domingo, 11 de março de 2012

PREMIO "DESTAQUE MULHER" Á PRESIDENTE DAS MULHERES BRASILEIRAS INDÍGENAS WE'E'ENA MIGUEL

No dia 8 de março de 2011, A presidente das Mulheres Brasileiras Indígenas recebeu o premio Destaque Mulher Com a cobertura dos jornalistas da TV Record Celso Freitas e Ana Paula Padrão, Que ate então não tinha sido recebido por nenhuma Mulher  indígena.
Sendo uma honra para todas as mulheres indígenas do Brasil.
Ai temos a certeza que estamos no caminho certo para o reconhecimento que os povos originários deste Brasil imenso a que tanto amamos.
Sei que estamos apenas engatinhado rumo a conquista que só iremos conquistar com muito suor e lagrimas assim tem sido a vida dos povos Indígenas deste país.
Índia Tikuna We'e'ena Migue, tem se esforçado muito para que os direitos não só das mulheres indígenas mas por todos os índios sejam reconhecidos.
A batalha esta apenas começando muito em breve será feito o congresso nacional das Mulheres Brasileiras Indígenas que ainda não tem data prevista.

A Índia Tikuna do Amazonas – We’e’ena Miguel Artista plástica e cantora. “Um grande erro no Brasil é achar que índio de sucesso internacional, formado e morando em um castelo não é índio.” Nascida em 16 de agosto de 1988 na Aldeia Tikuna de Umariaçu, município de Tabatinga no estado do Amazonas, a Índia Tikuna We’e’ena – que quer dizer “onça nadando para o outro lado do rio” –, após cumprir 1.090 horas de estudo no IDC – Instituto Dílson Costa de Arte e Cultura do Amazonas, em de dezembro de 2004 formou-se em artes plásticas. Descobrindo então o seu dom, no mesmo instituto aprimorou-se em acrílico sobre tela, concluindo com 504 horas de estudo sua formatura em maio de 2005, recebendo vários prêmios de destaque profissional, destacando-se como a “melhor artista plástica indígena do Brasil”, na 1ª Coletiva de Artistas Indígenas do Amazonas, em 2005.
Aprimorando seus conhecimentos em direito dos povos indígenas, estudou e concluiu três cursos de Liderança Indígena, sendo um de Gestão de Projetos e Liderança Indígena, promovido pela SBEP – Sociedade Brasileira de Educadores do Amazonas, outro pela Internacional Youth Foundation, um pela Nokia e um certificado pela fundação ABRING, na qual prestou três anos de trabalho no projeto Criança Esperança.

Casando-se com o Cacique Cafuzo Tukumbó Dyeguaká – o Violonista Maestro Robson Miguel.
 We’e’e'na foi capa da Revista Empresarial Merc News, foi duas vezes destaque da Revista Caras (na edição 735, de 07 de dezembro de 2007, e na edição 753, de 11 de abril de 2008), participou do lançamento da Soberana Ordem de Mérito Cívico Indígena do Brasil, promovido pelo CICESP no mesmo ano em que também recebeu o “Prêmio Artistas do Fogo”, promovido pela GM – General Motors do Brasil.
We’e’e'na recebeu a medalha e certificado de reconhecimento nacional, sendo no mesmo ano homenageada como melhor artista plástica indígena pela Sociedade Brasileira de Educação e Integração e pelo Prêmio Quality Internacional do Mercosul.
No dia 28 de agosto de 2010 Sendo eleita a ocupar o cargo de Presidente Nacional Indígena da LIBRA-Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil.

quinta-feira, 8 de março de 2012

"Dia internacional das Mulheres"

Indía Tikuna We'e'ena Miguel e Sany Kalapalo
Hoje eu tenho orgulho de parabenizar as responsáveis pela vida, pela educação, Pelo amor, Pelas Historias que nos contão, pela preservação de nossas culturas indígenas e outras mais.
Sem contar inúmeras e incontáveis atos que nos fazem o que nos tornamos hoje.
Mulheres dizem que é um sexo frágil, Será
Doce, amável, Amorosa, Admirável, linda e com personalidade.
Tem um coração que não tem tamanho pois sempre cabe mais um, Igual a coração de mãe a qual eu amo muito.
Mulheres que nos levam ao céu e ao inferno, Sem saber tamanha força que elas tem sobre nos.
Sei porque já amei, Já fui amado e também pisoteado.
Mas sei que isto faz parte do nosso aprendizado.
Mulher linda ciumenta, amável e feroz como uma onça.
Mulheres quando criança já são preparadas para ser mães, Com bonecas e outras brincadeiras, mais não precisava da nada disto, Pois Deus as abençoou com dadivas da vida e da sabedoria, E dês que nascem já sabem o que fazer na simplicidade do seu ser.
Eu não sei o que nós seriamos sem elas, Somos totalmente dependentes delas, Ainda bem; Já pensou se fossemos dependentes do Homem, O mundo seria uma verdadeira catástrofe, um mundo sem sentido, Sem amor e carinho.
Por isto digo que Deus nos ama muito.
Neste breve e curto texto tento passar algumas das milhares e incontáveis dadivas que as mulheres têm. Agradeço por vocês existirem, Com todo carinho e amor do fundo do meu coração, eu Netuno Borum Guarani digo a todas vocês que não seja somente neste dia lembrado como dia internacional das mulheres e sim se estendam a todos os dias de nossas vidas.
Digo mais Obrigado a todas as mulheres Índias, Brancas, Negras, Amarelas e de todas as raças e etnias deste mundo de Deus Feliz Dia Internacional das Mulheres!

segunda-feira, 5 de março de 2012

OIT diz que governo violou Convenção 169 no caso de Belo Monte


Um relatório da Comissão de Especialistas em Aplicação de Convenções e Recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado no último sábado, 3, confirma que o governo brasileiro deveria ter realizado as oitivas indígenas nas aldeias impactadas por Belo Monte antes de qualquer intervenção que possa afetar seus bens e seus direitos. A nota técnica da OIT corrobora a posição do Ministério Público Federal (MPF) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que já interpelaram o governo brasileiro sobre a não realização das oitivas.
De acordo com o documento da OIT, "a Comissão lembra que, em virtude do artigo 15 da Convenção, o governo está obrigado a consultar os povos indígenas antes de empreender ou autorizar qualquer programa de exploração dos recursos existentes em suas terras”, afirmando que Belo Monte poderá alterar a navegabilidade do Xingu, bem como a fauna, a flora e o clima da região. Estes impactos, afirma a OIT, "vão mais além da inundação das terras ou dos deslocamentos dos referidos povos”.
A não realização das oitivas, previstas também na Constituição Federal, motivou uma ação civil pública do MPF que, indeferida no Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1) no final de 2011, deve seguir, após recurso, para votação no Supremo Tribunal Federal.
Agora, com a manifestação da OIT, os argumentos de parte dos desembargadores do TRF1 - de que a oitiva pode ocorrer em qualquer momento do processo -, são definitivamente invalidados. O documento também derruba argumentos de funcionários do governo de que os indígenas teriam sido ouvidos, mesmo que em reuniões informais. "Não se pode considerar que uma simples reunião informativa cumpra com as disposições da Convenção”. E conclui: "a Comissão [técnica] avalia que, de acordo com a documentação e as informações apresentadas pelo governo, os procedimentos levados a cabo até agora, mesmo que amplos, não reúnem os requisitos estabelecidos nos artigos 6 e 15 da Convenção, e tampouco demonstram que foi permitido aos povos indígenas participar de maneira efetiva na determinação de suas prioridades, em conformidade com o artigo 7 da Convenção”.
Nas recomendações finais, a Comissão de Especialistas pede ao governo brasileiro que tome as medidas necessárias para levar a cabo consultas com os povos indígenas afetados, em conformidade com os artigos 6 e 15 da Convenção, sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte, antes que os possíveis efeitos nocivos da dita usina sejam irreversíveis.
Em consulta com os povos indígenas, o Governo deve tomar medidas para determinar se as prioridades dos ditos povos foram respeitadas e se seus interesses serão prejudicados, e em que medida, afim de adotar as ações de mitigação e indenização apropriadas.
O que é a Convenção 169 da OITA Convenção sobre Povos Indígenas e Tribais - Convenção 169 – foi ratificada pelo país em 2002 e promulgada, via decreto presidencial, em 2004. A Convenção 169 estabelece, entre outros, que os povos indígenas e tribais têm o direito de serem consultados de forma livre, prévia e informada sobre ações do Estado que possam afetar seus bens ou direitos.
Para ver o documento completo (que traz ainda outros projetos federais com falhas no cumprimento da Convenção 169), clique em http://www.politicaspublicas.net/panel/oitinformes/informes169/1596-ceacr-brasil-2012.html
Fonte: ADITAL

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Indígena Guarani mbyá que vive isolada no litoral do estado do Paraná mantém vivos os costumes de gerações passadas

Com 76 indivíduos, comunidade indígena que vive isolada no litoral do estado mantém vivos os costumes de gerações passadas

Tribo dos guarani mbyá, na Ilha da Cotinga: homologada terra indígena desde 1993. índios têm condições de seguirem as tradições
Atitudes ingênuas, fisionomias marcantes, desapego a bens materiais e fidelidade à tradição dos ancestrais. Essas são algumas características dos índios guarani mbyá, da aldeia Pindoty, que vivem isolados na Ilha da Co­­tinga. A 20 minutos de barco de Paranaguá, no Litoral do estado, encontra-se uma parte do Paraná que preserva suas raízes.
Na contramão de muitos dos povos indígenas brasileiros, que vivem dispersos ou próximos a centros urbanos, os 76 índios da Cotinga preservam os costumes, a língua do tronco linguístico tupi-guarani e, principalmente, a religião milenar. Todos os dias, ao cair da tarde, a comunidade se encontra na Opy (casa de reza), construída em um ponto estratégico da ilha: o topo de um morro com uma bela vista da Baía de Paranaguá. É lá que, de mãos dadas e de olhos fechados, os indígenas, tanto adultos quanto crianças, cantam músicas no seu idioma em devoção à Nhanderú (Deus) por várias horas seguidas.

No ritual não pode faltar o petanguá (cachimbo). “Os ho­­mens brancos têm os médicos, têm hospitais. Aqui na aldeia nós temos a casa de reza. Se tem criança doente, nós sopramos a fumaça do cachimbo nela. Quando a fumaça sobe, Nhan­­derú recebe nosso pedido e faz a cura”, diz a pajé Izulina da Silva. Só que nem todos os ritos podem ser revelados. “Nhanderú nos ensinou assim. Por isso, alguns pontos do nosso ritual a gente não pode mostrar para o juruá [que significa homem branco na língua guarani]”, avisa o cacique Karay.
Além da religiosidade, os índios preservam o modo de vida dos ancestrais e rejeitam outras culturas. Na aldeia tudo é motivo de festa e, para as crianças, todo dia é dia de brincar, seja mergulhando na baía ou subindo em árvores. “Sabemos que o homem branco não compreende o fato de gostarmos de viver em casas de barro e outras coisas da nossa cultura. O homem branco nunca vai nos entender. Gostamos do nosso ñhandereko”, diz o professor da aldeia Dionísio Benites.
O ñhandereko é o jeito de ser guarani. O antropólogo Ubira­jara Salles Zoccoli, da organização não governamental Te­­koá, explica que os guarani são atemporais e interpretam a vida de uma forma distinta. “A riqueza deles é diferente dos padrões que temos. As famílias não têm muitas posses e isso não lhes causa preocupação alguma”, afirma. “Eles não têm apego a bens materiais e também não se preocupam em juntar riqueza. O que importa é viver o dia de hoje. O amanhã que cuide de si.”
As diferenças entre o “ho­­mem branco” e os índios ficam evidentes quando muitos deles saem da aldeia e enfrentam dificuldades até mesmo para se comunicar. “Quando preciso ir para a cidade, tenho que repetir muitas vezes o que eu quero. Por isso, falo apenas o necessário”, diz a pajé Izulina, que sai pouco da aldeia. Na ilha, as famílias plantam feijão, mandioca, milho, cultivam mel e podem caçar e pescar. Também periodicamente recebem cestas básicas da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Já o artesanato é uma pequena fonte de renda, pois há dificuldades na comercialização. Os guarani são hábeis em fazer cestarias e em representar na madeira figuras de animais silvestres. Macacos, jacarés, tucanos e papagaios ganham forma em troncos de madeira em uma atividade que está acima dos objetivos financeiros: ali a a cultura se manifesta – e se perpetua.
Guaranis pedem demarcação de terras
A Ilha da Cotinga foi homologada terra indígena em 1993 e desde então os guaranis têm a tranquilidade da posse da terra. No entanto, esta não é a realidade de todas as aldeias guaranis do estado. De acordo com o professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unoeste) e participante do Projeto Guarani Coletivo Kuaira, Paulo Hum­­berto Porto Borges, existem indígenas que moram em áreas ocupadas e em terras irregulares na Região Oeste e enfrentam dificuldades, como conflitos com fazendeiros, casos de fome, precariedade na área da saúde e no acesso à educação e em infraestrutura.
“O grande problema na Região Oeste é a questão da terra. O povo guarani está na expectativa de ser atendido pelo governo em relação às reivindicações pela demarcação da área”, afirma o engenheiro agrônomo indigenista Edívio Batistelli. “O modo de ser guarani só se reproduz e se manifesta por meio da terra. É fundamental eles terem um local que ofereça as condições estratégicas [geográficas e ecológicas] para exercerem o modo de ser guarani.”
Em junho do ano passado, casos de desnutrição pela falta de alimentos em uma aldeia no município de Santa Helena levaram ao acionamento do Centro de Apoio Operacional das Pro­motorias de Proteção às Co­­munidades Indígenas do Mi­­nistério Público do Paraná, que, em parceria com a Com­­panhia Nacional de Abaste­­cimento, distribuiu alimentos. Os cerca de cem indígenas que vivem acampados na área passam por dificuldades, como falta de água e luz elétrica. A área não é reconhecida como terra indígena e eles não podem plantar no local. Também a falta de documentos dificulta a inscrição em programas sociais e a inserção no mercado de trabalho.
De acordo com João Batista Ozelano, coordenador substituto da Regional da Funai de Chapecó (SC), unidade responsável pela região de Santa Helena, não há previsão de quando as aldeias serão demarcadas. “A única certeza é que não será em curto prazo. Isso demanda tempo. A Funai não tem pessoal suficiente para isso. Faltam técnicos”, diz. “Eu sei onde ficam as aldeias no mapa, mas não co­­nheço pessoalmente. O fato de não ter uma coordenação mais próxima à região prejudica o trabalho.”
Fonte: Gazeta do povo Paranaguá - Oswaldo Eustaquio, correspondente