, japurá, cunuri, vacu, ingá-mirim e inajá.
Tambem a mata oferece cipó e caraná para a construão das casas.


Indio Tukano no Rio Uaupés.
Foto: Acervo Museu do ìndio, 1928.
A história de contato dos povos do Uaupés com os não indígenas é muita antiga, bem anterior ao grande auge da borracha na virada do século XX, remetendo às incursões maciças dos portugueses em busca de escravos na primeira metade do século XVIII. Embora o impacto desses raptores e o contato traumático e duradouro com os seringalistas, esses comerciantes estavam mais interessados nos corpos dos índios do que nas suas almas; em termos religiosos, e talvez em termos sociais também, foram os missionários que provocaram as maiores transformações.
A penetração efetiva dos missionários começou ao final do século XIX, com a chegada dos Franciscanos. Estes, e os Salesianos que os seguiram, viram a cultura dos povos do Uaupés através das lentes de suas próprias categorias religiosas: as malocas dos índios eram consideradas "antros licenciosos e promíscuos", as suas festas de dança ocasiões de "indecência e embriaguez", os pajés eram "charlatões" que aliciavam o povo, e o culto de Yurupari nada mais era do que o "culto ao Diabo" em pessoa. Sem conhecer e sem a mínima intenção de saber o quê essas coisas realmente significavam, os missionários começaram a destruir uma civilização em nome de outra, queimando as malocas dos índios, destruindo os seus ornamentos de penas, quebrando seus recipientes de caxiri, perseguindo os pajés e expondo os Yurupari às mulheres e crianças reunidas na igreja.
Enquanto os padres atacavam os fundamentos da cultura indígena, transformaram as suas sociedades, encurralando as pessoas em vilas com casas rigidamente ordenadas, uma para cada família, e removendo à força seus filhos para serem educados nas escolas ou internatos. Sob o regime estrito dos internatos, as crianças foram ensinadas a rejeitar os valores e os modos de vida dos seus pais, incentivadas a casar-se dentro de seus próprios grupos, e proibidas de falar as línguas que lhes conferiam identidades múltiplas e interligadas. Para os missionários, somente uma identidade importava, a identidade indígena genérica, que impedia o progresso da "civilização".
Como reação inicial contra a exploração pelos comerciantes, as pressões dos missionários e as epidemias que dizimaram a população indígena, irrompeu uma série de movimentos milenaristas na região do Uaupés durante a segunda metade do século XIX. Vestindo-se de padres e identificando-se com Cristo e os santos, os pajés-profetas conduziram o povo na "Dança da Cruz", uma fusão dos rituais de caxiri e dabukuri tradicionais com elementos do catolicismo, que prometiam a libertação da opressão dos brancos e o alívio dos "pecados" que acreditavam ser a causa das epidemias.
Se os missionários foram rechaçados por seus ataques contra a cultura indígena, também foram bem recebidos como fonte de bens manufaturados, como defensores dos índios contra os piores abusos dos seringalistas e como provedores da educação que as crianças indígenas precisariam para se sair bem nas novas circunstâncias. Dos anos 1920 em diante, os Salesianos estabeleceram uma cadeia de missões pela região no lado brasileiro da fronteira, alcançando o alto Tiquié no começo dos anos 40 e destruindo a última maloca nos anos 60. Hoje, a despeito do número crescente de evangélicos, a maioria dos índios do Uaupés se considera católico. Enquanto aumenta cada vez mais o número de pessoas que estão deixando suas aldeias para ir a São Gabriel em busca de educação e emprego, a vida nas malocas e a rica diversidade ritual que a acompanhava persiste agora somente na memória dos mais velhos.
Nos povoados, um centro comunitário substituiu a maloca como foco de atividades coletivas. O centro serve ao mesmo tempo para as orações matutinas conduzidas por um Capitão e catequista, e para as refeições comunitárias, caxiris e dabukuris que marcam eventos importantes nas vidas dos aldeões: expedições de pesca, trabalho coletivo em projetos comunitários, os dias de santo do calendário católico, formaturas escolares, eventos esportivos, reuniões políticas etc. Transformações das antigas festas, esses caxiris e dabukuris de hoje em dia ainda incluem danças e bebidas - mas as danças não são mais acompanhadas pela música nativa e as flautas de pã, mas sim pelo forró e, ao invés da relativa moderação do passado, a cachaça é livremente consumida e seu freqüentemente consumo leva a discussões e brigas. Com níveis crescentes de alcoolismo, a embriaguez que os missionários imaginavam ver nas festas tradicionais hoje tem se tornado uma realidade cruel da civilização que os missionários trouxeram consigo.
No lado colombiano, sob o regime dos Monfortianos, o policiamento e a inserção dos missionários foram muito parecidos às dos Salesianos mas, no final dos anos 50, os Monfortianos foram substituídos pelos mais liberais Javerianos. Estes eram identificados com a nova Teologia da Libertação, que pregava a tolerância com a cultura indígena e acomodação com seus valores e crenças; isto, junto com o isolamento da região, explica porque os habitantes do Pira-Paraná ainda conseguem conservar boa parte da sua religião tradicional e do seu modo de vida. No lado brasileiro, a mudança foi mais lenta, mas, depois que a os Salesianos foram denunciados no Tribunal Russell em 1980 pelo crime de etnocídio, eles finalmente começaram a adotar uma linha mais liberal e progressista.

A religião

Entre os Tukano, a religião não é concebida como um domínio discreto, mas sim como uma dimensão de todo conhecimento, experiência e prática. Isso também se explica porque a vida numa paisagem impregnada de poderes ancestrais e onde a vida cotidiana tem uma dimensão extraordinária e metafísica é potencialmente perigosa. Para sobreviver e prosperar, bem como assegurar o bem-estar de si e de sua família, todos os adultos precisam de alguma habilidade para manejar e controlar as forças de criação e destruição que os cercam. Os conhecimentos técnicos e metafísicos não possuem fronteiras precisas. Os homens adultos devem conhecer tanto os recursos naturais do território quanto suas propriedades espirituais, combinando afazeres rotineiros com procedimentos rituais, com competência tanto para caçar e pescar quanto para fazer encantações para que a carne e o peixe possam ser comidos com segurança. De modo semelhante, as mulheres, "mães da alimentação" cujos tubérculos de mandioca são "filhos", devem controlar a esfera material e espiritual de produção e reprodução de suas roças, cozinhas e corpos, como uma totalidade integrada.
Na Amazônia, freqüentemente se referem aos especialistas rituais com poderes especiais e acesso a conhecimentos esotéricos como "xamãs", rótulo que pode tanto confundir como revelar. Como indicado, para agir com êxito todos os homens adultos devem ser em alguma medida xamãs. Aqueles que são reconhecidos publicamente como tal têm maior conhecimento ritual e uma habilidade especial para "ler" o que está por trás das narrativas sagradas, optando por desenvolver habilidades e conhecimento em favor dos outros, sendo reconhecidos como especialistas. Assim, os "xamãs" são aqueles que se destacam dos demais - mas sempre há outros esperando nos bastidores.
Um segundo aspecto está relacionado ao gênero. Com raras exceções, os especialistas rituais são homens - mas a capacidade das mulheres de menstruar e gerar filhos é considerada como o equivalente feminino ao poder dos homens sobre os ornamentos de penas e os Yurupari. Assim, é possível dizer que se os homens adquiram as suas habilidades xamânicas através da cultura, as mulheres já são "xamãs" por natureza. Não é de se admirar então que, na mitologia tukano, o Povo do Universo, os heróis ancestrais que abrem o caminho para a criação da humanidade, sejam gerados por uma divindade feminina que os Barasana chamam de Romi Kumu ou "Mulher Xamã"; conhecida como "A Velha da Terra" (Ye'pa Büküo, Yeba Büro) em Tukano e Desana.
Finalmente, o rótulo "xamã" nubla uma distinção importante entre dois especialistas rituais, os yai e os kumu. Os yai correspondem ao xamã típico da Amazônia ou o pajé. Suas principais tarefas envolvem lidar com as pessoas e o mundo dos animais e da floresta. Ele desempenha um papel importante na caça por soltar os espíritos dos animais das suas casas nas serras, atividade potencialmente perigosa, que pode demandar compensações no mundo humano como a conversão da vida em morte. O pajé é um especialista na cura de moléstias causadas pela feitiçaria de criaturas vingativas e seres humanos ciumentos, doenças que tipicamente se manifestam como espinhos, cabelo, e outros objetos alojados no corpo. A cura se dá jogando água sobre o corpo do paciente ou soprando-lhe fumaça de tabaco e depois manipulando-o com as mãos, mas sempre envolvendo a sucção de objetos ou substâncias do corpo do paciente.
Yai significa "jaguar", termo que dá alguma indicação do status do pajé na sociedade tukano. O Jaguar é um animal poderoso e potencialmente perigoso, assim como aqueles que têm poder e conhecimento para agir contra a feitiçaria podem também praticá-la. Um pajé é considerado "bom" ou "mal" dependendo se ele é um parente ou vizinho de confiança. O termo yai também tem conotação de selvageria e descontrole, que alude à posição marginal de muitos pajés e ao caráter individual e idiossincrático de seus poderes, freqüentemente associados ao uso de alucinógenos.

Embora tanto o yai como o kumu sejam especialistas, o kumu é mais um sábio e sacerdote do que propriamente um xamã. Seus poderes e autoridade são baseados no conhecimento exaustivo da mitologia e dos procedimentos rituais, resultado de anos de treinamento e prática. Conseqüentemente, aqueles que são reconhecidos como kumu geralmente são homens mais velhos, cujos pais ou tios paternos muitas vezes tinham o mesmo status.
Como homem experiente e sábio, o kumu comumente é também um líder político de sua comunidade e com autoridade considerável sobre uma área mais ampla. Comparados ao yai, figura por vezes moralmente ambígua, o kumu goza de um status mais alto e um maior grau de confiança, fundamentada em seu papel ritual proeminente.
O kumu desempenha um papel importante na prevenção de doenças e infortúnio. Ele é um especialista na arte de soprar encantações sobre a carne de peixe e animais para converter a sua substância em uma forma similar ao vegetal. Tem papel proeminente nos ritos de passagem, realiza as principais cerimônias por ocasião do nascimento, iniciação e morte, transições que asseguram a socialização do indivíduo e a passagem das gerações, assim como ordena as relações entre os ancestrais e seus descendentes vivos. É o kumu que nomeia os bebês recém-nascidos e é ele que conduz os ritos de iniciação, públicos e coletivos, para os jovens e os ritos mais individuais e privados realizados quando moças atingem a idade de puberdade. Tais transições envolvem um contato necessário e potencialmente benéfico entre os vivos, os espíritos e os mortos. Esse contato pode ser perigoso e é o kumu que assume a responsabilidade de proteger as pessoas. Para aqueles que gozaram da proteção de um kumu durante o seu nascimento ou iniciação, ele é seu guu ou "tartaruga", em alusão à carapaça dura e protetora desse animal.
A outra importante função do kumu é presidir as festas de dança, as festas de caxiri e intercâmbios cerimoniais, e de conduzir e supervisionar os rituais em que se tocam os instrumentos de Yurupari, rituais que envolvem um contato direto com os ancestrais mortos. Aqueles que participam desses rituais colocam as suas vidas nas mãos do kumu e é somente os mais sabidos e respeitados que são encarregados desse papel. Do mesmo modo, patrocinar tais rituais significa reivindicar reconhecimento como kumu.
Como "gente" e parte integrante de um cosmo vivo, os seres humanos, os animais, as plantas e os peixes participam de um mesmo sistema, que é engajado e revitalizado durante os rituais de Yurupari. Esses rituais fomentam a reprodução das plantas e dos animais, asseguram o ordenamento normal das estações e a fertilidade contínua da natureza. Ao supervisionar e promover esses rituais, os kumus mais importantes chegam a incorporar os poderes e identidades de Yeba Hakü, o "Pai do Universo", de Romi Kumu, "Kumu Mulher" e de Yurupari, fonte e espírito da vida vegetal. Como mestres do ritual, eles mesmos se tornam criadores.

Um componente crucial das idéias religiosas tukano são as relações entre os seres humanos, os animais e a floresta.




Masa (em barasana), a palavra para "gente", é um conceito relativo. Pode se referir a um grupo em contraposição a outro, a todos os tukano em contraste a seus vizinhos, a índios versus brancos, a seres humanos versus animais e, finalmente, a coisas vivas, inclusive árvores, versus objetos inanimados. Em discursos míticos e xamânicos, os animais são gente e habitam mundos aparentemente semelhantes ao mundo dos seres humanos: vivem em comunidades organizadas em malocas, plantam roças, caçam e pescam, bebem caxiri, usam ornamentos, participam de festas inter-comunitárias e tocam seus próprios Yurupari (flautas sagradas que representam os primeiros ancestrais).

Todas as criaturas que podem ver e ouvir, que se comunicam com os do seu grupo e que agem intencionalmente são "gente" - mas gente de espécies diferentes. São diferentes porque têm corpos, costumes e comportamentos diferentes e vêem as coisas de perspectivas corporais distintas. Assim como as estrelas vêem os humanos como espíritos mortos, os animais vêem themselves as humans and see os humanos como animais. Aos olhos do urubu, quando os humanos vão pescar, eles pescam cadáveres apodrecendo e fisgam tapuru (conhecido como "bicho de pau"); aos olhos do jaguar, os humanos são predadores perigosos que bebem sangue como se fosse caxiri; para os peixes, para quem a água é seu "ar", é impressionante que os humanos não saibam respirar "debaixo da água". Os humanos, por sua vez, logicamente vêem as coisas de outra perspectiva.

Se o denominador comum de todas essas "gentes" é a sua subjetividade e para elas, na condição de sujeitos, seu próprio modo de vida é aquele da cultura humana, as diferenças entre tais "gentes" repousam em seus diferentes corpos: em sua forma, cor, sons, hábitos corporais e dieta.

Essas diferenças estão culturalmente representadas em diferentes gêneros alimentícios de uso ritual, tais como coca, tabaco e a ayahuasca, bem como tintas corporais distintas, ornamentos e roupas, ou como diferentes armas e equipamento ritual. Os índios se referem a todos esses itens como küni-oka, "armas ou escudos", idéia que faz lembrar os uniformes de exército com seus brasões - ao mesmo tempo identidade, vestimenta e arma de defesa. Nessa lógica, as diferenças entre os grupos humanos são representadas como naturais e inerentes. Conceitualmente, os vários grupos tukano constituem tantas "espécies" diferentes quanto as múltiplas espécies animais são "povos" diferentes.

Na vida cotidiana, as pessoas enfatizam sua diferença dos animais, mas no mundo dos espíritos, ao qual se tem acesso pelos rituais, pelo xamanismo, pelos sonhos e pelas visões de ayahuasca, as perspectivas se fundem, as diferenças são abolidas, o passado é presente, e pessoas e animais voltam a ser um. Isto tem importantes repercussões práticas, pois, onde os animais são pessoas, caçá-los e ingerir sua carne é equivalente à guerra e canibalismo. Muitas doenças são assim diagnosticadas como a vingança dos animais que os humanos matam e comem. O risco advindo dos animais é proporcional a seu tamanho e habitat: as antas são mais perigosas do que os macacos, os animais terrestres são mais perigosos do que os peixes, e peixes grandes mais perigosos do que os pequenos.

O perigo também está relacionado ao contato com o domínio metafísico. Um nascimento neste mundo provoca ressentimento entre os espíritos-animais - para eles, representa uma morte. Os bebês humanos, recém-migrantes do mundo dos espíritos, não estão ainda firmemente ancorados a seus corpos e, portanto, precisam ser protegidos das antas ciumentas que ameaçam ingeri-los através de seus ânus - um nascimento ao avesso. Enquanto visitantes do mundo dos espíritos, as mulheres menstruadas e os homens que tomam parte nos rituais ganham temporariamente status de criança e devem restringir sua dieta, evitando alimentos perigosos. Para cozinhar o peixe ou a carne com segurança, um xamã deve primeiro soprar encantações para remover os seus "escudos de proteção" ou "armas" (tintas, peles, dentes, espinhos, escamas e outros atributos corporais identificados aos animais ou peixes) que podem comprometer a identidade especificamente humana do consumidor.

As qualidades de personificação, subjetividade e intencionalidade que os índios aplicam aos animais e os peixes também se estendem ao cosmos como um todo. Os mitos dos povos do Uaupés também são mitos sobre a paisagem, cujos traços distintivos - as serras e montanhas, os rios, as rochas e cachoeiras -, têm nomes que evocam as histórias de sua criação ancestral. Viajar por terra ou canoa é seguir essas histórias e compartilhar os atos de criação descritos por elas. Muitas histórias contam sobre as antigas migrações, atribuindo à paisagem uma dupla dimensão - a dos atos primordiais de criação e a dos atos mais recentes, como a construção de casas e abertura de roças.

Os poderes de criação ancestral incutidos na paisagem se estendem às plantas, peixes, animais e seres humanos que a habitam e também aos objetos confeccionados a partir dos materiais que dela provêm. Nos mitos, os objetos cotidianos tais como canoas, bancos, cestos e potes, emergem como seres animados e autônomos - como visto, do mesmo modo que os animais podem ser gente, as malocas podem ser os corpos dos ancestrais ou daqueles que as construíram. Os objetos confeccionados condensam dois tipos de potência: os poderes de sua matéria-prima e as habilidades e intenções de seus fabricantes. Conseqüentemente, o processo de fabricação dos objetos tem uma importante dimensão religiosa. Durante os ritos de iniciação, os homens e mulheres jovens são sistematicamente treinados na confecção de artesanato, um treinamento que é a um só tempo intelectual, espiritual e técnico. Fazer artesanato é concomitantemente confeccionar a si mesmo e o mundo, numa forma de meditação que traz à tona as interconexões entre objetos, corpos, casas, e o universo.

As aldeias Wanano estão localizadas na beira do rio Uaupés entre Iauaratê, no Brasil, e Santa Cruz, na Colômbia. Tem um grupo com mais de 50 Wanano morando em São Gabriel da Cachoeira, fora da reserva. Há 17 aldeias espalhadas ao largo do rio Uaupés na fronteira entre o Brasil e a Colômbia. Destas, Sete aldeias ficam do lado da Colômbia e Dez do lado do Brasil.

As etnias e localizações

No Rio Uaupés e em seus afluentes existem atualmente mais de 200 povoados e sítios. Membros dessas etnias também estão presentes nas cidades da região, sobretudo em São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos. As etnias presentes na bacia do Uaupés são as seguintes:
1) Arapaso: Etnia de origem tukano oriental que atualmente fala apenas a língua tukano. Vivem no Médio Uaupés, abaixo de Iauareté, em povoados como Loiro, Paraná Jucá e São Francisco. Várias famílias também moram no Rio Negro e em São Gabriel.
2 ) Bará: Autodenominam-se Waípinõmakã. Habitam principalmente as cabeceiras do Rio Tiquié, acima do povoado de Trinidad, já na Colômbia; o Alto Igarapé Inambú (afluente do Papuri) e o Alto Colorado e Lobo (afluentes do Pira-Paraná). Dividem-se em cerca de oito sibs (grupos de descendentes de um ancestral comum que não podem casar entre si). São especialistas no preparo do aturá de turi, muito usado onde não são disponíveis os aturás de cipó maku. Também fabricam o carajuru. São hábeis ainda na confecção de canoas. Atualmente são os principais especialistas na fabricação dos adornos de plumas usados nas grandes cerimônias.

3) Barasana: Autodenominam-se Hanera. Vivem nos igarapés Tatu, Komeya, Colorado e Lobo, afluentes do Pira-Paraná, e no próprio Pira-Paraná, em território colombiano. Também encontram-se dispersos na bacia do Uaupés, no Brasil. Registram-se 36 subdivisões nomeadas.
4) Desana: Autodenominam-se Umukomasã. Habitam principalmente o Rio Tiquié e seus afluentes Cucura, Umari e Castanha; o Rio Papuri (especialmente em Piracuara e Monfort) e seus afluentes Turi e Urucu; além de trechos do Rio Uaupés e Negro (inclusive cidades da região). Existem aproximadamente 30 divisões entre os Desana, entre chefes, mestres de cerimônia, rezadores e ajudantes. Este número pode variar segundo a fonte. Os Desana são especialistas em certos tipos de cestos trançados, como apás grandes (balaios com aros internos de cipó) e cumatás.
5) Karapanã: Autodenominam-se Muteamasa, Ukopinõpõna. Vivem no caño Tí (afluente do Alto Vaupés) e Alto Papuri, na Colômbia. No Brasil, se encontram dispersos em alguns povoados do Tiquié e Negro. Tinham cerca de oito subdivisões, mas provavelmente apenas quatro delas deixaram descendentes.
6) Kubeo: Autodenominam-se Kubéwa ou Pamíwa. Possuem uma língua bem particular da família Tukano Oriental, sendo por isso algumas vezes classificada como Tukano Central. Em sua grande maioria, se encontram residindo em território colombiano, na região do Alto Uaupés, incluindo seus afluentes Querari, Cuduiari e Pirabatón. No Brasil, ocupam três povoados no Alto Uaupés e estão em pequeno número no Alto Aiari. Estão divididos em aproximadamente 30 sibs nomeados. Estes sibs, por sua vez, estão agrupados em três fratrias não nomeadas que funcionam como unidades para trocas matrimoniais; em outras palavras, ao contrário da maioria das outras etnias do Uaupés, os Kubeo costumam casar-se entre si, pessoas que falam a mesma língua. São especializados na fabricação das máscaras de tururi.

7) Makuna: Autodenominam-se Yeba-masã. Vivem principalmente no território vizinho da Colômbia, concentrando-se no Caño Komeya, afluente do Rio Pira-Paraná, no baixo curso deste rio, e no Baixo Apapóris. No Brasil, são encontrados no Alto Tiquié e nos seus afluentes, os igarapés Castanha e Onça. Estão divididos em cerca de 12 sibs. São especializados em zarabatanas e curare, são também hábeis fabricantes de canoas, além de fornecerem remos leves e muito bem acabados aos índios do Alto Tiquié.
8) Miriti-tapuya ou Buia-tapuya: Atualmente falam apenas a língua tukano. São habitantes tradicionais do Baixo e Médio Tiquié, destacando-se as comunidades de Iraiti, São Tomé, Vila Nova e Micura.
9) Pira-tapuya: Autodenominam-se Waíkana. Estão situados no Médio Papuri (nas proximidades de Teresita) e no Baixo Uaupés. Migraram e vivem também em localidades do Rio Negro e em São Gabriel.
10) Siriano: Autodenominam-se Siria-masã. Moram no Caño Paca e Caño Viña, afluentes do Alto Papuri, em território colombiano. No Brasil são encontrados dispersos em rios da bacia do Uaupés e no Rio Negro. Há informações referentes a 27 sibs siriano.

11) Taiwano, Eduria ou Erulia: Autodenominam-se Ukohinomasã. Habitam o Caño Piedra e Tatu, afluentes do Rio Pira-Paraná, e o Rio Cananari, afluente do Apapóris. Todas estas áreas estão situadas em território colombiano. Há informações que dão conta de oito subdivisões internas.
12) Tariana: Autodenominam-se Taliaseri. Diferentemente das outras etnias da bacia do Uaupés, a maioria dos Tariana adotaram o Tukano Oriental, mas falavam outrora uma língua pertencente à família Aruak, e algumas comunidades ainda a falam. Atualmente moram no Médio Uaupés, Baixo Papuri e Alto Iauiari. O centro do povoamento fica entre as cachoeiras de Iauareté e Periquito. São especializados em implementos de pesca como caiá, cacuri, matapi.
13) Tatuyo: Autodenominam-se Umerekopinõ. Habitam uma área situada na Colômbia: o Alto Rio Pira-Paraná, o Alto Tí e o Caño Japu. No Brasil, são representados sobretudo por mulheres casadas com homens de outras etnias. Existem cerca de oito subdivisões internas.
14) Tukano: Autodenominam-se Ye’pâ-masa ou Daséa. É a etnia mais numerosa da família lingüística Tukano Oriental. Concentram-se principalmente nos rios Tiquié, Papuri e Uaupés; mas também estão morando no Rio Negro, a jusante da foz do Uaupés, inclusive na cidade de São Gabriel. É possível que existam mais de 30 subdivisões entre os Tukano, cada qual com um nome e, idealmente, compondo um conjunto hierarquizado. Atualmente, com todas as dispersões ocorridas nos últimos séculos, as posições hierárquicas são razão de polêmicas e versões variadas. Os Tukano são fabricantes tradicionais do banco ritual, feito de madeira (sorva) e pintado, na parte do assento, com motivos geométricos semelhantes àqueles dos trançados. É um objeto muito valorizado, obrigatório nas cerimônias e rituais, onde se sentam os líderes, kumua (benzedores) e bayá (chefes de cerimônia).
15) Tuyuka: Autodenominam-se Dokapuara ou Utapinõmakãphõná. Estão concentrados principalmente no Alto Rio Tiquié, entre a Cachoeira Caruru e o povoado colombiano de Trinidad, incluindo os igarapés Onça, Cabari e Abiyú. Estão presentes também no trecho do Rio Papuri próximo à fronteira Brasil/Colômbia e em seu afluente Inambú. Possuem cerca de 15 sibs nomeados. São exímios construtores de canoas e, antigamente, eram especialistas na confecção de redes feitas de fibras de buriti. Também são especializados na confecção do cesto urupema, trançado de finíssimas talas de arumã, usado para coar sumo de frutos.

16) Kotiria: Autodenominam-se Kótiria. Predominam no Médio Uaupés, entre a cachoeira de Arara e Mitú. Entre Arara e Taracuá (do Alto Uaupés), os Kotiria são hegemônicos; acima daí, convivem em território onde a maioria é Kubeo. Há informações de que existem 25 divisões entre os Kotiria. Sua especialidade no âmbito das relações de troca interétnica é o preparo do carajuru, um pó corante feito com as folhas de um cipó, muito usado na confecção de artefatos rituais e na pintura do banco tukano, bem como para a pintura corporal. Também são hábeis cesteiros e produtores de objetos de tururi.
17) Yuruti: Autodenominam-se Yutabopinõ. Etnia de língua tukano oriental, ocupa o Alto Paca (afluente do Alto Papuri) e os caños Yi e Tui e áreas vizinhas do Vaupés onde estes igarapés desaguam (em território colombiano). Há informações que possuem nove sibs.
A seguir, é apresentada uma tabela com a estimativa populacional de cada etnia:

Etnia População no Brasil

Arapaso
328
Bará  39
Barasana  61
Desana 1.531
Karapanã 42
Kotiria 447
Kubeo 287
Makuna 168
Mirity-tapuya 95
Pira-tapuya 1.004
Siriano 17
Taiwano 0
Tariana 1914
Tatuyo 0
Tukano 4.604
Tuyuca 593
Yuruti 0
TOTAL 11.130



Valorização da Língua,
Cultura e Danças 
Tradicionais dos Kotiria


Povo Wanano
Das cerimônias que antigamente existiam, apenas seis ainda são conhecidas: Yansã Bahsa, Bua Magapo, Ki Wane, Nuhu Nagapo, Minia Wahku.
Cada dança é dividida entre os cantos do dia e os da noite.
Os cantos, por sua vez, são subdivididos em oito a dez partes.
Nos intervalos entre as partes é tocado e dançado o Cariçu, Japurutu, Theneniaka (flautas de sopro).
realição uma oficina Lingüístico-pedagógica, que resultou em uma escola ediferenciada para incentivar o uso da língua e pesquisar a cultura.
Estam trabalhando a ortigrafia, fazendo registros da cultura oral e de conhecimentos dos mais idosos, e desennolvendo os materiais pedagógicos.
o resultado deste trabalho foi a organização de vários livros da língua deste povo.
Comunidades MuNuhkõ (Ilha de Japu), Khã Nuhkõ(Ilha de Inambu) Koama Phoaye (Caruru-Cachoeira), Soma (Jacaré), Nahpima (Jutica), Botea Wairo (Arara-Cachoeira), Nihã Phito (Taina) e Mane Khoana Photo
388 Habitantes
São Gabriel da Cachoeira - AM
Iniciativa nº:360 (Premiada)
Proponente: José Galnes trindade
Contato:(97) 3475-1116
Fontes de pesquisa: Transcultural, Instituto Socioambiental (ISA) e SESCSP

terça-feira, 2 de agosto de 2011

85ª EXPOSIÇÃO DE ORQUÍDEAS

ATENÇÃO!!!
AS INFORMAÇÕES AQUI CONTIDAS REFEREM-SE ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE À 85ª EXPOSIÇÃO

ENTRADA FRANCA DATA: 16, 17 e 18/09/2011 das 9:00h às 19:00h


LOCAL: Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa Rua São Joaquim, 381 - Bairro Liberdade INFORMAÇÕES: (11) 3207-5703 (Lídia). ENTREVISTAS: Com Assessoria de Imprensa ou Lídia, pelo telefone (11) 3207-5703. AULAS GRATUITAS DE CULTIVO DE ORQUÍDEAS: Todos os dias às 10:00, 14:00 e 16:00h. IMPRESSOS GRÁTIS: Sobre cultivo de orquídeas. VENDAS: Mais de 10000 vasos de orquídeas com ou sem flor, a partir de R$8,00 além de vasos, substratos, adubos, tesouras, entre outros. LIVROS: Orquídeas - Manual de Cultivo Volumes 1 e 2, da AOSP, com centenas de fotos de espécies caracterizadas, a R$ 60,00 (vol. 1) e R$ 70,00 (vol. 2) e livros de outros autores. ADUBO DA AOSP: Adubo especialmente elaborado para cultivo de orquídeas. MÍDIA IMPRESSA: Revistas e vídeos sobre a orquidofilia. AULAS BÁSICAS DE CULTIVO DE ORQUÍDEAS: Sexta, Sábado e Domingo: 10:00, 14:00 e 16:00h Obs.: Para essas aulas não será preciso fazer inscrição. Programe-se e esteja no local, no horário que você escolher. São aulas ministradas por orquidófilos diferentes e, portanto, com abordagens diversas.Você poderá assistir a quantas quiser.

PROGRAMAÇÃO PARA QUEM VAI PARTICIPAR (EXPOSITORES) Dia 15/09/2011 (5ª feira) - NÃO ABERTA AO PÚBLICO - Recebimento de plantas das 8:00 às 14:00h. - Início do julgamento das plantas: 15:00h Dia 16/09/2011 (6ª feira) - Visitação pública: das 9:00 às 19:00h - Aulas gratuitas sobre cultivo de Orquídeas: às 10:00, 14:00 e 16:00h Dia 17/09/2011 (Sábado) - Visitação pública: das 9:00 às 19:00h - Aulas gratuitas sobre cultivo de Orquídeas: às 10:00, 14:00 e 16:00h Dia 18/09/2011 (Domingo) - Visitação pública: das 9:00 às 19:00h - Aulas gratuitas sobre cultivo de Orquídeas: às 10:00, 14:00 e 16:00h - Entrega dos prêmios: às 19:00h Obs.: Traga a relação de suas plantas, com o nome completo e a sigla de sua entidade, letra legível dos nomes de cada planta e de seus respectivos proprietários, além das etiquetas com papel timbrado e os mesmos dados para cada vaso. Confirme sua presença o mais cedo possível pelo telefone (11) 3207-5703, com Lídia (Secretária).

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

INSS terá que conceder salário-maternidade para índias kaingang a partir dos 14 anos


Decisão judicial acolhe ação civil pública ajuizada pelo MPF em Santo Ângelo (RS)



O Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) terá que admitir o ingresso na Previdência Social e, consequentemente, aceitar os requerimentos de salário-maternidade formulados pelas indígenas kaingang, de idade entre 14 e 16 anos, provenientes da Terra Indígena Inhacorá, no município de São Valério do Sul (RS), permanecendo a necessidade de atendimento às demais exigências previstas em lei. A decisão, proferida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, acolhe ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal em Santo Ângelo (RS).

De acordo com a legislação previdenciária brasileira, o benefício de salário-maternidade somente é concedido para gestantes a partir dos 16 anos de idade, uma vez que esta é a idade mínima para ingresso na Previdência Social na qualidade de segurado, de modo a coibir o trabalho infantil. Entretanto, como as indígenas da etnia kaingang começam a trabalhar no meio rural, se casam e geram filhos de forma bastante precoce, a concessão de benefícios previdenciários deve-se dar de forma diferenciada, de acordo com a cultura daquela comunidade.

O autor da ação, procurador da República Felipe Müller, explica que “tais circunstâncias devem ser vistas como um reflexo natural e legítimo daquela coletividade. Para os kaingang, o trabalho e a procriação em idade inferior a 16 anos é algo plenamente normal, e tais características culturais devem ser respeitadas e adaptadas ao sistema previdenciário estabelecido para o 'homem branco'. Assim, a limitação etária, criada como forma de coibir o trabalho infantil, deve ser adequada à realidade indígena”.

Esse entendimento foi corroborado pelo TRF da 4ª Região, segundo o qual deve ser reconhecida “a condição de segurado especial aos que exercem atividades rurícolas a partir dos 14 anos de idade, notadamente no caso de indígenas, que, por suas características culturais e sociais, iniciam o trabalho na agricultura precocemente e têm filho ainda no início da adolescência”.

Conforme a decisão, o INSS deve implementar a medida o mais breve possível. Em função disso, o MPF já convocou uma reunião entre os interessados (Funai, líderes da aldeia indígena e a própria autarquia previdenciária), para a primeira semana de agosto, a fim de regulamentar a questão.

Salário-maternidade - Previsto na Lei 8.213/91, o salário-maternidade é devido às seguradas da Previdência Social filiadas como empregadas, trabalhadoras avulsas, contribuintes individuais, facultativas, empregadas domésticas e seguradas especiais, consideradas estas as que exerçam atividade rural, de garimpo, pesca, ou assemelhada, individualmente ou em regime de economia familiar, para fins de subsistência.

Os indígenas que exerçam atividades rurais ou de artesanato em regime de economia familiar ingressam na Previdência na qualidade de segurados especiais.

Não há exigência de período mínimo de contribuição para as trabalhadoras empregadas, trabalhadoras avulsas e empregadas domésticas. Para as seguradas como contribuinte individual e facultativa é necessário comprovar o mínimo de dez contribuições mensais, sendo que para as seguradas especiais, em virtude de suas atividades serem desenvolvidas em caráter informal, não são exigidas contribuições, devendo ser comprovada tão somente a efetiva realização de trabalho, continuamente ou não, nos dez meses anteriores ao parto.

Em razão dessa informalidade inerente às atividades da segurada especial, a comprovação de seu exercício laborativo é realizada documentalmente através, por exemplo, de contrato de arrendamento, notas fiscais, bloco de produtor ou certidão fornecida pela Funai certificando a condição do índio como trabalhador rural.

O valor do benefício é calculado de acordo com a atividade exercida pela segurada, não sendo inferior a um salário mínimo, e será recebido pelo prazo de 120 dias, cujo início poderá se dar até 28 dias da data do parto, a partir da data de nascimento da criança, ou da decisão que conceder guarda ou adoção.

Para requerer o salário-maternidade, a trabalhadora poderá comparecer a uma Agência da Previdência Social, solicitá-lo através do portal na internet, ou pelo serviço de teleatendimento.
 
Fonte: Procuradoria da República no Rio Grande do Sul, Blog da Funai

"Notícia triste e vergonhosa, MAIS UMA VEZ, O MINISTRO DO PARAGUAI AMEAÇA EXCLUIR A LÍNGUA GUARANI DA EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA"



REPÚBLICA DO PARAGUAI

ATENEO GUARANI LÍNGUA E CULTURA

GUARANI, o MERCOSUL Ñe'e Teet





          Incrível, lamentável e vergonhoso! Ministério da Educação do
PARAGUAI mais uma vez, corre o risco de excluir a língua Guarani do ensino secundário, embora o Guarani estão protegidos pela Constituição (art. 140) que é reconhecido como língua oficial do Paraguai, bem pela Lei de Línguas muito, promulgada em 29 de dezembro de 2010.

O que acontece com o Ministro Riart?. O que é isso e algumas outras pessoas ao seu redor contra o Guarani?. Por que esse desejo de discriminar e marginalizar tilingo o Guarani?. Quem são os mentores deste ato ilegal?.

Ñambyasy jarekoha âichagua mburuvicha ñane retâme. Ndohayhúi ñane ñe’ê Guarani ha ndohayhúi ñane retâ. Jarekógui âichagua mburuvicha niko ñaime ñaimeháme. Hetaitéma niko oñeha’â hikuái omona haĝua yvýre ñane Avañe’ême ha máronte ndaipu’akái hese. Ko’áĝa omboykesejeýma hikuái Guarani ñe’ême ha péva naiporâi, naiporâiete ave; upévare, jepiveguáicha, ATENEO DE LENGUA Y CULTURA GUARANI ojerure ipo maymaitépe jajepytaso ha ñaipytyvômijey haĝua ñane Avañe’ême, anítei oñemboyke chupe.

Dada a reivindicação de muitos membros, língua e cultura ATENEO GUARANI enviou uma nota de protesto ao ministro Riart na sexta-feira 29 de julho de 2011, solicitando a exclusão do Guarani não o terceiro ano do Ensino Secundário. Este é o texto:

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Fernando de la Mora, 28 de julho de 2011. N º 13.746 .-
Sua Excelência
DR. LUIS ALBERTO Riart,
Ministro da Educação e Cultura
República do Paraguai
E. S. D.
Em nome da ATENEO LÍNGUA GUARANI E CULTURA Estou escrevendo para vocês novamente, para reiterar, respeitosamente rejeição de nossa organização para a decisão do seu Ministério para excluir a língua Guarani, no terceiro ano do Ensino Secundário , embora haja o compromisso do seu para reforçar a presença dos Guarani em todos os níveis da educação, expressa no momento das duas entrevistas que fizemos com você em dezembro de 2009 e agosto de 2010, respectivamente. A decisão de excluir o Guarani, hoje acrescenta a edição e publicação de textos escritos mal preparados e mal no Guarani, contendo mais de erros, ortografia horrores real, além de mudanças sem consulta e ortografia terrivelmente confuso para professores, alunos e pais da família. Ministro: Com este tipo de medidas, o Guarani não precisa de inimigos. Estamos cada vez mais convencido de que, longe de procurar reforçar o Guarani que a intenção é excluir definitivamente MEC, apesar de ser protegido pela Constituição e pela recém-promulgada Lei Línguas que exige o tratamento igual de ambas as línguas oficiais da República além de ser a língua maioritária falada por 90% da população.
Hoje eu declaro que os esforços foram em vão como temos feito como se recorda, em dezembro de 2009, o nosso encontro com você, nós ponto de nossa oposição à exclusão do Guarani, no terceiro ano do Ensino Secundário, como injusto e ilegal pronto, então (2009) pelo MEC. Nessa ocasião, você nos disse que iria rever esta disposição e fê-lo, ele governou a condução das discussões em mesa redonda a ser concluído em um fórum nacional, os resultados deverão nortear a política do MEC em relação ao ensino da língua Guarani . Assim, o Ministério da Educação e Cultura, a Comissão Nacional de Bilingüismo, a Secretaria Nacional de Cultura, Ateneo LÍNGUA E CULTURA GUARANI e Marae'ŷ Yvy Foundation, especificamente mencionados mesas-redondas e do fórum, que terá a participação de vários setores do país. As conclusões do Fórum, no tempo, foram estes:
1. O MEC vai fortalecer a Língua Guarani em Educação. MEC tekombo'épe omombareteveva'erâ ñe'é Guarani.
2. O MEC vai dar tempo igual para carregar e castelhano Guarani em todos os cursos (graus) e assuntos. MEC tem Guarani Joja ome'êva'erâ arava opavave mbo'esyry Espanha mbo'erâme Ne'eman.
3. O MEC vai excluir o ensino da jehe'a (jopara) indiscriminada e desnecessária agora ensinado como Guarani e, em vez ensinar a língua de forma adequada Guarani. MEC tem tekotevê'ỹva omboykeva'erâ jehe'a rei (jopara) tem hendaguépe ombo'eva'erâ ombo'éva hekopete Guaranírô ñe'é Guarani.
4. O MEC deve corrigir (reescreva) o texto mal preparados e mal escritos em guarani. MEC tem ombopyahuva'erâ omyatyrô ojehaivaipáva aranduka Guaraníme umi.
5. O QEQ irá promover a formação de mais professores de Guarani e castelhano. MEC tem ombokatupyryva'erâ hetave ohekombo'e Guarani mbo'ehára Ne'eman tem Espanha.
6. O MEC irá sensibilizar os pais sobre a importância do Guarani na educação para que eles também podem ajudar seus filhos no aprendizado Avañe'ẽ. MEC tem sykuérape Nane ombokatupyryva'erâ Avañe'ême Tuva tem upeichahápe mba'érepa hikuái tekotevê toikuaa oñembo'e Porã Guarani, hekopete oipytyvô AVEI iñemoñarépe ha'ekuéra ikatuhaĝuáicha.
7. Torne-se independente e subir para o atual Departamento de Departamento de Educação Bilíngüe para fortalecer sua estrutura de gestão do MEC. Toñemoha'eño, tojehupive Sâmbyhyhára ryepýpe Guasúrô MEC tem toñemombareteve Rekombo'e Ñe'êkôi por exemplo Renda.


Pouco tempo depois, ficamos surpresos quando-contramano conforme acordado com You-circula no Memorando 2010 novembro DGEM No. 1963/2010, apagando o cotovelo com a escrita a mão. De fato, o Diretor-Geral do Ensino Secundário, Alcira Sosa enviou este memorando-verbatim "Em Supervisão e Administração Educacional", indicando "a ampla divulgação e garantir o cumprimento", que acompanha o currículo que mostra claramente a bruta Guarani exclusão do terceiro ano do ensino secundário.
Após o fato triste e lamentável, foi solicitada uma entrevista com você, como nota de 19 de novembro de 2010, 9.755 tabela de entrada com a mesma data. Este pedido levou à reunião realizada em segunda-feira, 20 dezembro, 2010, a Comissão Nacional de Bilingüismo, com representantes de várias agências do MEC. Na ocasião, queixar-se ao Diretor do Ensino Secundário sobre a decisão tomada pelo MEC, que declarou de forma enganosa que o Guarani foi o mesmo na escola, "não tocar em nada", mas quando ele caiu em contradição pergunto se ele permaneceu no terceiro curso, disse que não.


Ministro: há 19 anos no Guarani, juntamente com o castelhano, é a língua oficial do Paraguai, de acordo com o artigo 140 da Constituição de 1992, e desde 29 de Dezembro do ano passado, o Paraguai tem a Lei Idiomas, promulgada pelo Executiva. Esta lei é assinada pelo Presidente, o Sr. Fernando Lugo e você, e diz, especificamente, que as nossas duas línguas oficiais devem tratados de forma igual em todas as áreas, incluindo a educação. A LEI É PARA SER CUMPRIDA. Portanto, em vez de as conclusões das mesas redondas e do fórum, realizado em 2010, o MEC, sujeitos à regra de direito, deve dar-se a decisão de excluir o Guarani, no terceiro ano do ensino secundário, e -pelo contrário, reforçar a presença da nossa Avañe'ẽ em todos os níveis da educação, dando o mesmo número de horas atribuído ao castelhano.


Além disso, e como uma questão de coerência com a celebração do bicentenário da Independência do nosso país, o MEC deve definitivamente abandonar a idéia do exlusion Guarani, caso contrário, a celebração será sentido porque seria absurdo comemorar o Bicentenário excluindo um-de-dois componentes de nossa identidade cultural. Respeito pelo Guarani como parte de nossa identidade e fortalecimento da educação, não tem nada a ver com uma atitude fanática simples como se poderia pensar, mas essencialmente é uma questão de respeito pelos direitos humanos e lingüísticos que a maior parte do Paraguai expressa, e tem direito a fazê-lo no Guarani.

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Finalmente, o Sr. Ministro, quando começou seus esforços na frente do MEC, você se lembra que ele disse isso, que a reforma da educação falhou. Que dela declaração e passou quase três anos e incrivelmente hoje os responsáveis ​​pelo fracasso continua indiferente ao seu lado, "redesenhando" a política do MEC de educação, em particular na área de educação bilíngüe e os Guarani. Registramos que há mais de 10 anos vem denunciando irregularidades cometidas contra o Guarani e nunca ignorado. Mais de 10 anos que ensina Jopara MEC em vez de ensinar o Guarani e em todo esse tempo o público exigiu e exigiu o ensino pobres do "Guarani", como fez as pessoas acreditar que era o que estava Guarani de ensino. Hoje estamos insistindo, ninguém reclama sócio da lei, se o MEC continuará a jopara em vez de Guarani, fazer o mesmo com o castelhano, ou seja, para ensinar a jopara castelhano ou funcionais, em vez de acadêmicos castelhano. Infelizmente, sob o pretexto do pragmatismo, o MEC decidiu a mediocridade, a Vai Vai.
Sem mais delongas, saúdo-vos sinceramente.

Fonte: David Galeano Olivera
Diretor-Geral da ATENEO
Tel: 520.276



Leia original (clique aqui)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Indígenas e Brancos devem aprender uns com os outros para viver melhor, e respeitar a nossa querida Natureza"


 Cacique Biraci Brasil Nixiwaka, liderança do povo Yawanawá
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Foto Sergio Vale/ Secom
"Os homens brancos são filhos do criador. Em algum momento da criação esses homens iam se encontrar, trocar experiências. Aqueles que ainda mantiveram sua tradição, seu respeito, a união pelo criador, materiam uma boa convivência. Aqueles que perderam o espírito e esqueceram da sua criação, esqueceram o princípio do criador, perderam o respeito, é assim que está acontecendo com o mundo hoje.
Quem sou eu para avaliar se esse contato com o branco foi bom ou ruim. Hoje índio usa Internet. Com a Internet aqui na aldeia eu não tenho que sair daqui pra São Paulo, pro Rio de Janeiro, pra Rio Branco ou Tarauacá pra falar com as pessoas, com as autoridades. Eu posso estar sentado na minha casa, do nosso jeito, do nosso modo e falar com as pessoas.
Aprender a educação do branco também é muito importante pra gente se relacionar, porque através dela  nós podemos ler, escrever, nos comunicar com as pessoas. Estamos aprendendo a nos comunicar com a sociedade branca. Quando ninguém sabia falar o português tudo o que diziam pra nós a gente só sabia dizer se era certo ou errado, não conhecíamos nada. Só tínhamos duas opções: aceitar ou não, ser amigo ou inimigo. Com os conhecimentos a gente pode avaliar e ser mais compreensivo com as culturas diversas.
Mas ainda precisamos fortalecer mais a nossa cultura. Temos que voltar ao nosso ponto de equilíbrio. A nossa geração jovem continua nascendo falando português, sonhando em português, temos que continuar falando português, mas sonhando Yawanawá, e num anoitecer, quando formos dormir, sonhar na nossa língua. Isso acontece quando estamos com o nosso espírito verdadeiro. Sabendo falar português e usufruir tudo o que o contato nos oferece, mantendo os profundos conhecimentos da nossa tradição, não dá uma facilidade de pode escolher o que nós queremos e o que não queremos.
Nossas crianças precisam se aprofundar nas nossas tradições. O caminho já está aberto e temos a segurança da nossa espiritualidade, porque são os pajés que buscam o conhecimento sagrado. E é daí que vem as mensagens do dia-a-dia, o caminho que temos que seguir.
Quem somos nós pra ensinar alguma coisa pro homem branco, o povo que desenvolveu o avanço da humanidade, da medicina, o conhecimento cientifico, a economia. Muita coisa avançou na humanidade. Nós nunca inventamos nada, nos mantemos exatamente como o criador nos criou. Se hoje estou aqui é porque o homem branco veio fazer contato com o meu povo, veio até a cabeceira do rio onde o meu povo sempre viveu.
Se ele não tivesse vindo ainda não tínhamos motor, roupa, aprendido falar português, não comia sal, nunca tinha provado açúcar, nem tomado uma pílula química, não sabia de nada do mundo do branco. Mas também tenho certeza que nenhuma ave, nenhuma árvore, não teria sofrido tanta agressão.
Nunca construímos nem construiremos grandes fazendas matando muitos seres, muitos espíritos de cura como as árvores, a floresta. Nunca ofendemos a nascente dos nossos rios, nunca poluímos os rios, nunca botamos a vida dos animais em risco de extinção. Sempre nos comunicamos em perfeita harmonia, desde o dia da criação e aprendemos a nos respeitar. Respeitamos as árvores, as aves, o peixe, os rios, a terra a floresta, os bichos como a nós mesmos.
A sociedade branca nunca fez isso. Pelo contrário: devastaram a floresta, poluíram os rios, e inventaram muita coisa que agrediu a natureza. Essa gente tem que parar de fazer isso. Agora o mundo inteiro está preocupado com o aquecimento global, a mudança climática do planeta, todo mundo tá com medo. Muitas doenças incuráveis. São reações da natureza. Tem que parar de inventar coisas prejudiciais e pedir perdão ao nosso criador. Parar de inventar, de competir.
Os homens brancos são muito competidores, eles competem pra ver quem manda mais, quem tem mais armas, quem inventa mais tecnologia. Tão envenenando a si mesmo, ao planeta. Estão fazendo uma bomba não só pra eles, mas pro mundo inteiro. Esses homens são as piores pessoas do universo.
Acredito que em algum momento o criador vai tomar o poder de homens como esses, homens competidores, não numa competição pra fazer o bem, mas numa competição pra fazer o mal, dominar aquilo que não é seu, o que não lhe pertence, nunca lhe pertenceu. Isso está destruindo a terra, a humanidade. A humanidade tem que fazer uma reflexão.
Dá pra viver sim em harmonia com a natureza. Meu povo vive desde que o criador nos colocou na terra. Em 200 mil hectares de terra eu não tenho mais de 20 mil hectares ocupados. Se não houver harmonia vai acontecer um desastre no futuro."
De: Tatiana Campos  
Fonte: Agência de Notícia do Acre