Orquídeas são todas as plantas que compõem a família Orchidaceae,
uma das maiores famílias de plantas existentes. Apresentam muitíssimas e
variadas formas, cores e tamanhos e existem em todos os continentes,
exceto na Antártida, predominando nas áreas tropicais. Majoritariamente epífitas, as orquídeas crescem sobre as árvores, usando-as somente como apoio para buscar luz; não são plantas parasitas, nutrindo-se apenas de material em decomposição que
cai das árvores e acumula-se ao emaranhar-se em suas raízes. Elas
encontram muitas formas de reprodução: na natureza, principalmente pela
dispersão das sementes mas em cultivo pela divisão de touceiras, semeadura in-vitro ou meristemagem.
A
despeito da enorme variedade de espécies, pouquíssimos são os casos em
que se encontrou utilidade comercial para as orquídeas além do uso
ornamental. Entre seus poucos usos, o único amplamente difundido é a
produção de baunilha a partir dos frutos de algumas espécies do gêneroVanilla,
mas mesmo este limitado pela produção de um composto artificial similar
de custo muito inferior. Mesmo para ornamentação, apenas uma pequena
parcela das espécies é utilizada, pois a grande maioria apresenta flores
pequenas e folhagens pouco atrativas. Por outro lado, das espécies
vistosas, os orquidicultores vêm obtendo milhares de diferentes híbridos de grande efeito e apelo comercial.
Apesar
da grande maioria das espécies não serem vistosas, o formato intrigante
de suas flores é muito atrativo aos aficcionados que prestam atenção às
espécies pequenas. Como nenhuma outra família de plantas, as orquídeas
despertam interesse em colecionadores que ajuntam-se em
associações orquidófilas, presentes em grande parte das cidades por todo
o mundo. Estas sociedades geralmente apresentam palestras frequentes e
exposições de orquídeas periódicas, contribuindo muito para a difusão
do interesse por estas plantas e induzindo os cultivadores profissionais
a reproduzir artificialmente até espécies que poucos julgariam ter
algum valor ornamental, contribuindo para diminuir a pressão sobre
a coleta das plantas ainda presentes na natureza.
Devido a grande distribuição geográfica, é natural que um grupo tão diverso também apresente adaptações aos mais diferentes climas, bem como a multiplicidade dos agentes polinizadores presentes em cada região. Trata-se de uma família em ativo ciclo evolutivo e seus gêneros mais próximos cruzam-se com certa facilidade na natureza. A predominância das espécies ocorre nas regiões tropicais,
notavelmente nas áreas montanhosas, que representam barreiras naturais e
isolam as diversas populações de plantas. Algumas áreas principais são
as ilhas e a área continental do sudeste asiático e a região das montanhas da Colômbia e Equador onde
se pode encontrar um grande número de espécies, devido ao isolamento
das espécies pelas diversas ilhas ou separadas pelas cadeias
de montanhas, ocasionando elevado número de endemismos. O terceiro local em diversidade possivelmente é a mata Atlântica brasileira com mais de mil e quinhentas espécies. Outras áreas importantes são as montanhas ao sul do Himalaia na Índia e China, as montanhas da América Central e o sudeste africano, notadamente a ilha de Madagascar.
Algumas espécies de orquídeas são consideradas verdadeiras preciosidades, como a Cattleya walkeriana (feiticeira), que foi destaque no livro A Joia da Bruxa, de Heitor Gloeden. “É uma orquídea única que não aceita clonagem e pode custar mais de R$ 2.500”, conforme informa Reinaldo Ilaci, do Orquidário Paulista. Outra espécie que atrai olhares é a Brasilaelia (Laelia) fidelenses, endêmica de São Fidélis (RJ), que pode ser comprada por R$ 25. Há ainda algumas que parecem ter saído de um filme de ficção científica, como a Megaclinium purpureorhachis, que lembra um espiral.
Entre todas as características distintivas da família
Orchidaceae,
muito poucas são compartilhadas por todas as espécies devido ao fato
destas encontrarem-se em diferentes estágios evolucionários. Alguns
grupos divergiram do grupo principal nos primeiros estágios evolutivos
da família, enquanto outros permaneceram constantes por muito
tempo.Antes de introdução de espécies exóticas na
Europa, as orquídeas eram há muito cultivadas como plantas de jardim. A primeira orquídea introduzida na Europa foi um exemplar de
Brassavola nodosa que chegou na
Holanda em 1615. Em 1688 desembarcaram as
Disa uniflora vindas da
África do Sul.
Provavelmente devido à sua supremacia, diversas coleções importantes formaram-se na Inglaterra durante o século XIX. Em 1818 chegaram os primeiros exemplares de Cattleya labiata (foto) provenientes do Brasil, causando grande sensação e reforçando ainda mais o interesse pelas espécies tropicais destas plantas.
Com o advento dos primeiros vistosos híbridos,
no final do século XIX, o interesse por novas plantas provenientes dos
trópicos diminuiu um pouco por algumas décadas, até que o interesse científico pela descrição de novas espécies no início do século XX, aumentasse a coleta de plantas e seu envio à Europa, principalmente para jardins botânicos e amadores interessados na recomposição de suas coleções.
A oferta de híbridos tem aumentado constantemente e as
técnicas de semeadura modernas desenvolveram-se muito diminuindo bastante o preço destas plantas, outrora caras.
As técnicas de seleção também
aprimoraram-se e mesmo espécies naturais de difícil cultivo tem sido
selecionadas de modo a tornar viável a cultura doméstica. A oferta de
variedade raras de espécies naturais, com cores e formas selecionadas,
vem também possibilitando a quase todos a aquisição de plantas antes
apenas cultivadas por milionários. Em poucos anos qualquer planta
altamente desejável pode ser reproduzida aos milhares. Vale notar o
exemplo do
Phragmipedium kovachii, espécie raríssima, desconhecida da ciência até 2002, hoje comum em coleções ao redor do mundo.