Cacique Biraci Brasil Nixiwaka, liderança do povo Yawanawá "Os homens brancos são filhos do criador. Em algum momento da criação esses homens iam se encontrar, trocar experiências. Aqueles que ainda mantiveram sua tradição, seu respeito, a união pelo criador, materiam uma boa convivência. Aqueles que perderam o espírito e esqueceram da sua criação, esqueceram o princípio do criador, perderam o respeito, é assim que está acontecendo com o mundo hoje. Quem sou eu para avaliar se esse contato com o branco foi bom ou ruim. Hoje índio usa Internet. Com a Internet aqui na aldeia eu não tenho que sair daqui pra São Paulo, pro Rio de Janeiro, pra Rio Branco ou Tarauacá pra falar com as pessoas, com as autoridades. Eu posso estar sentado na minha casa, do nosso jeito, do nosso modo e falar com as pessoas. Aprender a educação do branco também é muito importante pra gente se relacionar, porque através dela nós podemos ler, escrever, nos comunicar com as pessoas. Estamos aprendendo a nos comunicar com a sociedade branca. Quando ninguém sabia falar o português tudo o que diziam pra nós a gente só sabia dizer se era certo ou errado, não conhecíamos nada. Só tínhamos duas opções: aceitar ou não, ser amigo ou inimigo. Com os conhecimentos a gente pode avaliar e ser mais compreensivo com as culturas diversas. Mas ainda precisamos fortalecer mais a nossa cultura. Temos que voltar ao nosso ponto de equilíbrio. A nossa geração jovem continua nascendo falando português, sonhando em português, temos que continuar falando português, mas sonhando Yawanawá, e num anoitecer, quando formos dormir, sonhar na nossa língua. Isso acontece quando estamos com o nosso espírito verdadeiro. Sabendo falar português e usufruir tudo o que o contato nos oferece, mantendo os profundos conhecimentos da nossa tradição, não dá uma facilidade de pode escolher o que nós queremos e o que não queremos. Nossas crianças precisam se aprofundar nas nossas tradições. O caminho já está aberto e temos a segurança da nossa espiritualidade, porque são os pajés que buscam o conhecimento sagrado. E é daí que vem as mensagens do dia-a-dia, o caminho que temos que seguir. Quem somos nós pra ensinar alguma coisa pro homem branco, o povo que desenvolveu o avanço da humanidade, da medicina, o conhecimento cientifico, a economia. Muita coisa avançou na humanidade. Nós nunca inventamos nada, nos mantemos exatamente como o criador nos criou. Se hoje estou aqui é porque o homem branco veio fazer contato com o meu povo, veio até a cabeceira do rio onde o meu povo sempre viveu. Se ele não tivesse vindo ainda não tínhamos motor, roupa, aprendido falar português, não comia sal, nunca tinha provado açúcar, nem tomado uma pílula química, não sabia de nada do mundo do branco. Mas também tenho certeza que nenhuma ave, nenhuma árvore, não teria sofrido tanta agressão. Nunca construímos nem construiremos grandes fazendas matando muitos seres, muitos espíritos de cura como as árvores, a floresta. Nunca ofendemos a nascente dos nossos rios, nunca poluímos os rios, nunca botamos a vida dos animais em risco de extinção. Sempre nos comunicamos em perfeita harmonia, desde o dia da criação e aprendemos a nos respeitar. Respeitamos as árvores, as aves, o peixe, os rios, a terra a floresta, os bichos como a nós mesmos. A sociedade branca nunca fez isso. Pelo contrário: devastaram a floresta, poluíram os rios, e inventaram muita coisa que agrediu a natureza. Essa gente tem que parar de fazer isso. Agora o mundo inteiro está preocupado com o aquecimento global, a mudança climática do planeta, todo mundo tá com medo. Muitas doenças incuráveis. São reações da natureza. Tem que parar de inventar coisas prejudiciais e pedir perdão ao nosso criador. Parar de inventar, de competir. Os homens brancos são muito competidores, eles competem pra ver quem manda mais, quem tem mais armas, quem inventa mais tecnologia. Tão envenenando a si mesmo, ao planeta. Estão fazendo uma bomba não só pra eles, mas pro mundo inteiro. Esses homens são as piores pessoas do universo. Acredito que em algum momento o criador vai tomar o poder de homens como esses, homens competidores, não numa competição pra fazer o bem, mas numa competição pra fazer o mal, dominar aquilo que não é seu, o que não lhe pertence, nunca lhe pertenceu. Isso está destruindo a terra, a humanidade. A humanidade tem que fazer uma reflexão. Dá pra viver sim em harmonia com a natureza. Meu povo vive desde que o criador nos colocou na terra. Em 200 mil hectares de terra eu não tenho mais de 20 mil hectares ocupados. Se não houver harmonia vai acontecer um desastre no futuro."
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quinta-feira, 21 de julho de 2011
"Indígenas e Brancos devem aprender uns com os outros para viver melhor, e respeitar a nossa querida Natureza"
segunda-feira, 18 de julho de 2011
IPOL realiza encontro: o INVENTÁRIO DA LÍNGUA GUARANI MBYA em debate
Lideranças Guarani, representantes de instituições e especialistas envolvidos direta ou indiretamente no Inventário da Língua Guarani Mbya (ILG) se reúnem em Florianópolis, nos dias 26 e 27 de julho próximo, para discutir os resultados do estudo e seus desdobramentos para a promoção da língua Guarani Mbya. Com o Inventário, a língua Mbya fará parte dos bens imateriais reconhecidos pelo IPHAN/MinC como patrimônio da nação brasileira, gozando de políticas de salvaguarda e promoção.
O ILG foi concebido como um projeto piloto para – juntamente com outros 7 projetos contemplando línguas de imigração, de sinais, indígenas de poucos falantes e afrobrasileira – consolidar a proposta de criação do Inventário Nacional da Diversidade Lingüística (INDL), instruída pelo relatório do Grupo de Trabalho da Diversidade Lingüística (GTDL), publicado em 2007.
Em 2006, seminários legislativos e audiências públicas marcaram o inicio das discussões para a criação do INDL, culminando com sua instituição por meio do Decreto 7.387 assinado em 9 de dezembro de 2010 pelo então presidente Lula.
Destinado a reunir informações variadas sobre a língua e seus usos sociais nas aldeias, e registrando em áudio e vídeos depoimentos e palavras, o trabalho do inventário foi sistematizado em um relatório detalhado que será debatido no encontro.
De acordo com o relatório interno da equipe executora do ILG, “em uma tradição monolínguista, como a brasileira, em que a única língua legitimada pelas aparelhagens do Estado foi a língua portuguesa, pouco se estruturou como campo de conhecimento sobre e nas demais línguas praticadas no país. São praticamente ausentes informações sistematizadas sobre estas línguas. De modo geral, está disponível apenas o número de indígenas pertencentes à determinada etnia, informação a partir da qual se pressupõe a língua por eles falada. no caso das línguas faladas por índios, por exemplo, mesmo quando há dados linguísticos por etnia ou território indígena, não estão disponíveis dados sobre a situação sociolingüística das demais possíveis línguas faladas nessas comunidades”.
A língua Guarani Mbya, embora seja uma das línguas indígenas mais bem documentada, carece também de informações nestes campos. O inventário, embora não extensivo, contempla informações sobre aspectos não diagnosticados até o momento pelos estudos e pesquisas disponibilizados, os quais serão tomados como foco de debate no Encontro. Com elas, os Guarani Mbya estarão ainda mais instrumentalizados para fixar o futuro de sua língua no contexto do plurilinguismo brasileiro.
O Brasil – ao contrário do que se possa imaginar – convive com uma pluralidade equivalente a 210 línguas faladas em todo território. Delas, 180 são indígenas, tendo marcado – ainda que pouco se diga a respeito – todo o processo de formação do país. Agora, o INDL cria um novo mecanismo de gestão lingüística, e com ele, informações sociolinguísticas que irão conceder mais acesso aos novos esforços de registro da riqueza linguística brasileira.
O encontro está sendo promovido pelo IPOL – Instituto de Investigação e desenvolvimento em Política Lingüística, instituição responsável por executar o Inventário em 69 aldeias dos seis estados das regiões sul e sudeste (ES, RJ, SP, PR, SC, RS) através de uma pesquisa que se iniciou em 2009, com o apoio do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD) da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça.
F.Chimicatti
Fonte: Blog do IILP
O ILG foi concebido como um projeto piloto para – juntamente com outros 7 projetos contemplando línguas de imigração, de sinais, indígenas de poucos falantes e afrobrasileira – consolidar a proposta de criação do Inventário Nacional da Diversidade Lingüística (INDL), instruída pelo relatório do Grupo de Trabalho da Diversidade Lingüística (GTDL), publicado em 2007.
Em 2006, seminários legislativos e audiências públicas marcaram o inicio das discussões para a criação do INDL, culminando com sua instituição por meio do Decreto 7.387 assinado em 9 de dezembro de 2010 pelo então presidente Lula.
Destinado a reunir informações variadas sobre a língua e seus usos sociais nas aldeias, e registrando em áudio e vídeos depoimentos e palavras, o trabalho do inventário foi sistematizado em um relatório detalhado que será debatido no encontro.
De acordo com o relatório interno da equipe executora do ILG, “em uma tradição monolínguista, como a brasileira, em que a única língua legitimada pelas aparelhagens do Estado foi a língua portuguesa, pouco se estruturou como campo de conhecimento sobre e nas demais línguas praticadas no país. São praticamente ausentes informações sistematizadas sobre estas línguas. De modo geral, está disponível apenas o número de indígenas pertencentes à determinada etnia, informação a partir da qual se pressupõe a língua por eles falada. no caso das línguas faladas por índios, por exemplo, mesmo quando há dados linguísticos por etnia ou território indígena, não estão disponíveis dados sobre a situação sociolingüística das demais possíveis línguas faladas nessas comunidades”.
A língua Guarani Mbya, embora seja uma das línguas indígenas mais bem documentada, carece também de informações nestes campos. O inventário, embora não extensivo, contempla informações sobre aspectos não diagnosticados até o momento pelos estudos e pesquisas disponibilizados, os quais serão tomados como foco de debate no Encontro. Com elas, os Guarani Mbya estarão ainda mais instrumentalizados para fixar o futuro de sua língua no contexto do plurilinguismo brasileiro.
O Brasil – ao contrário do que se possa imaginar – convive com uma pluralidade equivalente a 210 línguas faladas em todo território. Delas, 180 são indígenas, tendo marcado – ainda que pouco se diga a respeito – todo o processo de formação do país. Agora, o INDL cria um novo mecanismo de gestão lingüística, e com ele, informações sociolinguísticas que irão conceder mais acesso aos novos esforços de registro da riqueza linguística brasileira.
O encontro está sendo promovido pelo IPOL – Instituto de Investigação e desenvolvimento em Política Lingüística, instituição responsável por executar o Inventário em 69 aldeias dos seis estados das regiões sul e sudeste (ES, RJ, SP, PR, SC, RS) através de uma pesquisa que se iniciou em 2009, com o apoio do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (CFDD) da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça.
F.Chimicatti
Fonte: Blog do IILP
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sexta-feira, 8 de julho de 2011
“fazer reviver a vida”
Teko Ñemoingo
Uma das comunidades que tem se destacado na luta pela defesa de seus valores e cultura é a população indígena, que atualmente conta com 460 mil índios - quantia que representa 0,25% da população brasileira. Além destes, outros 190 mil já não vivem mais em aldeias, mas nem por isso deixaram para trás suas crenças ou a condição de indígenas.
Garantir que seus direitos sejam respeitados e permitir que seus valores e costumes não morram não é uma responsabilidade apenas desses povos. Isso depende de todos aqueles que querem construir um mundo melhor, ou seja, de cada um de nós.
Pensando nisso, a Organização Social e Etno Cultural Teko Ñemoingo Oscip Guarany, com sede em Foz do Iguaçu, no Paraná, está realizando um projeto de valorização da língua guarani, o Dicionário Audio-Visual da Língua Guarani do Mercosul. O projeto é longo e complexo, ainda está no início, mas certamente tem grande valor. Partindo do pressuposto de que todo brasileiro sabe falar guarani, a ideia da entidade é difundir a língua e assim afastar o perigo de sua extinção, além de nos tornar mais próximos da cultura indígena, compreendendo um pouco mais o modo de viver e de pensar dos primeiros habitantes do país – com quem temos muito a aprender sobre a relação com o meio ambiente e o próximo, ou seja, como levar uma vida sustentável em todas as dimensões.
- E para quem ficou interessado em conhecer palavras da língua guarani, que é falada por mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo, há uma plataforma visual de traduções, criada pelo estudante paraguaio Diego Alejandro Gavilán Caballero, do Colegio Técnico Nacional de Assunção.
Os dois dicionários, porém, por enquanto não dão conta de traduzir o significado de expressões belíssimas como a do título deste post: “Teko Ñemoingo”, como consta no nome da ONG paranaense, significa “fazer reviver a vida” – muito apropriado para relacionar sustentabilidade com cultura guarani.
Mario Vilela / Fundação Nacional do Índio (Funai) |
fonte: Gazeta do Povo
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Belo Monte vergonha Mundial, Ibama fecha os olhos para os impactos sócioambientais que atingirão milhares.
"Clik na imagem para ampliar e ler" |
Para conceder a licença – a despeito de seu próprio parecer técnico que constatou inúmeras irregularidades no cumprimento das condicionantes – o Ibama criou conceitos inexistentes na lei, como condicionantes “em cumprimento” ou “parcialmente atendidas”. Foi o caso, por exemplo, das obras de saneamento nas regiões onde ficarão os canteiros da obra que deveriam estar prontas para a concessão da licença, mas que sequer foram iniciadas. Ao invés de considerar que a condicionante não havia sido atendida, a mera apresentação de um projeto para concluí-la em março de 2012 fez com que fosse considerada como condicionante “em cumprimento”.
Outra condicionante fundamental, como a implantação prévia de saneamento para controle da água em Altamira (PA), foi considerada como “parcialmente atendida”, uma vez que sua conclusão está prevista para 2014. Até lá, haverá contaminação e eutrofização (leia-se apodrecimento) das águas dos igarapés que banham a cidade.
Decisões, no mínimo, irresponsáveis, como atesta o MPF, têm se tornado a tônica das ações de fiscalização e controle ambiental nos últimos anos. Desde a criação de conceitos elásticos para permitir a instalação das usinas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, a flexibilização das normas de licenciamento ambiental têm sido a resposta encontrada pelo governo para garantir a execução dos projetos que considera prioritários, a revelia de sua aceitação pela sociedade. E, pior, fechando os olhos para os impactos socioambientais que atingirão milhares de moradores da região, centenas dos quais necessitam diretamente dos recursos naturais dos territórios que serão modificados radicalmente com a obra.
A ideia de que “quinze ou vinte milhões de pessoas não podem impedir o progresso de 185 milhões de brasileiros”, conforme afirmou em 2009 um dos diretores da Eletrobrás, justifica a flexibilização da normativa ambiental. Além disso, ganha aceitação social na medida em que evoca um discurso recorrente nos meios empresariais e em alguns setores do governo que afirmam que o licenciamento prejudica o desenvolvimento do país.
Além de alimentar uma velha percepção já popularizada de que ações de proteção ambiental impedem a geração de empregos e crescimento econômico, essa ideia implica a perigosa aceitação por parte da sociedade de que o acesso aos direitos de alguns grupos pode ser flexibilizado em detrimento do suposto benefício do conjunto da sociedade.
O resultado tende a ser o esgarçamento dos laços que unem a sociedade brasileira e a perda das bases sociais e ambientais que garantem a manutenção dos meios de vida, trabalho e reprodução social de inúmeros cidadãos que vivem em regiões distantes dos centros de poder.
Um processo de licenciamento sério deveria dar visibilidade à perspectiva dos grupos diretamente afetados e promover uma discussão com a sociedade focada no produto – a energia, no caso de Belo Monte – antes de reafirmar a necessidade da obra. Se a necessidade manifesta é de gerar energia, deve ser estabelecido um debate sobre qual o tipo de energia e quais as formas social e ambientalmente seguras de obtê-la, garantida a participação dos potencialmente atingidos tanto na definição da necessidade do empreendimento quanto na concepção de alternativas técnicas. Essa perspectiva é partilhada por um conjunto de organizações que se articulam na Rede Brasileira de Justiça Ambiental.
A entrada, em abril, da Vale, maior consumidora de energia elétrica do país, no consórcio, responsável pela construção de Belo Monte, demonstra que o destino da energia gerada não será dado prioritariamente ao atendimento da demanda residencial como poderia fazer crer o argumento do diretor da Eletrobrás.
A expansão de setores intensivos no uso de energia – como as atividades mineradoras – na Amazônia, aliada ao ainda pouco explorado potencial hidrelétrico da região têm feito com que a construção de usinas de grande porte sejam priorizadas pelo governo e executadas a revelia dos critérios e normas de proteção social e ambiental estabelecidos pelo próprio Estado.
Sete dias após a concessão da Licença de Instalação de Belo Monte, o Ibama admitiu que está elaborando uma proposta de redução de sete unidades de conservação no vale dos rios Tapajós e Jamanxim, no Pará, uma das áreas mais preservadas e mais biodiversas da floresta amazônica, para permitir a construção de outras seis hidrelétricas.
A fim de evitar o constrangimento de não cumprir com suas próprias exigências, como em Belo Monte, o Ibama se apressa em alterar os instrumentos de proteção que garantem o cumprimento de sua missão. A irresponsabilidade parece já não conhecer limites.
* Julianna Malerba é mestre em Planejamento Urbano e Regional e coordenadora do Núcleo Justiça Ambiental e Direitos, da FASE. É também membro da Rede Brasileira de Justiça Ambiental.
Por Julianna Malerba
fonte: boletim da fase
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terça-feira, 21 de junho de 2011
"Alguns povos indígenas do Brasil, Etnias, famílias e locais onde vivem"
Embora tenham diminuído significativamente desde a chegada dos portugueses (1500), ainda existem vários povos indígenas habitando o território brasileiro. Cada um com sua cultura, língua, arte, religião, hábitos, tradições, mitos e costumes. Abaixo uma relação dos principais povos indígenas brasileiros. |
---|
Nome do povo (em português) | Família ao qual pertencem ou Tronco Linguístico | Estados brasileiros onde habitam |
---|---|---|
Aicanãs | Aicanã | Roraima |
Ajurus | Tupari | Roraima |
Amanaiés | Tupi-guarani | Pará |
Anambés | Tupi-Guarani | Pará |
Aparai | Karíb | Pará |
Apiacás | Apiacá | Mato Grosso |
Apurinã | Aruák | Amazonas |
Arapaso | Tucano | Amazonas |
Arara | Karíb | Pará |
Arara | Pano | Acre |
Araras-do-aripuanã | Tupi-Arara | Mato Grosso |
Aruás | Língua aruá | Rondônia |
Campas | Aruák | Acre e Peru |
Assurinis-do-tocantins | Tupi-Guarani | Pará |
Assurinis-do-xingu | Tupi-Guarani | Pará |
Avás-canoeiros | Tupi-Guarani | Tocantins e Goiás |
Guajás | Tupi-Guarani | Maranhão |
Auetis | Língua aueti | Mato Grosso |
Bacairis | Karíb | Mato Grosso |
Borun | Borun e português | Minas Gerais e Bahia |
Barás | Tukano | Amazonas |
Barasanas | Tukano | Amazonas |
Baré | Nheengatu | Amazonas |
Bororos | Bororo | Mato Grosso |
Chamacocos | Samuko | Mato Grosso do Sul |
Chiquitanos | Chiquito | Mato Grosso |
Cintas-largas | Tupi Mondé | Rondônia e Mato Grosso |
Denis | Arawá | Amazonas |
Desanos | Tukano | Amazonas |
Enáuenês-nauês | Aruák | Mato Grosso |
Fulniôs | Yatê | Pernambuco |
Gavião Mondé | Mondé | Rondônia |
Paracatejê-gavião | Timbira Oriental | Pará |
Pucobié-gavião | Jê | Maranhão |
Guajajaras | Tupi-Guarani | Maranhão |
Guaranis | Tupi-Guarani | RS/SC/PR/SP/RJ/MS/ES |
Guatós | Guató | Mato Grosso do Sul |
Hupda | Maku | Amazonas |
Ikpeng | Karib | Mato Grosso |
Ingarikó | Karíb | Roraima |
Jabutis | Jaboti | Rondônia |
Jamamadis | Arawá | Amazonas |
Jarauaras | Arawá | Amazonas |
Javaés | Karajá | Tocantins |
Jiahuis | Tupi-Guarani | Amazonas |
Jumas | Tupi-Guarani | Amazonas |
Kaapor | Tupi-Guarani | Maranhão |
Caiabis | Tupi-Guarani | Mato Grosso e Pará |
Caingangues | Jê | São Paulo, Paraná e Santa Catarina |
Caixanas | Português | Amazonas |
Kalapalos | Karíb | Mato Grosso |
kamayurás | Tupi-Guarani | Mato Grosso |
Cambebas | Tupi-Guarani | Amazonas |
Cambiuás | Português | Pernambuco |
Canamaris | Katukina | Amazonas |
Apaniecras-canelas | Jê | Maranhão |
Rancocamecras-canelas | Jê | Maranhão |
Canindés | Português | Ceará |
Canoês | Kanoê | Rondônia |
Carajá | Karajá | Mato Grosso, Tocantins |
Karapanã | Tukano | Amazonas |
Karapotó | Português | Alagoas |
Karipuna | Tupi-Guarani | Rondônia |
Caripunas-do-amapá | Creoulo Francês | Amapá |
Cariris | Português | Ceará |
Cariris-xocós | Português | Alagoas |
Caritianas | Arikem | Rondônia |
Araras-caros | Ramarama | Rondônia |
Karuazu | Português | Alagoas |
Katukina | Katukina | Amazonas |
Katukina | Pano | Acre e Amazonas |
Katxuyana | Karib | Pará |
Kaxarari | Pano | Amazonas e Rondônia |
Kaxinawá | Pano | Acre e Peru |
Kaxixó | Português | Minas Gerais |
Caiapós | Jê | Mato Grosso |
Quiriris | Português | Bahia |
Cocamas | Tupi-Guarani | Amazonas |
Korubo | Pano | Amazonas |
Craós | Timbira oriental | Tocantins |
Crenaques | Krenak | Minas Gerais |
Cricatis | Jê | Maranhão |
Kubeo | Tukano | Amazonas |
Kuikuro | Karib | Mato Grosso |
Kulina Madihá | Arawá | Acre, Amazonas |
Culinas-pano | Pano | Amazonas |
Kuripako | Aruak | Amazonas |
Curuaias | Munduruku | Pará |
Kwazá | Kwazá | Rondônia |
Macurap | Tupari | Rondônia |
Makuna | Tukano | Amazonas |
Macuxis | Karib | Roraima |
Matipus | Karib | Mato Grosso |
Matis | Pano | Amazonas |
Maxacalis | Maxacali | Minas Gerais |
Meinacos | Aruak | Mato Grosso |
Miranha | Bora | Amazonas |
Miritis-tapuias | Tukano | Amazonas |
Mundurucus | Munduruku | Pará |
Muras | Mura | Amazonas |
Nauquás | Karib | Mato Grosso |
Nambiquaras | Nambikwara | Mato Grosso e Rondônia |
Nukini | Pano | Acre |
Ofaiés | Ofaié | Mato Grosso do Sul |
Oro-uins | Txapakura | Rondônia |
Paiter | Mondé | Rondônia |
Palicures | Aruak | Amapá |
Panará | (Krenhakarore) Jê | Mato Grosso e Pará |
Pancararés | Português | Bahia |
Pankararu | Português | Pernambuco |
Pankaru | Português | Bahia |
Parakanã | Tupi Guarani | Pará |
Parecis | Aruak | Mato Grosso |
Parintintins | Tupi-Guarani | Amazonas |
Patamona | Karib | Roraima |
Pataxó | Português | Bahia |
Pipipãs | Português | Pernambuco |
Pirarrãs | Mura | Amazonas |
Piratapuias | Tukano | Amazonas |
Pitaguaris | Português | Ceará |
Potiguaras | Potiguara e português | Paraíba |
Poianauas | Pano | Acre |
Ricbactas | Rikbaktsa | Mato Grosso |
Sakurabiat | Tupari | Rondônia |
Sateré-Mawé | Mawé | Amazonas e Pará |
Shanenawa | Pano | Acre |
Suruís | Tupi-Guarani | Pará |
Suiás | Jê | Mato Grosso |
Tabajaras | Português | Ceará |
Tapaiúnas | Jê | Mato Grosso |
Tapirapés | Tupi-Guarani | Mato Grosso |
Tapuias | Português | Goiás |
Tarianas | Aruak | Amazonas |
Terenas | Aruak | Mato Grosso do Sul |
Ticunas | Ticuna | Amazonas |
Tiriós | Karíb | Pará |
Torás | Txapakura | Amazonas |
Truká | Português | Pernambuco |
Trumai | Trumai | Mato Grosso |
Tsunhuns-djapás | Katukina | Amazonas |
Tucanos | Tukano | Amazonas |
Tumbalalá | Português | Bahia |
Tuparis | Tupari | Rondônia |
Tupinambás | Português | Bahia |
Tupiniquins | Português | Espírito Santo |
Tuiúcas | Tukano | Amazonas |
Umutinas | Bororo | Mato Grosso |
Amondauas | Tupi-Guarani | Rondônia |
Uaimiris-atroaris | Karib | Roraima e Amazonas |
Uapixanas | Aruak | Roraima |
Uarequenas | Aruak | Amazonas |
Uassus | Português | Alagoas |
Uaurás | Aruak | Mato Grosso |
Uaianas | Karib | Pará |
Xakriabás | Jê | Minas Gerais |
Xambioás | Karajá | Tocantins |
Xavantes | Jê | Mato Grosso |
Xetás | Tupi-Guarani | Paraná |
Caiapós-xicrins | Kayapó | Pará |
Xipaias | Juruna | Pará |
Xukuru | Português | Pernambuco |
Xukuru Kariri | Português | Alagoas |
Yaminawa | Pano | Acre |
Ianomâmis | Yanomami | Roraima, Amazonas |
Iaualapitis | Aruak | Mato Grosso |
Iecuanas | Karib | Roraima |
Jurunas | Juruna | Pará e Mato Grosso |
Zoés | Tupi-Guarani | Pará |
Zorós | Mondé | Mato Grosso |
Suruuarrás | Arawá | Amazonas |
Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingüístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia).
Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.
Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.
A sociedade indígena na época da chegada dos portugueses.
O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam naquela época, graças a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral ) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas.
Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio).
Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha é relatado que os índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha.
As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimônias de enterro e também no momento de estabelecer alianças contra um inimigo comum.
Os índios faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.
A organização social dos índios
Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.
Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios.
A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta.
Os contatos entre indígenas e portugueses
Como dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitos indígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho.
O canto que se segue foi muito prejudicial aos povos indígenas. Interessados nas terras, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequenos número de índios que temos hoje.
A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios seguirem a cultura européia. Foi assim, que aos poucos, os índios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.
Religião Indígena Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. O pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar o corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam os objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após a morte.
Principais etnias indígenas brasileiras na atualidade e população estimada
Ticuna (35.000), Guarani (30.000), Caiagangue (25.000), Macuxi (20.000), Terena (16.000), Guajajara (14.000), Xavante (12.000), Yanomâmi (12.000), Pataxó (9.700), Potiguara (7.700).
Fonte: Funai (Fundação Nacional do Índio) e Sua Pesquisa.com
Fonte: Funai (Fundação Nacional do Índio) e Sua Pesquisa.com
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